Você sabe qual o conceito de crônica? Neste artigo, nós vamos aprender o que é crônica e como esse gênero textual normalmente é utilizado. Em suma, a crônica é um texto narrativo que geralmente é produzido para meios de comunicação, como jornais e revistas.
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O que é Crônica?
Na literatura e no jornalismo, a crônica é caracterizada por textos curtos, de linguagem simples, clara e leve. Normalmente, uma crônica retrata aspectos da vida cotidiana das cidades e das pessoas. Sempre com toques de humor ou ironia.
Ao reportar, o cronista usa sua criatividade buscando inspiração para os seus textos a partir de acontecimentos recentes ou em situações “banais” do cotidiano. A ideia é que durante a leitura da crônica, o leitor seja convidado a observar os detalhes de uma forma mais sensível.
Tipos de crônica
Crônica jornalística
Na crônica jornalística, a apresentação das notícias é feita de forma objetiva, respeitando os critérios de produção da reportagem e seguindo a realidade dos fatos, ou seja, o cotidiano nu e cru. A crônica jornalística pode ser policial, desportiva, cultural, científica, etc.
Crônica humorística
A crônica humorística está relacionada ao fato de o cronista chamar a atenção do leitor utilizando traços do humor. Normalmente, a crônica humorística apresenta poucos personagens. Com linguagem próxima da informalidade, este tipo de crônica tem uma visão irônica ou cômica dos fatos.
Observação: É comum ver nas crônicas narrativas e jornalísticas o humor como uma das tônicas do texto. O uso da ironia, de comparações inusitadas ou ainda a tematização de assuntos cômicos por excelência são algumas das técnicas usadas pelos cronistas.
Crônica narrativa
As crônicas narrativas são aquelas que não apresentam estruturas textuais argumentativas ou reflexivas predominantes. Nesse caso, a crônica pode ser definida como um gênero literário marcado pela narração de situações cotidianas sob uma ótica individual.
As crônicas podem ainda ser caracterizadas como: descritivas, narrativo-descritivas, históricas, líricas, poéticas e dissertativas.
Características da crônica
- textos curtos;
- linguagem clara, simples e objetiva;
- uso de humor e ironia para reportar;
- abordam o cotidiano das pessoas e das cidades;
- narra situações banais sob uma ótica particular e criativa;
- marcas claras de humor;
- linguagem coloquial;
- leveza na linguagem;
- publicadas em jornais, revistas e blogs.
Principais cronistas
Dentre os primeiros cronistas brasileiros estão Machado de Assis e José de Alencar. A seguir, listamos alguns dos mais importantes autores brasileiros que tornaram a crônica uma das suas ferramentas de trabalho.
- Machado de Assis
- Carlos Drummond de Andrade
- Rubem Braga
- Luís Fernando Veríssimo
- Fernando Sabino
- Carlos Heitor Cony
- Caio Fernando Abreu
- Lima Barreto
- João do Rio
- Cecília Meireles
- Nelson Rodrigues
- Clarice Lispector
Exemplo
Não se zanguem, Lima Barreto
A cartomancia entrou decididamente na vida nacional.
Os anúncios dos jornais todos os dias proclamam aos quatro ventos as virtudes miríficas das 1pitonisas.
Não tenho absolutamente 2nenhuma ojeriza pelas adivinhas; acho até que são bastante úteis, pois mantêm e sustentam no nosso espírito essa coisa que é mais necessária à nossa vida que o próprio pão: a ilusão.
Noto, porém, que no arraial 3dessa gente que lida com o destino, reina a discórdia, tal e qual no campo de Agramante.
A política, que sempre foi a inspiradora de azedas polêmicas, deixou um instante de sê-lo e passou a vara à cartomancia.
4Duas senhoras, ambas ultravidentes, extralúcidas e não sei que mais, aborreceram-se e anda uma delas a dizer da outra cobras e lagartos.
Como se pode compreender que 5duas sacerdotisas do invisível não se entendam e deem ao público esse espetáculo de brigas tão pouco próprio a quem recebeu dos altos poderes celestiais virtudes excepcionais?
A posse de tais virtudes devia dar-lhes uma mansuetude, uma tolerância, um abandono dos interesses terrestres, de forma a impedir que o azedume fosse logo abafado nas suas almas extraordinárias e não rebentasse em disputas quase sangrentas.
Uma cisão, uma cisma nessa velha religião de adivinhar o futuro, é fato por demais grave e pode ter consequências desastrosas.
Suponham que F. tenta saber da cartomante X se coisa essencial à sua vida vai dar-se e a cartomante, que é dissidente da ortodoxia, por pirraça diz que não.
O pobre homem aborrece-se, vai para casa de mau humor e é capaz de suicidar-se.
O melhor, para o interesse dessa nossa pobre humanidade, sempre necessitada de ilusões, venham de onde vier, é que as nossas cartomantes vivam em paz e se entendam para nos ditar bons horóscopos.
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