Protestos no Irã: tudo o que você precisa saber e como cai no vestibular
Manifestantes usam a foto de Mahsa Amini em seus atos

Protestos no Irã: tudo o que você precisa saber e como cai no vestibular

Há um mês a população protesta nas ruas contra a repressão aos direitos das mulheres, em vigor desde a década de 1970

Desde o mês de setembro, o Irã, país do sudoeste asiático, vive uma onda de protestos que questionam imposições da República Islâmica, implantada por lá em 1979. Os conflitos começaram quando Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos, morreu quando estava sob custódia da Polícia da Moralidade, por não usar o seu hijab, o véu islâmico, corretamente.

O acessório é obrigatório para as mulheres desde a década de 70, assim como diversas outras imposições exclusivas ao gênero feminino, passíveis de punição da Polícia da Moralidade. No caso de Mahsa Amini, por exemplo, ela foi detida por usar calças apertadas e não cobrir a cabeça completamente com seu véu.

A conjuntura atual da sociedade iraniana é fruto de diversos acontecimentos do século XX, em especial a revolução que serviu para impulsionar uma ditadura teocrática que segue no poder até os dias de hoje. Entender o cenário político-cultural do Irã é tão importante, que o assunto já apareceu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) antes mesmo dos protestos atuais, em 2016.

Por esse motivo, o Portal Estratégia Vestibulares acompanhou uma aula da professora Alê Lopes, que leciona História e Sociologia, e trouxe para você os principais detalhes sobre o tema e como ele pode aparecer no seu vestibular.

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O que foi a Revolução Islâmica de 1979?

Até 1979, o Irã era um país que tinha como sistema de governo a Monarquia Constitucional ou Parlamentarista. Ou seja, havia um cargo equivalente ao de Rei, chamado de “Xá”, ocupado por Mohammad Reza Pahlevi, que atuava como chefe de Estado e um de Primeiro Ministro, exercido por Shapour Bakhtiar, que trabalhava como chefe de governo.

No poder desde 1941, Xá Reza Pahlevi era um forte aliado dos Estados Unidos, fazendo com que, inclusive, diversas empresas estadunidenses se instalassem no Irã para explorar suas reservas de petróleo. Além disso, ao fim da década de 1970, os iranianos possuíam um dos dez maiores arsenais militares do mundo.

Por conta dessas relações político-econômicas, a população iraniana da época pré-revolução seguia costumes e regras de socialização muito parecidas com as dos países ocidentais, influenciadas por ideais liberais, que prezavam por liberdades individuais.

O processo de ocidentalização pelo qual o Irã passava não agradava toda a população muçulmana xiita. Por isso, em meados de 1978, teve início uma rebelião popular liderada por dirigentes religiosos, em especial pelo Aiatolá Ruhollah Khomeini, e culminou, em 1979, em um golpe de estado que instaurou um regime de república teocrática islâmica e ainda capitalista.

Direitos das mulheres

Com a ascenção do regime teocrático islâmico, os direitos das mulheres foram severamente atacados. Além da obrigação, por lei, do “uso correto” do hijab, as iranianas são proibidas de cortar seus cabelos e frequentar jogos de futebol — a primeira vez, em mais de 40 anos, que as mulheres foram autorizadas a assistir a um jogo foi em agosto de 2022 —, por exemplo.

Além disso, as penas para aquelas que descumprirem as imposições do governo vão além do encarceramento. Desde 1983, o Parlamento estabeleceu que as mulheres que não cobrirem seus cabelos com véu em público podem ser sentenciadas a 74 chibatadas, e mais recentemente incluíram a pena de 60 dias de prisão. 

Tudo isso é fiscalizado e punido pela chamada Polícia da Moralidade, e normalmente, as mulheres só são libertadas da cadeia quando um parente apresenta garantias de que elas voltarão a seguir as regras.

“E você pode falar para mim ‘ah, mas é cultura, professora’, aí que está a diferença. Quando é cultura, cada um tem a sua, a partir do momento em que aquilo passa a ser uma lei do Estado, e que todo mundo deve seguir, e quem não seguir é penalizado por isso, ultrapassou a esfera da cultura”, esclarece a professora Alê Lopes.

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Persépolis

Dica de leitura da professora Alê Lopes, o livro Persépolis é uma história em quadrinhos autobiográfica escrita por Marjane Satrapi. Nele, a autora aborda sua infância e primeiros anos da vida adulta sendo mulher no Irã pós Revolução Islâmica. A obra leva esse nome em referência à Persépolis, a cidade que era capital da antiga Pérsia, como era chamado o Irã até 1935.

Quadrinho de “Persépolis” retratando as imposições e perda de liberdades das mulheres após 1979

Em 2007, Persépolis ganhou uma adaptação para o cinema, que concorreu ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar do ano seguinte. Além de ter conquistado prêmios importantes para o audiovisual, como o César de Melhor Roteiro Adaptado.

Protestos no Irã

Os protestos que se espalharam pelo país após a morte de Amini seguem sendo reprimidos de forma violenta. De acordo com um correspondente da CNN no Irã, as forças policiais têm usado “balas de nível militar”, contra os manifestantes civis. Segundo a ONG Iran Human Rights, até a última quarta-feira, 12 de outubro, 201 pessoas haviam sido mortas por protestarem. 

As manifestações, que mobilizam principalmente mulheres e adolescentes, chegaram às universidades e levaram a greves no setor de energia do país. As principais ações das mulheres que aderiram à causa são a queima do véu islâmico e o corte de cabelo em público, e o uso de palavras de ordem como “mulheres, vida e liberdade”, “não queremos a República Islâmica”, “independência, liberdade, hijab opcional”.

Como cai no vestibular?

Na edição 2016 do Enem, uma passagem do livro Persépolis foi tema de uma questão. No quadrinho abordado, a autora trata do primeiro ano em que o véu islâmico passou a ser obrigatório para meninas nas escolas, em 1980. Veja:

De acordo com a professora Alê Lopes, a alternativa correta que resolve a questão é a letra “E”: transformação política e modificação de costumes. “Essa transformação política e modificação de costume em 1979, tinha qual objetivo? O retrocesso. A implantação de um regime ditatorial e teocrático, baseado em uma lógica conservadora e tradicionalista”, explica.

A dica da professora para esse tipo de assunto, é atentar-se ao fato de que nem toda revolução trará benefícios para a população que passa por ela. “É contra isso que as meninas de 2022 estão lutando, contra um regime que foi imposto à autora de Persépolis. As transformações não são sempre positivas, no sentido em que a vida vai melhorando progressivamente como se fosse uma escala evolutiva,as liberdades individuais avançam e retrocedem ”.

Ainda segundo Alê, uma outra abordagem sobre a realidade do regime teocrático que governa o Irã que pode aparecer nas provas do vestibular é a crescente relação do discurso religioso para efeitos políticos no Brasil.

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