Gênero e sexualidade: conceitos sociológicos

Gênero e sexualidade: conceitos sociológicos

Gênero, sexo e sexualidade são dois conceitos importantes da sociologia, que permitem a classificação dos indivíduos conforme suas características biológicas e os aspectos de suas relações afetivas. São importantes tanto para a compreensão de qual gênero pode ser mais acometido por cada doença, ou observação de estatísticas sociais que englobam violência associada com a sexualidade do indivíduo, por exemplo. 

O objetivo deste artigo é apresentar os conceitos de gênero e sexualidade, do ponto de vista sociológico. A partir disso, serão apresentadas questões de vestibulares que citam o tema, direta ou indiretamente, para a construção do raciocínio.

Conceito de sexo

A ideia de sexo biológico faz referência ao aparelho reprodutor do indivíduo em questão. É uma perspectiva orgânica sobre o feminino e masculino, que engloba toda a estrutura genética, fenotípica e reprodutiva da espécie humana. 

Diante disso, o sexo feminino é aquele que apresenta seios, útero, ovários, tubas uterinas, colo uterino, vagina e vulva. Já o sexo masculino inclui os indivíduos que, por meio de suas informações genética, desenvolvem testículos, saco escrotal e pênis. 

Conceito de gênero

Por sua vez, o conceito de gênero engloba uma visão mais sociológica sobre o assunto. É um termo que retrata a visão social sobre cada gênero, por exemplo, questões como feminilidade e masculinidade estão relacionadas com esse conceito.

Do ponto de vista social, há uma intersecção da visão entre sexo e gênero. Muitas sociedades atribuem vestimentas, comportamentos, trabalhos, locais que só podem ser frequentados por um gênero, considerando o sexo biológico do indivíduo. 

Sociologicamente, ser do sexo feminino é diferente de “ser mulher”. Ser mulher é uma construção social baseada na cultura e ideias políticas de cada lugar, por muito tempo, por exemplo, ser exclusivamente dona de casa era um sinônimo de feminilidade em muitos países ocidentais. E a situação é semelhante para os homens.

Atualmente, entretanto, a construção de gênero é avaliada de forma mais dinâmica, que permite uma maior liberdade para ambos os sexos, que podem ocupar diferentes espaços de trabalho e fazer diferentes escolhas ao longo da vida, em termos de relacionamento, tarefas domésticas, entre outros aspectos.

Estudiosos que defendem essa vertente, propõem que o papel de cada gênero na sociedade foi construído ao longo da história, influenciado por guerras, métodos diferentes de trabalho e estilos de vida completamente diversos. Assim, acreditam que as ideias do que é “feminino” ou “masculino” são mais sociais do que biológicas. 

Em oposição, algumas visões políticas e sociais da atualidade dão um enfoque maior para o papel de cada gênero dentro da sociedade, mas baseiam suas ideias em características biológicas dos indivíduos. 

Nessa concepção, cada gênero teria sido predestinado biologicamente para ter funções diferentes na constituição dos núcleos familiares, influência sobre instituições sociais, comportamentos frente às decisões profissionais, entre outros aspectos. 

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Sexo e gênero: transgeneridade

Pessoas que identificam-se como transgênero são aquelas que, embora tenham nascido com um sexo biológico, não se identificam com o gênero social associado a ele. Ou seja, possuem uma identidade de gênero que difere de sua constituição fenotípica. Muitas delas buscam a transição sexual, mudanças corporais e a mudança de nome, com isso, relatam uma maior aceitação do próprio corpo. 

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Conceito de sexualidade

A sexualidade, por sua vez, é uma temática que volta-se para a compreensão das relações afetivas entre os seres humanos. Diz respeito às ligações socioafetivas realizadas entre indivíduos, considerando se têm maior atração por gêneros semelhantes ou diferentes do seu. 

O estudo social com base na sexualidade leva em consideração os objetos de desejo erótico do indivíduo. Historicamente, diferentes tipos de atração sexual ocorrem entre os indivíduos, porém, as sociedades ocidentais tendem a um predomínio de relações heterossexuais (com indivíduos de gêneros diferentes). 

Como grande parte da população identifica-se como heterossexual, muitos estudos e políticas adotam que esse tipo de atração como padrão. Nessa visão, indivíduos que relacionam-se com pessoas do mesmo sexo são consideradas “fora da curva” e estão sujeitos a maiores represálias sociais. 

Atualmente há uma forte oposição dos movimentos sociais LGBTQIA+ para a construção de políticas públicas e conscientização da população, no sentido de diminuir o preconceito associado com pessoas que apresentam um objeto de desejo erótico não-heterossexual, o que inclui homossexuais, heterossexuais, bissexuais, panssexuais, entre outros. Suas lutas são intensas, como demonstra o exercício a seguir:

Enem (2017)

No Brasil, assim como em vários outros países, os modernos movimentos LGBT representam um desafio às formas de condenação e perseguição social contra desejos e comportamentos sexuais anticonvencionais associados à vergonha, imoralidade, pecado, degeneração, doença. Falar do movimento LGBT implica, portanto, chamar a atenção para a sexualidade como fonte de estigmas, intolerância, opressão.

SIMÕES, J. Homossexualidade e movimento LGBT: estigma, diversidade e cidadania. In: BOTELHO, A.; SCHWARCZ, L. M. Cidadania, um projeto em construção. São Paulo: Claro Enigma, 2012 (adaptado).

O movimento social abordado justifica-se pela defesa do direito de

A) organização sindical.  
B) participação partidária.  
C) manifestação religiosa.  
D) formação profissional.  
E) afirmação identitária.

Alternativa correta: E.

Questão de vestibular sobre gênero e sexualidade

A questão abaixo aborda a questão do gênero e sexualidade dentro do cenário político, sobre a possibilidade das mulheres exercerem papéis ativos dentro da sociedade, por exemplo. Acompanhe!

Enem (2015)

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.

BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a)

A) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.  
B) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho. 
C) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.  
D) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.  
E) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.

Resposta: A questão trata sobre o movimento social de mulheres, na década de 1960. O texto apresentado no enunciado da questão nos ajuda a lembrar da segunda onda do feminismo que, no contexto dos Movimentos de Contracultura (revolução cultural) no mundo, bem como a luta pelos direitos civis de negros, mulheres e LGBTS, tinha como demanda a discriminação contra a mulher. Lembrem-se de que, em muitos países, apesar de as mulheres terem o direito ao voto, não tinham acesso pleno aos direitos civis. Então, mulheres casadas não podiam viajar e trabalhar sem autorização do pai ou marido. Ganhava-se menos realizando os mesmos trabalhos e não tinham condições iguais de competir no mercado de trabalho devido às estruturas culturais que ainda viam a mulher como mais frágil, inferior aos homens ou, ainda, com funções naturais ligadas aos cuidados domésticos. 

Assim, nesse contexto que, ao mesmo tempo, exigia direitos e transformações de comportamento, a Segunda Onda do Movimento de Mulheres (ou feminista) trazia a reflexão sobre o papel da mulher na sociedade e o argumento de que não há uma “natureza feminina”, mas sim, uma estrutura mental e cultural historicamente construída. 

Alternativa correta: C.

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