A pintura egípcia é uma das manifestações artísticas mais fascinantes da Antiguidade. É um reflexo da mentalidade e dos valores de uma civilização que deixou um legado cultural, histórico e simbólico inestimável.
Os egípcios utilizavam a arte como uma extensão de suas crenças e de sua visão de mundo. Compreender essa arte ajuda a desvendar o papel fundamental da cultura na formação e perpetuação da história dessa civilização.
Neste texto, vamos conhecer melhor as características, técnicas, temas e influências da pintura egípcia, bem como o contexto histórico que a moldou e sua relevância para a arte contemporânea. Acompanhe abaixo.
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Características gerais
A pintura no Egito Antigo é reconhecida por seu caráter simbólico e funcional. De maneira geral, teve início a partir do traçado de linhas que delineavam as sombras das figuras humanas projetadas nas paredes dos túmulos.
Diferentemente do que é observado em outras culturas, ela não buscava o realismo, mas sim a clareza e a comunicação de ideias. Nesse sentido, apresentava funções e regras bem delimitadas:
- Função religiosa e funerária: as pinturas eram feitas em tumbas para garantir a proteção e a prosperidade no além, já que os egípcios acreditavam na vida após a morte. Assim, utilizavam a arte para guiar o falecido em sua jornada espiritual;
- Lei da frontalidade:uma das convenções mais marcantes da pintura egípcia, reforçava a ideia de completude, garantindo que nenhuma parte do corpo fosse omitida. Nela, o tronco, os olhos e os ombros são representados de frente, enquanto a cabeça e as pernas aparecem de perfil, resultando em figuras planas e claras;
- Cores e simbologia: as cores tinham significados específicos, como, por exemplo, o verde, que simbolizava fertilidade e renovação, enquanto o vermelho era associado à energia e ao caos. O preto representava a regeneração e a vida eterna, enquanto o dourado remetia à divindade e ao poder; e
- Hierarquia: refletia a ordem social e espiritual das figuras representadas. Deuses e faraós apresentavam proporções maiores e ocupavam posições mais nobres, enquanto servos e personagens secundários apareciam menores.
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Técnicas e materiais
Os egípcios possuíam um domínio técnico impressionante para realizar suas pinturas. Eles utilizavam recursos diversos disponíveis em seu ambiente para criar obras duradouras.
- Suporte: as superfícies eram preparadas com uma camada de gesso para garantir uma base uniforme. As pinturas eram realizadas em paredes de tumbas, templos ou mesmo em papiros;
- Pigmentos: derivados de minerais e materiais naturais, como a azurita, de onde o azul era extraído, e o óxido de ferro, que fornecia o vermelho. Esses pigmentos eram misturados com um aglutinante, como a goma arábica, para fixar as cores; e
- Pincéis: feitos com fibras vegetais ou pelos de animais, adaptados para diferentes tipos de traços. A precisão dos detalhes, especialmente nos papiros e relevos, demonstra a habilidade dos artistas.
Temas das pinturas
Os temas da pintura egípcia estavam profundamente ligados ao cotidiano. Destacam-se, principalmente, a religiosidade e a espiritualidade, as posições sociais e os costumes.
- Vida após a morte: cenas de julgamento, como as que retratam a pesagem do coração no Livro dos Mortos, simbolizavam a passagem do falecido para o além e serviam como instrução para o caminho espiritual;
- Mitologia: figuras de deuses como Osíris, Ísis, Hórus e Anúbis eram frequentemente representados, ilustrando mitos e rituais e reforçavam a conexão entre o mundo humano e o divino;
- Faraó: retratado de forma idealizada, com atributos divinos, reforçando seu papel como líder supremo e intermediário entre os deuses e os homens; e
- Vida cotidiana: atividades agrícolas, banquetes e danças também eram retratadas, revelando muito sobre a cultura egípcia e suas tradições.
Locais e Obras
As pinturas egípcias podem ser encontradas em diversos locais e suportes. Em cada local apresentavam características específicas e simbologias próprias.
- Tumbas: as tumbas dos faraós e nobres, como as do Vale dos Reis, eram decoradas com pinturas que garantiam proteção e orientações para o além;
- Templos: celebravam os deuses e suas relações com o faraó. As pinturas também representavam rituais e oferendas; e
- Papiros: os papiros, como o famoso Livro dos Mortos, eram usados para registrar textos sagrados acompanhados de ilustrações.
Atualmente, muitas dessas obras estão preservadas em museus ao redor do mundo, como o Museu Egípcio do Cairo e o Museu Britânico.
Contexto histórico
A pintura egípcia reflete a evolução de uma civilização profundamente marcada pela espiritualidade e religiosidade. Desde o início do Egito unificado (3100 a.C.), a arte foi moldada pela crença na vida eterna e na ordem cósmica.
A religião permeava todos os aspectos da vida egípcia, e a arte era uma extensão direta dessa espiritualidade. Deuses, mitos e rituais guiavam a escolha de temas e estilos, fazendo da arte uma expressão visual do que era considerado divino.
Embora convenções, como a Lei da Frontalidade, tenham permanecido estáveis por milênios, mudanças sutis ocorreram ao longo do tempo. No período Amarniano, por exemplo, sob o reinado de Akhenaton, observou-se um estilo mais naturalista e intimista, que quebrou a rigidez das convenções anteriormente adotadas.
Influências posteriores
A arte egípcia exerceu um impacto significativo em períodos posteriores, influenciando movimentos artísticos em diferentes épocas. Dentre as principais influências estão a arte bizantina e a arte moderna.
Na arte bizantina a rigidez e a frontalidade foram os principais aspectos reproduzidos. Além disso, era caracterizada também por priorizar o simbolismo e a clareza em detrimento do realismo.
Também influenciou, durante o século XX, artistas modernos, como Paul Klee, que buscaram inspiração na simplicidade e na expressividade da arte egípcia, incorporando elementos como o uso simbólico das cores e a estilização das formas.
Nesse sentido, a pintura egípcia é mais do que uma representação visual. Ela permite compreender melhor o papel da cultura na construção da história e inspira novos olhares sobre a humanidade.
Questão sobre a pintura egípcia
Simulado ENEM Estratégia (2022)
Na arte egípcia da Antiguidade, os seres devem ser representados tal como são, integralmente, e não como aparecem. Deste modo, para se transmitir a imagem mais completa possível de um ser humano, representa-se o seu olho e ombros de frente, enquanto se privilegia o perfil do rosto, visto que o nariz assim representado é uma característica mais marcada da personalidade. A estatura das pessoas e das coisas é objeto de cânones muito rígidos: o faraó e os deuses são maiores do que os cortesãos, e estes são maiores do que o povo ou do que seus inimigos.
ANDREU, G. A vida quotidiana no Egipto no tempo das pirâmides. Lisboa: Edições 70, 2022.
No texto, verifica-se que a produção artística no Antigo Egito é marcada pela seguinte característica:
A) apreço ao realismo e à proporcionalidade das criações.
B) existência de convenções no sistema de representações.
C) negação dos padrões estabelecidos de ordem moral e social.
D) sugestão de mobilidade nas imagens representadas.
E) valorização da produção autoral e subjetiva.
Alternativa correta:
B
A arte egípcia acompanhava as convenções delimitadas pela religiosidade, o que contribuiu para que houvesse poucas modificações ao longo de milhares de anos.
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