Violência: conceito, aspectos sociais e históricos

Violência: conceito, aspectos sociais e históricos

Um dilema social que atravessa toda a história da humanidade é a violência, de diferentes formas e em diferentes contextos. Seja no ponto de vista da violência física, psicológica, patrimonial e outros tipos, é uma ação que sempre resulta em algum tipo de dano a um indivíduo ou coletivo de cidadãos.

Na formação cidadã, o conhecimento sobre violências, os diferentes tipos e as punições associadas é importante, para criar uma visão crítica e apurada a respeito de diferentes situações sociais.

Nesse sentido, muitas universidades cobram que os candidatos a universitários sejam observadores dos cenários sociais, formadores de opinião e críticos dos fatores que geram e/ou perpetuam violência. Para a construção desses ideais, é importante conhecer bem as conceituações a respeito da violência que você aprenderá ao longo deste artigo!

O que é violência?

A violência e suas definições são temáticas de destaque em diversas áreas do conhecimento, tanto nas ciências humanas, como história, política e sociologia, no campo da saúde, pelo impacto biológico e psicológico causado por ações de violência, como também interferem na esfera judicial de uma sociedade.

Nos mais variados contextos, o conceito de violência pode ser compreendido como ações desempenhadas de maneira direta ou indireta que têm potencial para causar danos a si próprio ou a terceiros — o que inclui eventos que causam a morte dos cidadãos.

Esses danos podem ser considerados em múltiplos patamares, seja dano físico, dano à integridade moral, dano aos patrimônios, dano psicológico. Além disso, a origem do ato violento pode ser diretamente efetuada por um ser humano, como também pode ser parte de uma estrutura social, política ou econômica que causem algum tipo de prejuízo a um indivíduo ou coletivo.

Formas de violência

A violência pode ser classificada em diferentes tipos, a depender do autor e sua relação com a vítima, acompanhe a tabela abaixo:

Tipo de violênciaAutor e vítimaExemplos
Nível individualAutoinfligidaIndivíduo causa danos violentos a si mesmo Suicídio, automutilação, autoagressão (tapas, socos, mordidas)
InterpessoalIndivíduo age violentamente contra um semelhante. Existe autor(es) e vítima (s)Violência doméstica (contexto familiar), violência em assaltos, brigas no trânsito, violência sexual
A nível coletivoColetivaUma parte da estrutura ou uma instituição social implicam situações que resultam em violênciaViolência social, violência econômica, violência política

Instituições e configurações sociais e sua relação com violência

Historicamente, as instituições e organizações sociais são meios de estabelecer poder sobre a população. Estruturas como igrejas, escolas, locais de trabalho, o próprio governo e também as famílias são responsáveis por transmitir e perpetuar ideias, fazem com que conceitos morais sejam difundidos e, assim, são instrumentos de poder.

Todo poder e autoridade podem ser exercidos de forma positiva ou negativa, a depender do ponto de vista e do objetivo de quem estabelece as relações. Diante disso, as instituições sociais podem ser utilizadas para criar e perpetuar estruturas de poder violentas.

Um grande exemplo da relação entre instituições sociais e a violência são os regimes ditatoriais. Nesses casos, o Estado, enquanto estrutura que pode reger a sociedade, estabelecer leis e ordens, admite autoridade máxima: censura a expressão dos indivíduos, pune violentamente todos que se opõem ao governo e ainda adicionam estatutos morais rígidos, que limitam a liberdade individual. 

Uma configuração histórica, social e política que também se relaciona com a violência é o racismo. No Brasil, a constituição histórica e ideológica, fundamentada, ainda, na visão portuguesa do século XX o racismo é uma forte crença presente na estrutura da sociedade, de maneiras diretas, indiretas, gritantes ou sutis. 

O racismo, por si só, pode causar danos individuais e/ou coletivos. Por exemplo, há diversos relatos de jogadores de futebol que foram hostilizados em quadra com xingamentos racistas, o que, certamente, gera danos psicológicos. 

