Divertida Mente 2: 9 questões de vestibulares que envolvem as emoções do filme
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Divertida Mente 2: 9 questões de vestibulares que envolvem as emoções do filme

Divertida Mente 2 traz quatro novas emoções e o Estratégia Vestibulares preparou questões de vestibulares que falam sobre todas elas; confira!

Divertidamente 2 chega nos cinemas apenas em 2024, mas hoje (09/11) foi lançado seu primeiro trailer, confirmando a chegada de quatro novas emoções na mente de Riley, personagem principal do filme. São elas: Vergonha, Tédio, Inveja e Ansiedade.

Se no primeiro filme Riley precisa encarar uma mudança para uma nova cidade com apenas 11 anos de idade, o trailer do segundo filme mostra uma passagem de dois anos da personagem, que está completando 13 anos e entrando na adolescência, o que parece ser o mote principal da obra.

Para preparar os ânimos para a sequência, levantamos 9 questões que já caíram em vestibulares sobre os sentimentos explorados no filme (alegria, nojo, tristeza, raiva, medo, tédio, vergonha, ansiedade e inveja). Confira abaixo:

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Enem (2023) – Alegria

TEXTO I

Alegria, alegria

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não?

VELOSO, C. Alegria, alegria. Rio de Janeiro: Polygram, 1990 (fragmento)

TEXTO II

Anjos Tronchos

Uns anjos tronchos do Vale do Silício
Desses que vivem no escuro em plena luz
Disseram vai ser virtuoso no vício
Das telas dos azuis mais do que azuis

Agora a minha história é um denso algoritmo
Que vende venda a vendedores reais
Neurônios meus ganharam novo outro ritmo
E mais e mais e mais e mais e mais

VELOSO, C. Meu coco. Rio de Janeiro, Sony, 2021 (fragmento)

Embora oriundas de momentos históricos diferentes, essas letras de canção têm em comum a

A referência a cores como elemento de crítica a hábitos contemporâneos.
B percepção da profusão de informações gerada pela tecnologia.
C contraposição entre os vícios e as virtudes da vida moderna.
D busca constante pela liberdade de expressão individual.
E crítica à finalidade comercial das notícias.

Alternativa correta: A (segundo professores do Estratégia Vestibulares, ainda não há gabarito oficial)

PUC-SP (2019) – Nojo

Leia o fragmento a seguir, extraído do capítulo “D. Plácida”, de Memórias póstumas de Brás Cubas, romance de Machado de Assis.  

Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejara a intenção, e doía-lhe o ofício; mas afinal cedeu. Creio que chorava, a princípio: tinha nojo de si mesma. Ao menos, é certo que não levantou os olhos para mim durante os primeiros dois meses; falava-me com eles baixos, séria, carrancuda, às vezes triste. Eu queria angariá-la¹, e não me dava por ofendido, tratava-a com carinho e respeito; forcejava por obter-lhe a benevolência, depois a confiança. Quando obtive a confiança, imaginei uma história patética dos meus amores com Virgília, um caso anterior ao casamento, a resistência do pai, a dureza do marido, e não sei que outros toques de novela. D. Plácida não rejeitou uma só página da novela; aceitou-as todas. Era uma necessidade da consciência. Ao cabo de seis meses, quem nos visse a todos três juntos diria que D. Plácida era minha sogra.

Não fui ingrato; fiz-lhe um pecúlio² de cinco contos, – os cinco contos achados em Botafogo, – como um pão para a velhice. D. Plácida agradeceu-me com lágrimas nos olhos, e nunca mais deixou de rezar por mim, todas as noites, diante de uma imagem da Virgem, que tinha no quarto. Foi assim que lhe acabou o nojo. 

(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê, 2001, p. 171.)

Vocabulário:

¹angariar: conquistar. 
² pecúlio: reserva em dinheiro.

Dentre os traços característicos da prosa de Machado de Assis presentes no romance Memórias póstumas de Brás Cubas, o fragmento em questão expressa: 

A metalinguagem no discurso do narrador, presente em “Creio que chorava, a princípio”. 
B análise crítica do comportamento humano, manifesta em “Foi assim que lhe acabou o nojo”.  
C visão de mundo pessimista do narrador em relação à natureza humana, conforme o trecho “forcejava por obter-lhe a benevolência, depois a confiança”. 
D distanciamento realista exercido pelo narrador para fornecer credibilidade à matéria narrada, evidente em “D. Plácida agradeceu-me com lágrimas nos olhos, e nunca mais deixou de rezar por mim”. 

