Baixa Idade Média: feudalismo, características e declínio

Baixa Idade Média: feudalismo, características e declínio

A Baixa Idade Média representa o momento em que o feudalismo cresceu e ao mesmo tempo perdeu sua força na sociedade, um período europeu com crises em diferentes áreas, como na política, no contexto econômico e nas questões sanitárias, principalmente.

Esse é o tema deste artigo, que descreve os principais aspectos históricos e sociais que nortearam a Baixa Idade Média, além de citar os principais acontecimentos que marcaram esse período da História da Humanidade. Depois, veja uma questão de vestibular resolvida sobre o tema, que tem alta recorrência nos vestibulares nacionais, seja nas matérias de humanas, seja em questões interdisciplinares.

Características da Baixa Idade Média

A Baixa Idade Média é o período compreendido entre os séculos XI e XV, que inicia-se com um apogeu do feudalismo, mas caminha com a decadência desse sistema, epidemias de doenças, fome e um estado de miséria generalizado, que abriu espaço para o surgimento de um novo sistema social.

É importante mencionar que o conceito de Baixa Idade Média é uma divisão criada por historiadores para situar o período dentro da história da humanidade, tornando os estudos mais didáticos e a categorização dos eventos mais linear. Ou seja, trata-se de uma ideia contemporânea, que não tem relação com a realidade dos indivíduos que viveram nesses séculos. 

Feudalismo

O sistema feudal foi a organização predominante na sociedade da Baixa Idade Média. Marcado pela forte influência da Igreja na pirâmide feudalista, a primeira classe social, com mais honraria e prestígio, eram os clérigos, estudiosos das Sagradas Escrituras.

Em seguida, estavam os nobres: pessoas que tinham poderio social atrelado à quantidade de posses. Geralmente, essas pessoas herdavam grandes campos de terra de seus familiares e, a partir disso, tinham um grande prestígio social.

Muitos nobres cediam suas terras para que as pessoas de posições mais baixas, como os camponeses, pudessem morar, plantar e colher. Como recompensa, recebiam dos camponeses impostos, que muitas vezes eram abusivos, em forma de colheita ou outros produtos de troca. 

Então, um feudo era constituído por uma família nobre, representada por um senhor feudal, que tinha poderio sobre os camponeses e servos que ali viviam. Isso significava que os indivíduos dos níveis sociais mais baixos existiam em plena servidão, em troca de subsistência naquela região. 

Inclusive, alguns senhores feudais tinham tantas terras que emprestavam esses territórios para outros nobres, que se apossavam do local, construíam um novo feudo e se tornavam também senhores feudais de um grupo de servos. Essa relação de hierarquia entre os nobres era conhecida como vassalagem e, geralmente, o senhor feudal principal era reconhecido como rei daquela região. 

Sociedade estamental 

A sociedade feudal tinha certa rigidez quanto ao grupo social que cada indivíduo pertencia. Em geral, era quase impossível ascender socialmente, por exemplo, um camponês tornar-se um nobre. Por essa rigidez e impossibilidade de crescimento social, as camadas da sociedade feudal são conhecidas como estamentos. 

Declínio da Baixa Idade Média

A Baixa Idade Média foi um período em que a população cresceu muito, tanto porque novas tecnologias surgiam para a produção agrícola, garantindo mais alimento e produtividade, quanto porque não houveram grandes epidemias de doenças na região. 

Ao mesmo tempo, entre os séculos XI e XII, a Europa vivenciou o retorno de relações comerciais, que não eram comuns no ambiente feudal. Diante disso, uma nova classe social começa a nascer, baseada nas vendas e troca de mercadorias, grupos se acumulavam ao redor das muralhas do feudo para fazer feiras.

Então, a urbanização tornou-se uma realidade para os camponeses, que fugiam do regime servil dos senhores feudais. Esse processo de ascensão da comercialização e do ambiente urbano deu origem à burguesia. 

Nessa mesma época, a Igreja empenhou-se na criação de Cruzadas, em que soldados eram enviados para a região oriental em busca de conquistar Jerusalém. Essas viagens foram importantes para restabelecer o contato do povo europeu com os orientais, com fortalecimento dos laços comerciais. 

Diante desse cenário, o modelo feudal já não satisfazia a população e entrou em crise, sendo substituído pelos Estados Nacionais, em que foram constituídas monarquias, como em Portugal e na Espanha. 

Já com o modelo político em decadência, a Europa passou a enfrentar uma crise climática que alterou a produtividade das colheitas e resultou na escassez de alimentos em grande parte do território. 

Do ponto de vista geopolítico, os europeus estavam envolvidos em guerras durante a Baixa Idade Média, especialmente a Guerra dos Cem Anos contribuiu para o desgaste dos recursos e baixas populacionais. Com isso, a população, revoltava-se contra os moldes sociais, a desigualdade e a fome, o que gerou uma instabilidade político-social massiva. 

A situação agravou-se ainda mais quando a peste negra, causada pela bactéria Yersinia pestis e transmitida por roedores, disseminou-se na população, dizimando mais de 33% dos habitantes da Europa daquela época. Assim, o modelo feudalista da Baixa Idade Média entrou em declínio, cedendo espaço para o estabelecimento do modelo mercantilista, que iniciou-se na Idade Moderna, por volta do século XV. 

Questões sobre Baixa Idade Média

Enem (2019)

A cidade medieval é, antes de mais nada, uma sociedade da abundância, concentrada num pequeno espaço em meio a vastas regiões pouco povoadas. Em seguida, é um lugar de produção e de trocas, onde se articulam o artesanato e o comércio, sustentados por uma economia monetária. É também o centro de um sistema de valores particular, do qual emerge a prática laboriosa e criativa do trabalho, o gosto pelo negócio e pelo dinheiro, a inclinação para o luxo, o senso da beleza. É ainda um sistema de organização de um espaço fechado com muralhas, onde se penetra por portas e se caminha por ruas e praças e que é guarnecido por torres.

LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. Dicionário temático do Ocidente Medieval. Bauru: Edusc, 2006.

No texto, o espaço descrito se caracteriza pela associação entre a ampliação das atividades urbanas e a,

A) emancipação do poder hegemônico da realeza.
B) aceitação das práticas usurárias dos religiosos.
C) independência da produção alimentar dos campos.
D) superação do ordenamento corporativo dos ofícios.
E) permanência dos elementos arquitetônicos de proteção.

Resposta: Conforme destaca o próprio texto, os espaços citadinos eram cercados por muralhas e torres. Muitas cidades foram originadas do esforço de se proteger a produção, ou resultantes das trocas comerciais.

Alternativa correta: E. 

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