História, filosofia, literatura, teatro, política, artes. Quando o assunto é Grécia, não é novidade que essas e tantas outras esferas do conhecimento influenciam inúmeras sociedades e culturas — sobretudo ocidentais — até hoje.
Neste artigo, você aprenderá os principais conceitos relacionados ao assunto que podem aparecer no vestibular, como as funções das esculturas, materiais, técnicas e seus respectivos estilos.
O período histórico no qual a civilização grega está inserida vai do ano 1100 a.C. até aproximadamente 146 a.C., tendo seu apogeu no século V a.C. e sua decadência no século III a.C., com a ascensão dos romanos.
Na esfera artística, as esculturas na Grécia antiga são muito importantes, pois, ao estudá-las, conseguimos nos aprofundar e mergulhar na mentalidade dos gregos e seus ideais antropocêntricos, bem como compreender como representavam sua visão de beleza, perfeição humana e valores sociais.
Navegue pelo conteúdo
Funções das esculturas
Grande parte das esculturas gregas estava ligada ao culto religioso e à devoção aos deuses do panteão grego. Estátuas de divindades eram esculpidas com a finalidade de serem inseridas em templos, como o de Zeus de Fídias, em Olímpia. Esses monumentos tinham a função de estabelecer conexão entre os deuses e os mortais, servindo como ícones de adoração e devoção.
Também usadas para honrar e homenagear líderes importantes e heróis, as esculturas simbolizavam orgulho cívico, reforçando a importância dos valores gregos, como bravura, virtude e lealdade à cidade-estado. Frequentemente as cidades construíam estátuas e monumentos que celebrassem sua história, suas conquistas e seus governantes.
Serviam ainda como um meio de educação e estética moral, ajudando a educar os cidadãos sobre a perfeição do corpo, muito ligado ao conceito de Arethé: a busca pela excelência física e moral, que se materializava, por exemplo, nos jogos olímpicos.
As representações de corpos jovens, fortes, buscavam não somente representar o ser humano de forma realista, mas também idealizada, influenciando a sociedade a aspirar a esses padrões.
Materiais e técnicas
A escolha dos materiais corretos era de suma importância para um bom resultado final. Saber quais usar e em que ocasiões e projetos usá-los, aliados a uma técnica refinada, traria certamente qualidade e durabilidade a essas esculturas imponentes.
O mármore era um dos materiais preferidos para esculturas de grande porte e peças dedicadas aos deuses ou heróis. Falando especificamente do mármore grego, esse era bastante valorizado por sua resistência, brilho e tonalidade clara, que permitia um polimento fino e a criação de detalhes sutis. Ferramentas de metal e martelos, por exemplo, eram utilizados por aqueles dedicados à arte de esculpir, permitindo criar contornos realistas e texturas variadas.
O uso de polimento e acabamento permitia que o mármore refletisse a luz de forma suave, contribuindo para o efeito de realismo e beleza idealizada. Essa combinação de fatores resultava em obras belíssimas, como a Vênus de Milo (também conhecida como Afrodite de Milo).
O bronze era amplamente utilizado para a criação de esculturas mais dinâmicas e detalhadas. Por ser um material mais maleável e leve do que o mármore, o bronze permitia a criação de obras que exploravam o movimento e posições mais complexas, como figuras em movimento ou com braços estendidos.
A técnica principal para trabalhar o bronze era a cera perdida, onde um modelo de cera era revestido em argila e depois aquecido para que a cera derretesse e deixasse um molde vazio, que era preenchido com bronze fundido. Depois de resfriado e solidificado, o molde de argila era quebrado, revelando a escultura de bronze. Este material era ótimo para representar a musculatura e detalhes anatômicos com precisão.
Já a madeira, por sua vez, ainda que menos durável que o mármore e o bronze, foi um dos primeiros materiais usados para confecção de esculturas na Grécia, especialmente em representações de deuses e figuras religiosas. Essas esculturas de madeira eram muitas vezes simples e rudimentares, mas carregavam grande valor religioso e simbólico.
Algumas eram revestidas com ouro, prata ou até marfim para aumentar sua durabilidade e beleza. A madeira era esculpida com ferramentas simples e por vezes pintada para destacar certos detalhes. À época, as técnicas de conservação eram limitadas, por isso poucas esculturas em madeira sobreviveram até hoje.
Períodos e estilos
Arcaico (séculos VII-VI a.C.)
Durante o período Arcaico, as esculturas gregas eram feitas principalmente em madeira e terracota e começaram a explorar a representação do corpo humano com formas mais proporcionais, embora ainda rígidas e simétricas. As principais esculturas desse período eram as representações conhecidas como Kouros e Korai.
