Novembro é o mês da Consciência Negra, e nada melhor para marcar a data do que conhecer autores negros que têm obras cobradas nos vestibulares. E a lista não é pequena, viu? Temos nomes nacionais, internacionais, clássicos e contemporâneos que podem aparecer na sua prova. Confira:
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Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis (1839 – 1908) foi um autor pertencente ao movimento literário do Realismo (1881 a 1893), e é considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira. Nascido no morro do Livramento, centro do Rio de Janeiro (RJ), era filho de uma lavadeira e um pintor, e viveu seus 69 anos na então capital do Brasil.
Além de escritor, Machado atuou como jornalista, crítico literário e dramaturgo, e foi um dos fundadores e presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). O autor também teve ao menos cinco de suas obras — Capitu (1968), Quincas Borba (1985), Memórias Póstumas de Brás Cubas (2001), Azyllo Muito Louco (1971) e Missa do Galo (1982) — adaptadas para o cinema.
Obras que caem no vestibular
- Quincas Borba – Fuvest e Unaerp;
- Bons dias! – Unicamp;
- O Alienista – UniRV;
- Várias Histórias – UFRGS; e
- Esaú e Jacó – UFMS.
Racionais MC’S
Único grupo musical da lista, o Racionais MC’S é o maior grupo de rap do Brasil, formado em 1988, por Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay, na cidade de São Paulo (SP). Desde seu primeiro álbum, chamado “Holocausto Urbano”, lançado em 1990, o quarteto denuncia racismo e desigualdade social, falam de história, política, e violência nas letras de suas canções.
“Sobrevivendo no Inferno” é o quarto álbum do grupo, lançado em 1997, e além do nome, também faz alusões à religião e às citações bíblicas enquanto retrata o cotidiano violento de jovens da periferia. Uma das faixas mais lembradas da obra é “Diário de Um Detento”, na qual a letra narra o massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos em 1992.
Depois de ser incluído na lista de obras obrigatórias do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um dos mais concorridos do Brasil, o álbum foi adaptado para livro.
Obra que cai no vestibular
- Sobrevivendo no Inferno – Unicamp.
Paulina Chiziane
A escritora nasceu em Maputo, uma cidade de Moçambique, em 1955. Na juventude teve grande participação política, atuando na Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), durante a Guerra de Independência contra Portugal. A influência vinha de seu pai, um defensor do fim do colonialismo, que lhe ensinou a língua ronga, idioma do grupo etnico do qual sua família pertencia.
Seu primeiro romance, “Balada de amor ao vento”, foi publicado em 1990, aos 35 anos. As obras de Paulina são caracterizadas pela prevalência da voz feminina, crítica de costumes e exaltação da diversidade cultural de seu país.
Obra que cai no vestibular
- Niketche – Uma História de Poligamia – Uerj, UEL e Unicamp.
Itamar Vieira Junior
Nascido na Bahia, em 1979, Itamar também já viveu nos estados de Pernambuco e Maranhão. Além de escritor, é graduado e mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia, e doutor Estudos Étnicos e Africano, sua pesquisa teve como objeto a formação de comunidades quilombolas no interior do nordeste brasileiro.
Sua estreia literária foi em 2012, com o livro de contos “Dias”, que venceu o XI Prêmio Projeto de Arte e Cultura (Bahia). Já “Torto Arado”, sua obra cobrada em diversos vestibulares, conquistou o Prêmio LeYa 2018, o Prêmio Jabuti 2020 e o Prêmio Oceanos 2020.
Obra que cai no vestibular
- Torto Arado – Unicentro, UniRV, UFGD, Uenp.
Agostinho Neto
Assim como Paulina Chiziane, Agostinho Neto (1922 – 1979) teve papel importante na luta pela independência de seu país, a Angola, contra Portugal. O escritor foi presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola e em 1975 tornou-se o primeiro presidente eleito em Angola após a independência.
Agostinho também era formado em Medicina e, devido ao seu engajamento político e suas obras literárias, foi perseguido pela Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), órgão de repressão comandado pelo ditador português António de Oliveira Salazar em suas colônias, antes da independência.
Obra que cai no vestibular
- Sagrada Esperança – Unicentro.
Cruz e Sousa
Poeta mais importante do Simbolismo, João da Cruz e Sousa (1861 – 1898) era filho de negros escravizados alforriaros, e só teve acesso a educação formal depois de ser apadrinhando pelo senhor de escravos que era dono de seus pais. Pela situação de sua família, e a dele próprio, que apesar de frequentar ambientes de elite ainda enfrentava descriminação racial, Cruz e Sousa produziu obras importantes contra a escravidão e se engajou no movimento abolicionista.
Depois de inserido na literatura, o escritor fundou, em Santa Catarina, o jornal semanal “Colombo”, periódico literário com cunho parnasiano. Durante o tempo que viveu no Rio de Janeiro, Cruz e Sousa ainda colaborou com outros veículos de comunicação, escrevendo artigos-manifestos do simbolismo.
Obras que caem no vestibular
- Negro – UFSC e Acafe; e
- Lenda dos Campos – Unioeste.
Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977) nasceu no interior de Minas Gerais. De origem extremamente pobre, ela migrou para a capital paulista em 1937, após a morte de sua mãe, e foi em São Paulo que ela desenvolveu a prática da leitura e escrita, na biblioteca da casa em que ela trabalhava como empregada doméstica.
