Trovadorismo: literatura, cantigas, tipos e exemplos

Trovadorismo: literatura, cantigas, tipos e exemplos

O trovadorismo é uma escola literária interessante: cantigas cantadas nos palácios, temas como a viagem de nobres cavaleiros e muitos temas medievalistas. Próprio da literatura portuguesa, a linguagem utilizada era rebuscada e própria para a época: o galego-português que caiu em desuso muitos séculos atrás.

Se você quer saber mais sobre o trovadorismo, os diferentes tipos de cantigas líricas e satíricas, além de ver a resolução de questões do vestibular sobre o assunto, acompanhe o artigo abaixo!

Surgimento do trovadorismo: contexto histórico

O trovadorismo é um estilo literário nascido durante a Idade Média. Em meio à sociedade medieval, com seus diferentes níveis sociais, as cantigas eram lidas ou cantadas e repassadas de geração em geração.

A Idade Média é um período histórico que durou quase dez séculos. Nessa época, predominou o sistema feudalista: um senhor feudal era responsável por ceder terras aos camponeses, que ali plantavam para a alimentação da família real e para a própria subsistência, a troco de impostos também.

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A instituição que mais controlava a sociedade da época era a Igreja Católica. O regime político e econômico era teocêntrico, em que Deus é soberano nas decisões tomadas. Tamanha importância foi fundamental para que os padres e estudiosos da Bíblia ganhassem prestígio social. 

Dessa forma, o clero (estrato em que ficavam os padres, bispos e etc) tinha a mais elevada posição na pirâmide feudal. Abaixo dos clérigos, estavam os nobres, que nasceram nesse status sociais. 

Apenas esses dois grupos tinham acesso à alfabetização, então, o trovadorismo se desenvolveu nesse espaço. Os nobres ganham destaque nas cantigas, que eram recitadas ou cantadas nos palácios medievais — por isso, elas podem ser chamadas de cantigas palacianas ou provençais.

As obras trovadorescas eram cantadas por um poeta, conhecido como trovador. Esse tipo de produção se tornou mais comum quando alguns indivíduos começaram a se desvencilhar da rigorosidade religiosa. A partir de então, as obras literárias não seriam apenas sobre religião, mas abordariam novos temas.

Quando recitadas, um músico poderia acompanhar o poeta, com liras, harpas, flautas ou violas. O trovadorismo é, ainda, um movimento itinerante: grupos de trovadores e músicos viajavam entre as regiões para expor as composições.

Tipos de textos do trovadorismo

Os textos do trovadorismo são divididos em quatro principais grupos: cantigas de amor, cantigas de amigo, cantigas de escárnio e cantigas de maldizer. Veja, a seguir, um resumo sobre cada uma dessas classificações.

Cantigas de amor

As cantigas de amor têm uma vertente lírico-amorosa, de forma que suas principais características são:

  • Eu lírico masculino, que se manifesta em primeira pessoa;
  • A amada não corresponde aos pedidos do cavalheiro;
  • A dor da rejeição amorosa é tratada como “coita”, de onde surge a expressão “coitado”;
  • O eu lírico se “humilha” para a amada, pois se refere a ela com o termo “mia senhora”, colocando-a em uma posição hierárquica elevada, conforme o feudalismo.

Veja, a seguir, um exemplo de questão do vestibular sobre cantigas de amor.

IFSP 2012

Cantiga de Amor
Afonso Fernandes

Senhora minha, desde que vos vi,
lutei para ocultar esta paixão
que me tomou inteiro o coração;
mas não o posso mais e decidi
que saibam todos o meu grande amor,
a tristeza que tenho, a imensa dor
que sofro desde o dia em que vos vi.

Já que assim é, eu venho-vos rogar
que queirais pelo menos consentir
que passe a minha vida a vos servir (…)

(www.caestamosnos.org/efemerides/118. — Adaptado)

Uma característica desse fragmento, também presente em outras cantigas de amor do Trovadorismo, é

a) a certeza de concretização da relação amorosa.
b) a situação de sofrimento do eu lírico.
c) a coita de amor sentida pela senhora amada.
d) a situação de felicidade expressa pelo eu lírico.
e) o bem-sucedido intercâmbio amoroso entre pessoas de camadas distintas da sociedade.

Resolução

Nas cantigas de amor trovadorescas, a concretização do amor era colocada de uma maneira distante, já que o maior enfoque era a coita. Ao mesmo tempo, o eu lírico sempre expressava essa melancolia, já que os desejos nunca se satisfaziam com correspondência da amada. Nesse sentido, a única alternativa possível é a letra B.

Cantigas de amigo 

Também no grupo das obras líricas, veja os pontos principais da cantiga de amigo:

  • O autor é um homem, mas o eu lírico é uma voz feminina;
  • Também é exposto um sofrimento de amoroso, mas, dessa vez, de uma forma mais sutil;
  • Em muitas delas a dama sofre pela partida do amado para alguma missão.

Ai Deus, se sab’ora meu amigo
com’eu senheira estou em Vigo!
E vou namorada…

Ai Deus, se sab’ora meu amado
com’eu em Vigo senheira manho!
E vou namorada…
Com’eu senheira estou em Vigo
e nulhas gardas nom hei comigo!

E vou namorada…
Com’eu senheira em Vigo manho
e nulhas gardas migo nom trago!

E vou namorada…
E nulhas gardas nom hei comigo,
ergas meus olhos que choram migo!

E vou namorada…
E nulhas gardas migo nom trago,
ergas meus olhos que choram ambos!

E vou namorada…

Cantigas de escárnio e maldizer

As cantigas de escárnio e maldizer são do tipo satíricas, com a intenção de contrariar padrões sociais, ironizar ou difamar pessoas e/ou situações. A diferença entre as duas está, principalmente, na forma como essa crítica é transmitida.

As cantigas de escárnio criticam de uma forma mais branda: são utilizadas figuras de linguagem, comparações, trocadilhos e ambiguidades, sem mencionar diretamente a pessoa ou cenário em questão. Veja um exemplo:

Ai dona fea! Fostes-vos queixar
Porque vos nunca louv’ en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!

Dona fea! Se Deus me pardon!
E pois avedes tan gran coraçon
Que vos eu loe, en esta razon,
Vos quero ja loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora ja un bon cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!

(João Garcia de Guilhade)

Já as cantigas de maldizer são diretas e criticam severamente, sem rodeios. O vocabulário é mais rude e as opiniões tendem à ofensa. Geralmente, o nome da pessoa criticada é exposto, sem insinuações.

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