As forças de vínculo representam a reação natural dos sistemas às restrições impostas pelos vínculos geométricos. Elas determinam como um corpo pode ou não se mover permitindo a análise do comportamento dinâmico.
A montagem correta do Diagrama de Corpo Livre (DCL) depende diretamente da identificação dessas forças. Compreender os vínculos e identificar as forças permite resolver problemas com clareza, precisão e rapidez evitando erros.
Nesse texto, você vai entender os principais tipos de vínculos mecânicos, suas forças associadas, como restringem movimentos e estruturar o DCL. Acompanhe abaixo.
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Conceitos fundamentais dos vínculos geométricos
Um vínculo geométrico é qualquer restrição ao movimento de um corpo, imposta pela geometria do sistema. Ou seja, o vínculo limita os graus de liberdade do corpo, determinando como ele pode ou não pode se mover.
Sempre que a geometria restringe um movimento, o sistema precisa “reagir” com uma força que impeça a violação dessa restrição. Veja alguns exemplos:
- Um bloco sobre uma mesa não pode atravessar a superfície: o vínculo impede esse movimento vertical;
- Uma esfera rolando em uma calha é obrigada a seguir o formato da calha: a força normal mantém essa trajetória; e
- Um pêndulo não pode mover-se livremente no espaço: o fio o obriga a manter-se a uma distância fixa do ponto de sustentação.
Em todos esses casos, a natureza da força que aparece é consequência direta do vínculo.
Força de vínculo: a reação do sistema
Ao impedir que o corpo viole a restrição, o vínculo exerce uma força chamada força de reação ou força de vínculo. Isso está diretamente conectado à Terceira Lei de Newton (Ação e Reação).
Nesse sentido, se o corpo tenta exercer uma ação contra o vínculo (por exemplo, “apertando” a mesa), o vínculo responde com uma força que o impede de atravessar a superfície. Essa força é justamente a força normal.
A força normal (N) é sempre perpendicular ao contato. Já a tração (T) em um fio é sempre paralela ao fio e sempre puxa o corpo, nunca empurra.
Entender essas forças é absolutamente essencial para montar o DCL, a ferramenta mais importante para resolver qualquer problema de dinâmica. Na prática, a maioria dos erros na resolução de problemas de Física vêm de um DCL mal feito.
Assim, colocar forças que não existem ou omitir forças fundamentais pode comprometer completamente a solução do problema. Por isso, dominar os vínculos e suas reações é decisivo para resolver questões com segurança e precisão.
Principais tipos de vínculos e suas forças
Vínculo de apoio/superfície: força normal (N)
A normal é uma força de contato perpendicular à superfície. Ela ajusta seu valor conforme necessário para impedir que o corpo atravesse a superfície.
a) Corpo em repouso sobre plano horizontal

N = P (peso) somente quando o corpo está parado ou em movimento vertical uniforme. É um caso particular de equilíbrio vertical.
b) Corpo em repouso em plano inclinado

Aqui, a normal não é igual ao peso, pois o peso não é perpendicular ao plano. O correto é decompor o peso:
- Py = P·cosθ (perpendicular ao plano), logo N = P·cosθ; e
- Px = P·sinθ (paralelo ao plano)
Esse é um dos temas mais cobrados nos vestibulares, e o erro mais comum é esquecer essa decomposição.
c) Corpo em movimento acelerado (como no elevador)
Se o elevador acelera para cima, a normal aumenta, observe:

Logo:
N-P = m.a
N = P + m.a
Se acelera para baixo, a normal diminui, observe:

Logo:
Fr = -m.a
Fr = N – P
-m.a = N – P
N = P – m.a
N = m.g – m.a
N = m(g-a)
Se a aceleração for igual à gravidade, N = 0 (sensação de ausência de peso).
Vínculo de ligação por fio/corda (Tração T)
A tração é sempre paralela ao fio e sempre puxa. Um fio ideal (sem massa e inextensível) garante que:
- A tração é igual em todos os pontos do fio.
- Todos os corpos ligados por ele têm o mesmo módulo de aceleração.

