Mosaico bizantino: história da arte, importância e exemplos

Mosaico bizantino: história da arte, importância e exemplos

Descubra como o estilo simbólico e hierático do mosaico bizantino tornou-se um meio eficaz de instrução religiosa e propaganda imperial

O Mosaico Bizantino é uma das expressões artísticas mais marcantes e complexas da história, essencialmente ligada à História da Arte e da religião cristã no Império Romano do Oriente. 

No contexto do Enem e de vestibulares, dominar o significado, a técnica e as características da Arte Bizantina é um diferencial para se dar bem nas provas. 

Pensando nisso, o Portal Estratégia Vestibulares preparou este artigo para você entender melhor o que é o mosaico bizantino, importância e principais características com exemplos. Confira!

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O que é o mosaico?

O mosaico, em essência, é a arte de criar imagens pela justaposição de milhares de pequenas peças quadrangulares coloridas, chamadas tesselas, que podem ser pedra ou outro material. Então, ao serem colocados sobre cimento fresco em uma parede ou superfície formam um desenho.

O mosaico bizantino na História da Arte

O mosaico é intrínseco à arte bizantina, a qual tem suas raízes na denominada “arte paleocristã”, um conjunto de expressões artísticas religiosas praticado nos primeiros séculos do cristianismo no Império Romano. Nesse sentido, os mosaicos encaixam-se no contexto da “arte basilical”, quando a fé cristã já era permitida no Império Romano.

Por que a civilização bizantina escolheu o mosaico?

Apesar de também ter se destacado na pintura e arquitetura, durante a passagem da Antiguidade para a Idade Média, o Império Bizantino (ou Império Romano do Oriente) escolheu o mosaico como sua principal forma de expressão visual. 

E isso não foi por acaso. Por ser composto de tesselas, o mosaico oferecia qualidades ideais para o novo contexto imperial e religioso de Constantinopla:

  • Durabilidade: essencial para cobrir as superfícies permanentes e curvas das grandes basílicas;
  • Brilho e luminosidade: o uso de vidro, esmaltes e, principalmente, folhas de ouro e prata nas tesselas criava um efeito sublime, que simbolizava a luz divina; e
  • Mensagem em larga escala: era o veículo perfeito para a iconografia religiosa e imperial, comunicando as histórias sagradas de forma visual e impactante.

Função e temas dos mosaicos bizantinos

Os mosaicos bizantinos eram dispostos nas superfícies internas das igrejas e cumpriam uma dupla função que estavam relacionadas a suas temáticas: doutrinária (religiosa) e político-imperial.

Iconografia religiosa (função doutrinária):

O propósito central dos mosaicos era orientar e catequizar os fiéis na fé cristã por meio da beleza e da arte. Assim, os mosaicos serviam como “Bíblia para os iletrados”, ilustrando passagens bíblicas da vida de Cristo, reforçando a majestade divina e a hierarquia eclesiástica.

Para cumprir esse propósito, a disposição das figuras era rigorosa e expressava a hierarquia celestial. Exemplos cruciais de disposição desses mosaicos incluem o Cristo Pantocrator (o “governador de tudo”) localizado na cúpula central e a Virgem Maria, estrategicamente posicionada na abside. Em sequência, os profetas, anjos e cenas bíblicas completam o panteão visual, garantindo a instrução religiosa.

Iconografia imperial (função política):

Além do caráter puramente religioso, havia também a iconografia imperial, a qual visava legitimar o poder político e religioso do imperador sobre os homens, sustentando o regime teocrático (cesaropapismo);

Nas figuras, o imperador, como o Justiniano e Teodora eram representados em cenas de oferenda e em íntima proximidade com o divino. Dessa maneira, o mosaico reforçava a ideia de que o governante regia por direito divino

A técnica e o material

Sem dúvida, a técnica do mosaico bizantino é fundamental para criar seu efeito visual inconfundível. Assim, era necessária uma grande engenharia visual e para criar o efeito luminoso utilizavam, por exemplo:

  • Vidros coloridos: proporcionavam cores ricas, como azuis profundos, verdes esmeralda e vermelhos intensos;
  • Ouro e prata: utilizavam em tesselas mais suntuosas, feitas com uma fina folha de ouro ou prata prensada entre duas camadas de vidro;
  • Irregularidade: as tesselas eram fixadas na argamassa úmida em ângulos levemente irregulares. Essa sutileza fazia a luz “dançar” e se multiplicar na superfície, criando a sensação de que a imagem emanava luz própria e não de uma fonte externa.

Além disso, para garantir a durabilidade e o efeito desejado aos mosaicos, a parede era preparada com várias camadas de argamassa antes que os artistas fixassem as peças. Portanto, todo o processo era meticuloso. 

Estilização e hierarquia nos mosaicos bizantinos

As figuras dos mosaicos seguem um padrão particular:

  • As figuras são planas (bidimensionais), contornadas, com pouca ou nenhuma modelagem de volume;
  • As figuras mais importantes (Cristo, a Virgem Maria e Imperadores) são representadas em posição frontal ou central e rígida, reforçando sua autoridade e santidade; 
  • A perspectiva realista da arte greco-romana dá lugar a um espaço mais simbólico, não naturalista, centrado em Deus e não no Homem; e
  • O uso do ouro simboliza o espaço divino, celestial e a eternidade, removendo o sentido das figuras do contexto meramente terreno e mundano.

Iconografia e a Querela Iconoclasta

No contexto de mosaicos bizantinos é crucial entender a Querela Iconoclasta ocorrida nos séculos VIII e IX. Este foi um período de proibição e destruição de ícones religiosos, incluindo mosaicos, por serem consideradas idolatria por parte de alguns imperadores. 

