Clarice Lispector é considerada um dos maiores nomes da literatura brasileira no século XX. Com livros como “Perto do Coração Selvagem”, “A Paixão Segundo G. H.”, “Laços de Família” e “A Hora da Estrela”, a escritora tem como destaques sua linguagem poética, intimista e subjetiva, com descrição detalhada do psicológico dos personagens.
Suas obras são expoentes da chamada “Terceira Geração Modernista”, que trazia uma renovação em gêneros literários como conto, romance e prosa. Além das características citadas acima, a fase tem caráter estético, com invenção nas linguagens e procura por novos temas, cotidianos e pessoais.
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Clarice Lispector: biografia
Com o nome “Haya”, Clarice nasceu na Ucrânia, em Tchetchelnik, em 1920, veio para o Brasil quando ainda tinha dois meses de vida, mas ainda bebê teve seu nome alterado por seu pai, que decidiu trocar o nome de todos da família. Foram viver em Maceió, onde morava uma irmã de sua mãe, mas ainda criança se mudaram para Recife, onde ela passou sua infância até os 12 anos, quando, em mais uma mudança, foram para o Rio de Janeiro.
Seu livro de estreia, “Perto do Coração Selvagem”, conquistou o prêmio Graça Aranha, após bons comentários da crítica especializada da época. Clarice também foi jornalista e trabalhou no jornal Correio da Manhã e no Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro. Além disso, também se aventurou na literatura infantil.
Antes de voltar ao Brasil, Clarice viveu na Suíça, Itália, Inglaterra e Estados Unidos. Faleceu aos 56 anos, vítima de um câncer, em 1977, no Rio de Janeiro. Confira as citações de Clarice Lispector que compõem um repertório sociocultural sobre a escritora e que podem ser usadas nas redações.
Citações de Clarice Lispector
1 — “Sou cada pedaço infernal de mim.” — A Paixão segundo G. H., 1964.
2 — “O que me atrapalha a vida é escrever.” — A Hora da Estrela, 1977.
3 — “A loucura é vizinha da mais cruel sensatez.” — Aprendendo a Viver”, 2004 (seleção de crônicas publicadas entre 1967 e 1973).
4 — “Dor é vida exacerbada.” — Água Viva, 1973.
5 — “Sou um coração batendo no mundo.” — Água Viva, 1973.
6 — “Escrever sempre me foi difícil, embora tivesse partido do que se chama vocação. Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir.” — A Descoberta do Mundo”, 1984 (seleção de crônicas publicadas entre 1967 e 1973).
7 — “Perdão é um atributo da matéria viva.” — A Paixão Segundo G. H., 1964.
8 — “Mas sentimentos são água de um instante.” — Felicidade Clandestina, 1971.
9 — “Escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida.” — Um Sopro de Vida, 1970.
10 — “Eu é que serei demoníaca ou anjo; se eu for demoníaca, este é o inferno; se eu for anjo, este é o paraíso.” — A Paixão Segundo G. H., 1964.
11 — “Enquanto a terra for objeto de especulação, o Brasil estará em perigo. Se continuarmos a ser objetivos da ambição alheia, o brasileiro será um pobre coitado e continuar-se-á a matar não só índios, mas a nós também.” — A Matança dos Seres Humanos: os Índios, 1968.
12 — “Sou tão misteriosa que não me entendo.” — Cérebro Eletrônico, 1968.
13 — “A realidade precisava da mocinha para ter uma forma.” — A Cidade Sitiada, 1949.
14 — “É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.” — A Paixão Segundo G. H., 1964.
15 — “Não queria formar a vida porque a existência já existe. Existe como um chão onde nós todos avançamos. Sem uma palavra de amor. Sem uma palavra. Mas teu prazer entende o meu. Nós somos fortes e nós comemos. Pão é amor entre estranhos” — “A Repartição dos Pães”, no livro Felicidade Clandestina, 1971.
