9 temas de redação sobre saúde mental para vestibulares e Enem
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9 temas de redação sobre saúde mental para vestibulares e Enem

O Portal EV selecionou nove propostas de redação sobre saúde mental, apresentadas por bancas diversas entre 2020 e 2025; confira

Nos últimos anos, sobretudo a partir da pandemia da Covid-19, o tema saúde mental se tornou uma pauta nas redes sociais e na própria mídia. Esse destaque reflete uma crescente preocupação social com o bem-estar psicológico da população em meio a contextos de crise e às exigências da vida contemporânea. 

A partir de diferentes enfoques, como o estigma em torno das doenças mentais, a medicalização da vida, o impacto das redes sociais e a pressão por felicidade constante, as bancas de vestibulares têm proposto reflexões profundas sobre saúde mental em suas redações.

O Portal Estratégia Vestibulares selecionou nove propostas de redação sobre o tema, apresentadas por bancas diversas entre 2020 e 2025. Convidamos também o professor de Redação e Filosofia do Estratégia Vestibulares, Fernando Andrade, para comentar os temas e ampliar ainda mais o repertório formado!

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Unesp 2025: Medicalização da vida

O gênero textual exigido pela banca da Unesp 2025 é o dissertativo-argumentantivo, enquanto o tema proposto para a redação foi “Medicalização da vida: a quem interessa?”.

Para contribuir com a produção da redação, a prova disponibilizou cinco textos motivadores sobre o tema. Entre eles, estavam tirinhas, trechos de artigos da área da Psicologia e um artigo da Revista Cult.

  • O texto 1 foi uma charge de Quino, autor de Mafalda, ironiza o uso massivo de medicamentos como o Valium;
  • O texto 2, uma tirinha de André Dahmer, também utiliza o humor crítico para problematizar o consumo exagerado de remédios;
  • O texto 3 discute a ascensão da indústria farmacêutica e o papel da medicina na definição do que é considerado “normal” ou “anormal”;
  • O texto 4, da psicanalista Maria Rita Kehl, alerta para o empobrecimento da subjetividade promovido por uma visão biologicista das emoções humanas;
  • Já o texto 5, de Marcelo Kimati, reforça a crítica à medicalização ao mostrar que ela desconsidera causas sociais do sofrimento psíquico, como perdas financeiras ou relações interpessoais.

Uece 2024: a importância do profissional de psicologia nas instituições escolares

A banca organizadora das provas do vestibular 2024 da Universidade Estadual do Ceará (Uece) ofereceu aos candidatos duas propostas de produção textual diferentes, e era necessário escolher apenas uma.

Em uma das propostas, o gênero exigido era o de uma carta de solicitação. Já na outra, os participantes deveriam escrever um texto narrativo. Em ambos os gêneros, o tema era: “Importância do profissional de psicologia nas instituições escolares”.

O candidato que optasse pela carta de solicitação, deveria escrevê-la para o Governador do Estado do Ceará, na posição de representante do setor escolar, solicitando um psicólogo nas escolas públicas cearenses e justificando tal presença.

Já o candidato que preferisse o texto narrativo, deveria escrever como um aluno de uma Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) participante do Programa “Adote Um Estudante”, sobre um acontecimento desafiador na sua vida em que o referido programa foi essencial para que você pudesse superar esse momento difícil.

Para escrever aos textos, os cadidatos tiveram o apoio de dois textos motivadores, sendo eles: Saúde mental: como cuidar de toda a comunidade escolar, da Nova Escola, e a notícia Com projeto de saúde mental, escola do Ceará é finalista do prêmio de melhor do mundo, sobre o projeto Adote Um Estudante.

UEM 2024: Qual é a relação entre uso excessivo das redes sociais e saúde mental?

A prova de redação da UEM 2024 pediu que o candidato escrevesse uma resposta argumentativa à pergunta: “Qual é a relação entre uso excessivo das redes sociais e saúde mental?”. 

O comando se baseava em uma situação simulada: após os debates em um fórum sobre “Saúde Mental e Redes Sociais”, promovido pela Secretaria de Saúde, um dos palestrantes solicitou aos participantes que produzissem um texto respondendo a essa questão. A proposta indicava ainda que a produção seria publicada na conta do evento no Instagram.

