A Guerra de Canudos é um movimento que surgiu no nordeste do Brasil, mais precisamente no sertão baiano, entre os anos de 1896 e 1897. O conflito tinha como protagonistas um povoado que se formou no Arraial de Canudos e o Exército Brasileiro, sob ordens do governo. Continue lendo e entenda o que desencadeou a guerra, qual o contexto histórico do momento e também como ela terminou.
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Contexto histórico da Guerra de Canudos
O conflito conhecido como Guerra dos Canudos aconteceu no século XIX, pouco tempo depois do famoso evento de Proclamação da República Brasileira: veja que o regime republicano começa em 1889 e a Guerra surge em 1896. Então, o contexto histórico principal era a disputa sobre o sistema governamental vigente no Brasil.
Alguns grupos defendiam o retorno de um sistema monárquico, enquanto outros estavam flertando ainda mais com a república, o federalismo e o liberalismo. Toda essa divisão de opiniões é característica de períodos de transição política e econômica e é nesse contexto que surgem os motivos para a Guerra de Canudos.
Antecedentes da Guerra de Canudos
Antes de entender como a Guerra de Canudos aconteceu, é necessário entender quem era a comunidade de Canudos e o que ela representava. O primeiro passo é entender que trata-se de um povoado que cresceu em uma fazenda improdutiva no sertão nordestino, a fazenda Belo Monte, com mais de 20 mil moradores.
Eles tinham uma organização social própria, liderados por um beato religioso conhecido como Antônio Conselheiro. Assim, havia um conjunto de regras únicas, não tinham o costume de seguir todas as ordens republicanas, como um arraial de oposição ao governo. Era um movimento coerente, bem ordenado, que lutava por um estabelecimento e sobrevivência nas terras.
Conselheiro também propunha, em Canudos, uma oposição às desigualdades sociais e injustiças que eram empregadas pelos governantes durante a história do Brasil. Em concordância com seu caráter religioso, o líder acreditava ser enviado por Deus para restabelecer uma forma de vida mais justa e equilibrada para todos, lutando contra a fome, a seca e a miséria que assolavam a região.
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Opositores de Canudos
Fica evidente que Conselheiro não era fã do governo e, de fato, se posicionou criticamente contra os modelos republicanos e monarquistas que imperavam no Brasil. Isso com certeza favoreceu um olhar mais atento do governo contra ele como um grande opositor dos políticos vigentes.
Com o crescimento do povoado de Canudos, até mesmo a Igreja estava atenta ao que acontecia na região, afinal, além de criar uma nova forma de organização social, o líder também tinha seu caráter messiânico.
Essa característica pode ser provada quando ele se afirma como um enviado de Deus, sem uma subordinação hierárquica à Igreja Católica. Como sua influência era crescente, os clérigos tinham medo de perder seu poder religioso sobre a população.
Um outro grupo que também era contra o povoado de Canudos eram os latifundiários. Grupo caracterizado por lutar por seus interesses com muito vigor, eles se viam injustiçados ao observar um grupo de pessoas que habitavam terras sem pagar impostos, sem seguir as leis e, ainda, contrários a um capitalismo desigual — afinal, a desigualdade social permitia a concentração de terras e riquezas para esses grandes fazendeiros.
Como se deu a Guerra de Canudos?
Totalmente contrários à continuidade de Canudos, os três grupos (igreja, governo e latifundiários) uniram-se para investir na destruição do arraial. A partir da ordem do presidente Prudente de Morais, foi organizada uma expedição com milhares de soldados para guerrear contra a comunidade.
Algo surpreendente foi a grande resistência do povoado, que não cedeu às forças do governo facilmente, mas estavam armados e preparados com jagunços e toda a população. Mesmo assim, suas estratégias de guerra, ferramentas e até mesmo condições de vida não permitiram um grande avanço na batalha. Sabe-se, entretanto, que a destruição do povoado foi gradativa e não um grande massacre desde o início.
Um repórter carioca foi enviado para a região baiana, Euclides da Cunha, a fim de documentar tudo que aconteceria com o Arraial de Canudos e a expedição governamental. Esses relatos estão descritos no livro Os Sertões, que é uma obra pré modernista, que narra a história desse povo negligenciado, lutador e que foi massacrado por forças governamentais.
Com um ponto de vista muito humano, Euclides trouxe uma frase muito emblemática para narrar o conflito: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” Nesse pequeno enunciado, fica implícito como a resistência daquela comunidade é uma característica de toda sua vida, para suportar as dificuldades da vida no sertão e, ainda, as grandes investidas do governo.
Por fim, a Guerra de Canudos termina assim, com um intenso massacre de uma população que tinha opiniões diferentes sobre organização social e que queriam encontrar formas mais justas e igualitárias de sobrevivência.
Mas, para o governo da época, essa destruição servia como uma forma de repressão às resistências, também como uma lição do que seria feito contra aqueles que não se sujeitassem ao recente modelo republicano. Exemplo disso foi que, quando encontraram o corpo de Conselheiro, fotografaram-no, cortaram sua cabeça e a expunham como um prêmio.
+ Veja também: Resumo da História do Brasil: principais eventos e contextos históricos
Outros movimentos da época
A resistência de Canudos não foi a única. Na verdade, o período histórico da Primeira República ou República Oligárquica ou República do Café com Leite, é marcado por diversas manifestações em todo o território nacional. Entre elas podemos destacar a Revolta da Vacina, a Revolta dos 18 do Forte, a Guerra do Contestado, entre outras. Veja uma questão esse tema.
(UFC)
Na manhã do dia seis
Canudos foi destruída
Com bombardeios e incêndios
Não ficou nada com vida
Dizem que o Conselheiro
Tinha morrido primeiro
Na Belo Monte Querida
FRANÇA, A.Q. de; RINARÈ, R. do. Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos. Fortaleza; Tupynanquim, 2002, p. 32.
Em relação aos movimentos como o de Canudos, é correto afirmar que:
a) foram movimentos que se limitaram às regiões Norte e Nordeste do Brasil, marcadas pela presença dos latifúndios.
b) foram movimentos sem grande repercussão, visto que se situavam no campo e a maior parte dos trabalhadores do país encontrava-se nas cidades.
c) no campo o domínio dos coronéis era absoluto, e esses movimentos sociais tiveram que se disfarçar como um movimento de conteúdo religioso, para evitar a repressão.
d) foram movimentos nos quais se combinavam conteúdos religioso e social, pois questionavam o poder das autoridades civis e religiosas.
e) foram movimentos de conteúdo exclusivamente religioso, marcados pelo fanatismo, reprimidos por Pedro II e pelos republicanos que se esforçavam para construir um país civilizado.
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