Sintaxe de regência: conceito, importância e exemplos

Sintaxe de regência: conceito, importância e exemplos

Você sabe usar as preposições corretamente? Entenda melhor a relação entre termo regente e termo regido e o uso da crase

A regência é um dos pilares da gramática da língua portuguesa, essencial para estabelecer a correta relação entre as palavras de uma oração.

No contexto do Enem e dos vestibulares, o domínio da regência é indispensável para quem busca se destacar tanto na resolução de questões de gramática quanto na redação.

Pensando nisso, o Portal do Estratégia Vestibulares preparou este guia para te ajudar a compreender a regência e seus tipos com exemplos práticos. Confira!

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O que é regência?

A sintaxe de regência é a parte da gramática que estuda a relação de dependência que se estabelece entre dois termos em uma oração: o termo regente e o termo regido

O termo regente é a palavra que exige ou pede um complemento para ter seu sentido completo. Esse pode ser um verbo (regência verbal) ou um nome (regência nominal). 

Regência verbal e regência nominal

  • Regência verbal: é a relação entre o verbo e seus complementos, que são chamados de “objetos”;
  • Regência nominal: é a relação entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e o termo que o complementa (complemento nominal).

A preposição na sintaxe de regência

A preposição é a palavra que conecta o termo regente ao termo regido apenas quando há verbos e nomes transitivos indiretos. Dentre as principais preposições, estão: a, de, em, por, com e contra. 

Essas preposições podem aparecer contraídas ou combinadas com artigos e pronomes para concordar com os termos regidos da oração. 

Exemplo: 

  • “Eu simpatizo com você”. O verbo simpatizar exige a preposição “com”. 

Por outro lado, verbos transitivos diretos não exigem preposição.

Regência verbal: principais verbos

Certamente, a maior dificuldade reside nos verbos que possuem dupla regência ou que a regência muda de acordo com o sentido. Para você nunca mais errar, focaremos nos verbos mais recorrentes:

Assistir

No sentido de ver/presenciar: exige preposição “a“, funcionando como um verbo transitivo indireto.

Exemplo: 

  • “Assistimos ao filme”.

No sentido de prestar assistência/ajudar: não exige preposição, ficando como transitivo direto. 

Exemplo:

  • “O médico assistiu o paciente”.

Aspirar

  • No sentido de almejar/desejar: exige preposição “a” (VTI). Exemplo: “Aspiramos ao sucesso”).
  • No sentido de respirar/inalar: não exige preposição (VTD). Exemplo: “Aspiramos o ar puro”.

Chegar / ir

Verbos de movimento exigem preposição “a” ou “para” com a finalidade de indicar o destino. Cuidado para não usar “em”!

Exemplos: 

  • “Chegamos à escola”
  • “Fomos ao cinema”. 

Implicar

No sentido de acarretar/ter como consequência não exige preposição (verbo transitivo direto). 

Exemplo: 

  • “A atitude implica punição”. 

No sentido de complicação ou comprometimento de alguém em uma situação, exige preposição “em“, tornando-se transitivo indireto.

Exemplo:

  • “O empresário implicou seus sócios em um esquema financeiro ilegal.”

No sentido de antipatizar ou embirrar, exige preposição “com”.

Exemplo: 

  • “Ela sempre implicou com os colegas da escola.”

Obedecer / desobedecer

São transitivos indiretos e exigem preposição “a“. 

Exemplos: 

  • “Obedeça aos seus pais”.
  • “Não desobedeça às leis.”

Querer

No sentido de desejar, não usa preposição.

Exemplo:

  • “Quero um sorvete

No sentido de estimar ou ter afeto exige preposição “a” (verbo transitivo indireto). 

Exemplo: 

  • “Quero bem aos meus amigos”.

Ascender

O verbo ascender tem sentido elevar-se a algum lugar ou subir de cargo, podendo ser transitivo indireto, regendo a preposição “a”, ou intransitivo (não exige complemento) em alguns contextos.

Exemplos:

  • “Ele ascendeu ao cargo de diretor da empresa.”
  • “O avião ascendeu.” 

Namorar e preferir

Os verbos namorar e preferir possuem regências que frequentemente geram confusão na língua portuguesa: 

  • Namorar é um verbo transitivo direto, o que significa que ele não exige preposição. Logo, “uma pessoa namora alguém”, e não “com alguém”. Exemplo: “Paulo namora Ana.”;
  • Já o verbo preferir é transitivo direto e indireto, e deve ser construído com a preposição “a”. Assim, a pessoa prefere uma coisa a outra, jamais utilizando “do que” ou reforços como “mais” ou “muito”. Exemplo: “Prefiro estudar a sair”.

Regência nominal: principais casos

Na regência nominal, também há casos de nomes (substantivo, adjetivo ou advérbio) que variam sua regência, podendo admitir mais de um tipo de preposição. A seguir, veja alguns dos principais nomes e sua correta regência:

Apto a, para 

  • “O rapaz está apto para iniciar a vida acadêmica.”
  • “O médico mostrou-se apto a conduzir o novo tratamento.”