Alternativa correta: B

Unesp (2018) – Tristeza

“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696)

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

(Poemas escolhidos, 2010.)

O verso está reescrito em ordem direta, sem alteração do seu sentido original, em:

A “Começa o mundo enfim pela ignorância,” (4ª estrofe) → Pela ignorância, enfim, o mundo começa.
B “Em tristes sombras morre a formosura,” (1ª estrofe) → A formosura morre em tristes sombras.
C “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1ª estrofe) → O Sol não dura mais que um dia que nasce.
D “Depois da Luz se segue a noite escura,” (1ª estrofe) → Segue-se a noite escura depois da Luz.
E “Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,” (3ª estrofe) → Mas falte a firmeza no Sol e na Luz.

Resposta: A — Incorreta, pois o sujeito, “o mundo”, não aparece no início da oração. A ordem direta seria “O mundo começa, enfim, pela ignorância.
B — Correta, pois aqui a ordem direta é respeitada: Sujeito: A formosura; Verbo: morre; Adjunto Adverbial: em tristes sombras.
C — Incorreta, pois essa reescrita alterou o sentido da oração.
D — Incorreta, pois a ordem direta dessa frase seria: ” Depois da luz, segue-se a noite escura”.
E — Incorreta, pois o trecho na ordem direta seria “falte a firmeza na Luz”.

Alternativa correta: B

UFCG (2009) – Raiva

“Nos filmes e na televisão o árabe é associado à libidinagem ou à desonestidade sedenta de sangue. Aparece como um degenerado supersexuado, capaz, é claro, de intrigas astutamente tortuosas, mas essencialmente sádico, traiçoeiro, baixo. Traficante de escravos, cameleiro, cambista, trapaceiro pitoresco: estes são alguns dos papéis tradicionais do árabe no cinema. O chefe árabe (de saqueadores, piratas, insurgentes ‘nativos’) é muitas vezes visto rosnando para o herói e a loira ocidentais capturados (ambos impregnados de integridade): ‘Meus homens vão matar vocês’[…] A maior parte das imagens apresenta massas enraivecidas ou miseráveis, ou gestos irracionais”. 

(SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p.291)

A partir do texto do historiador Edward Said e de seus conhecimentos sobre a temática, é correto afirmar que a representação que o cinema ocidental elabora sobre o povo árabe é marcada pelo (a):

I. – Preconceito, identificando-o como pessoas enraivecidas, miseráveis e excêntricas, cujos gestos denunciam a violência cotidiana.
II. – Pitoresco, desconstruindo a leitura de que o árabe é supersexuado, sádico, degenerado e traiçoeiro.
III. – Estereotipia, representando-o como “portadores” de atitudes irracionais, chefiado por homens sanguinários, trapaceiros e hostis aos ocidentais.
IV. Multiplicidade, criticando a imagem de que todos os árabes são insurgentes, violentos e intolerantes às práticas político-culturais-religiosas ocidentais. 

Estão corretas:

A I e II.
B I e IV.
C III e IV.
D II e IV.
E I e III.

Alternativa correta: E

FMABC (2015) – Medo

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, 
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, 
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, 
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, 
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

O poema acima integra a obra Sentimento do Mundo de Carlos Drummond de Andrade. Dele é INCORRETO concluir que

A se mostra como um manifesto político e existencial consolidado como forma artística e que arrola o conjunto das inseguranças e incertezas do homem contemporâneo.
B sugere, por exclusão, a ineficácia do amor e o aniquilamento de seus efeitos pela força do ódio que se implantou no coração dos homens.
C sugere que a consciência do medo funciona como índice da falência do herói e de outras poses vencedoras.
D se constrói de forma paradoxal, fazendo do canto um instrumento de expressão de um sentimento negativo e opressor.
E expõe a condição social e política do homem e a consciência inescapável de sua impotência diante da opressão.

Alternativa correta: B

Fuvest (1989) – Tédio

E a cláusula de ser esposo outro aborrecido, farto de solidão, mostra que tu não queres enganar, nem sacrificar ninguém. Ficaram desde já excluídos os sonhadores, os que amem o ministério e procurem justamente esta ocasião de comprar um bilhete na loteria da vida. Que não pedes um diálogo de amor, é claro, desde que impões a cláusula da meia-idade, zona em que as paixões arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor purpúrea e o viço eterno. Não há de ser um náufrago, à espera de uma tábua de salvação, pois que exiges que também, possua. E há de ser instruído, para encher com as cousas do espírito as longas noites do coração, e contar (sem as mãos presas) a tomada de Constantinopla.

