O domínio de sílabas e fonemas é fundamental para compreender a construção das palavras, sua correta pronúncia e escrita.
Nos vestibulares, o conhecimento sobre esse assunto é comumente cobrado em questões de fonética, ortografia e acentuação.
Pensando nisso, o Estratégia Vestibulares preparou este guia para te ajudar a entender esse conteúdo tão relevante para as provas. Confira!
Navegue pelo conteúdo
Fonética X Fonologia
A Fonética e a Fonologia são ramos da Linguística que lidam com o estudo dos sons da fala, mas com enfoques distintos.
A Fonologia estuda a organização dos fonemas na linguagem, seu papel na formação de palavras e na produção de significado. Já a Fonética foca nos sons como elementos físicos, analisando como são produzidos.
O que é fonema?
O fonema é a menor unidade sonora que forma as palavras e sílabas. Para representá-lo, utilizam-se as letras como sinais gráficos entre barras oblíquas (//).
Conforme a Moderna Gramática Portuguesa, de 2019, enquanto o fonema é uma realidade acústica registrada pelos ouvidos, a letra é o sinal empregado para representar na escrita o sistema sonoro da língua.
Nesse sentido, nem sempre há uma correspondência exata entre fonema e letra:
- “Táxi” ( /t/ /a/ /k/ /s/ /i/) → 4 letras e 5 fonemas
- “Cachorro” (/k/ /a/ /x/ /o/ /r/ /o/) → 8 letras e 6 fonemas (“ch” e “rr” representam um único fonema)
Algumas letras podem representar mais de um som, como o “X” em “táxi” e “fixo”, que tem o som de /k/ e /s/. Esse fenômeno é denominado dífono.
Ademais, fonemas podem ser representados por mais de uma forma, a exemplo do som /s/ que pode ser escrito como “S”, “SS”, “SC” e “SÇ” nos vocábulos. Exemplos: sapo, impresso, descer e nasço.
Classificação dos fonemas
Conforme a forma de produção do som, os fonemas são classificados em três categorias:
- Vogais (A, E, I, O ,U): são sons fortes produzidos sem obstáculo à passagem do ar e são a base das sílabas.
- Semivogais: são os fonemas /i/ e /u/ que produzem sons mais fracos quando acompanham uma vogal em uma mesma sílaba. Exemplos: o /i/ e /u/ em “pai” (/p/ /a/ /i/) e “muito” (/m/ /u/ /i/ /t/ /o/), respectivamente.
- Consoantes: são os sons produzidos com algum tipo de obstáculo à passagem do ar no aparelho fonador e só formam sílabas quando acompanhados de uma vogal.
Encontros vocálicos
Os encontros vocálicos são agrupamentos vogais com semivogais em uma palavra e podem ser de três tipos: ditongo, tritongo e hiato.
Ditongo
Ocorre ditongo quando uma vogal e semivogal encontram-se na mesma sílaba. Pode ser classificado em:
- Ditongo crescente (semivogal + vogal): quando há o encontro de um som mais fraco e um som mais forte, respectivamente. Exemplos: gló-ria, lí-rio, o-blí-quo.
- Ditongo decrescente (vogal + semivogal): quando há o encontro de um som mais forte e um som mais fraco, nessa ordem. Exemplos: pei-xe, noi-te, pai.
- Ditongo oral: quando a vogal é oral, como observa-se em “ai”, “ei”, “ie”, “oi”, “ui”, “ea” e “éu”. Exemplos: or-quí-dea, má-goa e cha-péu.
- Ditongo nasal: quando a vogal é nasal e seu timbre é sempre fechado. Observa-se isso em ditongos como “ão”, “ãe”, “õe”, “am”, “an” e “em”. Exemplos: a-do-ção, põe, co-me-ram.
Tritongo
Ocorre tritongo quando, na mesma sílaba, há uma semivogal, uma vogal e mais uma semivogal. Assim como os ditongos, também podem ser orais ou nasais.
