As escolas literárias estão presentes em muitas questões do Enem e vestibulares, pois representam um contexto histórico e social. O romantismo, por exemplo, é destacado porque foi crucial para o nascer do nacionalismo no Brasil.
Devido a isso, neste texto, o Estratégia Vestibulares mostra a você quais foram as principais características, fases e autores românticos da Língua Portuguesa. Acompanhe!
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Contexto Histórico
O romantismo é um movimento estético, literário, político e cultural. Seu ápice ocorreu entre os séculos XVIII e XIX em meio à Revolução Industrial e à Revolução Francesa. Essa mudança social implicou no fortalecimento da burguesia, do racionalismo e do Iluminismo. Diante desse cenário, os autores se posicionavam contrariamente à razão e valorizavam a subjetividade.
No Brasil, o destaque da escola literária esteve mais restrito ao Século XIX, quando favoreceu a propagação da noção de povo, nação e cultura no território brasileiro.
Características do Romantismo
Na época em que surgiu, a corrente foi contada como revolucionária, pois rompia com padrões tradicionais de escrita e arte. Além disso, era oposta a forma artística do neoclassicismo, a escola artística anterior ao seu aparecimento.
A principal marca desse período artístico é a valorização do indivíduo e de suas emoções, sentimentos e pensamentos. É comum relacionar o romantismo ao sonho, à fantasia e à imaginação, já que é uma escrita que permite a liberdade criativa.
Quanto a organização textual, havia predominância da função emotiva da linguagem, na qual o emissor é o foco da mensagem. Alguns estudiosos apontam um egocentrismo romântico, em que o “centro de tudo” é o sujeito. Isso reforça o aspecto sentimental e individual da corrente.
Romantismo no Brasil: gerações românticas e principais autores
No território brasileiro, o romantismo predominou em três vertentes diferentes. Confira, a seguir, as fases do romantismo no Brasil e os principais autores em cada uma.
1ª Geração Romântica: Poesia Indianista
A primeira fase do romantismo no Brasil ocorreu nos anos seguintes à independência. Dessa forma, ela é considerada a mais importante para a formação da identidade brasileira, com tendência ao ufanismo.
Geralmente, as obras desse período romântico eram sentimentalistas, com a exaltação da religiosidade católica.
A valorização do território aconteceu por meio da idealização da natureza, com a construção de um espaço natural belo e singular. Além disso, o enaltecimento da figura do índio era muito explorado pelos autores, que caracterizavam os nativos como belos e heroicos.
Observe, nos trechos de “Iracema” (José de Alencar) a presença do exagero na descrição do cenário e da índia:
“Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do Sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros. Serenai verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.”
Neste parágrafo, a construção do cenário é feita com linguagem hiperbólica para enaltecer e idealizar os mares e litorais brasileiros.
“Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.”
Nessa passagem, os adjetivos escolhidos edificam uma índia perfeita, bela, com sinais de endeusamento – o que demonstra a idealização feminina.
1ª Geração Romântica: Principais autores e obras
- Gonçalves Dias com as obras: “I-juca Pirama”, “Canção do Exílio”, “Os Timbiras”; e
- José de Alencar com os títulos: “O Guarani”, “Iracema”, “Ubirajara”.
2ª Geração Romântica: Ultrarromantismo
Também denominada “mal-do-século”, essa fase do romantismo era repleta de narcisismo, subjetividade, melancolia, egocentrismo e sentimentalismo, com a presença de muitos exageros e hipérboles. Em geral, a construção do cenário textual tendia ao aspecto noturno e cooperava com a mensagem pessimista do poema.
É muito comum que as obras dessa geração demonstrem o sofrimento amoroso como a dualidade entre amar e ter medo do amor. A figura da mulher ultrarromântica é totalmente idealizada, com altos níveis de perfeição. Isso faz com que a amada seja algo inatingível.
Além disso, o eu lírico é muito instável e busca o escapismo temporal, quando projeta maravilhas sobre o futuro/passado e odeia o presente, ou material, quando as expectativas eram lançadas sobre uma vida regada de vícios e prazeres.
No trecho do poema abaixo, “Meus Oito Anos” (Casimiro de Abreu), é notável a presença do saudosismo e escapismo temporal:
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
No recorte apresentado, o autor projeta lindas lembranças sobre sua infância, comparando-a ao presente, que se mostra inferior às sensações antes experimentadas. Esse conjunto de fatores constrói a saudade e a escapatória do texto.
2ª Geração Romântica: Principais autores e obras
- Álvares de Azevedo com o título, “Noite na Taverna”; e
- Casimiro de Abreu com o poema, “Meus oito anos”, da coletânea “As Primaveras”.
3ª Geração Romântica: Condoreira
O nome peculiar desse período do romantismo se deve a um pássaro, que representava a liberdade. Isso porque a última geração romântica é a mais socialmente engajada, que promovia a exposição de situações degradantes e lutava pela libertação política e social.
A luta mais importante da fase condoreira era o apoio ao ideal abolicionista, com ênfase nas questões humanitárias e em defesa do negro escravizado.
3ª Geração Romântica: Principais autores e obras
Sem dúvidas, o principal autor da geração condoreira foi Castro Alves – o poeta dos escravos, com seu poema “Navio Negreiro”. Acompanhe abaixo um trecho dessa poesia:
Era um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
O excerto acima apresenta um recorte do cenário de um navio negreiro, as imagens são chocantes e constatam as más condições de vida que ocorriam nesses locais. Os versos ainda apontam sinais de violência física e agonias predominantes.
Castro Alves escreveu outros textos importantes, como Espumas Flutuantes e Os Escravos.
Romantismo em Portugal
O romantismo português apoia-se no nacionalismo, na História e no período medieval para construção de enredos heroicos e repletos de emoções. O contexto histórico propiciou uma escola literária voltada para a liberdade de estilo, idealização e saudosismo.
Entre os autores mais importantes do romantismo português estão: Almeida Garret, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e Júlio Diniz.
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