Depois de se tornar mãe, Carolina passou a trabalhar como catadora de materiais recicláveis e a viver na extinta favela do Canindé, ainda em São Paulo. Foi nessas condições em que ela escreveu a sua obra mais famosa: “Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada”, publicada em 1960.
Obra que cai no vestibular
- Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada – UFPR, Unioeste e UEL.
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Luís Gama
Apesar de ter nascido de uma mãe negra livre e um pai branco, Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830 – 1882) foi escravizado durante a infância, depois que perdeu o contato com sua mãe e seu pai o vendeu para pagar dívidas de jogos. Gama só foi alfabetizado aos 17 anos, com o auxílio de um hóspede de seu dono, e isso o ajudou a conseguir sua alforria.
Depois de livre, passou pelo Exército, e ao trabalhar como escrivão na Secretaria de Polícia de São Paulo teve contato com um professor de Direito e sua biblioteca, porém foi impedido de graduar-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco por ser negro e pobre, tornando-se, assim, um advogado autodidata, além de escritor
Luís Gama uniu sua profissão aos ideais abolicionistas e começou a libertar pessoas escravizadas judicialmente. Historiadores estimam que ele tenha conseguido a liberdade de aproximadamente 500 pessoas.
Obra que cai no vestibular
- Quem Sou Eu? – Unioeste.
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Conceição Evaristo
Considerada uma das mais influentes escritoras do pós-modernismo brasileiro, Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em 1946, na cidade de Belo Horizonte, vinda de uma família pobre e sendo a segunda de nove irmãos. Conseguiu deixar a favela do Pindura Saia, onde vivia, para estudar, enquanto trabalhava como empregada doméstica, e em 1973 mudou para o Rio de Janeiro.
Na capital carioca e em Niterói, Conceição trabalhou como professora de magistério e em 1987 entrou para o curso de Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conseguindo bolsa de pesquisas durante a graduação. Seu mestrado foi feito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e o doutorado na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde ela trabalhou como professora.
Obras que caem no vestibular
- Vozes Mulheres – Unioeste; e
- Ponciá Vicêncio – UFRGS.
José Carlos Limeira
José Carlos Limeira Marinho Santos foi o fundador do Grupo de Escritores Negros de Salvador (GENS), cidade na qual ele nasceu e faleceu, em 1951 e 2016, respectivamente. Além de escritor, José era formado em Engenharia Operacional Mecânica e em Letras, e trabalhava como assessor técnico da Universidade Estado da Bahia (Uneb).
O autor ainda participou da criação e coordenação do Projeto de Capacitação de Trabalhadores Culturais Afrodescendentes, que atendeu, por meio de ações voltadas à cidadania, cerca de 3.700, foi Militante do Movimento Negro brasileiro, vice-presidente do Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (IPCN) e fundador do primeiro Bloco Afro Cultural do Rio de Janeiro, o “Afro Axé Terê Babá”.
Obra que cai no vestibular
- Para Domingos Jorge Velho – Unioeste.
Lepê Correia
Além de escritor, Severino Lepê Correia, nascido em 1952 na cidade de Recife, é professor, pesquisador da cultura afro, radialista, cantor, compositor e integrante do grupo musical “Boca Coletiva”. É também um importante nome do Movimento Negro no Brasil, atuando como membro do Conselho Consultivo da Revista Palmares e participando de ações de comunicação social direcionadas à promoção e valorização da cultura afro-brasileira, como o Prêmio Palmares de Comunicação.
Sua primeira obra, o livro “Caxinguelê”, foi lançado em 1993 e mostra o comprometimento do autor com a cultura afro-brasileira e a história de seu povo. Suas publicações são marcadas por reverência aos ancestrais e denuncia as desigualdades sociais.
Obra que cai no vestibular
- Gato Escondido – Unioeste.
Lima Barreto
Descente de negros escravizados, Afonso Henriques de Lima Barreto (1881 -1922) foi um autor do Pré-Modernismo brasileiro, fase de transição entre a literatura do Simbolismo e a do Modernismo. Dessa forma, havia em suas obras as influências do Simbolismo, Parnasianismo e do Naturalismo, além do nacionalismo crítico, do movimento modernista.
Suas produções ainda trazem muitas referências às suas experiências de vida, marcada pela exclusão e os preconceitos de cor e classe, e os estigmas relacionados ao alcoolismo e aos transtornos psicológicos que Lima Barreto enfrentava e foi internado diversas vezes.
Obras que caem no vestibular
- O Pecado – Unioeste;
- O Homem que Sabia Javanês e Outros Contos – UFU;
- Triste Fim de Policarpo Quaresma – Coltec e UFMS;
- Recordações do Escrivão Isaías Caminha – UVA.
Alice Walker
Alice Walker é uma escritora estadunidense, nascida em 1944, no estado da Georgia. Depois de perder a visão de um de seus olhos, após um acidente aos oito anos, Alice passou a se dedicar mais à leitura e à escrita. Teve o melhor desempenho em sua classe do Ensino Médio e recebeu uma bolsa de estudos na Spelman College, tudo isso enquanto as leis racistas de segregação racial vigoravam nos Estados Unidos.
Em sua primeira obra “Once”, a escritora retrata sua gravidez e o aborto que escolheu fazer no último ano da faculdade, bem como os pensamentos suicídas que se seguiram após a experiência. Depois de se casar com um advogado branco que trabalhava pelos direitos civis dos negros, Alice ainda sofreu peseguição do grupo supremacista branco Ku Klux Klan.
Obra que cai no vestibular
- A Cor Púrpura – UFU.
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