9 músicas de Cazuza para usar como repertório sociocultural da redação
Foto: Viva Cazuza/Divulgação

9 músicas de Cazuza para usar como repertório sociocultural da redação

Cazuza abordava desigualdade, política, identidade e contradições do Brasil em sua obra; confira 9 de suas músicas para usar na redação

Cazuza foi um dos artistas mais marcantes da música brasileira dos anos 1980. Poeta, cantor e letrista, sua obra aborda desigualdade, política, identidade, contradições do Brasil e conflitos humanos, sempre com linguagem direta, irônica e provocadora.

Mais do que talento artístico, Cazuza se destacou pela postura questionadora. Ele defendia autenticidade, denunciava injustiças e expunha vulnerabilidades com coragem. Por isso, suas canções se tornaram retratos do Brasil da época, e seguem atuais, já que muitos dos problemas que ele apontava permanecem.

Nesse sentido, suas músicas funcionam como excelente repertório sociocultural para redações de vestibular. A seguir, selecionamos 9 músicas de Cazuza e explicamos como cada uma delas pode fortalecer sua argumentação.

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Blues da Piedade

Em “Blues da Piedade”, Cazuza inicia com “Agora eu vou cantar pros miseráveis, que vagam pelo mundo derrotados”. Embora pareça falar dos marginalizados, o alvo principal de sua provocação são os “de alma bem pequena”, ou seja aqueles que, mesmo ocupando posições privilegiadas, demonstram mesquinharia, covardia moral e completa falta de empatia. 

O verso “Pras pessoas de alma bem pequena, remoendo pequenos problemas, querendo sempre aquilo que não têm” expõe esse grupo com ironia, denunciando sua incapacidade de enxergar o sofrimento real enquanto se afogam em frustrações superficiais.

É importante lembrar que Cazuza escreveu essa música num momento difícil da vida. Ele enfrentava preconceito e compaixão forçada depois de receber o diagnóstico de AIDS. Mesmo assim, ele não pede piedade para si. Pelo contrário, ele vira o jogo e pede piedade justamente para aqueles que deveriam ser mais humanos, mas não são.

Ao mesmo tempo, a letra mantém uma ambiguidade consciente, ao citar os “miseráveis”, também chama atenção para a desigualdade e para aqueles que realmente sofrem abandono social. Assim, a música critica tanto a sociedade que produz marginalizados quanto a elite emocionalmente empobrecida que ignora essa realidade.

A música serve como repertório para discutir exclusão, desigualdades econômicas e desumanização social e justiça social.

Brasil

“Brasil” torna-se símbolo da crítica à nação. Por meio de sua letra, Cazuza aborda a contradição de um país potencialmente grande, mas marcado por injustiças, desigualdades e promessas não cumpridas.

Além da crítica social mais ampla, “Brasil” também aborda diretamente a corrupção, revelando a sensação de descrença coletiva diante das instituições. O verso “Brasil, qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim” ironiza o conluio entre interesses privados e públicos, típico de sistemas marcados por clientelismo, favorecimentos e esquemas clandestinos. 

A pergunta “qual é o teu negócio?” insinua que o país funciona como uma espécie de empresa informal, guiada por acordos, enquanto o imperativo “confia em mim” reflete o discurso manipulador de figuras de poder que pedem confiança, mas não devolvem transparência.

Usar “Brasil” no repertório sociocultural permite problematizar identidade nacional, desafios estruturais do país, ideal vs. realidade, debates presentes em muitas propostas de redação.

Burguesia

A música “Burguesia” ataca diretamente uma classe social privilegiada e critica a alienação e o egoísmo ao falar “enquanto houver burguesia não vai haver poesia”.

Na letra, Cazuza adota uma postura ambígua e provocadora, ele próprio se reconhece como parte da burguesia, mas afirma estar “do lado do povo”, denunciando os privilégios e a indiferença de sua própria classe social. Ao assumir sua posição, ele evidencia que a mudança também precisa partir de quem ocupa espaços de privilégio.

Versos como “A burguesia não repara na dor na vendedora de chicletes, a burguesia só olha pra si” expõem a desigualdade cotidiana e a invisibilidade das classes trabalhadoras, ignoradas pelas elites mesmo quando estão diante de seus olhos.

Já a passagem “O bom burguês é como o operário, é o médico que cobra menos pra quem não tem e se interessa por seu povo” sugere que existe um caminho ético possível, ao usar o privilégio para construir solidariedade e reduzir desigualdades.

Ela traz à tona tensões de classe, injustiça social, desigualdade econômica, e pode servir para abordar as contradições sociais no Brasil, a opressão pelo poder econômico, e a urgência da solidariedade e da consciência social.

Cobaias de Deus

“Cobaias de Deus” expressa uma angústia profunda do eu-lírico, que se sente como “rato enorme nas mãos de Deus” e declara “Nós somos cobaias de Deus”.

