O Dia Mundial da Amazônia é celebrado no dia 5 de setembro e a região nunca esteve tão em evidência como nos dias atuais, por isso é um assunto que pode ser exigido no vestibular. Compartilhada por nove países da América do Sul, a floresta tropical contém uma das biodiversidades mais ricas do mundo, mais da metade de todo o planeta.
Os professores pedem atenção especial ao tema, que pode protagonizar questões sobre o desmatamento, os rios voadores, a questão geopolítica ligada aos acordos climáticos e econômicos, a situação da seca no centro-sul e a soberania brasileira na região.
Para te ajudar a compreender como a Amazônia pode ser cobrada nos vestibulares, conversamos com a professora do Estratégia Priscila Lima. Alerta de spoiler: ela NÃO é o pulmão do mundo.
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Amazônia: por que temos que ficar de olho?
Além de ser um tema muito cobrado nos vestibulares, compreender o que é a Amazônia sobre diferentes aspectos é uma necessidade de quem se preocupa com o futuro do Brasil e do mundo. A floresta amazônica é considerada um patrimônio mundial, possui sete milhões de quilômetros quadrados e é essencial para o clima do planeta Terra.
Ainda assim, é uma região muito visada por práticas exploratórias, grande parte delas ilegais. Tais práticas estão ligadas ao desmatamento, às queimadas, à mineração, à obras que ignoram as particularidades da região e ao avanço da agropecuária. Todas elas colocam a floresta em risco e geram problemas ambientais. A professora Priscila explica que uma série de consequências dessas práticas podem ser sentidas no nosso dia a dia:
“Seja através dos preços dos alimentos, seja através de pressões internacionais, em mudanças do comércio brasileiro ou em questões climáticas. Seja na redução dos rios voadores, que afeta o centro-sul e é um dos culpados da redução da umidade que prejudica o abastecimento de água e, indiretamente, a questão energética do Brasil”.
Apesar dos impactos ambientais, Priscila analisa que as recentes pressões internacionais sobre o Brasil não foram eficazes para reduzir o desmatamento e as queimadas na região. “Apesar da pressão internacional ter aumentado, de ter gerado tensões principalmente entre o governo brasileiro e francês, algumas trocas de farpas entre Bolsonaro e Macron, vemos que há um aumento do desmatamento e das queimadas”.
As consequências das atividades econômicas predatórias na região amazônica citadas pela professora são as principais formas que a questão pode cair nas provas de 2021. Por isso, vamos explorar mais cada uma delas. Está preparado?
Amazônia: desmatamento e queimadas
Entre agosto de 2020 e julho de 2021, a floresta amazônica perdeu uma área de mais de dez mil quilômetros quadrados. Isso representa a pior taxa de desmatamento dos últimos dez anos e um crescimento de 57% com relação ao ano anterior, segundo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Segundo a pesquisa, 61% do desmatamento foi feito em terras privadas ou em estágios de posse particular, seguidos de Assentamentos (22%), Unidades de Conservação (13%). Apenas 2% do desmatamento foi registrado em Terras Indígenas. Esse último dado ajuda a compreender o que está por trás da questão do Marco Temporal e os conflitos entre ruralistas e indígenas.
Além disso, em julho de 2021, a Amazônia registrou 5 mil focos de queimadas. O estado mais afetado é o Pará, com 1372 focos de incêndios e o município mais afetado é Porto Velho, capital de Rondônia, com 340 focos. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A professora Priscila Lima explica que os efeitos do desmatamento e das queimadas na região amazônica afetam a todos, de diferentes formas. “É uma ilusão achar que por que a maior parte da população brasileira está longe a queimada e o avanço do arco do desmatamento da Amazônia não vai impactar as pessoas”, explica.
Ela cita o dia 19 de agosto de 2019, quando a cidade de São Paulo foi tomada pela escuridão às 15h. Tratava-se de cinzas de queimadas na Amazônia: “essas cinzas fizeram o mesmo caminho que os rios voadores fazem”, comenta.
Além dos efeitos visuais, as queimadas e o desmatamento possuem impacto direto no agravamento do aquecimento global, na poluição atmosférica e no desequilíbrio ecológico do planeta.
É importante lembrar que as queimadas possuem estreita relação com a pecuária, uma vez que grandes áreas são incendiadas para se tornarem pastos. A prática é proibida pela lei 9.605, de 12/02/1998 que prevê punição de um a quatro anos de reclusão, além de multa.
Confira a aula interdisciplinar dos professores do Estratégia Bruna Klassa, Thiago Fernando e Ale Lopes sobre a situação das queimadas:
Amazônia: a questão geopolítica
Com as mudanças climáticas sendo cada vez mais sentidas em todo o globo e o aumento dos partidos verdes, com pautas ambientalistas na Europa, é também crescente a pressão internacional sobre o Brasil no que diz respeito à preservação da floresta amazônica.
Nesse sentido, a questão também torna-se geopolítica, com o ápice na troca de “farpas” entre o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o presidente da França, Emmanuel Macron, e a situação com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, que não assistiu ao discurso do Brasil na Cúpula do Clima, no mês de abril de 2021.
A pressão internacional levantou o debate sobre a relação entre a soberania do Brasil pela região, ao mesmo tempo em que o País não consegue frear o desmatamento. A professora Priscila explica que temos que encarar os pontos de forma separada.
“Soberania não é a ausência de acordos com outros países. Nós temos ações de outros países na amazônia há um certo tempo. A busca pela autoridade na Amazônia também vem de muito tempo”, elucida.
Ela cita como exemplo os inúmeros projetos dos Governos Militares para garantir a soberania na região, como o Radam (projeto lançado para mapear os recursos da floresta) e o projeto Calha Norte (Desenvolvimento e segurança na região ao norte das calhas dos rios Solimões e Amazonas).
