Escravidão e resistência no período colonial

Escravidão e resistência no período colonial

O período colonial brasileiro corresponde à época em que a metrópole portuguesa dominava o território, especialmente para a exploração dos recursos minerais, agrícolas e vegetais da região. Para angariar lucro, os colonizadores exploravam mão de obra escravizada, então escravidão e resistência ao modelo escravocata são partes da história do país, que ainda marcam aspectos socioeconômicos do povo brasileiro. Conheça mais sobre o assunto no artigo abaixo. 

A Escravidão no Brasil Colonial

Entre os anos 1500 e 1800, o colonialismo foi parte importante da história da humanidade, especialmente pelas navegações europeias, que deram início ao processo em que os europeus ocuparam outros continentes em busca de produtos valorosos, que eram comercializados e aumentavam suas riquezas e lucros.

Os continentes que mais sofreram com as investidas europeias foram as Américas e a África. Entretanto, nesta última região, os europeus empregaram uma modalidade de comércio humano, quando indivíduos africanos eram vendidos como mercadorias, para realizarem trabalho compulsório em outras regiões do mundo.

O escravismo na história do Brasil teve uma estrutura bem consolidada, de forma que tanto o tráfico humano nas colônias africanas, como os produtos agrícolas desenvolvidos pela mão de obra escrava eram forma da metrópole conquistar lucro para o Estado Português.

Os direitos humanos, nome dado a princípios básicos que incluem vida e liberdade, foram lesados durante o período escravista: os africanos comercializados tornavam-se propriedade de seus compradores e assim, deveriam cumprir todas as obrigações e ordens empenhadas. 

Quando o colonialismo estava em seu ápice, a sociedade europeia vivia no regime mercantilista, em que a hierarquia social era regida pela quantidade de riqueza acumulada: quanto mais ouros, especiarias, metais preciosos um indivíduo ou nação possuía, melhor sua posição social. 

Diante disso, a grande preocupação dos colonizadores era aumentar seus fundos e riquezas, então, além de comprar pessoas para realizarem trabalho escravo, eles desejavam aumentar ao máximo a produtividade, sem aumentar os custos: as condições de trabalho eram precárias, sem direito à alimentação e cargas horárias extensas, com mais de 20 horas de trabalho diário. 

Na cultura e sociedade do período colonial, os escravos eram relegados a um espaço físico separado dos outros ambientes sociais, como as senzalas. Nesses ambientes, mal tinham local para dormir, uma ou duas peças de roupas, geralmente gastas e de má qualidade. 

Havia espaços específicos para acorrentar os escravizados, para não fugirem e também sofriam punições em casos de revoltas, rebeliões, tentativas de fuga ou qualquer ação que fosse entendida como subversiva às ordens do senhor. 

E foi nesse cenário que muitos senhores de engenho, latifundiários do café, grandes proprietários de minas conquistaram suas riquezas, às custas do força compulsória empregada por escravizados africanos, e isso marcou fortemente o colonialismo brasileiro, com consequências histórico-culturais que perduram até os dias atuais.

Formas de Resistência à escravidão

Resistência indígena

Quando os portugueses chegaram à região que hoje corresponde ao Brasil, já haviam muitos moradores nativos no território, organizados em diferentes tribos indígenas. Diante de uma estrutura colonial-mercantilista, o primeiro impulso dos colonizadores europeus foi de escravizar os indígenas na exploração dos recursos naturais, como o pau-brasil.

Esse mecanismo, entretanto, foi pouco funcional. Os indígenas ofereceram forte resistência às imposições coloniais e, posteriormente, a Igreja Católica fomentou a proteção dos indígenas até mesmo por meio da alteração da legislação escravista. 

A ideia é que os indígenas e seus descendentes  não fossem escravizados, com o objetivo de catequizá-los e aumentar o número de fieis católicos ao redor do globo, em um período contemporâneo à Contrarreforma. 

Além disso, mesmo as autoridades que compravam indígenas como escravos, não viam neles tanta lucratividade como na escravidão africana. Na concepção portuguesa, os índios eram mais fracos, porque eram mais vulneráveis às doenças importadas da população europeia. 

Diante disso, a mercantilização indígena era mais barata, então algumas regiões menores ou com menor acesso ao tráfico negreiro, ainda aplicavam essa mão de obra, especialmente até o século XVII. 

