Nos vestibulares, é muito comum que apareçam questões relacionadas à literatura. Nesse sentido, os períodos literários devem ser foco de atenção dos vestibulandos. É preciso atentar-se ao contexto histórico, características, ideais e autores de cada época artística. Com base nisso, o Estratégia Vestibulares preparou um artigo que reúne os principais aspectos do Simbolismo. Confira a seguir!
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O que é Simbolismo?
O simbolismo é uma escola literária que ocorreu entre os séculos XIX e XX. Ele é considerado como um precursor do pré-modernismo.
No momento de seu ápice, as bases industriais e capitalistas estavam em consolidação, com aumento das ideias racionais, matemáticas e de estratégias lógicas. Então, a arte aparece como uma fuga à intelectualidade aprisionante que circundava a sociedade. Nesse sentido, o simbolismo é a expressão da busca por liberdade e do escapismo social.
Embora tenha se posicionado na contramão do pensamento racional, o simbolismo não foi engajado socialmente. Muitos estudiosos o classificam como uma arte voltada para a alienação individual.
Características do Simbolismo
Os principais aspectos simbolistas são:
- Busca por liberdade poética: os autores adotaram uma linguagem mais livre, vaga, expressiva, e repleta de sugestões. Assim, deixou-se de lado o modelo rígido da escrita parnasiana;
- Sonoridade: a poesia simbolista é muito marcada pela musicalidade, que confere uma expressão rítmica e sonora para os textos;
- Subjetividade: os poemas desse período foram escritos com base nos dramas do eu lírico, o que torna as obras muito subjetivas e intimistas;
- Símbolos: como o nome já diz, os autores simbolistas utilizaram muitos símbolos em sua escrita. Isso favoreceu uma linguagem mais universal e abstrata, repleta de termos que fugiam da realidade;
- Transcendência: um dos marcos dessa corrente literária é a presença de objetos transcendentes, lúdicos. As obras são envoltas em um ambiente etéreo, metafísico e cósmico.
- Poema Visual: é muito comum que as palavras sejam dispostas de maneira que formem imagens lúdicas e que complementam o escrito;
- Sinestesia: sinestesia é uma figura de linguagem que consiste na mistura entre os cinco sentidos. No poema abaixo, escrito por um simbolista brasileiro, estão destacados exemplos desse recurso poético:
“Nasce a manhã, a luz tem cheiro…
Ei-la que assoma Pelo ar sutil…
Tem cheiro a luz, a manhã nasce…
Oh sonora audição colorida do aroma!”
Alphonsus de Guimaraens
Note o emaranhado de sentidos quando o termo “luz”, que obtemos por meio da visão, se associa ao “cheiro”, que é acessado pelo olfato. O mesmo acontece quando associamos “cores”, notadas pelos olhos, são relacionadas ao olfato pela palavra “aroma”;
- Linguagem hermética: o termo “hermética” refere-se ao “fechamento” da linguagem. Assim, os autores simbolistas optaram por utilizar palavras desconhecidas, raras em seus textos; e
- Expressões métricas experimentais: os autores, em caráter de novidade, construíram poemas em prosa, o que inovou a arte da época.
Simbolismo no Brasil
No Brasil, o simbolismo ocorreu após a proclamação da república e a abolição da escravidão. Ele surgiu como um reflexo do mal-estar profundo que crescia na civilização industrial. Além disso, era a representação de uma moda importada da França, e se direcionava às classes cultas da sociedade brasileira.
É válido ressaltar que não houve um diálogo direto do simbolismo com as questões sociais brasileiras, mas, indiretamente, o movimento conseguiu impactar alguns padrões sociais.
Principais autores do Simbolismo
Alphonsus de Guimaraens
Esse é um poeta brasileiro, nascido em Mariana-MG, com forte tendência para o poema focado no amor e na morte.
Suas obras demonstravam um anseio e forte desejo pela morte. Isso aconteceu porque sua amada havia falecido. Seu maior sonho era o reencontro celeste com ela.
Os temas e a escrita das poesias apontaram para um escapismo do sofrimento e para uma religiosidade real. Para Alphonsus de Guimaraens, a religião era algo verdadeiro e não uma exposição hipócrita de uma fé não praticada.
Confira abaixo o poema Ismália, que associa imagens e palavras etéreas para o suicídio de uma garota:
“Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…”
Cruz e Sousa
O poeta Cruz e Sousa, também chamado de Cisne Negro, foi muito reconhecido no Brasil e no mundo. Sua biografia conta que ele era filho de negros escravizados, então era um negro legítimo que sofreu as mazelas da segregação racial. Seu crescimento intelectual ocorreu porque foi apadrinhado por um general, que lhe proporcionou educação.
Em sua vivência autoral, tentou escrever e relatar suas experiências com o racismo, porém foi barrado por editores que não viam potencial em uma escrita revolucionária.
Em suas obras publicadas, ele marcou a presença da dualidade entre a matéria e o espírito, com uso de muitas expressões sonoras de aliterações e assonâncias.
Seus poemas tinham, muitas vezes, referências a coisas claras e brancas, com sugestão de ideias melancólicas, de sofrimento e erotismo indireto.
A seguir, confira um trecho da poesia Antífona, repleta claridade:
“Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!…
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas…
Incensos dos turíbulos das aras…”
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