Kouros representavam jovens masculinos nus, geralmente em posição frontal, com um pé avançado. Os Kouros tinham uma postura rígida, com os braços ao lado do corpo, e um sorriso característico chamado “sorriso arcaico”, que pretendia transmitir vitalidade. Um exemplo notável é o Kouros de Anavyssos, que mostra uma evolução técnica na representação anatômica e detalhes musculares, apesar da rigidez.
Korai (ou Koré) eram figuras femininas vestidas, também representadas em posição frontal, mas sem o movimento de um pé avançado. As Korai vestiam roupas elaboradas e eram adornadas com joias. Um exemplo é a Koré de Peplos, que revela a atenção aos detalhes do vestuário e da decoração, refletindo a evolução da técnica dos escultores.
Clássico (séculos V-IV a.C.)
Marcado pelo auge da escultura grega, onde os escultores de fato se aproximam mais do realismo, conseguindo imprimir nas obras maior movimento, que se aproximasse do natural do ser humano, e perfeição anatômica. A busca pela harmonia e pelo ideal de beleza era evidente nas esculturas desse período.
Discóbolo, Doríforo e Afrodite foram algumas das esculturas mais emblemáticas dessa época.
Discóbolo de MíronTambém conhecido hoje como símbolo do curso de educação física. Criada por Míron, essa escultura representa um atleta lançador de disco em movimento, congelado no momento em que o corpo está completamente torcido. A obra destaca o dinamismo e o equilíbrio, enfatizando a musculatura em tensão, características que representavam o ideal atlético dos gregos.
Doríforo de PolicletoUma das esculturas mais conhecidas da antiguidade clássica. Policleto buscava o equilíbrio entre as partes do corpo e desenvolveu uma técnica chamada contrapposto, onde o peso é distribuído de forma natural, com uma perna relaxada e a outra em tensão, criando um movimento sutil e harmonioso.
Afrodite, de Cnido de PraxítelesFoi uma das primeiras representações da deusa Afrodite nua, algo um tanto ousado para a época. Praxíteles criou uma figura graciosa e natural, com uma postura que sugere pudor. A escultura destaca a beleza feminina idealizada e influenciou profundamente a arte ocidental.
Helenístico (séculos IV-I a.C.)
Neste período, passou-se a explorar emoções intensas, movimento dramático e um realismo que diferia do idealismo do período Clássico. As obras frequentemente mostravam figuras em poses dinâmicas e expressões de sofrimento ou êxtase. Veja a seguir três expoentes do período helenístico.
Laocoonte e seus FilhosUma escultura dramática que representa o sacerdote troiano Laocoonte e seus filhos sendo atacados por serpentes enviadas pelos deuses. A obra expressa dor, luta e tensão, refletindo a complexidade emocional e o estilo teatral característico do período Helenístico.
Vênus de MiloVênus de Milo é uma escultura que representa Afrodite — para os gregos, símbolo de amor e beleza —, com uma postura levemente curvada, característica do estilo helenístico, que buscava formas mais naturais e sugestivas. Sua beleza idealizada e o mistério de seus braços faltantes fizeram dela uma das esculturas mais icônicas da antiguidade.
Vitória de Samotrácia é representada sob a forma de uma mulher alada pousando sobre a proa de um navio. Suas vestes parecem ser sopradas pelo vento, o que confere um movimento dinâmico à figura. A escultura exalta a sensação de triunfo e a força da vitória, além de ser um marco na representação do movimento e do realismo emocional.
Questão sobre
(Estratégia Vestibulares/Inédita)
A concepção de beleza na escultura clássica grega envolvia:
A) aliar o naturalismo do corpo com o idealismo das formas.
B) representar o corpo humano como era na realidade.
C) falta de originalidade, devido à dependência da estética oriental.
D) a inovação na utilização do mármore, material mais maleável.
E) a adesão a poses mais rígidas e estáticas, que trouxessem imponência.
Resolução: No período clássico, os gregos seguiam rigorosas regras de equilíbrio e perfeição na representação do corpo humano. Eles almejavam passar maior sensação de movimento e naturalismo nas figuras representadas, ao mesmo tempo que queriam atingir um ideal formal, isto é, uma beleza perfeita. Portanto, temos um equilíbrio entre o real (natural) e o ideal.
Alternativa correta: A.
Estude para o vestibular com o Estratégia
Se aprofunde mais nesse e em outros conteúdos com os pacotes especiais da Coruja. Os materiais e as aulas são elaborados por professores altamente capacitados e especialistas nas bancas dos vestibulares mais concorridos do país. Para saber mais, clique no link abaixo.