Faculdade de Biblioteconomia: grade curricular, carreira e mais!

Faculdade de Biblioteconomia: grade curricular, carreira e mais!

Perfil profissional, grade curricular e depoimento sobre o curso são alguns dos pontos que você encontrará abaixo

Com viés humanístico, o curso de Biblioteconomia é um dos cursos disponíveis em faculdades como USP, Unesp, UFSC, UFRJ e outras espalhadas pelo Brasil. Se você tem interesse e deseja saber mais informações sobre o assunto, está no lugar certo!

No conteúdo abaixo, abordamos como o curso funciona, como é seu mercado de trabalho e as principais universidades que oferecem a graduação. 

Contamos com a participação da coordenadora do curso de Biblioteconomia da Universidade de São Paulo (USP), Cibele Araújo e de Mariana Caprioli, formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), bibliotecária na Biblioteca Municipal de Marília “João Mesquita Valença” e doutoranda em Ciências da Informação.

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O que é Biblioteconomia?

A Biblioteconomia é uma área do conhecimento que tem como objetivo ampliar e fomentar a organização, acesso e tratamento à informação. Ainda que o foco sejam as bibliotecas, uma pessoa formada na área pode atuar em empresas, indústrias, mídia e outros.

O campo do conhecimento que se aplica a Biblioteconomia é a Ciência da Informação, fazendo a gestão de atividades, recursos e catalogação de arquivos, livros e o que mais for necessário, com auxílio de tecnologias e métodos desenvolvidos para e pela área.

Como funciona o curso de Biblioteconomia?

O documento com as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Biblioteconomia determina que a carga horária da graduação deve ter pelo menos 2.400 horas, o que normalmente é distribuído em quatro anos. Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, o curso matutino tem quatro anos de duração, enquanto o noturno tem um ano a mais.

Não há obrigatoriedade de estágio na grade curricular do curso, mas algumas faculdades exigem a realização para que o aluno possa concluir a graduação. O curso de Biblioteconomia da USP, por exemplo, tem estágio obrigatório, que é consolidado pela disciplina Estágio Supervisionado em Unidades de Informação.

Grade curricular de Biblioteconomia

A avaliação dos cursos de Biblioteconomia do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) usa como base as seguintes disciplinas, que são vistas como comuns dentre as instituições que oferecem o curso:

  • Catalogação;
  • Classificação;
  • Disseminação da Informação;
  • Estudo de Usuários e Comunidades de Informação;
  • Formação e Desenvolvimento de Coleções;
  • Fontes de Informação;
  • Fundamentos Teóricos da Biblioteconomia;
  • Indexação e Resumo;
  • Informática Aplicada;
  • Linguagens Documentárias;
  • Metodologia da Pesquisa;
  • Organização e Administração de Unidades de Informação; e
  • Recuperação da Informação.

As diretrizes também apontam competências e habilidades específicas, como:

  • Interagir e agregar valor nos processos de geração, transferência e uso da informação, em todo e qualquer ambiente;
  • Criticar, investigar, propor, planejar, executar e avaliar recursos e produtos de informação;
  • Trabalhar com fontes de informação de qualquer natureza;
  • Processar a informação registrada em diferentes tipos de suporte, mediante a aplicação de conhecimentos teóricos e práticos de coleta, processamento, armazenamento e difusão da informação; e
  • Realizar pesquisas relativas a produtos, processamento, transferência e uso da informação.

Áreas de atuação e mercado de trabalho de Biblioteconomia

Cibele Araújo, coordenadora do curso de Biblioteconomia da USP da capital paulista, pontua que “a profissão é Bibliotecário, uma entre pouco mais de trinta que são regulamentadas no Brasil”.

Ela comenta também sobre locais em que bibliotecários podem trabalhar e exercer sua profissão. “As áreas de atuação vão desde bibliotecas públicas, escolares, universitárias, especializadas, outros tipos de dispositivos culturais, ONGs, escritórios de advocacia, bibliotecas médicas e hospitalares, empresas de tecnologia, startups e muito mais”.

