A República Oligárquica, também chamada de República do Café com Leite ou Repúblicas dos Coronéis, é um período da política que marcou a história brasileira. Ela se desenvolveu durante a primeira república do Brasil, entre o século XIX e o século XX.
Saiba mais sobre esse tema com este artigo que aborda: características, cenário político, contexto histórico, manobras sócio-políticas neste período. Veja também questões de vestibulares sobre o assunto, que costumam aparecer com muita frequência também em provas como o Enem. Vamos lá?
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Contexto histórico da República Oligárquica
A República Oligárquica está inserida no período que os historiadores chamam de Primeira República, ou ainda República Velha, termo que está em desuso por carregar certo juízo de valor no adjetivo empregado.
Esse governo se estabelece em um momento de transição, logo após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Inclusive, essa primeira fase da república tem início nesse mesmo ano.
Agora, a nação precisava adaptar um modelo social e político que se adequasse aos valores dos cidadãos, às características do povo e da região. Alguns se posicionavam com uma visão mais burguesa, enquanto outros eram mais conservadores, como resquícios de um Segundo Reinado muito disputado, além de focos liberalistas em diferentes regiões do país.
A Constituição Federal de 1891 alterou decisões políticas do período imperial. Agora, o Brasil tinha um caráter federalista, com política e economia focadas no liberalismo. Em termos de participação política, foi adotado o voto aberto (aquele que não é secreto) — poderiam votar os homens, com mais de 21 anos, que fossem alfabetizados.
Diante disso, pode ser observado um forte caráter excludente desta constituição. Nesse sentido, ainda, a organização liberal favorecia, em maior parte, os cultivadores de café. A cafeicultura tinha tamanha importância para a economia brasileira que os grandes fazendeiros possuíam maior influência política nas decisões.
+ Veja também: Constituição Federal: conheça as 7 que o Brasil já teve
Por que República Oligárquica?
O nome “República Oligárquica” remete a uma forma de governo chamada de oligarquia que, no grego, significa “governo de poucos”. Esse pequeno número de pessoas possui algum privilégio político e social, ligados por alguma atividade econômica ou política em comum.
Por meio desse poderio diferenciado, esse grupo pode influenciar nas decisões políticas da região, até mesmo com alteração e manipulação de leis que os favoreçam, ainda que não sejam benéficas do ponto de vista coletivo.
A República Oligárquica no Brasil representa, portanto, o momento em que os grandes proprietários de terra se destacaram da população, com interferência nas decisões sociopolíticas da nação.
República Oligárquica no Brasil
A relação de oligarquias se manteve, em grande parte, concentrada na região sudeste do país. São Paulo e Minas Gerais são os estados que, na época, produziam a maior quantidade de café e exportação de origem animal, respectivamente. Em alusão a essas atividades econômicas, foi adicionado também o nome de “política do café com leite”.
Para garantir seus direitos e privilégios, esses senhores se alinhavam ao Partido Republicano Paulista (PRP) e ao Partido Republicano Mineiro (PRM). Em contato com o presidente e o Congresso, conseguiam alternar o governo entre um grupo e outro.
Com isso, o interesse da oligarquia tentava estar sempre em consonância com as decisões políticas e sociais tomadas pelo mais alto cargo do poder executivo brasileiro. Mas, além disso, outros contatos eram importantes para fazer a manutenção dessa política.
Um outro grupo intervinha nesse movimento político, defendendo a elite rural gaúcha. O PRR, Partido Republicano Rio-Grandense, esteve, em vários momentos, tentando atrapalhar o equilíbrio entre SP e MG na representação republicana.
Os grandes nomes da República dos coronéis foram Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves — os presidentes mais marcantes da época.
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Características da República Oligárquica
As características mais marcantes da República Oligárquica dizem respeito a forma como as manobras políticas eram construídas, sempre com o objetivo de manter a hegemonia de poder nas mãos dos grandes produtores do sudeste.
As estratégias eram claras, o presidente deveria ser eleito conforme acordado entre os dois partidos, mas, para isso, eles precisavam do apoio de mais camadas da sociedade. A partir dessa ideia é que surgiu a Política dos Governadores.