Priscila ressalta, ainda, que a presença de órgãos internacionais na floresta não prejudica a autonomia da região, da mesma forma que a má-vontade do Governo Federal não significa que o Estado brasileiro esteja de mãos atadas sobre a questão. “Nós temos pesquisadores e estrutura que poderiam garantir a melhor preservação da Amazônia, o que nós não temos é interesse político e econômico para isso”, afirma.
Amazônia: rios voadores e a seca no centro-sul
Se você mora no sudeste ou no sul do País deve ter percebido que o tempo está bem seco desde o início do inverno e que a situação está piorando a cada ano. Não é só impressão. As queimadas são cada vez mais frequentes, assim como a seca, que afeta o abastecimento de água.
O período de seca e falta de chuva que acometeu o sudeste entre 2013 e 2017 parece estar retornando. Dentre as causas para esse fenômeno está o desmatamento da região amazônica. Mas qual a relação? Os chamados rios voadores!
Os rios voadores são extensas camadas de água em forma de vapor que circulam na atmosfera por longas distâncias. Segundo o Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA), uma única árvore de 10 metros produz cerca de 300 litros de água por dia, mais que o dobro do necessário para o consumo humano em um dia.
Essa água toda é liberada para atmosfera em forma de “evapotranspiração”, como se fosse o suor das árvores. Parte da água se precipita em forma de chuva na região e outra parte segue à oeste em direção à Cordilheira dos Andes. O volume de água “esbarra” no paredão, onde parte se precipita e forma nascente de rios e outra retorna abastecendo o centro-sul do Brasil com água.
Confira o vídeo da Agência FAPESP sobre os rios voadores:
Já sacou? Com o desmatamento da Amazônia esse processo fica enfraquecido, contribuindo para a seca. A professora Priscila Lima explica que, sem esse processo, a “área poderia ser um deserto”. É importante lembrar que a região centro-sul do Brasil possui a mesma latitude de regiões desérticas, como os desertos da Namíbia, do Atacama e da Austrália.
Além disso é a partir dos rios voadores que se abastecem os demais rios, lagos, represas, inclusive as usinas hidrelétricas. Portanto, é muito importante ter em mente que tais rios afetam o fornecimento de água e energia elétrica de todo o País, uma vez que a rede é interligada. 2021 é um ano importante para a questão, já que estamos falando de um possível racionamento de água e energia elétrica.
Amazônia: acordo Mercosul-UE
Uma outra forma que o tema pode ser cobrado no vestibular é a partir da relação entre a floresta com o comércio brasileiro nacional e internacional. A professora Priscila lembra que o acordo de livre comércio entre Mercosul-União Europeia está atravancado principalmente devido à questão ambiental.
Atualmente, o texto do acordo se encontra em fase de validação. Existem várias outras questões, além da ambiental, que devem ser discutidas sobre o ele, como as relações comerciais e um possível desfavorecimento comercial ao bloco sul-americano. Os países europeus citam as problemáticas ambientais do Brasil, especialmente sobre o crescente desmatamento na Amazônia, como fator problemático ao acordo.
No entanto, ao contrário do que se imagina, a problemática ambiental do acordo Mercosul-União Europeia vai muito além da pressão ambiental sobre o governo brasleiro. O acordo em si é considerado prejudicial ao meio ambiente por mais de 100 organizações brasileiras que assinaram uma carta contrária ao acordo.
O documento afirma que “do ponto de vista ambiental e climático, o acordo contribui para a devastação do conjunto dos biomas e regiões brasileiras: Amazônia, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pampas, e a região do semiárido”.
A carta defende que o fim das alíquotas de exportação de commodities agrícolas e minerais, além da ampliação de cotas para carne, etanol e açúcar, vão favorecer o avanço do agronegócio e a intensificação de práticas predatórias.
Dessa forma, segundo o documento, o acordo “Reforça os principais vetores de desmatamento e queimadas que vêm impactando os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris e as Metas de Aichi sobre proteção da biodiversidade”.
Portanto, se a questão for cobrada, lembre-se que existem diversas questões a serem analisadas e nada é uma via de mão única.
Amazônia não é o pulmão do mundo
Um dos erros mais frequentes em redações e questões-pegadinhas é a associação da Amazônia como sendo o pulmão do mundo. Isso é mito porque a floresta consome praticamente todo o oxigênio que produz.
Há pesquisadores que afirmam que a Amazônia já emite mais CO2 do que consome. Segundo Luciana Gatti, pesquisadora do Inpe que conduziu o estudo recente publicado na Revista Nature, isso ocorre não pela floresta em si, mas pelas queimadas e pelo desmatamento.
Ela disse, em entrevista ao Estadão, que “as emissões dessas duas (queimada e desmatamento) são três vezes maiores que a absorção que a floresta está fazendo. A Amazônia ainda remove carbono da atmosfera, mas muito menos do que se acreditava”.
Os verdadeiros pulmões do mundo são as algas marinhas e o fitoplâncton, que produzem oxigênio excedente. Porém, não significa que a região é menos importante. Como falamos acima, ela é importante do ponto de vista biológico, geográfico, político, social e econômico.
Para saber mais sobre a história da Amazônia, confira a aula da professora Priscila Lima e do professor Marco Túlio para o Estratégia Militares:
Estude com o Estratégia Vestibulares
Com o Estratégia Vestibulares você fica por dentro de todo conteúdo dos principais vestibulares de todo o país. Confira nosso banco de questões e treine para ficar craque sobre a região amazônica já que, como vimos, ela pode cair no vestibular de diversas formas!