Mariana Caprioli, bibliotecária da Biblioteca Municipal de Marília, explica que o momento traz novas possibilidades para formados no curso. “Nesse momento em que estamos vivendo, um profissional bibliotecário pode atuar no setor da tecnologia, gerenciando bancos de dados, ou até mesmo uma biblioteca virtual, campo que vem crescendo muito. Além, também, de possibilitar trabalho com editoras de livros, livrarias, revistas, rádios e até televisão”.

Como atualmente Mariana é bibliotecária de uma biblioteca municipal, ela também abordou o assunto e as possibilidades para quem deseja essa função. “A atuação clássica, em uma biblioteca pública, ganhou meu coração. Inclusive, é uma área muito forte para quem quer prestar concurso. O setor público procura por muitos bibliotecários, principalmente para a atuação em bibliotecas públicas e universitárias. Além de carreiras militares, como por exemplo, bibliotecários da marinha, exército e aeronáutica”.

Carreira acadêmica

As pesquisas na área envolvem a Ciência da Informação, podendo se correlacionar com outros campos. Cibele descreve como funciona a área acadêmica da Biblioteconomia da USP.

“O calouro e os demais estudantes terão oportunidade de fazer iniciação científica, de participar de projetos de pesquisa como bolsa ou de forma voluntária, no caso da USP, na maior universidade de pesquisa da América Latina”.

Cibele também comenta os principais focos das pesquisas na área atualmente. “A pesquisa abrange a área da Ciência da Informação com o estudo dos fluxos de informação, acesso, apropriação da informação, Biblioeducação, Organização do Conhecimento, métricas de informação, interface com arquitetura da informação, ontologia, entre outras”.

Mariana também é doutoranda pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e tem a área acadêmica como uma possibilidade profissional, ainda que tenha se apaixonado pelo seu trabalho como bibliotecária. “Se quiser seguir carreira acadêmica para dar aulas em universidades, também é possível. Durante muito tempo foquei meus esforços nisso”.

Lei da universalização das bibliotecas escolares

A Lei nº 12.244/2010 determinava um prazo de dez anos — maio de 2020, portanto — para que todas as instituições de ensino do País deveriam ter bibliotecas com acervos de pelo menos um título por aluno.

Com a pandemia de Covid-19, o prazo de aplicação da Lei foi adiado para maio de 2022. Nas avaliações de Cibele e Mariana, o mercado de bibliotecas escolares deverá ficar aquecido nos próximos anos, justamente em decorrência da Lei citada.

Perfil profissional: características e diferenciais de um bibliotecário

O trabalho pode ser visto como organizacional, mas vai além. Exige gestão, atualização constante e entendimento de novas tendências e tecnologias. Mariana pontua o que ela considera ser as características necessárias para a área.

“Eu acredito, com a experiência que tenho até o momento, que [a principal característica] é conseguir lidar bem com o usuário. Um bibliotecário precisa conseguir entregar para o usuário de sua biblioteca ou onde quer que trabalhe, o que ele precisa. E também, saber pegar toda a informação que está disponível no mundo e filtrar para si e para quem busca por ela.”

A pesquisa e o discernimento também são destaques para a bibliotecária. “Uma coisa muito importante é sua postura ética como profissional. Também vai precisar de criatividade, pró-atividade e curiosidade investigativa, já que precisa saber filtrar uma informação real de uma mentira”.

A professora e pesquisadora, Cibele Araújo, considera que “competência e habilidade para gerir, mediar e organizar conhecimento em uma sociedade movida pela informação” são “diferenciais” para a profissão.

Expectativas e realidades da Biblioteconomia

Em todos os cursos de graduação os alunos entram com várias expectativas e depois descobrem mais detalhes sobre a grade curricular, o que é cobrado, suas importâncias e como o mercado usa suas aptidões. Um senso comum na Biblioteconomia é de que apenas as experiências nas bibliotecas públicas ou escolares são levadas em conta pelos calouros, como comenta Cibele.