Acessível a

  • O serviço de saúde deve ser acessível a todos.” 
  • “A biblioteca se tornou acessível ao público.”

Averso a 

  • “O diretor se mostrou averso ao novo plano.”
  • “Muitos são aversos a mudanças.”

Aversão a, por

  • “O público demonstrou aversão pela violência explícita no filme.”
  • “Tenho aversão à mentira.”

Necessidade de 

  • “Ele tinha necessidade de estudar.”
  • “Temos necessidade de apoio.”

Fiel a

  • “É preciso ser fiel à verdade.”
  • “Permaneço fiel aos princípios.”

Contrário a

  • “O resultado foi contrário ao esperado.”
  • “Apresentei argumentos contrários a qualquer tipo de censura.”

Próximo a, de

  • “O mercado fica próximo ao metrô.”
  • “A nova galeria fica próximo da cafeteria.”

Situado a, em, entre

  • “O escritório está situado a 200 metros da orla.” 
  • “A fábrica está situada em São Paulo.” 
  • “O escritório está situado entre o banco e a padaria.”

Visível a

  • “A mudança estava visível a todos”
  • “O erro é visível a todos.”

Ódio a 

  • “Ele sentia ódio à injustiça.”
  • “O ódio ao desconhecido é comum.”

Dúvida sobre, em

  • “Tive dúvida sobre a matéria.”
  • “Sempre tive dúvida em matemática.”

Essencial para

  • “O trabalho dos policiais é essencial para o bom funcionamento da sociedade.”
  • “A disciplina é essencial para o sucesso.”

Triste de, com, por

  • “Ele ficou triste de não poder ajudar.”
  • “Eu estou triste com a situação.”
  • “Ficamos tristes por sua partida.”

O uso da crase na regência

A crase é indicada pelo acento grave (`) e indica a fusão da preposição “a”, exigida pelo verbo ou nome (termo regente), com o artigo definido “a” do termo regido ou pronome demonstrativo (aquele, aquela, aquilo). 

Exemplos:

  • “Os alunos devem obedecer às regras da escola.” → obedecer a + as regras
  • “O professor referiu-se à notícia do jornal.” → referir a + a notícia
  • “A informação deve ser acessível à população de baixa renda.” → acessível a + a população 
  • “O líder estava averso às mudanças propostas.” → averso a + as mudanças
  • “O grupo retornou àquele local histórico.” → retornar a + aquele

Caso tenha dúvida, use a dica: se, ao trocar o substantivo feminino por um masculino, aparecer “ao“, a crase é obrigatória (Ex: Fui à festa → Fui ao evento).

O erro de regência no contexto de Enem e vestibulares

Devido à dependência entre os termos da oração, o erro de regência além de ser um desvio da norma-padrão, afeta a clareza de um texto, e, consequentemente, a nota na redação. 

Especialmente no Enem, o erro de regência desconta pontos preciosos na Competência 1 e pode te deixar mais distante de alcançar sua vaga na universidade dos sonhos. 

Portanto, é crucial dominar este assunto, a fim de não pôr preposição onde não deveria, escolher a preposição errada ou deixá-la faltar.

Dicas para dominar sintaxe de regência

Para fixar este conteúdo essencial não somente para as provas, mas também para uma boa comunicação no cotidiano, siga estas dicas práticas:

  1. Mantenha uma lista das palavras cuja regência mais gera dúvidas e escreva frases de exemplo para cada um;
  2. Pratique a leitura atenta de obras literárias e jornais da sua preferência para internalizar o uso correto das preposições, principalmente em orações mais complexas, e aprimorar de forma orgânica a aplicação da crase;
  3. Pratique regência na redação e questões de gramática;
  4. Anote todos os erros de regência cometidos em questões e redações, e revise este registro periodicamente para reforçar os casos que você tende a esquecer; e
  5. Sempre que tiver dúvida de regência não hesite em consultar suas anotações ou outra fonte de escolha.

Questão de vestibular sobre sintaxe de regência

Acafe (2023)

A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma culta é:

a) No meu relógio já deu seis horas de atraso.
b) Ninguém responde o professor daquele jeito insolente.
c) Sairei do trabalho ao meio-dia e meia.
d) Tenho horror de barata.

Resposta:

A frase da alternativa A possui um erro de concordância verbal, pois o verbo “dar”, no sentido de horas, deve concordar com o numeral plural, sendo o correto “deram seis horas”. 

Na alternativa B, há um desvio de regência verbal, pois o verbo “responder”, no sentido de dar resposta a alguém, é transitivo indireto e exige a preposição “a”. Então, o correto seria “responde ao professor”. 

A frase na alternativa D contém desvio de regência nominal: o nome horror exige a preposição “a” para introduzir seu complemento: “horror à barata”. 

Por fim, a alternativa C está plenamente correta, pois a regência do verbo “sair” e a concordância (ao meio-dia e meia) respeitam a norma-padrão.

Alternativa correta: C.

+ Veja também: Sinais diacríticos: o que são, tipos e funções

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