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O que é o Realismo
O Realismo é um movimento artístico do final do Século XIX que nasceu na Europa, mais precisamente na França. Com duração de pelo menos duas décadas o Realismo ganhou outros países europeus e americanos.
O movimento nasceu num cenário de mudanças, transformações e descobertas da sociedade da época. Abordando temas do cotidiano e criticando a sociedade burguesa da época, o Realismo veio para retratar a realidade vida das pessoas.
Dessa forma a principal característica do Realismo é a tentativa do pintor se aproximar o máximo da realidade, recusar a evasão e dar maior nitidez e definição na pintura, na tentativa de captar as cores como as vemos.
O que foi o Realismo?
Aliás, a história do pintor nos dá uma boa ideia do Realismo na pintura. Nasceu em 1808, em Marselha e morreu em 1879 em Valmondois. Na adolescência, começa a se interessar por artes e teve aulas no ateliê de um ex-aluno de David. Trabalhou como ilustrador.
Em 1831, por causa de uma caricatura na qual ridicularizava o rei Luís Felipe, foi preso. Em liberdade, assina contrato com revistas de ilustrações e caricaturas de Paris.
Em 1843, produziu litografias sobre os inconvenientes do transporte ferroviário. Desse estudo, ele produziu “O vagão de terceira classe”. A intenção dele era descrever com maior precisão a realidade social ou humana, quase como um documentário.
O artista acreditava que:
- havia uma luta entre homem e natureza (não, a natureza não era confidente do sujeito!) ou luta entre classes sociais;
- a realidade seria determinada por questões materiais; e
- havia momentos na simplicidade do cotidiano que poderiam revelar muito sobre a condição humana.
Os detalhes da imagem são surpreendentemente perturbadores. A mulher em primeiro plano olha fixamente para o espectador numa atitude de resignação, mas também de acusação. A criança que se recosta nela dorme, denunciando o cansaço.
Alguns passageiros do segundo plano também olham para frente numa atitude de desafio ao olhar de quem os observa. A mulher ao lado amamenta o filho, alheia a tudo e a todos. Trata-se da apoteose do cotidiano.
A obsessão pelo “real” pode ser observada em algumas das obras significativas desse período. A francesa Rosa Bonheur (1822-1899) se especializou na pintura de animais, que manifesta uma pesquisa quase científica voltada para a representação figurativa.
Um outro exemplo dessa confluência entre ciência e arte pode ser percebido no quadro “A clínica de Agnew” do americano Thomas Eakins (1844-1916). Pintor realista, ele provocou polêmica ao pintar uma cirurgia de câncer de mama feita pelo Dr. Agnew diante de uma galeria de estudantes e médicos.
Outro pintor que provocou controvérsia foi Gustave Coubert (1819-1877). Influenciado por Velázques, vale-se do claro e escuro para dar dramaticidade ao cotidiano dos trabalhadores (“Os quebradores de pedra”, por exemplo). A pedido de um diplomata turco, Gustave Coubert produziu uma das mais polêmicas obras de arte.
Trata-se do quadro “A origem do mundo”, uma representação realista do púbis de uma mulher deitada de pernas abertas. Não se vê o rosto da modelo, apenas o seu quadril exposto. A imagem incomoda até hoje. Em 2009, livros com essa imagem na capa foram confiscados em Portugal e, em 2011, páginas do Facebook que tinham essa imagem foram tiradas do ar.
O Realismo foi um movimento de:
- oposição ao movimento romantista
- reprodução da realidade
- linguagem comum
- temáticas sociais e o cotidiano
- apego com o presente
- ausência de heróis
- histórias protagonizadas por pessoas comuns
- análise crítica da sociedade
Realismo e Romantismo
Nas artes, assim como na Literatura, percebe-se, na segunda metade do século XIX, uma reação ao sentimentalismo exacerbado, característica do Romantismo; e ao artificialismo, comum do Neoclassicismo. O tema retratado pelo artista, de certa forma, passa a determinar a técnica utilizada.
Aqui, observamos a mudança temática radical entre o movimento Romantista e o Realismo. O nome do quadro a seguir é “Dois homens observando a lua”, de Caspar David Friedrich (1774-1840). O nome da pintura por si nos dá uma das características mais importantes do Romantismo: a evasão.