As obras de apoio oferecidas pela banca foram um texto adaptado do Jornal da USP, intitulado Uso excessivo das redes sociais pode levar a uma realidade ficcional, e um texto adaptado da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, chamado Um olhar para dentro: uso desenfreado de redes sociais afeta saúde mental e desgasta relações fora das telas.

Uerr 2024: Estamos caminhando para uma sociedade mais doente?

A banca responsável pelo vestibular da UERR 2024 exigiu que o texto da redação fosse do gênero dissertativo-argumentativo e disponibilizou três temas diferentes, entre eles: “Estamos caminhando para uma sociedade mais doente?”.

O comando de produção baseava-se em dois textos motivadores, sendo eles Zolpidem: os preocupantes efeitos colaterais do remédio que virou moda entre os jovens,adaptado do portal G1 e outro sem título, adaptado da Revista Trip.

As produções discutiam o uso crescente de medicamentos controlados, em especial o zolpidem, um remédio indicado para insônia, mas que tem sido amplamente consumido por jovens, muitas vezes de maneira recreativa e sem prescrição médica. 

Os textos alertavam para os efeitos colaterais do uso indiscriminado da substância, como alucinações, dependência química e comportamentos de risco, além de apontarem um aumento significativo na venda de medicamentos controlados desde a pandemia de covid-19.

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UFJF 2024: Questões de saúde mental se intensificaram durante e após o período de pandemia

A prova de redação da UFJF 2024 propôs aos candidatos a produção de um texto explicativo com base no seguinte tema: a intensificação dos problemas de saúde mental no contexto pós-pandemia. 

O comando pedia ainda que o candidato explicasse como Émile Durkheim analisaria essa situação a partir do conceito de anomia, termo de sua teoria sociológica. 

A proposta baseava-se em um texto motivador retirado do portal da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que apresentava dados alarmantes sobre a saúde mental no Brasil, considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo, de acordo com a OMS. 

De acordo com o texto, a situação é especialmente preocupante entre educadores e estudantes, com altos índices de ansiedade, depressão, desmotivação e dificuldades de concentração, agravados durante a pandemia de covid-19.

Encceja 2023: Ações para cuidar da saúde mental do trabalhador

O tema da redação dissertativa-argumentativa da prova de Ensino Médio do  Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) 2023 foi “Ações para cuidar da saúde mental do trabalhador”. 

As edições de 2010 a 2016 e 2022 a 2023 não foram divulgadas pelo Inep, por isso, não sabemos quais os textos motivadores estavam disponíveis aos candidatos.

Unesp 2022: A obrigação de ser feliz como motivo para a doença mental

A proposta de redação da Unesp 2022 solicitou que os candidatos escrevessem um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “‘Tudo bem não estar bem’?: A tristeza em tempos de felicidade compulsória”.

A proposta foi acompanhada de quatro textos motivadores que forneceram diferentes perspectivas sobre o modo como a sociedade atual lida com emoções como a tristeza, muitas vezes reprimida diante de uma cultura da felicidade obrigatória.

O texto 1, um trecho da canção Samba da Bênção, de Vinicius de Moraes e Baden Powell, lembra que a tristeza também tem valor, sendo inclusive necessária para a criação artística, como no caso do samba.

O texto 2, uma tirinha do cartunista André Dahmer, ironiza a expectativa social de felicidade constante, destacando o peso emocional que essa imposição pode gerar. O texto 3 apresenta um trecho de uma entrevista com Pascal Bruckner, autor de “O mal da felicidade”, publicada pela revista Época

Já o texto 4 trouxe o depoimento da tenista Naomi Osaka, publicado na revista Time, no qual ela relata a pressão emocional vivida no esporte e defende a importância de falar sobre saúde mental. A frase “It’s ok to not be ok” resume o lema dessa nova era de maior abertura ao sofrimento psíquico.

Unichristus 2022: A prioridade da saúde mental em evidência no contexto da pandemia no brasil

A Unichristus propôs aos candidatos do vestibular 20222 a produção de um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “A prioridade da saúde mental em evidência no contexto da pandemia no Brasil”.

