República Velha: contexto, características, revoltas

República Velha: contexto, características, revoltas

A República Velha é o período da história brasileira logo após a proclamação do modelo republicano, ainda no século XIX. Essa época também pode ser chamada de Primeira República e compreende algumas características de um sistema em formação, dotado de transformações e algumas permanências. 

Certos aspectos da República Velha marcam a história do país, como a aplicação do coronelismo, técnica política para manejar os votos e alcançar interesses específicos. Além disso, as oligarquias são tão marcantes e influentes no período que ele ficou conhecido também como República Oligárquica. 

Neste artigo, explore mais sobre o contexto histórico dessa fase, quais são os principais eventos que ocorreram, as revoltas mais importantes, em um breve resumo que traz um panorama geral sobre o tema. Leia agora!

Contexto histórico

O período chamado de República Velha inicia-se justamente em 15 de novembro de 1889, quando foi proclamado o novo modelo de organização política. Seu término aconteceu apenas no século seguinte, já em 1930, com a Revolução de 1930.

O primeiro presidente a assumir o controle sobre o país foi o marechal Deodoro da Fonseca, ele assumiu o cargo provisoriamente e depois foi eleito, em 1889. Mas, pouco tempo depois, em 1891, optou por renunciar ao cargo. 

Diante disso, o vice-presidente Floriano Peixoto, que também era militar, assumiu o controle sobre o país e governou até 1894. Como os dois primeiros presidentes tinham grande relação com o meio militar, muitos historiadores assumem o nome de “República da Espada” para essa época.

Características da República Velha

Juntamente com o modelo republicano, o país agora passou por uma transformação a respeito da responsabilidade nos territórios. Isso ficou acordado na nova constituição criada, a Constituição de 1891.

Agora, existiam federações com autonomias próprias, o que conhecemos atualmente como os estados federativos do Brasil. Com isso, cada localidade tinha maior liberdade e autoridade para determinar certas modificações, algo que ficou sob o controle dos governadores. 

Ao mesmo tempo, o presidencialismo apareceu como a opção para nomear um chefe de estado. Ele seria escolhido por meio de eleições a cada 4 anos, de forma que poderiam votar apenas homens, maiores de 21 anos. A grande questão é que os votos aconteciam de maneira pública, sem a possibilidade de sigilo. 

Esse modelo eleitoral possibilitou a ocorrência de muitas manobras políticas, das quais a mais conhecida é o coronelismo. Na época, a população apoiava-se em coronéis regionais, que representavam figuras de autoridade. Esses chamados coronéis utilizavam essa influência para persuadir, manipular e ameaçar os indivíduos, conceito conhecido como voto de cabresto; além de trocar votos por presentes, promessas, favorecimentos e muito mais — prática de clientelismo.

Simultaneamente, funcionava uma política de governadores, em que o governo federal favorecia diretamente os governadores de federações. A moeda de troca seria o apoio a um determinado político durante as eleições. Nesse sentido, os governadores pressionavam os coronéis para intensificar o voto de cabresto, como forma de garantir seus interesses.

Todo esse sistema estava condicionado às intervenções do governo federal, que também controlava a entrada e saída dos presidentes. Durante alguns anos os chefes de estado eram todos envolvidos com as oligarquias rurais do sudeste. 

Em especial, os estados de São Paulo e Minas Gerais envolviam-se nos esquemas para garantir a manutenção da política brasileira em favor dos interesses dos grandes latifundiários. Por essa razão, essa organização ficou conhecida como política do café com leite, dois produtos muito relacionados a esses estados.

Em termos de economia, inclusive, grande parte dos rendimentos brasileiros estavam condicionados à exportação do café, ainda no século XX. Nota-se que durante a República Velha houveram alguns focos industriais, mas que ainda não tinham força para industrializar o país inteiro, concentrando-se em algumas regiões do sudeste.

Revoltas da República Velha

O período da República Velha foi marcado por transformações significativas na política brasileira, mas as questões sociais tornavam-se cada vez mais precárias. Diante disso, assume-se que os direitos dos cidadãos estavam suprimidos, a desigualdade econômica e social eram cada vez mais evidentes e os privilégios sempre voltados à oligarquia.

Diante desse cenário, aconteceram muitas revoltas durante a República Oligárquica. Algumas delas foram muito emblemáticas, como a Guerra dos Canudos. Nessa ocasião uma nova forma de organização surgia dentro de um grupo no interior da Bahia.

Havia um líder chamado Antônio Conselheiro, que adotou medidas novas de estruturas sociais, com maior possibilidade de agregar as pessoas marginalizadas. Pouco a pouco o arraial de Canudos crescia, o que não agradou aos governos e, então, iniciou-se uma forte repressão. 

Embora as investidas do governo contra eles tenham sido marcantes, este povo resistiu por muito tempo, ao ponto da autoridade do presidente ser questionada, por não conseguir vencer. Diante disso, foi enviada uma grande expedição com o intuito de bombardear e exterminar quaisquer resquícios da comunidade de Canudos. Esta foi a guerra que mais apresentou vigor em oposição ao governo.

Outros pontos de conflito surgiram, como a Revolta da Chibata, a Revolta da Armada, a Guerra do Contestado e a emblemática Revolta da Vacina. Neste dilema, a população não aceitava a ordem de vacinação enviada pelo governo e se posiciona ativamente contra essa medida sanitária.

Fim da República Velha

A estrutura que sustentava a República Velha estava enfraquecida devido às revoltas, questões sociais e precariedades que assolavam a população. Ao mesmo tempo, as próprias oligarquias estavam em conflito entre si.

Nesse cenário, então, mineiros e paulistas abandonam sua parceira em favor das eleições presidenciais. Agora, cada um desses estados ordenou um candidato, que competia entre si pelo controle do país.

Entre os candidatos, estava Getúlio Vargas. Ele perdeu a disputa, mas, juntamente com seus aliados, fomentou uma intervenção que ficou conhecida como Revolução de 1930. O presidente foi deposto e o vencedor da eleição, Júlio Prestes, não pôde assumir o cargo e assim encerrou-se o período da República Velha.

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