Vamos analisar a pintura
Na obra de Friedrich, os homens encontram-se de costas para quem observa o quadro, conduzindo o olhar do espectador para a natureza. A lua ocupa o centro da tela e a árvore, em primeiro plano, toma quase todo o plano pictórico.
O declive acidentado e a árvore retorcida obrigam o intérprete a encontrar beleza na natureza bruta e na incomensurabilidade de um mundo que parece esmagar os homens, mas que, por isso mesmo, enche-o de admiração.
O foco da arte realista é outro: o próprio homem. Se há algum esmagamento, ele não ocorre por forças místicas do mundo, mas pelas próprias relações sociais que surgem como fatores determinantes de como as pessoas vivem.
A beleza deve estar no cotidiano, mesmo que miserável. A arte nas mãos de Honoré Daumier, por exemplo, vai além do “belo pelo belo”, devendo servir como expressão de denúncia social.
Principais artistas e obras do Realismo
Gustave Courbet
– Os quebradores de pedras (1849)
– Um funeral em Ornans (1849)
– Bom dia, senhor Courbet (1854)
– O ateliê do artista (1854)
– O sono (1866)
– O mar tormentoso (1870)
Edouard Manet
– O cantor espanhol (1860)
– Música dos Jardins dos Tulherias (1862)
– Olímpia (1863)
– Almoço na relva (1863)
– Le Balcon (1868)
Honoré Daumier
– Gargântua (1831)
– Abaixem a cortina, a farsa acabou (1834)
– O melodrama (1860)
– O vagão da terceira classe (1864)
– O levantamento (1870)
– O conselho de guerra (1872)
Jean-François Millet
– O semeador (1850)
– Os catadores (1857)
– O Angelus (1857)
– Os coletores de ninhos (1874)
Théodore Rousseau
– Mercado na Normandia (1848)
– A aldeia de Barbizon (1850)
– Pôr do Sol sobre a floresta (1866)
– O Sol perto de Arbone (1868)
Jules Breton
– Representação de um calvário (1858)
– O fim de um dia de trabalho (1867)
– Arco-iris no céu (1883)
– A canção da Cotovia (1884)
– Verão (1891)
Jean-Baptiste Camille Corot
– La Rochelle entrada do porto (1851)
– Lembranças de Mortefontaine (1864)
– Ville de’Avray (1867)
– Vacas numa paisagem pantanosa (1870)
Adolph Menzel
– A janela francesa (1845)
– Sala de estar com irmã de Menzel (1847)
– Entardecer nos jardins dos Tulherias (1867)
– Voltaire na corte de Frederico II (1849)
– Concerto de flauta (1852)
Edward Hopper
– Noite azul (1914)
– Sombras da noite (1921)
– Moça na máquina de costura (1921)
– Casa perto da estrada de ferro (1925)
– Automat (1927)
Realismo no Brasil
A história das artes de maneira institucional no Brasil começa com a vinda da família real, que traz para o Brasil a Missão Francesa. Artistas como Taunay (1755-1830) e Debret (1768-1848) deixam uma grande quantidade de quadros que registraram o cotidiano no Brasil.
Em 1826, a Academia Imperial de Belas-Artes abriu seus cursos. Surge uma arte acadêmica que abrangia retratos, temas bíblicos e históricos. Batalha do Avaí (1877) e Independência ou Morte (1888), de Pedro Américo (1843-1905), exemplificam esse tipo de arte.
Mas foi Almeida Junior (1850-1899) que alterou os rumos da pintura dita acadêmica. Depois de concluído o curso de Belas-Artes, ele recebeu uma bolsa de estudos dada pelo Imperador e viveu em Paris entre 1876-1882.
Quando retornou, expôs quadros com temática mais cotidiana como Leitura (1892), Picando fumo (1893)e O violeiro (1899). Nas duas últimas, observa-se inspiração regionalista. Alteram-se os temas consagrados pela academia.
A imitação dos clássicos e dos temas mitológicos ou heroicos cede lugar para o cotidiano. Os grandes nomes dessa nova vertente artística são: Belmiro Barbosa de Almeida (1858-1935) e Benedito Calixto (1853-1927).
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