Exemplos de tritongo oral (a, é, ê, i, ó, ô, u):
- Pa-ra-guai
- i–guais
- a-ve-ri-guei
Exemplos de tritongo nasal (ã, ẽ, ĩ, õ, ũ):
- sa-guão
- a-ve-ri-guam
- quão
Hiato
Ocorre hiato quando duas vogais são separadas em sílabas diferentes. Exemplos: sa–í-da, ba-ú, sa–ú-de.
Encontros consonantais
Os encontros consonantais acontecem quando duas ou mais consoantes aparecem juntas, formando dois sons, sem a presença de uma vogal intermediária e sem formar dígrafo. Há duas classificações:
- Encontro consonantal perfeito: as consoantes pertencem à mesma sílaba. Exemplos: cli-ma, pneu, tre-nó, psi-qui-a-tra.
- Encontro consonantal imperfeito: as consoantes pertencem a sílabas diferentes. Exemplos: rit-mo, ap–to, al-to.
Dígrafos
Dígrafo consonantal
Duas consoantes representam um único som. Observe os exemplos dos principais casos:
- LH → milho;
- CH → chocolate;
- NH → ninho;
- RR → carro;
- SS → pássaro;
- QU → quilo;
- SC → descer;
- GU → guerra;
- SÇ → cresça;
- XC → excelente; e
- XS → exsudar
Dígrafos vocálico
Nos dígrafos vocálicos, a vogal é acompanhada por um “m” ou um “n”, conferindo um som nasal. Esses dígrafos representam os fonemas nasais /ã/, /ẽ/, /ĩ/, /õ/ e /ũ/. Veja exemplos dos principais casos:
- AM → campo;
- AN → canto;
- EM → tempo;
- EN → vento;
- IM → limpo;
- IN → lindo;
- OM → sombra;
- ON → conta;
- UM → umbigo; e
- UN → abundante.
O que é a sílaba?
A sílaba é a unidade mínima de pronúncia de uma palavra, formada por um ou mais fonemas organizados em torno de uma vogal, que é sempre o seu núcleo.
Divisão silábica
As regras da divisão silábica na língua portuguesa são baseadas na estrutura fonética das palavras. Nesse sentido, há alguns princípios norteadores da divisão silábica:
- Não há sílaba sem vogal, ou seja, apenas consoantes não formam sílabas.
- Não pode haver mais de uma vogal plena na mesma sílaba.
- Devem-se considerar: a quantidade de vogais da palavra, a presença de encontros vocálicos ou consonantais; e a presença de dígrafos.
Regras de divisão silábica
Separam-se
- Hiato → sa–ú-de, pa–ís, po–e-ma
- Dígrafos separáveis (rr, ss, sc, sç e xc) → pas-sa-do, car-ro, ex-ce-to, cres-cer
- Encontros consonantais imperfeitos (bs, ct, dv, ft, lm, ls, pt, rt, st e tm) → ab-sol-ver, ad-vo-ga-do, af-ta, al-mo-ço
- Prefixos (des-, in- e sub-) → de-sin-for-ma-ção, i-na-ti-vo, su-ben-ten-der
Não se separam
- Dígrafos inseparáveis (ch, lh e nh) → mu-lher, chu-va, ni-nho
- Ditongos → lí-gua, au-la, noi-te
- Ditongos decrescentes (au, eu, ei) → mau, or-dei-ro, ju-deu.
- Ditongos nasais decrescentes → co-ra-ção, cão, na-ção
- Tritongo → u-ru-guai, en-xa-guei, i-guais
- Encontros consonantais perfeitos (no início da sílaba) → pra-to, cla-ro, ca-tra-ca
+ Veja também: Escansão: como contar sílabas poéticas?
Acentuação gráfica e tonicidade
A acentuação gráfica é um importante marcador de sonoridade, pois o uso de um acento ortográfico indica a correta pronúncia de uma vogal e ressalta a sílaba tônica de uma palavra. Assim, evitam-se confusões na leitura e compreensão de certos vocábulos, segundo a Gramática Reflexiva, de 2013.
