A Lei do uso e desuso foi uma das primeiras hipóteses criadas para explicar a evolução das espécies ao longo do tempo. Neste artigo, estudaremos essa teoria evolutiva, além de outras proposições do mesmo estudo. Depois, um comparativo entre o Lamarckismo e as ideias inovadoras que Darwin desenvolveu. Leia agora!
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Lamarckismo
Na biologia, o Lamarckismo corresponde ao conjunto de estudos e ideias propostas pelo cientista francês Jean-Baptiste de Lamarck. Ao observar as espécies ao longo do tempo, ele percebeu que havia algumas semelhanças e diferenças entre a mesma espécie de ser vivo, a depender da localização em que estão inseridas.
Suas ideias são, atualmente, consideradas incorretas. Apesar disso, foram necessárias como base para o estudo evolutivo. Afinal, algumas das observações de Lamarck foram utilizadas para construir as teorias evolutivas mais aceitas atualmente, como a seleção natural.
Diante disso, é importante reconhecer a importância do Lamarckismo para a história da ciência. E é com esse ponto de vista que muitas bancas de vestibulares nacionais adicionam o tema em questões de provas.
Leis do Lamarckismo
Lamarck desenvolveu uma interpretação de que o meio tem grande influência sobre os seres vivos que habitam naquela região. Essa afirmação é uma verdade, mas a forma como ele aplicou o conhecimento não respondeu a todas as questões necessárias. Acompanhe, agora, as duas principais leis que Lamarck formulou para explicar a evolução das espécies.
Lei do uso e desuso
Segundo o estudioso, o meio teria tanta influência sobre um ser vivo a ponto de forçar modificações em suas estruturas corporais, torná-lo mais forte ou mais alto ao longo do tempo, por exemplo.
Então, se um animal de pescoço baixo vivesse em um local em que todas as árvores frutíferas têm galhos altos, aos poucos, o pescoço desse indivíduo cresceria ao ponto de permitir a sua alimentação.
Ele concluiu essas ideias por meio da Lei do uso e desuso: o uso de uma parte corporal faz com que ela se torne mais funcional, maior e predominante naquele corpo. Por outro lado, as porções não utilizadas com frequência sofrem uma involução, regredindo e atrofiando pelo desuso.
Lei da herança dos caracteres adquiridos
Para Lamarck, o meio tem tanta importância na determinação das características do indivíduo que, uma vez que ele adquiriu certo membro, este pode ser transmitido para sua prole. E essa seria a explicação principal para a adaptação seres vivos-meio ambiente.
O exemplo mais famoso de sua teoria é o da girafa. Ele propunha que as espécies de girafa, em um passado remoto, possuíam pescoços curtos. Em determinado momento, foram alocadas em um espaço com árvores e alimentos que ficavam mais altos do que poderiam alcançar.
Com o passar do tempo, o pescoço existente foi se esticando a ponto de tornar-se tão longo quanto o que conhecemos hoje. Essa organização corporal foi transmitida para as gerações e assim se perpetua a espécie.
Lamarckismo e Darwinismo
As ideias de Lamarck são úteis e verdadeiras quando tratam sobre a relação entre o meio ambiente e as características das espécies. Apesar disso, a teoria que o biólogo desenvolveu para explicar isso são, atualmente, consideradas falsas.
Afinal, a influência do espaço na organização corporal das espécies demora muito a acontecer. Trata-se de um processo longo, que dura muitas gerações e se associa com alterações genéticas e ecológicas, conceitos que ainda não estavam desenvolvidos na época em que surgiu o Lamarckismo.
Seleção natural e conceitos atuais
Depois do pontapé inicial de Lamarck, Charles Darwin surge com estudos inovadores que apontam para a seleção natural das espécies. Nesse caso, os animais que já nasceram com características mais adaptadas ao meio sobrevivem mais em um determinado espaço e assim perpetua-se a espécie.
No mesmo exemplo das girafas, a seleção natural propõe que as girafas e outras espécies de pescoço baixo existiam ao mesmo tempo em um ambiente. Ali, as árvores eram altas e, por isso, as girafas se alimentam melhor e puderam subsistir, enquanto a outra espécie não pode se estabelecer por não ter os caracteres necessários para o local.
Com os estudos atuais, sabemos ainda que o meio pode influenciar a genética dos indivíduos de maneira microscópica, algo que é conhecido como epigenética. Nesse caso, transformações mínimas se somam e geram alterações geracionais, já que há uma alteração de genes.
+ Veja também: Mecanismos evolutivos: definição, quais são, Hardy-Weinberg e questões
Questões sobre Lei do uso e desuso
(Simulado Unesp – EV)
O termo “bonsai” vem do japonês e significa “árvore plantada em um vaso”. A técnica teve origem em 700 d.C. na China, e foi introduzida no Japão por volta do ano 1300. Trata-se de uma maneira de cultivar e podar qualquer árvore para que ela pareça uma miniatura da original, como se ela fosse “treinada”. Não é necessário adicionar nenhuma substância para impedir o crescimento – tudo é feito com auxílio de podas específicas e instrumentos (como arames).
Retirado de: Superinteressante (adaptado). Disponível em: https://super.abril.com.br/blog/oraculo/qual-e-o-bonsai-mais-antigo-de-que-se-tem-noticia/ Acesso em 03 ago. 2021, às 14h16
A herança de características adquiridas proposta por Lamarck defendia que um organismo era capaz de passar modificações decorrentes do uso e desuso entre gerações futuras. Já que o bonsai é uma árvore treinada para não crescer, podemos sugerir que Lamarck estava
a) equivocado, pois, embora o bonsai tenha adquirido o tamanho reduzido por manipulações diretas, suas sementes darão origem a uma prole de tamanho normal.
b) equivocado, pois a característica da planta não crescer não configura como transformação.
c) equivocado, pois o treinamento para a planta não crescer altera o seu código genético.
d) correto, pois a característica da planta não crescer é herdada pelos embriões da planta.
e) correto, pois a característica da planta não crescer alterou o seu código genético, portanto, suas sementes darão origem a uma prole de tamanho reduzido.
GABARITO: ALTERNATIVA A.
A técnica de bonsai não possui muitos segredos. Basicamente uma planta que é muito grande na natureza – geralmente árvores – são treinadas por podas e técnicas específicas para mantê-las em um tamanho reduzido, mas muito semelhantes ao indivíduo de tamanho original. Em nenhum momento há o envolvimento de técnicas de biotecnologia, alterações do conjunto cromossômico, seleção artificial ou até mesmo natural. Com isso, pode-se até dizer que o tamanho reduzido da planta é uma característica induzida pelo ambiente (no caso, pela pessoa que está aplicando as técnicas do bonsai).
No entanto, hoje em dia sabemos que essas modificações adquiridas ao longo da vida não são passadas adiante pela prole. Um outro exemplo seria um homem extremamente musculoso que não passaria essa caraterística para seu filho(a). Portanto, a característica do bonsai não é herdada pela prole, uma vez que não é algo oriundo de modificações genéticas.
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