O que causou o acidente em Capitólio?

O que causou o acidente em Capitólio?

Entenda os processos geológicos que levaram à queda do paredão rochoso no Cânion de Furnas

Destino turístico de pessoas de diversas partes do Brasil e até do mundo, a cidade de Capitólio, em Minas Gerais, ganhou os noticiários nacionais e internacionais no último domingo (09), por um acidente na região de cânions.

A cidade de pouco mais de 8 mil habitantes está localizada na região Centro-Oeste do estado de Minas Gerais, a 276 km da capital Belo Horizonte. A economia de Capitólio é baseada no turismo dos Cânions de Furnas, e por lá é possível fazer passeios com lanchas, motos aquáticas, mergulho e nado livre.

No acidente que vitimou dez turistas que faziam um passeio de lancha no último fim de semana, uma parte dos paredões de cânions se soltou, causando uma queda fatal.

Por se tratar de um acidente com várias características geológicas que podem ser exploradas no Enem e nos vestibulares, o professor Saulo Teruo Takami, de Geografia, deu uma aula no canal do Estratégia sobre o ocorrido. Confira os principais pontos.

Geografia do cânions

Foto: reprodução/Prefeitura de Capitólio

Capitólio está localizada em uma região mineira alagada graças à transposição do Rio Piumhi, popularmente conhecida como “Mar de Minas”, uma vez que o estado não tem ligação com o mar.

Naturalmente, o Rio Piumhi desaguava no Rio Grande, na divisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo, mas com a construção da Hidrelétrica de Furnas, em 1963, foi desviado para a bacia hidrográfica do Rio São Francisco.

Além de “cânion”, a literatura também usa algumas outras nomenclaturas para essas formações: canyon, riba, ribanceira e desfiladeiro. “Significa que [na formação] houve uma ravina por conta do rio. Quando a gente fala da formação de um cânion, o grande responsável é a chamada erosão fluvial”, explica o professor Saulo.

Dessa forma, é a força da correnteza do rio que esculpe as pedras e forma os paredões rochosos: “É claro que não é exclusivo pensar na água do rio, mas ela é o principal agente. Se pensarmos na dinâmica do vento, [ela] começa a fazer com que tenha o desgaste [das pedras], e o transporte dos materiais. Aí vem a chamada erosão eólica.” complementa.

O professor Saulo ressalta, ainda, a importância de não confundir erosão com intemperismo (ou meteorização).

Erosão x Intemperismo

Entenda a diferença dos dois processos geológicos no Cânion de Furnas.

Erosão Intemperismo
Rochas, minerais, solos e etc., que foram desgastados são transportados para um lugar diferente de onde estavam originalmente.Desgaste que pode ou não gerar uma reação química. Se há reação química, trata-se de um intemperismo químico, e quando não há, caracteriza um intemperismo físico.

Deformação Brasiliana

Os paredões do Cânion de Furnas são formações de rochas sedimentares que sofreram metamorfismo. Ou seja, passaram por transformações significativas graças a temperatura, pressão e fluidos. “Estamos falando de uma formação rochosa muito, mas muito antiga. De mais ou menos 1,2 bilhão de anos”, lembra Takami.

Graças a esse processo, o que inicialmente era Arenito, uma rocha sedimentar, se transformou em Quartzito, uma rocha metamórfica. O tipo de metamorfismo envolvendo essas duas rochas é chamado de Deformação Brasiliana.

”No caso do Quartzito, há uma resistência mais expressiva, mas ela [a rocha] também apresenta falhas, que provocam quebras e o desmoronamento de massas gigantescas do cânion” explica o professor “Foi feito um cálculo daquilo que foi desprendido [do paredão de Furnas no acidente em Capitólio], tinha em torno de dez mil toneladas”.

Chuvas em Capitólio

De acordo com o professor Saulo, apesar do período de chuvas característico do verão brasileiro na região não ter sido o principal responsável pelo desmoronamento, houve uma aceleração do processo devido a infiltração de água nas rochas que tombaram. “Com a infiltração da água da chuva, as rochas ficam com uma densidade maior, somado com a força da gravidade, o tombamento fica mais fácil” pontua Takami.

Além disso, a presença de rochas sedimentares, que têm infiltração mais fácil, na formação dos paredões, contribuiu para a queda. “Nessa área, uma parte da rocha está embaixo d’água”, lembra.

Como evitar novos acidentes

O professor Saulo chama a atenção para a imprudência com que as falhas no Cânion foram tratadas por parte dos órgãos que cuidam da infraestrutura do turismo.

Segundo ele, acidentes como o de Capitólio poderiam ser evitados. “Quando tá chovendo muito, é melhor que não tenha passeio. E se tiver o passeio, não pode chegar tão perto assim [dos paredões]”.

Como cai no vestibular

Os exames do País não costumam abordar questões relacionadas ao Cânion de Furnas, e para o professor Saulo, é uma questão de tempo para que as perguntas surjam após o acidente em Capitólio. “Eu tentei encontrar uma questão que falasse especificamente sobre o Cânion de Furnas e não encontrei, o que leva a pensar que vai ser um prato cheíssimo para uma questão de vestibular”, aposta.

A dica do professor é que uma possível questão exigirá conhecimento técnico geográfico, principalmente na parte de relevo. “Uma questão de relevo, ambiental, pensando na questão do clima. Ou até juntar tudo e falar que é uma questão sobre Geografia Física”.

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