Nesse sentido, muitos mosaicos foram destruídos ou substituídos por temas simbólicos, a exemplo da cruz de Cristo. Porém, em 843 d.C. houve a retomada da veneração de imagens, e, consequentemente, a volta da produção da arte figurativa em grande escala.

Exemplos notáveis de mosaico bizantino

Os exemplos mais notáveis de mosaico bizantino da história podem ser encontrados em Ravena e em Istambul. Veja, a seguir, os principais:

Basílica de São Vital (Ravena, Itália)

Na basílica de São Vital estão os famosos mosaicos de Justiniano e Teodora, que mostram o casal imperial em procissão com a corte eclesiástica e civil levando suas oferendas à Igreja. 

Os mosaicos estão posicionados de frente um para o outro e percebe-se que o imperador está em procissão para ofertar algo a Deus. Esse também possui uma auréola em sua cabeça, por ser considerado o representante divino na terra. Ao seu lado, está o bispo de Ravena, Maximiano. 

Já o mosaico da “Procissão da Imperatriz Teodora” segue basicamente o mesmo padrão: ela é retratada oferecendo um cálice de ouro cravejado de pedras preciosas no altar, portando um diadema de pedras e pérolas sobre sua cabeça. 

Toda a decoração das vestimentas da imperatriz e das outras damas de sua corte transmitem uma ideia da nobreza e esplendor que caracterizavam a corte bizantina, e que ainda hoje se encontram presentes no ouro desses mosaicos. 

Para elucidar, observe as imagens desses mosaicos:

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Mosaico do imperador Justiniano.
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Mosaico da imperatriz Teodora.

Basílica de Santo Apolinário Novo (Ravena, Itália)

Na basílica de Santo Apolinário Novo podem ser vistos diversos mosaicos do século VI d.C. representando procissões de mártires e virgens, cenas bíblicas e a Virgem Maria com o Menino Jesus entronizados. 

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Mosaicos da Basílica de Santo Apolinário Novo.

Santa Sofia (Istambul, Turquia)

Construída entre 532 e 537 d.C., a catedral de Santa Sofia (ou Hagia Sofia) foi a principal catedral ortodoxa de Constantinopla por quase mil anos. O templo possui uma suntuosidade que representa bem a arte bizantina em sua arquitetura e é dotada de mosaicos de diferentes estilos e períodos.

Uma das mais icônicas composições presentes na catedral de Santa Sofia é o “Déesis”, em que Cristo está no centro e a Virgem Maria e São João Batista estão um de cada lado em posição de reverência e súplica em favor da humanidade:

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Déesis, Catedral de Santa Sofia.

Igreja de São Salvador em Chora (Istambul, Turquia)

Símbolo da cristianismo ortodoxo oriental, a igreja foi construída no século XI d.C. e atualmente funciona como uma mesquita. Esse templo é um dos maiores exemplos de arte bizantina e possui mosaicos narrativos em todas suas paredes e tetos. 

Como é o esperado, sua cúpula possui uma imagem central de Cristo, assegurando o caráter hierárquico das representações:

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Mosaico do Cristo Pantocrator, cúpula da Igreja de São Salvador em Chora.

Como o mosaico bizantino é cobrado no Enem e vestibulares?

As questões de História da Arte e História em vestibulares costumam abordar os mosaicos das seguintes formas:

  • A Iconoclastia: é necessário entender o movimento iconoclasta dentro do Império Bizantino e suas implicações sobre a produção das artes figurativas, incluindo os mosaicos. Nesse contexto, “A Iluminura do Saltério Chludov”, manuscrito do século IX que critica o Iconoclasmo, é um exemplo de obra que pode aparecer nas questões dos vestibulares;
  • A estética e sua função: também é preciso saber reconhecer o mosaico como a principal forma de arte bizantina, destacando seu caráter suntuoso, religioso e hierático (frontalidade e falta de profundidade), servindo para reafirmar tanto a fé cristã ortodoxa quanto a autoridade teocrática do imperador.

Questão de vestibular sobre mosaico bizantino

UPE (2014)

A civilização bizantina foi muito mais original e criativa que, em geral, lhe creditam. Suas igrejas abobadadas desafiam em originalidade e ousadia os templos clássicos e as catedrais góticas, enquanto os mosaicos competem, como supremas obras de arte, com a escultura clássica e a pintura renascentista.

(ANGOLD, Michael. Bizâncio: A ponte da antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002. p. 9. Adaptado.)

Sobre o legado cultural bizantino, assinale a alternativa CORRETA.

a) Herdando elementos da cultura grega, os bizantinos desenvolveram estudos sobre a aritmética e a álgebra.
b) Negando a tradição jurídica romana, o império bizantino pautou sua jurisdição no direito consuetudinário.
c) A filosofia estoica influenciou o movimento iconoclasta, provocando o cisma cristão do Oriente no século XI.
d) O catolicismo ortodoxo tornou-se a religião oficial do império após a denominada querela das investiduras.
e) A catedral de Santa Sofia sintetiza a tradição artística bizantina com seus ícones e mosaicos.

Resposta:

A Catedral de Santa Sofia é considerada o principal e mais grandioso monumento do Império Bizantino por combinar complexidade arquitetônica (cobertura em cúpula) com o esplendor visual dos mosaicos dourados e dos ícones. Portanto, essa construção sintetiza o auge do poder teocrático e da expressão religiosa bizantina.

Alternativa correta: E.

+ Veja também: Mosaico no Islã: origens, características e exemplos notáveis

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