Resistência africana

Quando a escravização de africanos ficou comum no território brasileiro, a colônia alcançou a marca de região com maior número de compra de escravos. Trazidos da África em navios negreiros, desde o início da trajetória, esses indivíduos sofriam com más condições de higiene e alimentação. Muitos deles morriam na viagem para as Américas, porque bactérias, vírus e outras espécies de doenças infectocontagiosas se disseminavam nas embarcações. 

Apesar das péssimas conjunturas, os africanos mostravam-se contrários ao tráfico e escravização de si mesmos e seus semelhantes. Diversos indivíduos se opunham às ordens, tentavam fugir ou até construíam rebeliões para destruir seus “proprietários”. 

Além da resistência física, os africanos também desenvolveram uma resistência cultural que tornou-se legado para a construção da sociedade brasileira. Por exemplo, a comida ofertada era composta por restos de alimentos ou as partes menos nobres das carnes suínas, a partir disso, então, escravizados desenvolveram comidas como a feijoada, que tornou-se um símbolo da culinária brasileira, mas também é um marco de resistência e força desses povos africanos e afrodescendentes. 

Do ponto de vista religioso, os escravos também estavam submetidos à catequização cristã. Então, para manter suas raízes acidentais, fizeram a miscigenação de seus deuses africanos com os santos católicos — assim, mantinham sua fé, mas não eram punidos ou capturados pelos senhores de engenho. 

Quilombos: resistência à escravidão

Os quilombos são os símbolos da resistência africana ao escravismo imposto pelos europeus. O primeiro registrado na história brasileira era situado na Bahia, por volta do século XVI. 

O nome “quilombo” é dado a comunidades compostas, principalmente, por africanos escravizados que fugiram de seus senhores para buscar liberdade em outros ambientes. Entre eles, haviam brancos e indígenas que escapavam do trabalho compulsório.

Essas comunidades eram um refúgio importante, que garantia certa segurança e estabilidade para os escravos que planejavam fugir. Os quilombolas faziam relação com a população ao redor para a garantia de serviços e produtos rápidos, principalmente no que tange a alimentação e a possibilidade de caçar na região sem que houvesse denúncias. 

Nesses ambientes, além de evadirem o sistema desgastante de trabalho escravo, as pessoas poderiam expressar suas fés religiosas com liberdade, promover sua alimentação por meio do plantio, desenvolver culinárias que gostavam e outros exemplos. Ou seja, era uma estrutura extra-oficial no período colonial, mas com grande importância na história de luta, resistência e oposição ao regime escravista. 

Quilombo dos Palmares

Entre todos os quilombos, o mais conhecido é o de Palmares, que estava localizado no estado de Alagoas e contava com uma população de mais de 20 milhares de pessoas, entre ex-escravos e seus descendentes. 

Esse quilombo era dividido em vários mocambos, grupos menores que ajuntavam para formar a grande estrutura de Palmares, que era de difícil acesso e, portanto, mais seguro para o estabelecimento dos indivíduos que fugiam da escravidão. 

Quando foi descoberto, Palmares sofreu intensos ataques e represálias do governo europeu, aos quais os quilombolas resistiram com afinco e efetividade. Após diversas resistências e lutas, o quilombo foi destruído em 20 de novembro de 1695, sob a liderança de Zumbi de Palmares.

No Brasil atual, anualmente o dia 20 de novembro é data comemorativa da “Consciência Negra”, em alusão às memórias deixadas pelos quilombolas, todos os escravizados e seus descendentes que lutaram contra a imposição europeia.

Legado da resistência à escravidão

É válido lembrar que, embora a abolição da escravidão fora assinada em 1888, a estrutura do país manteve uma segregação racial importante em relação aos descendentes de africano que, no nosso país, eram majoritariamente escravizados. 

Diante disso, as populações pretas e pardas foram, historicamente, relegadas às classes sociais mais baixas, às condições de moradia mais precárias, ao acesso precário de saúde e educação, que configuram o racismo estrutural brasileiro.

Esses fatores se somam ao racismo enquanto preconceito interpessoal, que acontece quando um indivíduo se acha superior ao outro em relação à cor de pele, tipo de cabelo ou outra característica étnica. Assim, o dia da consciência negra é também um memorando para perpetuar essa resistência histórica contra elementos racistas e segregatórios da sociedade brasileira atual. 

+ Veja também: Escravidão na Primeira República: desigualdade, racismo, Revolta da Chibata e mais

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