A proposta partia de três textos motivadores, que apresentavam dados, análises e reflexões sobre o impacto da pandemia da Covid-19 na saúde mental da população brasileira, em especial, de jovens, crianças e trabalhadores.

O Texto 1, publicado no g1 e intitulado Qualidade de vida: saúde mental é prioridade em tempos de pandemia, destacava como o tema passou a fazer parte do cotidiano de indivíduos, empresas e instituições após o isolamento social e outras mudanças impostas pela pandemia. O texto citava também o caso da ginasta Simone Biles, que abandonou competições olímpicas para preservar sua saúde mental.

O Texto 2, com o título “Impacto da Covid-19 na saúde mental de crianças, adolescentes e jovens é significativo, mas somente a ‘ponta do iceberg’”, publicado pela UNICEF, alertava para o fardo já existente das condições mentais entre jovens antes mesmo da pandemia, apontando ainda a falta de investimento dos governos nessa área.

Já o Texto 3, “Pesquisa revela impacto da pandemia na saúde mental de jovens”, da Agência Brasil, apresentava dados de um levantamento realizado pela Pfizer em cinco capitais brasileiras, mostrando que metade dos jovens entrevistados relatou piora significativa em sua saúde mental durante o período, com destaque para sintomas como tristeza, irritação e insônia.

Enem 2020:  O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira

A proposta de redação do Enem 2020 solicitou aos candidatos a produção de um texto dissertativo-argumentativo sobre “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”.

A proposta foi acompanhada de três textos motivadores. O texto 1, retirado do site da Secretaria de Saúde do Paraná, esclarecia que saúde mental não se resume à ausência de doenças, mas envolve o equilíbrio emocional, a capacidade de lidar com frustrações e mudanças da vida, e a busca por ajuda quando necessário.

O texto 2, da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), abordava o conceito de estigma, explicando sua origem e como ele ainda se manifesta em relação às doenças mentais, como depressão e ansiedade. 

O texto 3 apresentava dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que evidenciavam a gravidade do problema no Brasil e no mundo. Confira abaixo:

Análise do professor: os temas sobre saúde mental se dividem em três eixos

Segundo o professor Fernando Andrade, as doenças mentais passaram a ser mais discutidas após a pandemia. Para ele, o tema saúde mental envolve questões múltiplas e complexas, relacionando medicina, farmácia, economia, sociologia e ética.

“No momento de stress social e falta de perspectiva (como na pandemia), as pessoas começaram a manifestar sinais de sofrimento psíquico agudo e incapacitante. Geralmente, as propostas de redação giram em torno dessa relação entre estilo de vida e patologias mentais e as formas como acolhemos ou não acolhemos aqueles que precisam de apoio”, explica Andrade.

Ele ainda divide as propostas de redação em três eixos, que apesar de possuírem abordagens diferentes, se complementam. São eles: as causas sociais das doenças mentais, os fármacos e como lidar com o problema. Veja abaixo sua explanação sobre cada eixo e tema:

Eixo 1: Causas sociais

UFJF 2024: Durkheim, anomia e doenças mentais

“Trata-se não exatamente de uma proposta, mas de uma questão dissertativa de sociologia, que permite exercitar a construção de um parágrafo argumentativo de peso, dada a força explicativa do conceito de anomia. O termo, cunhado por Durkheim, define situações de crise social em que a ordem parece ruir. Essa sensação de insegurança leva ao sofrimento psíquico. Durkheim percebeu isso ao fazer uma pesquisa sobre o suicídio e observar que, em momentos de guerra, aumentava o número de pessoas que tiravam a própria vida.”

UEM 2024: A saúde mental em tempos de redes sociais

“Temos pela frente outra proposta que pode ser encarada como um belo exercício para a escrita dissertativa. A UEM opta pelos gêneros. Nesse caso, pediu que os candidatos escrevessem uma RESPOSTA ARGUMENTATIVA à questão: Qual é a relação entre uso excessivo das redes sociais e saúde mental? Ótima oportunidade para refletir sobre as consequências dessa mudança de socialização que, hoje, passa pelas redes sociais. Os textos de apoio apresentam argumentos interessantes para sustentar a tese de que as redes sociais podem prejudicar a saúde mental. O fato de ser uma resposta argumentativa desobriga o escritor de fazer uma introdução mais trabalhada e dá a chance de se concentrar na argumentação.”

