Antropologia: o que estuda, importância, tipos e métodos

Antropologia: o que estuda, importância, tipos e métodos

Trabalhar com antropologia é se aprofundar no entendimento do ser humano em sua dimensão social, cultural, política, linguagens e todos os fatores que influenciam na nossa forma de compreender o mundo e as sociedades. 

Neste artigo, você entenderá a que parte da ciência a antropologia pertence, qual sua importância para os dias atuais e como as informações antropológicas são obtidas. Veja, além disso, questões do Enem que levaram em consideração conhecimentos desse assunto. Vamos aprender?

O que é antropologia?

O termo antropologia remete ao grego “anthropos” e “logos” que significam, respectivamente, homem (humano) e estudo (razão, lógica) — podemos, então, sintetizar essa ciência como aquela que estuda o ser humano. 

Diferentemente da medicina e da biologia, os estudos antropológicos não dão enfoque para a porção corporal e sistemas fisiológicos. A antropologia busca entender as diversas nuances que compõem um humano: toda a questão biológica, social e cultural que trabalham, ao mesmo tempo, para a construção das individualidades e identidades.

Muitas vezes, um antropólogo observa uma mesma cultura e sociedade por anos, buscando entender as características mais específicas e essenciais daquele povo. Assim, é possível traçar os aspectos coletivos que norteiam as ações e escolhas dos indivíduos.

Isso pode ser importante, por exemplo, quando um povo está imerso em uma grande desigualdade social. Entender o que motiva as diferenças, quais valores estão por trás daquela realidade, como isso afeta a vida dos diferentes grupos e como as instituições trabalham com esse tema pode ser relevante para traçar o perfil antropológico da sociedade em estudo. 

A antropologia foi reconhecida como ciência em tempos históricos recentes, mas, mesmo assim, podemos observar filósofos gregos abordando as individualidades humanas e tentando entender os diversos estilos de vida.

Atualmente, um possível surgimento sistemático da antropologia é atribuído a Émile Durkheim, no mesmo momento em que surgia a sociologia — durante o crescimento e desenvolvimento do capitalismo industrial. 

Os primeiros estudos antropológicos tinham forte caráter etnocêntrico, muito focado no “poder” das etnias europeias. Aproximadamente nos séculos XIX, a ciência tinha maior prestígio social do que a religião, então, os indivíduos com pretensões exploratórias e colonizadoras precisavam justificar cientificamente suas atitudes. 

Diante disso, muitos estudiosos formularam teorias e ideias para embasar o domínio social feito pelos europeus em outras partes do mundo. Pesquisas que afirmavam superioridade entre etnias, maior capacidade intelectual, como o darwinismo social — teoria que afirmava uma evolução entre as sociedades. 

Com o passar do tempo, houve um aperfeiçoamento dessas visões e, atualmente, o mais adequado é observar as sociedades e etnias como uma composição de diversidades. A ideia, aqui, não é hierarquizar qual grupo étnico é melhor ou pior, mas compreender as diferenças entre eles.

+ Veja também:  Surgimento da Sociologia: contexto histórico

Divisão da antropologia

Antropologia física

Antropologia física é a ciência que agrupa conhecimentos geográficos e biológicos para entender a influência do ambiente na construção dos indivíduos. Juntamente com a paleontologia e a arqueologia, os estudos antropológicos aprofundam-se na origem e evolução dos seres humanos.

Nesse sentido, o caráter evolutivo de nossa espécie é levado em consideração, ao analisar os primatas que nos antecederam na história do Planeta, por exemplo.

Antropologia cultural e social

A antropologia cultural e social aborda com maior foco as questões de costumes, hábitos, linguagens e comportamentos dos seres humanos. Por exemplo, a carta de achamento escrita por Pero Vaz Caminha, na ocasião do descobrimento do Brasil é um documento histórico importante, que demonstra um estranhamento e choque cultural entre duas etnias completamente distintas.

Nesse sentido, os antropólogos tentam entender as visões de mundo que dão base para as mais diferentes sociedades, com todos os seus hábitos culinários, costumes religiosos, mitos, lendas, ditados, linguagens e dialetos, rituais, técnicas, saberes e práticas. 

Veja, portanto, que os estudos antropológicos são extremamente relevantes para a desconstrução de uma cultura etnocêntrica que perpetuou na ciência durante um longo período histórico.

Questão do Enem

O conhecimento antropológico é relevante para o estudo pré-vestibular, porque permite reconhecer as diversas nuances que compõem uma sociedade e cultura. Em âmbito de Enem, principalmente, esses temas são muito abordados! Veja, a seguir, uma questão, da edição de 2012 da prova.

ENEM 2012 

Ao final do Ano da França no Brasil, aconteceu na Bahia um encontro único entre a bossa nova brasileira e a música francesa, no show do cantor e compositor baiano radicado na França, Paulo Costa. O show se chama “Toulouse em Bossa” por conta da versão da música “Toulouse”, de Claude Nougaro, que é uma espécie de hino deles, tal como é para nós “Garota de Ipanema”, explica Paulo Costa. Nougaro é famoso na França e conhecido por suas versões de músicas brasileiras, como “O Que Será que Será” e “Berimbau”.

Disponível em http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010. Adaptado.

O que representam encontros como o ocorrido na Bahia em 2009 para o patrimônio cultural das sociedades brasileira e francesa?

a) Ocasião para identificar qual das duas culturas é mais cosmopolita e deve ser difundida entre os demais países.

b) Oportunidade de se apreciar a riqueza da diversidade cultural e a possibilidade de fazer dialogar culturas diferentes.

c) Mostra as diferenças entre as duas culturas e o desconhecimento dos brasileiros em relação à cultura francesa.

d) Demonstração da heterogeneidade das composições e da distância cultural entre os dois países.

e) Tentativa de se evidenciar a semelhança linguística do francês e do português, com o intuito de unir as diferentes sociedades.

O texto demonstra um rico encontro cultural entre povos de costumes diferentes. A visão antropológica e sociológica desse contexto serve para observar as nuances que se destacam em cada cultura, sem compará-las em termos de quem é pior ou melhor, mas apenas perceber e contemplar a diversidade.

O ideal aqui, é fazer com que ambos os povos mostrem seus valores, independentemente de prévio conhecimento. A distância cultural não é o melhor termo para definir o encontro, pois esse conceito abordaria as limitações nas trocas entre os dois povos — o trecho evidencia, na verdade, a quebra dessas barreiras. 

Ao mesmo tempo, não há nenhuma menção a uma aproximação linguística entre o francês e o português. Assim, observamos que a alternativa que melhor responde à pergunta é a letra B.

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