Golpe militar no Chile: como foi e ditadura militar

Golpe militar no Chile: como foi e ditadura militar

No ano de 1973 houve um golpe militar no Chile, que derrubou o presidente Salvador Allende e iniciou um período de violência na nação. Leia mais e conheça mais sobre o contexto histórico e político desses acontecimentos, bem como seus desdobramentos ao longo do tempo.

Antecedentes históricos

No ano de 1970, Salvador Allende foi eleito no Chile. Sua eleição aconteceu democraticamente, com cerca de 37% dos votos, mas a escolha não agradou grande parte dos chilenos. O então presidente defendia as ideias marxistas, então era apoiado por grupos de esquerda, porém não era de bons olhos perante os mais conservadores.

No cenário internacional, é importante mencionar que o mundo vivia o processo de polarização característico da Guerra Fria. Ou seja, socialistas estavam em constante oposição aos capitalistas, e vice-versa. 

Em seu governo, Allende iniciou projetos de transformações radicais na nação chilena, com o objetivo de atingir uma economia planificada e socializada, em concordância com sua inclinação política. Iniciaram-se projetos de reforma agrária e medidas para banir a propriedade privada, como a estatização de grandes empresas e bancos. 

Essas ações atingiam fortemente um pilar importante para o desenvolvimento do Chile na época: os empresários que sentiam-se lesados, perdendo suas posses e diminuindo seus lucros. Assim, a repressão dos capitalistas ao governo do chileno tornava-se mais forte. 

Ao mesmo tempo, é importante mencionar que o Chile é um país das Américas. De fato, os estadunidenses cultivavam a ideia de controle sobre todo o continente americano. Dessa forma, o posicionamento socialista da nação soava como um insulto aos norte-americanos.

Nesse contexto, a pressão contra Allende intensificou-se ao longo do tempo. A objeção acontecia tanto fora como dentro do país. Inclusive, grupos de extrema-direita organizavam-se para formação de atos terroristas contra o presidente. 

Diante disso, o governo chileno entrou em uma forte instabilidade e enfraquecimento político, além de sofrer com as represálias econômicas impostas pelos EUA. A crise econômica levou grande parte dos cidadãos à miséria, com escassez de recursos básicos à sobrevivência.

Como foi o golpe militar no Chile?

Conforme o cenário piorava dentro do Chile, surgiam diversos rumores de que um golpe militar aconteceria. Houve uma primeira tentativa de tomada do governo, que foi reprimida pelo exército e não progrediu. 

Então, um grupo de revoltosos uniram-se para formar a Junta Militar, responsáveis pelo golpe. Em suas reuniões, eles elegeram o general do exército chileno chamado Augusto Pinochet para liderar o país após o apoderamento.

Juntos, planejaram que o dia 11 de setembro de 1973 seria o último dia de governo de Salvador Allende. O presidente notou que a situação estava cada vez mais caótica e transmitiu uma mensagem ao povo, mencionando sua fidelidade à nação. 

O golpe aplicado pelos militares, além de todas as questões políticas controversas, foi extremamente sangrento. Além de um ataque com exércitos por meio terrestre, houveram bombardeios aéreos e massacre ao recinto presidencial. 

No dia, inclusive, o chileno Salvador Allende faleceu. Há controvérsias a respeito da causa de sua morte, alguns dados apontam para o suicídio, enquanto outros estudiosos mencionam que as tropas militares foram responsáveis pela morte do presidente. 

De fato, a Junta Militar conseguiu concluir seu objetivo. A partir de então, passaram a governar o Chile e aplicar suas ideias sobre o país, apoiados pelos Estados Unidos da América, inclusive. Essa fase foi marcada pela forte repressão, violência e caráter autoritário, por isso é conhecida como Ditadura Militar Chilena.

Ditadura Militar Chilena

De fato, Augusto Pinochet foi quem iniciou o governo militar no Chile. A forma de atuação do sistema era de muita repressão, com abuso de poder e extrema violência, sendo considerada entre as piores ditaduras da América Latina. 

Os dados históricos apontam para a tortura de mais de 20 mil pessoas, todas as que fossem consideradas opositoras do governo eram tratadas severamente. A capital do Chile, Santiago, foi palco de muitas dessas atrocidades, inclusive de torturas e repressão física, que causaram a morte de milhares de chilenos e estrangeiros que estavam no Chile durante o período.

Além de um trabalho de “castigo”, essas violências eram cometidas para obter informações sobre outras pessoas que também se opunham ao governo. Então, os presos políticos eram submetidos a flagelos em troca de delatar seus amigos, que também seriam aprisionados e torturados, como um ciclo sem fim de censura. 

É relevante mencionar que, assim como em outras ditaduras da América Latina, inclusive a brasileira, havia uma influência dos EUA. De fato, os estadunidenses queriam afastar quaisquer resquícios de comunismo dos territórios próximos a eles, principalmente depois da Crise dos Mísseis em Cuba. 

O apoio estadunidense tinha um viés de convencer e aplicar o capitalismo. Então, Pinochet tratou de ir no caminho contrário das medidas aplicadas por Salvador Allende. As práticas eram liberais no campo econômico, com privatizações, aumento da tributação dos cidadãos e afastamento do Estado das decisões financeiras. 

Grande parte das decisões tinham influência do modelo criado pelos economistas da Escola de Chicago, um grupo de chilenos que tinham aprendido o liberalismo nos Estados Unidos e ficaram conhecidos como Chicago Boys. As medidas implantadas nesse período, além de infringir a liberdade dos cidadãos, também contribuíram para a acentuação da desigualdade social.

Como terminou a Ditadura Militar no Chile?

O cenário ditatorial do Chile perdurou por 17 anos, com fim somente no ano de 1990. Anteriormente, em 1980, Pinochet implantou uma nova constituição, que permitia a prorrogação do seu governo e que o Chile estaria sob os controles do ditador até 1988, quando ocorreria um plebiscito com participação popular.

No entanto, em 1988, as situações estavam escancaradas e a população votou em oposição à permanência de Augusto. Então, o Chile passou por um processo de redemocratização, em que Patrício Aylwin foi eleito presidente. Entretanto, Pinochet manteve-se em uma posição política importante com duração vitalícia, mas que foi interrompida por um problema de saúde importante.

Consequências da Ditadura Militar no Chile

A consequência mais imediata e com custo humanitário estão nas diversas vidas ceifadas, além de repressão da liberdade, controle de pensamento, censura de expressão que ocorreram durante 17 anos.

Após a implantação do governo democrático, diversas denúncias e relatos foram surgindo na sociedade, contra membros da cúpula de Pinochet, que cometeram variados crimes políticos, desde econômicos à violação de direitos humanos. 

Apesar de ter sido condenado, o ditador apresentou atestados médicos que alegavam debilidade mental, o que tornaria sua prisão incoerente. Então, ele nunca foi punido pelas atrocidades que cometeu e apoiou durante mais de uma década no Chile. Por fim, Pinochet faleceu no ano de 2006. 

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