“Os alunos quando entram no curso costumam basear suas expectativas na experiência com bibliotecas públicas ou escolares. Ao sair do curso adquiriram a visão de uma profissão que abarca as bibliotecas, ações culturais e educativas em espaços diversos, a gestão e organização da informação e do conhecimento em empresas de todo porte e atividade, a contribuição da área para informação digital e a interação com o T.I.”.

Um dos pontos destacados por Mariana é justamente que a profissão não se resume a livros. “O papel da biblioteconomia é justamente organizar, desenvolver métodos e ferramentas para minimizar a propagação falsa, organizar de maneira lógica para que possa ser entendida e passada adiante de forma consciente. Isso não se limita a livros, de forma alguma. A área trabalha com registros em filmes, fotografias, revistas e, atualmente com maior foco, o meio digital, entre outros”. 

Mariana também conta a sua experiência na escolha do curso. 

“Eu sempre amei ler. Pedia livros de presente em qualquer ocasião, mas nunca soube com o que trabalhar que pudesse me deixar em contato com isso. 

Eu sabia que sendo bibliotecária, estaria sempre em contato com os livros, mas não tinha muita ideia do que seria além disso, pois é uma profissão que não tem tanto foco.

A realidade só conseguimos ter atuando. O que aprendemos muito durante a graduação e que está constantemente em prática é o cuidado e atenção com o usuário da biblioteca. O nosso foco é atender as pessoas que usam a biblioteca da melhor maneira possível. 

Isso engloba os livros, claro, oferecendo um acervo atualizado e boas condições, mas também um ambiente agradável, atividades e, principalmente, ações culturais que sejam de interesse de todos. Isso a faculdade me ensinou na teoria e pude perceber na prática”.

Principais universidades que oferecem o curso de Biblioteconomia

Veja abaixo algumas instituições públicas que oferecem o curso de Biblioteconomia:

  • Universidade Federal de Alagoas (Ufal)
  • Universidade Federal do Amazonas (Ufam)
  • Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  • Universidade Federal do Ceará (UFC)
  • Universidade de Brasília (UnB)
  • Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
  • Universidade Federal de Goiás (UFG)
  • Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
  • Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
  • Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
  • Universidade Estadual de Londrina (UEL)
  • Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  • Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
  • Universidade Estadual do Piauí (Uespi)
  • Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  • Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
  • Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc)
  • Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  • Universidade de São Paulo (USP)
  • Universidade Estadual Paulista (Unesp)
  • Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
  • Universidade Federal de Sergipe (UFS)
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Cursos próximos a Biblioteconomia

Formados em Biblioteconomia podem também usar da interdisciplinaridade do curso para buscar vagas em áreas próximas, como em Big Data de grandes empresas, por exemplo. Cibele comenta sobre esse aspecto.

“A interdisciplinaridade está presente na Ciência da Informação, na Organização do Conhecimento, na Gestão da Informação e também na Biblioteconomia que incorpora conhecimentos da Bibliografia, da Documentação e outras ciências, fazeres que foram aprimorar dos formatos analógicos para o formato digital”.

O curso pode se relacionar com Arquivologia, Ciência da Informação, Sistemas de Informação e Tecnologia da Informação. Além disso, áreas como a já citada Big Data, experiência do usuário e catálogo de produtos também são opções para bibliotecários recém-formados.

“Nossa área é focada na informação e como ela é passada para as pessoas. A informação está em todo lugar e em grandes quantidades, desordenada, às vezes disseminada de maneira falsa.”, afirma Mariana.

“O bibliotecário pode ser visto, então, como um agente, um disseminador da informação, uma vez que a intenção de toda essa organização é que a informação chegue às pessoas da maneira certa. O trabalho é focado no usuário (as pessoas que buscam informação) e no suporte, nós somos quem intermedia isso”, completa.

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