Conjuração baiana: o que é, contexto histórico e características

Conjuração baiana: o que é, contexto histórico e características

A Conjuração Baiana é um movimento que ocorreu no período do Brasil Colonial, na cidade de Salvador, na Bahia, no fim do século XVIII. As ideias dos revoltosos abrangiam lutas anticoloniais e a abolição da escravidão.

O Estratégia Vestibulares preparou um artigo resumido sobre as principais características da Conjuração Baiana, com os tópicos mais importantes em termos de contexto histórico, ideias defendidas, nomes dos líderes e influências que contribuíram para a revolta. Continue lendo e saiba mais sobre o tema

Contexto histórico da Conjuração Baiana

No século XVIII, o Brasil estava em meio ao período colonial, ou seja, havia intensa influência da metrópole portuguesa sobre o território e produções do país. Ao mesmo tempo, diversas partes do mundo estavam em transformação, com independências que eclodiram ao redor do globo. 

Em 1776, foi declarada a independência dos Estados Unidos da América, após lutas intensas das trezes colônias em favor da liberdade, contrárias ao domínio e exploração da Inglaterra sobre as terras e relações comerciais. Esse foi um pontapé inicial para um movimento que alcançaria a Europa em proporções ainda maiores, que foi a conhecida Revolução Francesa.

Trata-se de um movimento que eclodiu na Europa no ano de 1789, que trazia à tona ideais iluministas, com ideais de liberdade, igualdade e fraternidade entre os seres humanos. Pouco a pouco, a noção de hierarquias sociais e colonização perdiam espaço dentro da sociedade.

Ainda nesse sentido, ocorreu a Independência do Haiti, na última década do século XVIII. Por ser um território americano, essa luta foi de grande influência para outros povos do continente. Afinal, foi um processo coordenado por escravos haitianos contra a Colônia Francesa e eles tiveram êxito em suas reivindicações, conquistando a liberdade do país. 

Além do forte cenário revolucionário internacional, a organização e condições de vida dentro do próprio Brasil Colonial não eram favoráveis a Portugal. Salvador, a primeira capital da colônia, tornou-se uma cidade “normal”, porque a capital foi transferida para o Rio de Janeiro em 1763.

Com essa alteração, Salvador ficou sucateada em termos sociais e econômicos, algo que gerou grande insatisfação na população local. Parte dessa revolta se somava a uma sensação de abandono, uma vez que a produção baiana foi responsável por lucros à metrópole e sustentar a colônia por muitos anos.

Em partes, a população de Salvador também se posicionava contra a escravidão que ocorria em toda a colônia. As condições de vida dos escravos, as estratégias de trabalho compulsório, a baixa ou nenhuma remuneração e outros pontos eram colocados em pauta e questionados entre os integrantes da revolta.

Líderes e organização

Os principais nomes da Conjuração Baiana são João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira, ambos eram alfaiates baianos e, justamente por isso, o movimento também foi chamado de “Revolta dos Alfaiates”.

A população que se juntou às reinvindicações eram negros, escravizados e livres, pobres, brancos e mestiços das classes sociais mais baixas e outros serviçais que estavam afetados pelo cenário da Bahia e Brasil naquele momento. 

Diante disso, são notados os soldados que participaram das lutas, inclusive Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens, são dois nomes notáveis na luta da Conjuração Baiana, porque lideraram o movimento em conjunto com os dois alfaiates citados acima.

Como terminou a Conjuração Baiana?

A ideia principal era disseminar os ideais revolucionários, principalmente por meio de panfletos. Essa divulgação massiva chamou a atenção das autoridades e, como resposta, encontrou-se muita represália, o que inclusive levou à prisão de manifestantes.

Além de toda a ação governamental para reprimir o movimento, haviam cidadãos que não concordavam com os pontos levantados na luta. Nesse sentido, a Conjuração foi alvo de denúncias e delações.

Foi assim que um evento marcado para discutir os pontos da revolta foi descoberto pelo governador baiano. No dia 25 de agosto, então, eles foram surpreendidos em flagrante durante uma reunião.

Com as dezenas de prisões e represálias, o governo fez recuar toda a organização revolucionária. Além disso, os indivíduos reconhecidos como líderes da revolta foram julgados e condenados à pena de morte. 

Os quatro nomes citados como encarregados da Conjuração Baiana (Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas, João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira) foram enforcados e esquartejados, também como forma de “castigo demonstrativo” do que poderia acontecer com quem se revoltasse contra o governo.

Diferença entre Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana

A Conjuração Baiana e a Inconfidência Mineira são as duas revoltas mais expressivas do período colonial. Inclusive, foram marcantes por trazer ideias inovadoras, como a extinção do colonialismo entre Portugal e Brasil, além de estarem apoiadas em conteúdos iluministas.

Apesar de pontos de semelhança entre si, no sentido de lutas parecidas, as duas revoltas cursaram de formas extremamente diferentes. Uma das primeiras diferenças notadas é na população revoltosa: na Bahia eram pessoas de baixa renda, escravizadas e serviçais, enquanto que os mineiros reuniram as elites.

Isso trouxe uma conotação completamente diferente para cada um dos movimentos, porque os baianos caminharam no sentido da libertação do escravismo, busca por melhores condições de vida, luta contra as dominações coloniais no sentido de diminuir impostos e garantir mais valorização do trabalho e qualidade de vida. 

Já os inconfidentes de Minas Gerais não cogitaram essas alterações no modelo escravista e também tinham objetivos mais comerciais e lucrativos com as reivindicações propostas, embora também fossem contrários ao pacto colonial.

De toda forma, essas divergências demonstram pontos de vistas diferentes que apareciam no território brasileiro no período colonial. Afinal, trata-se de um país com grandes dimensões em que cada região está submetida a condições de vida diversas, com necessidades diferentes entre si.

Questão sobre Conjuração Baiana

(Simulado Enem 2021 – EV)

As autoridades inauguraram um cânone explicativo para a Conjuração Baiana, ainda sobrevivente, que menospreza a capacidade política e intelectiva daqueles sujeitos: “falta de luzes para poderem estabelecer um governo daquela qualidade”, disse, por exemplo, José Barbosa de Oliveira em 1799. Em face das chacotas que lhe dirigiam, certa vez o alfaiate João de Deus respondeu: “Cale a boca, este trajar é francês. Muito em breve verá vossa mercê tudo francês. Fia‐se vossa mercê e os mais em fechar as portas das suas casas, [mas] dentro haverá quem as abra”. Inimigo interno e mola mestra da ordem social, o escravizado, sem referência direta nos papéis republicanos, saberia atuar na hora da revolução. 

Disponível em: <https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/wpcontent/uploads/2017/02/Abrir-as-portas-por-dentro-Revista-deHist%C3%B3ria.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2021.

De acordo com o texto, a Conjuração Baiana destacou-se como

a) um movimento protagonizado pelas elites e sem a participação de populares.

b) um levante popular no qual se considerava os cativos como agentes políticos.

c) uma revolta encabeçada por homens pobres e sem propósitos políticos claros.

d) um motim promovido por escravizados que almejavam a tomada do poder.

e) um processo revolucionário de viés popular e apoiado pelas autoridades locais.

A alternativa B é a resposta. De acordo com João de Deus, um dos principais líderes populares da Revolta dos Alfaiates, os escravizados seriam os agentes internos da revolução, abrindo as portas para a eliminação da ordem senhorial.

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