7 músicas de MPB para o vestibular

7 músicas de MPB para o vestibular

Para o Dia da MPB o Estratégia preparou uma matéria sobre as músicas brasileiras no vestbiular. Tem playlist e tudo!

No dia 17 de outubro é comemorado o Dia da Música Popular Brasileira (MPB) e, ao contrário do que muitos pensam, a MPB não é qualquer música nacional de sucesso ou qualquer música brasileira mais “antiga”. Trata-se de um movimento cultural originado a partir dos anos 60 em um contexto político específico. Exatamente por isso, a MPB é cobrada no vestibular de diversas formas.

Apesar de ser um gênero que engloba vários outros estilos nacionais e até internacionais, é importante não confundir a MPB com outras manifestações musicais como o samba, a bossa nova e o choro. As primeiras gravações do gênero aconteceram no período do golpe militar, muitas delas com críticas veladas à repressão e ao autoritarismo do regime.

No início da década, ainda antes do golpe, a música brasileira estava a todo vapor. Gêneros como a bossa nova, o sertanejo de raiz, o rock, jazz, moda de viola e o baião nordestino coexistiam e se misturavam. Tudo isso no grande caldeirão político de organizações como a União Nacional dos Estudantes (UNE) nas universidades, Centros Populares de Cultura (CPCs) e festivais de música da televisão. 

Alguns artistas da MPB que podem cair no vestibular. Foto: Divulgação

Nomes importantes para a MPB

Antes de irmos às músicas, é importante conhecer os principais expoentes da MPB, o que já foi, inclusive, uma questão do vestibular da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Dentre eles estão Chico Buarque, Caetano Veloso, Nara Leão, Gilberto Gil, Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Os Mutantes, Tom Zé, Gonzaguinha, entre outros. 

Esses nomes são importantes porque vão dar origem a outros gêneros musicais brasileiros, como o pop-rock e o axé music, por exemplo. No entanto, atualmente o gênero chamado de “Nova MPB” está ganhando cada vez mais força. Seria um gênero renovado com influências da musicalidade atual que acenam para a MPB da época dos festivais.

Desse novo gênero, vários artistas podem ser citados como Maria Gadú, Jão, Anavitória, Duda Beat, Liniker, Johnny Hooker são alguns dos nomes. No entanto, essa classificação não é definitiva, uma vez que a principal marca da MPB é justamente seu hibridismo. Dessa forma podemos encontrá-la no rap, com Emicida e Crioulo, no funk com Clarissa, no sertanejo universitário e em qualquer outro gênero.

Confira a playlist com o melhor da MPB:

Como a MPB cai no vestibular?

Além de cair como texto de apoio para questões de língua portuguesa e interpretação de textos, as questões sobre MPB também podem aparecer no vestibular como conteúdo de história do Brasil e até mesmo em questões multidisciplinares. 

Além disso, as músicas que vamos apresentar podem ser usadas na redação dissertativo-argumentativa em diversas temáticas, em especial as relacionadas à sociedade brasileira, ditadura militar, problemas políticos e cotidiano do brasileiro.

Também é importante ficar de olho não só nas letras e composições, mas também nos festivais de música, na questão da censura e no contexto histórico como um todo, uma vez que o que gerou e moldou a MPB foi a questão política da década de 60.

Músicas da MPB importantes para o vestibular 

Muitas são as músicas que podem aparecer no vestibular, como no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que em 2010 trouxe a música “Opinião”, de Zé Keti, como tema de uma questão ligada à importância da MPB no contexto da ditadura militar. Confira a seguir a lista do Estratégia Vestibulares.

1. Opinião – Zé Keti (1970)

Originalmente lançada pela voz de Nara Leão, em 1964, a música “Opinião”, já citada como questão do Enem, inaugura a lista com uma proposta de contestação a políticas higienistas que visavam expulsar moradores de morros e favelas do Rio de Janeiro. No entanto, se tornou um verdadeiro hino contra a ditadura, especialmente nas periferias.

Especialmente a parte que se refere ao “osso” na “sopa” tem muito a nos dizer sobre os dias de hoje, com a volta da fome e da extrema pobreza no Brasil. Em momentos de retrocesso, é de fundamental importância revisitar a cultura como forma de legado e aprendizado. Essa é, inclusive, uma ótima forma do vestibular explorar as canções da MPB.

Podem me prender
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não
Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso
E ponho na sopa
E deixa andar
Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu

2. O bêbado e a equilibrista – Aldir Blanc e João Bosco (1979)

A música imortalizada na voz de Elis Regina é extremamente poética ao criticar o regime militar, tornando-se um verdadeiro marco da resistência contra a ditadura e pela liberdade. Os versos da canção fazem menção a acontecimentos da época e homenageiam mortos e desaparecidos no período. Além disso, a música foi concebida devido à morte de Charles Chaplin, ator e cineasta consagrado.

O bêbado, representa os artistas em luto pela falta de liberdade e a equilibrista, representa a esperança pela abertura do regime e anistia dos presos políticos pela ditadura. A música se consolidou como uma das principais da MPB e o vestibular sabe muito bem disso! Confira a letra:

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos
A lua, tal qual a dona de um bordel
Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco
Louco
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil
Meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora
A nossa Pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar

3. Cálice – Chico Buarque e Gilberto Gil (1978)

Dentre muitas outras músicas de Chico Buarque, Cálice é conhecida por ser um grito contra a repressão imposta pela ditadura. Composta em 1973, sofreu com forte censura e só pode ser lançada mais tarde nas vozes de Chico e Milton Nascimento. A poética da música explora diversos jogos de palavras como se fosse uma prece.