Acento agudo (´)
- Indica uma vogal aberta
- Exemplos: fé, céu, paletó
Acento circunflexo (^)
- Indica uma vogal com tonicidade fechada
- Exemplos: ângulo, você, bônus
Acento grave (`)
- Indica a crase, que é a fusão de duas vogais “a”.
- Exemplos: à (preposição “a” + artigo “a”), àquele (preposição “a” + pronome demonstrativo “aquele”)
E o til (~) ?
O til é um sinal gráfico que indica a nasalização da vogal, porém não é considerado um acento gráfico. O til pode estar simultaneamente com um acento em um mesmo vocábulo, mas não indica a tonicidade da sílaba, como em “órgão”,
Acentuação Gráfica: principais regras
Oxítonas
São palavras cuja sílaba tônica é a última. Acentuam-se quando terminam em a(s), e(s), o(s), em, ens e em ditongos abertos, como em sofá, café e parabéns.
Paroxítonas
São palavras cuja sílaba tônica está na penúltima sílaba. Acentuam-se quando terminam em i, is, us, r, l, x, n, um/uns, ão/ãos, ã/ãs, ps. Exemplos: ímpar, bíceps e açúcar.
É importante destacar que paroxítonas com ditongos abertos não são acentuadas: ideia, assembleia e heroico
Proparoxítonas
Acentuam-se todas as palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima, como em lâmpada, público e líquido.
Monossílabos tônicos
São acentuados quando terminam em a(s), e(s) ou o(s). Exemplos: chá, fé, gás.
Outros casos de acentuação
Acentuam-se “I” e “U” tônicos quando:
- formam hiato com a vogal anterior;
- estão sozinhos na sílaba ou com “s”;
- precedidos de ditongo em palavra oxítona;
- não há “nh” em seguida.
Exemplos: saúde, ruído, egoísmo e Piauí
Acento diferencial
O acento circunflexo também é empregado para distinguir a pronúncia das palavras com a mesma grafia e com significados ou funções diferentes. Veja exemplos:
- PODE (verbo “poder” no presente) X PÔDE (no pretérito)
- TEM (verbo “ter” na 3ª pessoa do singular X TÊM (verbo “ter” na 3ª pessoa do plural)
- POR (preposição) X PÔR (verbo)
Variação linguística e pronúncia
As variações linguísticas no Brasil, como a diferença nas pronúncias de palavras, exemplificam como os sons podem mudar de acordo com a região. Um exemplo disso é a letra “t” na palavra “quente”. Enquanto na maior parte do país ela é pronunciada como “quenTCHE”, em algumas regiões do Sul, pronuncia-se “quenTÊ”,enfatizando a última sílaba. Essas variações fonéticas demonstram como os fonemas podem ser produzidos de maneiras distintas.
Questão de vestibular sobre fonemas
(URCA/2021 – MODIFICADA)
Leia o trecho a seguir e assinale a alternativa que contém os números corretos de letras e fonemas das palavras destacadas:
“Somos todos juntos uma miscigenação
E não podemos fugir da nossa etnia Índios, brancos, negros e mestiços”
(SCIENCE, Chico. Etnia. Disponível em <https://www.letras.mus.br/chico-science/83236/>) (sic)
a) 6-5; 12-10; 6-6.
b) 6-6; 12-12; 6-6.
c) 6-6; 12-11; 6-6.
d) 6-5; 12-11; 6-6.
Resposta:
- JUNTOS: 6 letras, 5 fonemas (o encontro “un” é um único fonema /ũ/).
- MISCIGENAÇÃO: 12 letras, 11 fonemas (o dígrafo “sc” é um único fonema /s/).
- NEGROS: 6 letras, 6 fonemas (o número de fonemas é igual ao de letras).
Gabarito: alternativa D
Quer ser aprovado no vestibular?
O Estratégia Vestibulares oferece uma plataforma completa que te prepara de forma personalizada e eficiente para o vestibular.
Estude no seu ritmo, no formato que preferir (videoaulas, resumos, simulados e questões inéditas) e de onde estiver. Clique no banner e prepare-se com o Estratégia Vestibulares!