Revolução dos Cravos: contexto histórico e movimento português

Revolução dos Cravos: contexto histórico e movimento português

A Revolução dos Cravos, também conhecida como Revolução de Abril, é um movimento português que se opôs ao modelo ditatorial que ocorria na nação portuguesa da época. Do ponto de vista histórico, as quedas de ditaduras são importantes por mostrarem diferentes pontos de vista ideológicos e maneiras diversas de resistir às imposições políticas. Conheça mais sobre o tema neste artigo.

Contexto histórico da Revolução dos Cravos

Como a Revolução dos Cravos ocorreu em Portugal, é preciso observar o panorama político e social dessa nação alguns anos antes da eclosão do movimento. Uma vez que a Revolução ocorreu em 1974, aspectos históricos do século XX influenciaram diretamente no acontecimento.

Esse século foi relevante para a história portuguesa, já que em 1910 o modelo monarquista foi trocado por uma política republicana. Esse novo modelo político-social iniciou-se e, pouco tempo depois, eclodiu a Primeira Guerra Mundial.

Evidentemente, guerras são fragilizantes para as nações envolvidas e, como Portugal participou do conflito, o país entrou em recessão. A economia e as questões sociais estavam em decadência, e uma grave crise se instaurou. 

Ao mesmo tempo, no cenário internacional, diferentes autoridades ditatoriais se instalavam ao redor do globo. Afinal, o período pós-guerra é uma época de apreensão generalizada e fortalecimento do nacionalismo, de forma que o ufanismo foi essencial para o desenvolvimento do fascismo mundo afora.

Diante disso, um governo ditatorial também se ergueu em Portugal, com duração de 7 anos. A expectativa era de que o autoritarismo acabaria com a Nova Constituição. Entretanto, uma importante figura política estava envolvida nesse processo: Antônio Salazar. 

Ele foi primeiro-ministro da República e, por meio da constituição, ganhou mais autoridade sobre a população. Então, suas escolhas tornaram-se cada vez mais restritivas à liberdade das pessoas, com censura e redução dos direitos humanos. De forma que, em 1932, iniciou-se o Estado Novo em Portugal.

Durante esse período, ainda, as colônias portuguesas na África eram mantidas e muito importantes para o sustento do governo de Salazar. Entretanto, o movimento anticolonial estava difundido no mundo a muitos séculos e muitos portugueses se opunham à colonização como estava acontecendo. 

Características do Salazarismo

Com esse modelo ditatorial disseminado mundialmente, cada nação desenvolveu um modelo típico de autoritarismo, que geralmente leva o nome do criador ou líder. No caso de Portugal, a ditadura foi construída nos moldes do Salazarismo. 

As principais características do governo de Salazar era a autoridade excessiva, cerceamento de liberdade, alinhamento com o modelo fascista, anti partidarismo (quando diversas opiniões políticas não podem se organizar em partidos), culto ao líder da nação, além de censurar críticas, controlar a educação, centralizar o comando da economia e manipular informações. Muitos desses aspectos foram inspirados no governo de Benito Mussolini, o ditador fascista italiano. 

Antecedentes da Revolução dos Cravos

Em 1968, o ditador Salazar sofreu um acidente vascular encefálico (AVE) e precisou se afastar do cargo e substituído por Marcelo Caetano. Sem a presença da autoridade, os opositores ganharam mais força e puderam se organizar com mais clareza em busca da redemocratização de Portugal. 

Como foi mencionado anteriormente, a luta anticolonial era parte da reivindicação dos portugueses. Muito porque, por volta da década de 60, muitos soldados portugueses foram enviados à África para resistir aos movimentos coloniais pela independência, e esse envio não foi bem aceito na sociedade portuguesa, o que promoveu ainda mais o desejo de transformação político-social na nação.

Além disso, a Segunda Guerra Mundial acabara de acontecer e a economia do país estava afetada, mesmo que não tenham se envolvido diretamente no convite. Principalmente porque questões econômicas e geográficas da guerra repercutiram por toda a Europa.

Como foi a Revolução dos Cravos?

A Revolução dos Cravos foi formada pela união de populares portugueses com forças militares. De maneira curiosa, no início do processo, a comunicação entre os revolucionários ocorreu por meio de músicas veiculadas em rádios. Primeiramente, durante a organização das tropas, no dia anterior ao primeiro ataque, reproduziu-se a música “E depois do Adeus”, de Paulo Carvalho.

Então, na meia-noite do dia 25 de abril de 1974, houve a reprodução, no rádio, da música “Grândola, Vila Morena”, do cantor José Afonso. Esse sinal foi dado para demonstrar que houve a mobilização das tropas e revolucionários para os locais estrategicamente determinados, geralmente locais de veiculação de imprensa, quartéis militares, e pontos de importância econômica.

“Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, Vila Morena 

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, Vila Morena”

Trecho da música “Grândola, Vila Morena”

Iniciado o movimento, diferentes tropas se mobilizaram para pressionar a rendição do ditador substituto, Marcello Caetano. A população estava nas ruas desde às 5h da manhã para acompanhar o conflito e comemorar as possíveis vitórias. 

Caetano não se rendeu facilmente e, então, os revolucionários pressionavam cada vez mais, com ameaças de tensão e trocas de tiros. Então, depois de 16 horas de movimento, o ditador chamou um militar do Movimento das Forças Armadas (MFA) para um acordo de rendição.

Ao final da reunião, no início da noite, Marcello Caetano foi levado para um prédio do MFA e, posteriormente, foi levado para a Ilha da Madeira. Entretanto, a decisão não foi tão pacífica, porque polícias da divisão ditatorial atacaram a população às 20h de 25 de abril, deixando cerca de 40 feridos e 4 mortos. 

Por fim, os militares envolvidos na Revolução são nomeados como “Junta de Salvação Nacional”, a parte ditatorial da polícia é dominada e diversos presos políticos, que sofreram com a censura salazarista, foram libertos no dia seguinte ao movimento. 

A Revolução dos Cravos é chamada assim porque, embora tivesse envolvimento militar na junta revolucionária, os feridos e uso de armamentos foram mínimos. Em contraponto, os populares levaram cravos aos soldados, para servirem de “munição” às armas. 

Efeitos da Revolução dos Cravos

A Revolução dos Cravos, para além de uma luta apenas pela nação portuguesa, também foi um posicionamento anticolonial necessário para os dilemas enfrentados no continente africano. Então, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde conquistaram sua independência somente após esse movimento português.

Embora o movimento tenha sido efetivo, os grupos conservadores e salazaristas ainda estavam na sociedade portuguesa. Então, em diferentes momentos, facções conservadoras tentavam boicotar as ações de cunho mais libertário. 

Inclusive, a MFA tinha um viés socialista que incomodava profundamente os setores mais conservadores, como representantes religiosos, que temiam uma radicalização do socialismo na nação.

Por fim, a liberdade foi conquistada e, exatamente um ano após a Revolução dos Cravos, ocorreu a primeira eleição no país após a redemocratização. Foi a primeira evidência de democracia depois de 41 anos de regime ditatorial. 

Diante disso, foi criada uma nova Constituição, que restaurou direitos humanos e trabalhistas essenciais e característicos de uma nação democrática, como a dignidade em ter saúde, educação, moradia, entre outras necessidades da vida humana. 

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