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

4. Como nossos pais – Belchior (1976)

Música do álbum “Alucinação” de Belchior, que reflete sobre a realidade dura de imigrantes nordestinos que vão viver nas capitais do sudeste e sobre a violência, pobreza e dificuldade da vida cotidiana. A música “Como nossos pais” compõe o álbum e é uma reflexão sobre a acomodação da juventude que se dizia contestadora e revolucionária.

Se os anos 60 foram uma ebulição de protestos, movimentos sociais e culturais, a repressão violenta do regime havia transformado a geração que ainda continuava no país em uma massa que vivia como a geração anterior. É muito importante ter cautela em analisar essa música, que também foi imortalizada por Elis Regina. 

Trata-se do retrato de uma geração onde “eles venceram”, ou seja, a ditadura, o conservadorismo e a despolitização. A música retrata a consequência da ditadura para a jovem geração que se formava.

Não quero lhe falar meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram
E o sinal está fechado prá nós
Que somos jovens
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço
O seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais

5. A ciência em si – Gilberto Gil (1982)

O álbum “Quanta” de Gilberto Gil é a frente do seu tempo. Reflete sobre a ciência e as formas de saber e conhecimento humano, chegando a mencionar até a internet na década de 80. Por isso, é considerado por muitos como um divulgador científico, pois explica muito do que faz a ciência nesse álbum, de forma didática.

Por isso, a música “A ciência em si” é muito usada até os dias de hoje nas aulas de introdução à ciência, se forma a desmistificar o que ela significa, o que, convenhamos, não é tarefa fácil. A música também mostra que havia outros interesses da MPB para além da crítica ao regime militar, o que pode ser explorado no vestibular.

Se toda coincidência
Tende a que se entenda
E toda lenda
Quer chegar aqui
A ciência não se aprende
A ciência apreende
A ciência em si
Se toda estrela cadente
Cai pra fazer sentido
E todo mito
Quer ter carne aqui
A ciência não se ensina
A ciência insemina
A ciência em si
Se o que se pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar
Do avião a jato ao jaboti
Desperta o que ainda não, não se pôde pensar
Do sono eterno ao eterno devir
Como a órbita da terra abraça o vácuo devagar
Para alcançar o que já estava aqui
Se a crença quer se materializar
Tanto quanto a experiência quer se abstrair
A ciência não avança
A ciência alcança
A ciência em si

6. Comportamento Geral – Gonzaguinha (1973)

Outra canção atemporal e que infelizmente ainda se faz atual na vida do brasileiro. É uma música que reflete não só a questão de classes e desfavorecimento do trabalhador e do pobre com uma carga de ironia que é de extrema acidez ao tom da crítica. É como se fossemos oprimidos por um sistema criado para excluir e ainda ter que agradecer por isso. 

Você deve notar que não tem mais tutu
E dizer que não está preocupado
Você deve lutar pela xepa da feira
E dizer que está recompensado
Você deve estampar sempre um ar de alegria
E dizer: tudo tem melhorado
Você deve rezar pelo bem do patrão
E esquecer que está desempregado
Você merece
Você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba e amanhã, seu Zé
Se acabarem teu carnaval
Você merece
Você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba e amanhã, seu Zé
Se acabarem teu carnaval

7. Lança Perfume – Rita Lee (1980)

A música “Lança Perfume” encabeça o álbum de mesmo nome e é referenciada porque Rita Lee desafiava o moralismo do regime ao falar sobre prazer feminino, liberdade sexual e ainda fazia alusão a uma droga, o lança-perfume, que na época era legal. Obviamente que nem toda contestação precisa ser direta, atacar os pilares ideológicos do período também era uma forma de contestação.

Nesse sentido, a música lida com algo que ja era tabu na época e que, com a censura imposta pelo regime, acabou sendo retardado em termos de debate. Por isso, é uma outra forma que a MPB pode cair no vestibular. Confira a letra:

Lança menina
Lança todo esse perfume
Desbaratina
Não dá pra ficar imune
Ao teu amor
Que tem cheiro
De coisa maluca
Vem cá, meu bem
Me descola um carinho
Eu sou neném
Só sossego com beijinho
Vê se me dá o prazer
De ter prazer comigo
Me aqueça
Me vira de ponta cabeça
Me faz de gato e sapato
E me deixa de quatro no ato
Me enche de amor, de amor
Lança lança perfume
Oh oh oh oh
Lança lança perfume
Oh oh oh oh
Lança lança lança perfume
Lança perfume

Estude com o Estratégia Vestibulares

Gostou da nossa lista? Claro que existem centenas de músicas que poderiam ser citadas nessa lista e que podem ser cobradas no vestibular. Começamos com sete, mas te desafiamos a pesquisar e ouvir outras músicas da rica MPB.

Ouvir essas músicas é conversar com parte da nossa história e adquirir um bom repertório sociocultural para conseguir uma nota de peso nos vestibulares. Estude com o Estratégia e tenha acesso a conteúdos exclusivos para sua aprovação!

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