Há dois anos o mundo inteiro enfrenta a pandemia de Covid-19, causada pelo Novo Coronavírus, e alguns dos principais envolvidos no combate à doença são os cientistas da indústria farmacêutica, responsáveis pela criação de vacinas e remédios contra a Covid-19.
No dia 16 de fevereiro, a farmacêutica Pfizer, responsável pelo desenvolvimento e produção de uma das vacinas que vem sendo aplicada contra a doença em vários países do mundo, entrou com um pedido junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso emergencial do medicamento Paxlovid para o tratamento da infecção causada pelo Coronavírus.
Para entender o funcionamento do remédio, sua administração e como o assunto pode ser abordado nos vestibulares, a professora Carol Negrin, de Biologia, preparou uma aula completa para o Estratégia Vestibulares. Acompanhe tudo no texto:
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Novo Coronavírus: como age o vírus que causa a Covid-19
De acordo com a professora Carol Negrin, os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios. Ou seja, necessitam de uma célula hospedeira para viver e se multiplicar.
Com o Novo Coronavírus a dinâmica é a mesma, ao entrar no corpo humano, ele se abriga nas células do sistema respiratório e começa sua reprodução de forma despercebida. Nessa etapa, chamada de pré-sintomática ou de incubação, os infectados ainda não apresentam sintomas mas já são capazes de transmitir o vírus.
Quando o sistema imunológico percebe a presença do parasita, ele ataca o vírus e, normalmente, é quando aparecem os sintomas na pessoa adoecida. No caso da Covid-19, eles são febre, coriza, dor de garganta, tosse e outros que se assemelham a um resfriado comum. Aqueles que não apresentam sintomas mesmo nessa fase da doença são os chamados assintomáticos, que ainda assim podem ser transmissores.
Os casos graves de Covid-19 acontecem quando o sistema imunológico não dá conta de barrar a replicação do vírus, de forma que ele consegue comprometer pulmões e outras partes do corpo, podendo causar a morte.
Paxlovid: como funciona o remédio contra a Covid-19
O uso emergencial do medicamento Paxlovid já foi aprovado pela União Europeia e pelos Estados Unidos, inclusive, ele é utilizado desde dezembro de 2021 pelos norte-americanos. O uso emergencial, como o nome sugere, trata-se do uso em casos de emergência (nesse caso, a pandemia) enquanto a droga ainda é estudada.
O medicamento é feito a partir das substâncias nirmatrelvir e ritonavir, e atua bloqueando enzimas importantes para a replicação do vírus no corpo e impede a infecção de novas células. Há redução de sintomas e de casos graves da doença.
A ingestão do Paxlovid é de forma oral e os estudos já comprovaram que ele é eficaz contra a variante Ômicron, a mais transmissível até o momento. Se usado já nos três primeiros dias de sintomas, reduz o risco de hospitalização em até 89%.
Até o momento, a única contra indicação do Paxlovid é que não seja receitado para pacientes com problemas renais.
Remédios contra a Covid-19 no Brasil
Atualmente, existem outros seis medicamentos com uso emergencial permitido no tratamento da Covid-19 no Brasil, e o que dificulta o uso definitivo dessas drogas é o alto custo de produção e as especificidades de aplicação.
Todos eles precisam ser administrados em hospitais e as aplicações são de forma intravenosa (na veia) ou por diluição, alguns deles também precisam ser combinados com outros remédios. No caso do Paxlovid, a prescrição é para uso em casa, sem a necessidade de auxílio médico e hospitalar no processo.
Alguns outros remédios são usados durante os sintomas da doença, como analgésicos e antibióticos receitados para atenuá-los, mas eles não têm objetivo direto de tratar a infecção causada pelo Coronavírus.
A Anvisa tem 30 dias para avaliação do pedido de uso emergencial do medicamento a partir da data de solicitação.
Como cai nos vestibulares
A aposta da professora Carol Negrin é que os conteúdos sobre o desenvolvimento de remédios que combatem a Covid-19 possam ser cobrados no vestibular com as seguintes temáticas: modo de replicação viral, problemas do uso indiscriminado de antibióticos nas infecções pelo Novo Coronavírus, a diferença entre tratamento e prevenção, as variantes e necessidades de novas vacinas e o funcionamento do sistema imune.
Muito coisa para lembrar? Calma que a Coruja vai te explicar cada uma delas e vai ficar muito mais simples de entender os assuntos. Olha só:
Modo de replicação viral
Assim como todos os outros vírus, o Novo Corona é um parasita intracelular obrigatório e não tem uma estrutura celular e nem metabolismo próprio. Por isso, ele precisa parasitar células de hospedeiros para se reproduzir.