Nessa estrutura, ocorriam acordos envolvendo política e economia. Ou seja, alterações financeiras para os estados, desde que o presidente eleito fosse X, ou que o atual presidente fosse apoiado pelo povo daquela região. Assim, por meio de fraudes e grandes manipulações políticas, eles aumentavam seu controle sobre as decisões brasileiras — em busca de favorecer os próprios interesses.
Cada vez mais, era necessário que também os cidadãos fossem persuadidos nesse movimento. Para isso, a manipulação era aplicada por coronéis e chefes regionais, que trocavam o voto por favores prestados à população.
Note que, à época, o voto era aberto, então, era mais fácil persuadir e até mesmo ameaçar os eleitores. Afinal, é difícil saber qual repreensão você pode sofrer se não obedecer aos comandos de uma autoridade local, como os coronéis. É importante destacar que o coronelismo, nesse contexto, não se relaciona com os militares, mas com um poder de influência regional.
Saiba, ainda, que esse modelo de votação ficou conhecido como voto de cabresto. O cabresto é um instrumento utilizado para montagem em animais, por meio do qual você controla a marcha desse cavalo, por exemplo. Na questão política, o termo faz menção ao mecanismo de controle utilizado durante a República Oligárquica.
Sociedade na República Oligárquica
Apesar de todas as manipulações observadas em meio a este período, a República Oligárquica também foi marcada por diversas manifestações sociais. Em diferentes pontos do país, cada qual com seus motivos, eclodiram revoltas populares.
Um grande exemplo é a Guerra dos Canudos. Na Fazenda Belo Monte, no extremo norte da Bahia, um homem chamado Antônio Conselheiro desenvolveu uma sociedade paralela, que não seguia as normas do governo.
Com o crescimento significativo de Canudos tanto em termos de população, como de economia, os políticos nacionais resolveram intervir na situação. A interferência foi extremamente agressiva e, mesmo com a resistência apresentada pelos moradores, as tropas militares destruíram a ocupação.
Outro evento importante foi a Revolta da Vacina, quando a população carioca não aceitou a proposta de vacinação em massa. Os cidadãos viam esse cenário como um governo elitista e impositor, afinal, a informação disponibilizada a respeito da importância das vacinas era muito escassa. Diante disso, o governo precisou recuar em suas ações: agora a vacinação não era obrigatória, apenas recomendada.
A Guerra do Contestado, a Revolta da Chibata e as manifestações do Cangaço são outros exemplos de revoltas que eclodiram por todo o país enquanto se desenrolava a República Oligárquica.
Ao mesmo tempo, ainda, crescia no Brasil uma sede de mudança em todos os âmbitos, inclusive no quesito cultural. Com a Semana de Arte Moderna de 1922, muitas alterações passaram a acontecer também neste campo.
Como terminou a República Oligárquica?
Por fim, a República do Café com Leite termina quando ocorre a Revolução de 1930: Getúlio Vargas, do partido gaúcho, assumiu a presidência mesmo após a eleição declarada de Washington Luís, seu candidato adversário.
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Questão de vestibular sobre República do Café com Leite
(EsPCEx) “O período da história política brasileira que vai de 1889 a 1930 costuma ser designado pelos historiadores de diferentes modos: República Oligárquica, República do ‘Café-com-Leite’, República Velha ou Primeira República.
Neste período, em troca de ‘favores’, os coronéis exigiam que os eleitores votassem nos candidatos por eles indicados. Tal prática ficou conhecida como ‘voto de cabresto’”. (COTRIM, 2009, modificado)
As duas expressões grifadas (“coronéis” e “voto de cabresto”) referem-se, respectivamente,
a) Aos grandes proprietários de terras e ao voto secreto.
b) Aos oficiais de carreira que exerciam cargos políticos e ao voto censitário.
c) À influência de oficiais do Exército na tomada de decisões políticas e ao voto censitário.
d) Aos grandes proprietários de terras e ao voto aberto dado sob pressão.
e) Aos grandes proprietários de terras e ao voto censitário.
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