Pensamento mítico: definição, cultura e filosofia

Pensamento mítico: definição, cultura e filosofia

O pensamento mítico foi uma das primeiras maneiras que a espécie humana lançou mão para explicar fenômenos da natureza, acontecimentos como a morte e a vida, além de explicações para diferentes fases de um ciclo animal, por exemplo. 

Com o desenvolvimento da filosofia, cada vez mais a racionalização e a lógica são valorizadas na sociedade, enquanto que o pensamento mítico aparece como um antagonista, com componente mais subjetivo dentro de uma sociedade mais pragmática.

De toda forma, o pensamento mítico norteou as civilizações humanas ancestrais e, muitas vezes, faz parte da realidade de muitos povos ainda nos dias atuais, principalmente associado a uma herança cultural diversificada. Leia este texto e entenda melhor a relação entre pensamento mítico, cultura e filosofia.

O que é pensamento mítico?

O pensamento mítico pode ser resumido como uma explicação ou proposição em que situações cotidianas, observadas por humanos, são compreendidas de um ponto de vista mais subjetivo, sem uma metodologia científica para a criação daquela teoria.

É uma forma de iniciar a discussão sobre um fenômeno natural, como chuvas, ventos, enchentes, estações. Geralmente, o pensamento mítico está associado também com ideias metafísicas, como deuses, forças da natureza, espíritos, almas, energias ou elementos considerados sobrenaturais.

Essas explicações mitológicas têm um cunho importante de sanar a necessidade de conhecimento e entendimento, que é um aspecto muito característico da espécie humana ao longo dos séculos.

Função do mito na sociedade

A presença do mito na sociedade tem um papel na construção de explicações para eventos, de forma que permite ao homem uma sensação de ser mais protagonista de sua própria história, como garantia de uma compreensão para determinadas situações, mesmo que por meio de elementos sobrenaturais. 

Inclusive, o mito também serve como forma de tentar mudar ou interferir em certos fenômenos da natureza. Então, quando um pensamento mítico relaciona-se com forças da natureza, por exemplo, pode ser que a cultura daquele povo seja invocar essas entidades para fazer pedidos específicos e conseguir o que esperam.

O mito também é uma forma de patrimônio cultural, afinal, a presença de explicações míticas e superstições pode variar muito entre os povos, e geralmente são transmitidas por meio de fala de pai para filho, geracionalmente. Assim, uma tribo indígena do Brasil terá uma compreensão sobre chuvas, por exemplo, enquanto os nômades da Índia podem explicar as precipitações com elementos míticos, mas de forma diferente. 

Principais tipos de mitos e exemplos

Uma das principais formas de mito é o mito teogônico, que adiciona conteúdo ritualístico e religioso às explicações da natureza. Como é esperado, há um conteúdo e personagens metafísicos, sobrenaturais que atuam sobre os acontecimentos naturais. Um dos principais exemplos é a mitologia grega, os deuses do Olimpo e como eles representam os planetas, os mares, os astros, entre outros. 

O pensamento mítico pode ser classificado como cosmogônico, quando explicações metafísicas são adicionadas para explicar a origem da vida, o surgimento da espécie humana, o sentido da existência no mundo. Do ponto de vista científico, as ideias criacionistas de diversas religiões são consideradas mitos cosmogônicos, como no hinduísmo, cristianismo, ritos pré-colombianos, entre outras crenças.

Existem também os mitos escatológicos, que tratam sobre o fim do mundo, como será o declínio da humanidade ao longo do tempo, como a Terra será inabitável, entre outras formas de destruição da vida humana. Um exemplo clássico foi o mito de que o universo entraria em colapso na mudança do milênio entre os anos 1000 e 2000, na transição entre os séculos XX e XXI. 

Diferenças entre mito e filosofia

A filosofia é uma ciência racional, que busca métodos e explicações comprováveis e palpáveis aos seres humanos. A racionalização empregada pelos filósofos na Antiguidade Clássica é que o norteia o fazer científico nas sociedades atuais, inclusive com a aplicação do método proposto por René Descartes, que permite uma sistematização do conhecimento, de forma que as teorias são construídas com base na observação de fenômenos concretos. 

Dessa forma, a principal diferença entre mito e filosofia é que pensamento mítico não depende de dados objetivos, informações concretas ou fatos verídicos para que se desenvolva uma explicação. Eles podem ser baseados em conhecimento geracional, sentimentos, superstições, percepções subjetivas, elementos metafísicos, seres sobrenaturais, entre outros fatores que não podem ser quantificados, qualificados ou observados claramente com os cinco sentidos humanos.  

É importante levar em consideração que o pensamento mítico, embora não seja uma produção científica, é uma forma de saber compartilhada entre as culturas, que possui um valor específico em diferentes contextos. Assim, não deve ser desvalorizado, mas aplicado da maneira e no ambiente correto, com perspectiva de encantar e abordar de maneira sobrenatural questões complexas.

Questões sobre pensamento mítico

Universidade Estadual de Londrina – UEL (2023)

O mito opõe-se ao logos, como a fantasia opõe-se à razão e a palavra que relata à que demonstra. Logos e mythos são as duas metades da linguagem, duas funções igualmente fundamentais da vida do espírito. O logos, sendo um raciocínio, pretende convencer; ele provoca em quem ouve a necessidade de fazer um julgamento. O logos é verdadeiro se for correto e conforme à “lógica”; é falso se dissimular algum embuste secreto (um “sofisma”). Mas o “mito” não tem outro fim senão ele mesmo. Quer se acredite nele ou não, ao bel-prazer, por um ato de fé, quer seja considerado “belo” ou verossímil, ou simplesmente porque se deseja acreditar nele. O mito se vê, assim, atraindo a sua volta toda a parte irracional do pensamento humano: ele é, pela própria natureza, aparentado da arte em todas as suas criações.

GRIMAL, Pierre. Mitologia Grega. Trad. de Rejane Janowitzer. Porto Alegre, RS: L&PM, 2013. p. 8.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento da Filosofia na Grécia Antiga, assinale a alternativa correta.

A) O logos e o mito são expressões humanas: o primeiro busca explicar e convencer, já o segundo procura encantar.
B) O logos e o mito são duas formas de fundamentar argumentos verdadeiros, usando método bem estruturado.
C) O mito é belo e verossímil por incitar o raciocínio a descobrir as relações que explicam certos fenômenos naturais.
D) O logos encanta por dizer respeito ao irracional e, contrário ao mito, persuade revelando os desejos humanos.
E) O mito e o logos não buscam revelar a verdade sobre as coisas do mundo, mas convencem pela fantasia.

Alternativa correta: A. 

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