“São vírus que apresentam RNA como material genético, e diante disso temos o porquê esse vírus apresentar tantas variantes”, comenta a professora Carol Negrin “O RNA é mais instável e sofre mais alterações na sua composição, e o genoma vai ficando diferente a cada mutação”.
Outra característica importante desse parasita, é que seu núcleo capsídeo é envolto por um envelope viral formado pela membrana plasmática da célula infectada.
Processo de replicação passo a passo:
- Aderência: o vírus usa suas proteínas S (ou Spike) para se conectar aos receptores da célula hospedeira;
- Penetração: ele consegue entrar na célula parasitada;
- Síntese: o vírus libera seu material genético para replicação e criação de novas proteínas aderentes e material genético;
- Montagem: depois de tudo pronto, todo material se une e forma novos vírus;
- Liberação: quando são montados, a etapa final é a liberação para a infecção de outras células. Nessa etapa, a célula inicialmente contaminada morre e esse fenômeno é conhecido como ciclo lítico.
Problemas do uso indiscriminado de antibióticos contra a Covid-19
Sabendo que os antibióticos são medicamentos desenvolvidos para o tratamento de doenças causadas por bactérias, o que não é o caso da Covid-19, o uso desses remédios não é indicado para o seu tratamento.
Ainda assim, existem casos específicos em que infectados pelo Coronavírus precisam desse tipo de medicamento: “Diante de uma infecção por Coronavírus pode ser que venha uma infecção bacteriana e isso precisa ser controlado, e é nesse sentido que o antibiótico está sendo prescrito”, explica a professora Carol.
Dessa forma, o uso indiscriminado de antibióticos pode causar seleção natural nas bactérias existentes no corpo humano e selecionar aquelas mais resistentes e que escaparão das drogas conhecidas para combatê-las.
Remédio contra a Covid-19: tratamento ou prevenção?
Assim como todos os medicamentos, o Paxlovid, desenvolvido para combater a Covid-19, tem a função de tratar o paciente já infectado pelo vírus. Ele não é capaz de evitar uma contaminação se consumido como tratamento precoce.
Até o momento, as únicas formas de prevenção da infecção é pela vacinação. As vacinas aprovadas e disponíveis para uso no Brasil são a Comirnaty (Pfizer/Wyeth), Coronavac (Butantan), Janssen Vaccine (Janssen-Cilag) e Oxford/Covishield (Fiocruz e Astrazeneca).
“Eu tomo a vacina para que meus anticorpos produzam células de memória, para quando eu realmente tiver contato com o Sars-coV-2 (Novo Coronavírus) eu não tenha a doença”, detalha Carol Negrin.
Variantes e necessidade de novas vacinas
Em questões relacionadas a esse assunto, a professora Carol ressalta a importância de lembrar que as variantes do vírus surgem a partir de mutações. Outro ponto é saber que as mutações mais relevantes são as que acontecem na proteína S ou proteína Spike.
É através dessa proteína que o vírus se conecta à célula que vai parasitar. A variante Ômicron, por exemplo, possui mais de 30 mutações na proteína S, e é por isso que ela é uma das variantes mais transmissíveis de que se tem conhecimento.
As mutações ainda são capazes de permitir que o vírus escape da resposta humoral, que é a defesa promovida pelos anticorpos, é daí que surge a necessidade da criação de novas vacinas.
Funcionamento do sistema imune
“Muitas questões do último ano [do vestibular] foram neste sentido. Apresenta-se um texto e fala-se de algum aspecto relacionado à pandemia ou ao vírus e pergunta coisas a respeito do nosso sistema imune”, comenta a professora.
A resposta imune adaptativa é uma das mais relevantes no vestibular, é a nossa terceira linha de defesa dentro do sistema e demora um pouco mais a se desenvolver. Mas uma vez desenvolvida, consegue agir eficientemente contra invasores do corpo.
Fases da resposta imune adaptativa
- Apresentação do antígeno (doença): células como o macrófago apresentam o antígeno para o linfócito TCD4 ou auxiliar;
- Replicação e diferenciação: o linfócito TCD4 ou auxiliar começa a desencadear a resposta imune adaptativa aumentando seu número (replicação), sofrendo diferenciações e liberando citocinas que ativam os linfócitos B e TCD8.
- Ativação: os linfócitos B serão os responsáveis por produzir anticorpos contra a doença e os linfócitos TCD8 promoverão a morte de células já infectadas.
Assista à aula completa
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