Unichristus 2022: Doenças mentais e stress social, o caso da pandemia

“Já quase nem nos lembramos do período tenebroso da pandemia, pois é. Essa proposta faz com que percebamos a ligação entre circunstâncias sociais e saúde mental. Ela está datada. O tema “A prioridade da saúde mental em evidência no contexto da pandemia no Brasil” sugeria que se discutisse a questão sobre o que estava acontecendo na época. Contudo, os dados apresentados e a correlação feita entre pandemia e saúde mental são bem interessantes. Vale a pena enfrentar esse tema, alterando a proposta: A saúde mental em primeiro lugar: o que a pandemia nos ensinou? Lógico que, nesse caso, não se deveria apresentar proposta de intervenção, pois o tema exigiria um desenvolvimento analítico e não ao estilo Enem.”

Unesp 2022: A obrigação de ser feliz como motivo para a doença mental.

“Em 2022, a VUNESP, partindo da notícia da tenista que havia abandonado Roland Garros para cuidar de sua saúde mental, resolveu perguntar: “Tudo bem não estar bem?”: A tristeza em tempos de felicidade compulsória. A proposta é um convite para que possamos pensar como a obrigação social de ser feliz pode nos levar justamente a perdermos a saúde mental.”

Eixo 2: Os fármacos

Unesp 2025: Medicalização da vida

“A medicina psiquiátrica andou pari passu com a indústria farmacêutica, que foi capaz de desenvolver drogas capazes de alterar o humor daqueles que padecem de transtornos mentais. Tais drogas passaram a ser indicadas para aqueles que se sentiam infelizes ou que tinham que lidar com as mazelas de uma sociedade cada vez mais exigente. Resultado: começamos a achar normal a medicalização daquilo que, no passado, seria considerado um sofrimento normal devido à frustração. Ótimo tema para refletir até que ponto o diagnóstico de doença mental aponta para um problema real e sobre os limites dos usos de fármacos para regular a psiquê humana.”

Uerr 2024: O que o uso de substâncias para viver revela sobre nossa forma de viver

“A proposta de redação da UERR era: “Estamos caminhando para uma sociedade mais doente?” A resposta deveria levar em consideração o uso inadequado de um fármaco utilizado para induzir ao sono, mas que produz alucinações. Há jovens viciados nisso. No fundo, a questão é a seguinte: se precisamos de remédios para viver, significa que nosso tipo de vida é uma doença?”

Eixo 3: Como lidar com o problema

Uece 2024: O acolhimento

“A UECE elaborou uma proposta a partir da premiação de uma escola do Ceará por conta do programa “Adota um Estudante”. Nessa escola, alunos com ansiedade, depressão ou até que praticam automutilação são atendidos por psicólogos voluntários de vários estados brasileiros. Os textos de apoio são bastante informativos. A banca pede que o candidato escolha entre dois gêneros: uma carta de solicitação endereçada ao governador para que o programa seja estendido para outras escolas ou uma narrativa de quem participou do programa.”

Encceja 2023: “Ações para cuidar da saúde mental do trabalhador”

O Encceja também é elaborado pelo INEP, instituto responsável pela prova do Enem. A proposta de redação tem a mesma pegada. Para fazer propostas de intervenção (sugestão de ações), é preciso que se discuta antes o que leva o trabalhador a se afastar do exercício laboral devido a doenças mentais. Pode-se considerar as exigências cada vez maiores de eficiência e a insegurança em relação à continuidade no trabalho. Outra possibilidade é considerar as consequências: tem aumentado o número de profissionais afastados devido a doenças mentais, o que traz prejuízos financeiros e emocionais para todos os envolvidos.

Enem 2020: Primeiro passo, reconhecer o problema

Se você vai prestar o Enem, não tem como não passar por essa proposta de 2020: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”. Trata-se de uma das melhores propostas do Enem, dentro do estilo da banca de solicitar que o aluno reflita sobre uma situação-problema. Um dos grandes empecilhos para poder acolher as pessoas com sofrimento mental é justamente reconhecer a condição delas.

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