Casos clássicos:
- Máquina de Atwood: dois blocos ligados por um fio que passa por uma roldana.

- Sistemas de blocos conectados: extremamente comuns em vestibulares.
Vínculo de rotação (pivôs e articulações)
Em corpos rígidos, especialmente na Estática, surge outro tipo de reação: a força do pivô. Ela não possui direção pré-determinada e deve ser decomposta em componentes horizontal (Rx) e vertical (Ry).
Problemas com vigas, portas e barras articuladas frequentemente exigem a análise desses dois componentes. Além disso, a soma dos momentos é essencial para determinar corretamente o valor dessas reações.
Aplicações em sistemas de forças
Diagrama de corpo livre (DCL)
O primeiro passo para resolver qualquer problema de dinâmica ou estática é montar corretamente o DCL. Siga a ordem lógica:
- Passo 1: Isole o corpo, como se ele estivesse separado do ambiente;
- Passo 2: Desenhe todas as forças reais atuando nele (peso, empurrões, tração, normal, atrito);
- Passo 3: Acrescente todas as forças de vínculo relevantes, sempre respeitando sua natureza; e
- Passo 4: Em superfícies inclinadas, decompõe-se o peso obrigatoriamente;
A decomposição correta geralmente define se você acertará ou errará o exercício.
Vínculo de contato: a força de atrito
A força de atrito aparece quando o vínculo de apoio é rugoso. Ela é dada por:
Fat = μ·N
Onde: μ é o coeficiente de atrito (estático ou cinético).
Observe que o atrito depende diretamente da normal: quanto maior a normal, maior pode ser o atrito. Por isso, inclinações e acelerações que alteram a normal também alteram o atrito.
Sistemas de força e equilíbrio
Em situações de equilíbrio, devem ser satisfeitas simultaneamente:
- ∑F = 0 para a translação; e
- ∑T = 0 para a rotação.
Quando dois blocos se apoiam, a força normal entre eles costuma ser solicitada. Um erro comum é supor que essa normal seja igual ao peso, mas ela depende da geometria, das forças aplicadas e da configuração geral do sistema, podendo variar bastante conforme o arranjo.
Dicas para as provas
Para evitar erros frequentes nesse tema, algumas dicas práticas podem fazer toda a diferença no desempenho da prova:
- Não decore que N = P. Isso só vale em superfície horizontal sem aceleração vertical;
- Plano inclinado é o mais frequente em provas:
- Decomponha sempre o peso;
- N = P·cosθ; e
- A componente paralela é P·sinθ.
- Tração em fios ideais é constante; e
- Desconfie de forças “inventadas”: se não houver vínculo, não há força.
Questão do vestibular envolvendo vínculos geométricos
UFRR (2019)
Um bloco de massa M está apoiado em um plano inclinado conforme o desenho. O ângulo que o plano forma com a horizontal pode ser variado por meio de um mecanismo especial. O bloco começa a deslizar sobre o plano quando o ângulo atinge 30º. Considere que, no instante em que o bloco começa a deslizar, o somatório das forças sobre ele é zero. Nessas condições, podemos afirmar que o valor do coeficiente de atrito estático entre o bloco e o plano é igual a:

Considere sen(30º)= 1/2 e cos(30º)=√3/2.
Para o bloco começar a deslizar, o atrito estático atinge seu valor máximo, e o sistema ainda está em equilíbrio iminente, ou seja:
A) √3
B) 1/2
C) √2 /2
D) 1
E) √3/3
Resposta:
Para o bloco começar a deslizar, o atrito estático atinge seu valor máximo, e o sistema ainda está em equilíbrio iminente, ou seja:

No plano inclinado, temos:
- Componente do peso paralela ao plano:

- Componente perpendicular ao plano (normal):

- Atrito estático máximo:

No instante em que o bloco está prestes a deslizar, vale:




Substituindo θ = 30°:

Alternativa Correta: E
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