Do ponto de vista coletivo, a estrutura de discriminação racial propicia situações em que pessoas pretas são menos aceitas em vagas de emprego ou sofrem preconceito no ambiente de trabalho. Por exemplo, em 2018, uma pesquisa apoiada pela ONU e pelo Ministério Público do Trabalho aponto que mais da metade dos profissionais negros já haviam sofrido racismo no ambiente de trabalho, o que impacta diretamente na qualidade de vida e no bem estar psicológico dos indivíduos.

Impactos da violência

Para além de uma visão simplista de que violência é somente algo ruim, a violência também pode ser observada do ponto de vista econômico. O custo de um país para a reparação de danos causados por atos violentos pode ser gigantesco. 

O Brasil, em 2021, liderou o ranking da ONU com a maior taxa de homicídios, com uma taxa de 21,26 assassinatos para cada 100 mil habitantes, enquanto a média mundial é de cerca de 5 assassinatos por 100 mil habitantes. Alguns especialistas ousam dizer que parte da dificuldade econômica que o país enfrenta são decorrentes de um gasto exagerado com violência e criminalidade, e que esses valores poderiam ser redistribuídos em outras esferas. 

Um levantamento publicado pelo governo federal aponta que cerca de 4,3% do produto interno bruto (PIB) é, anualmente, destinado apenas aos custos relacionados com violências. Esses gastos são de diversas naturezas, seja para cuidar da saúde física e psicológica das vítimas, manutenção dos presídios e das pessoas privadas de liberdade, reconstrução de locais que sofreram vandalismo, entre outros. 

Estratégias de prevenção

Como foi reiterado neste artigo, a violência é um problema multidisciplinar que afeta diferentes sociedades, nos mais variados cenários, e pode resultar em gastos excedentes. Então, é importante que os Estados se empenhem em estratégias para desconstruir estruturas já existentes que favorecem e perpetuam práticas violentas. 

Para isso, é relevante o mapeamento da violência em cada país, quais são as zonas críticas. A partir de então, agir sobre as áreas que mais sofrem com atos violentos para entender qual a causa base, qual o arcabouço que sustenta a violência naquele local. Assim, pode-se atuar na base do problema.

Ou seja, não basta apenas trazer soluções paliativas, que reduzem o número de situações tidas como violentas por curtos prazos ou apenas enquanto uma maior fiscalização está presente. É necessário desconstruir as pontes que amparam a violência interpessoal naquele ambiente.

Em relação à violência autoinfligida, ainda, é essencial que existam bons serviços de saúde que consigam rastrear e tratar, a nível psicológico e psiquiátrico, os indivíduos que sofrem com essa questão. 

Questões de vestibulares sobre violência

UECE 2021

Segundo dados do Atlas da Violência de 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a partir do que constatou o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano de 2017, o Estado do Ceará obteve a trágica marca de 140,2 jovens mortos por cada cem mil habitantes. Foi, no período, a segunda maior taxa de homicídios de adolescentes do país. Além disso, o Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, ligado à Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, em relatório do mesmo ano de 2017, aponta que a maioria dos jovens assassinados no Ceará eram pretos ou pardos, com média de idade de 17 anos, do sexo masculino e moradores de áreas de vulnerabilidade social.

Considerando a análise dos dados apresentados acima, é correto afirmar que, no Ceará,

A) o fenômeno de mortes violentas de jovens negros se deve à predisposição racial desses adolescentes à marginalidade.

B) a desestruturação familiar e a falta de educação moral são as causas da maior incidência de homicídios entre jovens pardos.

C) as populações de pretos e de pardos, independentemente de classe social, são historicamente envolvidas com a criminalidade.

D) é necessária a elaboração de mais políticas e programas de inclusão nas áreas sociais vulneráveis voltadas para a juventude negra e parda.

Alternativa correta: D.

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