Essa faixa reflete desespero, alienação existencial, marginalização, a sensação de estar à mercê de forças que manipulam vidas. Essas questões existenciais e sociais reverberam-se em contextos de estigma, desigualdade e exclusão e serve para discutir opressão, discriminação, sofrimento humano.

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Ideologia 

“Ideologia” é um grito direto de inconformismo de Cazuza ao cantar: “Ideologia, eu quero uma pra viver”. A canção, considerada uma das maiores da música brasileira, 

questiona valores estabelecidos, crenças vazias, e a alienação imposta pela sociedade.

No verso “Aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste tudo de cima do muro”, Cazuza critica a apatia social e a neutralidade confortável de quem, antes movido por sonhos revolucionários, agora evita posicionamento. 

A imagem de “ficar em cima do muro” revela um comportamento comum em contextos de crise. Diante do medo, da descrença política ou do cansaço, muitos preferem não se envolver. 

No contexto de redações, “Ideologia” abre espaço para reflexões sobre sistemas de valores, manipulação ideológica, dogmas sociais, e a urgência de consciência crítica.

Manhatã

Na música “Manhatã”, Cazuza ironiza o chamado “sonho americano”. Ele traz o olhar de quem migra em busca de oportunidades, mas encontra discriminação, exploração e alienação. Em discussões contemporâneas, isso dialoga com migração, globalização, neocolonialismo e o mito do “país ideal”.

Ao cantar “Virei chicano, índio americano, agora os States são meus”, ele encena uma identidade híbrida, quase fictícia, criada para se adaptar ao país estrangeiro, uma mistura forçada entre culturas que mostra a tentativa de pertencimento em um espaço onde o sujeito é visto como estrangeiro.

“Manhatã” permite problematizar a síndrome de vira-lata, as expectativas e frustrações de quem busca melhores condições de vida e a desigualdade entre realidades de diferentes países.

Um Trem pras Estrelas 

“Um Trem para as Estrelas” denuncia a dura rotina do trabalhador brasileiro nos anos 1980, com filas de ônibus, salários de fome, desigualdade, ilusões de ascensão. 

A letra mostra o contraste entre a esperança e a dureza da realidade. O “trem pras estrelas” surge como metáfora da ilusão da fuga da miséria e da possibilidade de uma vida melhor, expondo a exploração estrutural.

Além disso, Cazuza critica a cidade do Rio de Janeiro e, de forma mais ampla, às estruturas sociais que falham em oferecer acolhimento ao cantar: “Estranho o teu Cristo, Rio, que olha tão longe, além, com os braços sempre abertos, mas sem proteger ninguém”.

A estátua, com “os braços sempre abertos”, representa um ideal de cuidado e compaixão que não se concretiza na vida real, marcada por violência, abandono e desigualdade. 

Essa música pode ser usada para abordar desigualdade social, precarização do trabalho, sonho e desilusão, especialmente pertinente em contextos atuais de crise econômica, desemprego e injustiça social.

O Tempo Não Para

Em “O Tempo Não Para”, Cazuza mistura crítica social e reflexão existencial, retratando um país preso às próprias contradições. O verso “Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades” sintetiza a percepção de que o futuro não chega de verdade, apenas recicla velhos problemas com novas embalagens.

A expressão “museu de grandes novidades” é uma ironia poderosa, porque evidencia que aquilo que deveria ser novo continua sendo apenas a repetição das mesmas estruturas sociais: desigualdade, corrupção, violência simbólica, hipocrisia.

Esse trecho pode ser útil em redações que discutem imobilismo social, repetição histórica, falta de mudança estrutural ou ciclos de crise no Brasil. A ideia de que “o futuro repete o passado” pode ilustrar como o país insiste em manter padrões históricos de exclusão, enquanto o “museu de grandes novidades” mostra que muitas “inovações” anunciadas são apenas versões modernizadas de velhos problemas.

O Nosso Amor a Gente Inventa

Diferente de suas canções mais abertamente políticas, aqui ele volta o olhar para os conflitos íntimos, especialmente os dramas afetivos e o desgaste emocional de uma relação que não funciona mais.

O verso central “O nosso amor a gente inventa pra se distrair” resume o tom da música: uma crítica à idealização dos relacionamentos. Cazuza mostra que muitas vezes as pessoas criam ilusões para manter vivo algo que já perdeu o sentido. Ele desmonta a ideia romântica de que o amor sempre supera tudo e expõe o quanto pode existir de mentira, repetição e autoengano nas relações.

Embora mais romântica, essa música também oferece material para refletir sobre construção de afetos, fugas da realidade, idealização do amor em contextos de dor e desilusão e como a arte pode ser refúgio diante da opressão ou da dureza social.

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