16 — “A esperança era o meu pecado maior.” — A Legião Estrangeira, 1964.
17 — “Continuo sempre me inaugurando, abrindo e fechando círculos de vida, jogando-os de lado, murchos, cheios de passado.” — Perto do Coração Selvagem, 1944.
18 — “A tímida e voraz curiosidade pela alegria.” — Para Não Esquecer, 1978.
19 — “Eu sei morrer. Morri desde pequena. E dói, mas a gente finge que não dói. Estou com tanta saudade de Deus.” — Para não esquecer, 1981.
20 — “Vivemos exclusivamente no presente pois sempre e eternamente é o dia de hoje e o dia de amanhã será um hoje, a eternidade é o estado das coisas neste momento.” — A Hora da Estrela, 1977.
21 — “Não muda nada. Escrevo sem esperança de que alguma coisa que eu escreva possa mudar o que quer que seja. Não muda nada.” — Entrevista ao programa Panorama, 1977.
22 — “Nós, os artistas do grande negócio, sabemos que a obra de arte não nos entende. E que viver é missão suicida.” — A Legião Estrangeira, 1964.
23 — “A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via-crúcis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela.” — A Paixão Segundo G. H., 1964.
24 — “Ser às vezes sangra.” — A Descoberta do Mundo, 1984.
25 — “Escrevo simplesmente. Como quem vive. Por isso todas as vezes que fui tentada a deixar de escrever, não consegui. Não tenho vocação para o suicídio.” — Depoimento em “Clarice Lispector – Esboço para um Possível Retrato”, de Olga Borelli, 1981.
26 — “A vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro.” — A Paixão Segundo G. H., 1964.
27 — “Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos.” — Felicidade Clandestina, 1971.
28 — “— Eu me doo o tempo todo.
— Aonde?
— Dentro, não sei explicar.” — A Hora da Estrela, 1977.
29 — “Amizade é matéria de salvação.” — Onde Estivestes de Noite, 1974.
30 — “Mas existe um grande, o maior obstáculo, para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma.” — Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, 1969.
31 — “Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor.” — “Declaração de Amor”, em A Descoberta do Mundo”, 1984 (seleção de crônicas publicadas entre 1967 e 1973).
32 — “Era finalmente o natural viver sozinha.” — O Lustre, 1946.
33 — “Não era mais uma menina com um livro, era uma mulher com o seu amante.” — Felicidade Clandestina, 1971.
34 — “O divino para mim é o real.” — A Paixão Segundo G. H., 1964.
35 — “Sua alma é incomensurável. Pois ela era o Mundo.” — Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, 1969.
36 — “Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.” — Água Viva, 1973.
37 — “Tenho medo de que nem Deus compreenda que a santidade humana é mais perigosa que a santidade divina.” — A Paixão Segundo G. H., 1964.
38 — “A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta, é a glória própria de minha condição. A desistência é uma revelação.” — A Paixão Segundo G. H., 1964.
39 — “Seu coração faminto dominou desajeitado o vazio.” — A Maçã no Escuro, 1961.
40 — “Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?” — A Hora da Estrela, 1977.
41 — “Seu corpo também reclama direitos…” — A Bela e a Fera, 1979.
42 — “A mulherice só lhe nasceria tarde porque até no capim vagabundo há desejo de sol.” — A Hora da Estrela, 1977.
43 — “É que os infelizes se compensam.” — Um Sopro de Vida, 1978.
44 — “Eu havia humanizado demais a vida.” — A Paixão Segundo G. H., 1964.
45 — “Na hora em que o justiceiro mata, ele não está mais nos protegendo nem querendo eliminar um criminoso, ele está cometendo o seu crime particular, um longamente guardado.” — “Mineirinho”, em A Descoberta do Mundo, 1984 (seleção de crônicas publicadas entre 1967 e 1973).
46 — “Acho que não preciso vencer na vida.” — A Hora da Estrela, 1977.
47 — “Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.” — Perto do Coração Selvagem, 1944.
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