Revolta da Chibata: o que é, características e contexto histórico

Revolta da Chibata: o que é, características e contexto histórico

A Revolta da Chibata tem um nome curioso, mas que se encaixa completamente no movimento. Trata-se de uma revolta que ocorreu em meio aos militares da Marinha, a principal reivindicação era contra as chibatadas a que eram submetidos. Neste artigo, conheça mais sobre como o evento se iniciou, os principais motivos e o contexto histórico. 

Contexto histórico da Revolta da Chibata

O processo que levou à Revolta da Chibata tem raízes coloniais, com crescentes insatisfações que se espalharam dentro da sociedade, inclusive entre os militares. Essa revolta aconteceu no ano de 1910, pouco tempo depois da abolição da escravidão no Brasil.

Diante disso, muitos dos soldados da Marinha brasileira eram negros que haviam sido escravizados no século anterior, ou ainda, descendentes dessas pessoas. Então, o histórico apontava para sucessivas desigualdades, abusos e, consequentemente, opiniões radicais. 

O racismo estrutural é parte do Brasil ainda hoje, no século XXI e, naquela época, essa realidade era ainda mais árdua. Diante disso, intensos abusos eram empregados contra esses soldados da Marinha, entre eles, uma rotina de trabalho exaustiva, salários pouco valorizados, além das punições físicas. 

Entende-se que essas atitudes eram, antes de mais nada, reflexo de uma sociedade que não passou por uma transformação a respeito dos direitos humanos, abandono do etnocentrismo e do preconceito étnico e racial. 

Antecedentes da Revolta da Chibata

Aponta-se que, quando desejavam se posicionar contra as condições de trabalho, os soldados eram coagidos por meio de castigos físicos, que causavam lesões, como as chibatadas, que dão nome ao movimento. 

O sentimento de insatisfação tornou-se cada vez maior, até porque, quase todos os países que tinham contato com o Brasil já haviam abandonado o hábito de punir fisicamente os soldados. Então, os indivíduos perceberam que existiam, sim, outras formas de corrigir e disciplinar os batalhões.

Um dos motivos para o levante foi quando apenas os cargos de maior patente receberam aumentos salariais e prestígio profissional. A segregação era óbvia e deixava o clima mais tenso a cada momento.

A desigualdade social, então, torna-se um novo fator de revolta para essa população. Afinal, a partir de então, alguns teriam maiores direitos financeiros do que outros, assim como direitos de vida, bem-estar e liberdade que eram negados aos cargos mais baixos.

Diante de todo esse cenário, os marinheiros desejavam se posicionar e iniciar movimentos de oposição à forma de trabalho e organização da Marinha. O ponto culminante, que principiou a Revolta, foi uma punição excessiva aplicada contra um soldado de nome Marcelino, em que foram determinadas mais de duzentos chibatadas.

Revolta da Chibata: movimento e organização 

O motim que ficou conhecido como Revolta da Chibata baseou-se na tomada de embarcações militares, somado às ameaças, que cobravam melhorias nas condições de trabalho e cessação dos castigos físicos, ou então, a cidade do Rio de Janeiro sofreria danos extensos. 

Para isso, além dos atos diretos de tomar os encouraçados da Marinha, que levavam os nomes de “Minas Gerais”, “São Paulo” e “Bahia”, os manifestantes redigiram e entregaram um documento com uma lista de pontos a serem trabalhados. 

O escrito demonstrava a insatisfação com os cargos oficiais (de maior hierarquia), a necessidade de cessar as chibatadas e iniciar uma nova forma de comunicação e organização da Marinha. Além disso, requeriam melhorias salariais, como forma de melhorar minimamente a desigualdade social e econômica observada na população brasileira. 

Para solucionar a questão, ficou decidido que os marinheiros deveriam parar com a Revolta da Chibata, desde que as condições impostas fossem aceitas e implantadas pelo governo brasileiro e, assim, em novembro de 1910, eles desocuparam os navios. 

Repressão à revolta

Ao contrário do que se esperava, a revolta não foi aceita politicamente como uma forma de melhoria e reivindicações,  ou luta por direitos. Na verdade, depois que os revoltosos se entregaram e deram fim ao movimento, o governo brasileiro enviou muitos deles para as prisões e exílios. 

Alguns marinheiros foram exilados para uma ilha brasileira chamada de Ilha de Cobras, que fica no litoral do sudeste. Ainda hoje, o local é conhecido por conter uma densidade de cobras extremamente alta, a segunda maior do mundo.

Novo motim

Nesse local, os marinheiros armaram ainda um novo motim de oposição. Porém, a repressão do governo foi direta e objetiva, com um resultado negativo, que culminou na morte de centenas de soldados que lá estavam presos — seja por meio de bombardeamento e destruição massiva, ou ainda por aprisionamento em locais sem o ar o suficiente para a sobrevivência. 

Os poucos revoltosos que restaram foram condicionados ao trabalho forçado e compulsório. Por fim, o líder da revolta, João Cândido (Almirante Negro), conseguiu sobreviver às atrocidades, mas teve a sanidade mental contestada, ao ponto de ser internado em hospitais psiquiátricos.

A história da Revolta da Chibata foi contada anos depois, por um jornalista que resgatou as memórias do Almirante Negro, que fora absolvido de algumas acusações, apesar de não poder mias fazer parte do corpo de soldados da Marinha. 

Depois de tantos acontecimentos, a revolta só foi legitimada já no século XXI, quando consideraram válidas as queixas apresentadas.

Questões sobre Revolta da Chibata

(URCA) Na novela “lado a Lado” da Rede Globo de televisão, o autor ressaltou recentemente o movimento conhecido como “Revolta da Chibata”, sobre a qual podemos afirmar corretamente que foi:

a) Um movimento messiânico inspirado no sofrimento de Jesus Cristo que deu origem aos penitentes, ainda muito comuns no sertão nordestino;

b) Uma revolta contra a vacinação obrigatória no Rio de Janeiro, que ganhou este nome em face dos açoites que os membros envolvidos sofreram;

c) Uma revolta de marinheiros, em 1910, predominantemente de negros, contra os maus tratos que sofriam, principalmente castigos físicos;

d) Um movimento de cangaceiros comandados por Virgulino Ferreira, o Lampião, que invadiu várias cidades do sertão nordestino castigando seus habitantes por terem traído o líder do cangaço;

e) Uma revolta de trabalhadores no Porto do Rio de Janeiro, conhecidos como catraieiros e recebeu esta denominação porque os revoltosos foram açoitados até a morte.

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