A nona é uma estrutura poética composta por nove versos. Juntos, esses versos formam uma unidade de sentido mais extensa e, muitas vezes, mais elaborada. Pode apresentar diferentes combinações métricas e esquemas de rima, sendo utilizada em composições tradicionais, mais antigas, e também em poesias contemporâneas.
O estudo da nona é importante porque contribui para a compreensão das formas poéticas mais complexas e das estratégias que os autores utilizam para desenvolver imagens, ideias e emoções ao longo de uma estrofe mais longa. Além disso, permite ao leitor identificar padrões de repetição, encadeamentos rítmicos e jogos sonoros que enriquecem a experiência estética da leitura.
Continue lendo este artigo que a Coruja preparou para entender melhor o que é a nona e como ela pode ser estruturada dentro de um poema.
Navegue pelo conteúdo
Nona: a essência da forma
A nona é, em essência, uma estrofe composta por nove versos, formando uma unidade textual mais extensa do que estrofes tradicionais como o terceto ou o quarteto.
Esses nove versos, combinados, permitem o desenvolvimento de ideias com maior profundidade, explorando nuances de ritmo, sentido e construção sintática.
Essa estrofe pode, ainda, apresentar diversas configurações de rima e variações métricas, podendo ser encontrada tanto em poemas mais clássicos quanto em composições mais atuais.
Embora menos recorrente que outras estruturas, a nona aparece em poesias líricas e reflexivas, sendo utilizada para expandir uma imagem poética ou explorar um tema com maior complexidade e lirismo.
Na tradição literária, a nona chama atenção por sua riqueza expressiva e por oferecer ao autor um espaço amplo para trabalhar imagens, emoções e figuras de linguagem, como metáforas e paronomásias.
A sua extensão permite contrastes, repetições, variações rítmicas e sonoras que contribuem para a musicalidade do poema e intensificam o impacto da mensagem para o leitor.
A nona na história da literatura
Em comparação com formas mais conhecidas como o terceto e o quarteto, por exemplo, a nona é menos frequente, mas ainda assim ocupa um espaço interessante na tradição literária por sua versatilidade e potencial expressivo.
Ao longo da história da poesia, estrofes de nove versos foram utilizadas por diversos autores para desenvolver temas de forma mais expansiva, permitindo ao poema respirar entre imagens, reflexões e variações melódicas.
Na literatura portuguesa, por exemplo, Camões ocasionalmente experimentou estruturas de nove versos fora dos moldes fixos do soneto, como forma de variar o ritmo e ampliar o escopo temático de seus poemas líricos.
Já na poesia brasileira, poetas do período romântico e simbolista também lançaram mão da nona para criar composições introspectivas e sensoriais, como se vê em alguns textos de Cruz e Sousa, onde o excesso de versos colabora para intensificar a mensagem contida nas estrofes e também para conferir certa sonoridade.
Na literatura moderna, a nona aparece frequentemente em poemas livres, nos quais o poeta se vale de estruturas não fixas para articular um pensamento ou emoção com mais liberdade.
A quantidade de nove versos, nesse contexto, permite uma tensão interessante entre o desenvolvimento e a conclusão do poema, criando uma expectativa que pode ser resolvida ou quebrada propositalmente.
Da teoria à prática: criando suas próprias nonas
Agora que você já conhece um pouco mais a estrutura e a história da nona, que tal experimentar essa forma poética na prática? Criar uma estrofe com nove versos pode parecer um desafio à primeira vista, mas é também uma oportunidade de explorar novas possibilidades de ritmo, figuras de linguagem, sonoridade e desenvolvimento de ideias no poema.
A nona faz com que o pensamento poético se desenrole com mais liberdade do que em estrofes mais curtas, o que a torna ideal para construir imagens mais complexas, desenvolver sentimentos com nuances e criar pequenos “capítulos” dentro do próprio poema.
Você pode optar por rimas regulares (como ABABCCCDD), por esquemas mais livres ou até mesmo por versos brancos (sem rima), dependendo do efeito que deseja causar.
Veja um exemplo que pode ser usado como inspiração, retirado do poema “Romance III ou Do caçador feliz”, de Cecília Meireles:
Caçador que andas na mata,
bem sei por que vais contente,
com grandes olhos felizes:
vês que é de reino encantado,
pelo vale, pela serra,
qualquer caminho que pises.
Tropeças em seixos de ouro,
em cascalho de diamantes,
nunca em singelas raízes.
Uma boa dica para começar é escrever livremente sobre um tema — sem se preocupar com a métrica — e depois revisar o texto, organizando-o em blocos de nove versos. Assim, você exercita tanto a criatividade quanto a consciência formal.
Análise e interpretação de nonas
Interpretar e analisar uma nona envolve uma leitura focada na observação da estrutura formal de seus nove versos e do conteúdo expresso. Esse tipo de estrofe oferece mais espaço ao escritor, o que viabiliza desenvolver ideias com maior profundidade e articular melhor os efeitos sonoros e semânticos do poema.
Uma dica importante é: sempre leia mais de uma vez o poema completo. Muitas vezes é somente em uma segunda ou terceira leitura que percebemos sentidos mais profundos e simbólicos, especialmente quando há referências históricas ou culturais implícitas.
Vamos analisar alguns aspectos do trecho inicial do poema “Romance III ou Do caçador feliz”, mencionado anteriormente:
Rima: há rimas toantes e consoantes distribuídas ao longo da nona, com destaque para as terminações em -es (“felizes”, “pises”, “raízes”), que reforçam a sonoridade e a fluidez musical do poema.
Métrica: os versos têm medida regular e ritmo marcado, aproximando-se de uma redondilha maior.
Ritmo: a enumeração de elementos encantados (seixos de ouro, cascalho de diamantes) cria um ritmo crescente de deslumbramento. Ao final, o contraste com “singelas raízes” endossa o tom simbólico e reflexivo.
Figuras de linguagem: podemos observar o uso da metáfora (“reino encantado”), o que contribui para ampliar os sentidos do poema e remeter ao ciclo do ouro em Minas Gerais, em que a paisagem se torna expressão poética de um país marcado por contrastes entre riqueza aparente e realidade oculta.
Estude mais com o Estratégia Vestibulares!
Prepare-se para as provas de forma personalizada, estratégica e sem sair de casa. Com a plataforma interativa da Coruja, você cria e adapta cronogramas de acordo com suas necessidades.
Estude no seu ritmo e com os materiais que preferir: mapas mentais, nossos Livros Digitais Interativos (LDIs), onde é possível grifar os pontos mais relevantes e revisar quando for preciso, ou ainda as videoaulas, ministradas por professores altamente capacitados e formados nas melhores instituições do país. Clique no banner e inicie sua preparação já!