Viúva dos meus pecados, quem és tu que sabes tanto? O teu anúncio lembra a carta de certo capitão da guarda de Nero. Rico, interessante, aborrecido, como tu, escreveu um dia ao grave Sêneca, perguntando-lhe como se havia de curar do tédio que sentia, e explicava-se por figura: “Não é a tempestade que me aflige, é o enjôo do mar.” Viúva minha, o que tu queres realmente, não é um marido, é um remédio contra o enjôo. Vês que a travessia ainda é longa, – porque a tua idade está dentre trinta e dous e trinta e oito anos, – o mar é agitado, o navio joga muito; precisas de um preparado para matar esse mal cruel e indefinível. Não te contenta com o remédio de Sêneca, que era justamente a solidão, “a vida retirada, em que a lama acha todo o seu sossego”. Tu já provaste esse preparado; não te fez nada. Tentas outro; mas queres menos um companheiro que uma companhia.

(Machado de Assis, A Semana, 1882)

No trecho “… precisas de um preparado para matar esse mal cruel e indefinível.” o “mal”, é:

A a falta de amor.
B o tédio da solidão.
C o enjoo de mar.
D a saudade do casamento.
E a aproximação da velhice.

Resposta: A — incorreta. A mulher é viúva e o homem um entediado.
B — correta – gabarito. O homem, porque se entedia de tudo, e a mulher porque está à procura de um marido depois de enviuvar-se, tanto é que coloca um anúncio no jornal.
C — incorreta. Parte-se do pressuposto de que estão na cidade; são burgueses.
D — incorreta. Apenas a mulher, que está carente. Os interesses do homem não são os mesmos que os dela.
E — incorreta. A preocupação é com o tédio e não com a velhice

Alternativa correta: B

Fuvest (2015) – Vergonha

O OPERÁRIO NO MAR 

Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados Unidos. Não houve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza… Ou talvez seja eu próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei? 

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.

Dentre estas propostas de substituição para diferentes trechos do texto, a única que NÃO está correta do ponto de vista da norma padrão é:

A “Para onde vai ele, (…)?” = Aonde vai ele, (…)?
B “O operário não lhe sobra tempo de perceber” = Ao operário não lhe sobra tempo de perceber.
C “Teria vergonha de chamá-lo meu irmão” = Teria vergonha de chamá-lo de meu irmão. 
D “Tenho vergonha e vontade de encará-lo” = Tenho vergonha e vontade de o encarar.
E “quem sabe se um dia o compreenderei” = quem sabe um dia compreenderei-o. 

Alternativa correta: E

Uespi (2010) – Ansiedade

TEXTO 2

Síndrome do excesso de informação

O eterno sentimento humano de ansiedade diante do desconhecido começa a tomar uma forma óbvia nestes tempos em que a informação vale mais que qualquer outra coisa. As pessoas hoje parecem estar sofrendo porque não conseguem assimilar tudo que é produzido para aplacar a sede da humanidade por mais conhecimento.

Como toda ansiedade, a angústia típica de nosso tempo machuca. Seu componente de irracionalidade é irrelevante para quem se sente mal. O escritório de estatísticas da Inglaterra divulgou recentemente uma pesquisa que é ao mesmo tempo um diagnóstico. Cerca de um sexto dos ingleses entre 16 e 74 anos se sente incapaz de absorver todo o conhecimento com que esbarra no cotidiano. Isso provoca tal desconforto que muitos apresentam desordens neurológicas. O problema é mais sério entre os jovens e as mulheres. Quem foi diagnosticado com a síndrome do excesso de informação tem dificuldade até para adormecer. O sono não vem, espantado por uma atitude de alerta anormal da pessoa que sofre. Ela simplesmente não quer dormir para não perder tempo e continuar consumindo informações. Os médicos ingleses descobriram que as pessoas com quadro agudo dessa síndrome são assoladas por um sentimento constante de obsolescência, a sensação de que estão se tornando inúteis, imprestáveis, ultrapassadas. A maioria não expressa sintomas tão sérios. O que as persegue é uma sensação de desconforto – o que já é bastante ruim.

O ambulatório de Ansiedade da USP ainda não pesquisa a ansiedade de informação especificamente. Mas tem atendido um número crescente de ansiosos que mencionam como causa de suas apreensões a incapacidade de absorver informações ao ritmo que consideram ideal. “Ler e aprender sempre foi tido como algo bom, algo que devíamos fazer cada vez mais. Não sabíamos que haveria um limite para isso. Está acontecendo com a informação o mesmo que já acontece com o hábito alimentar. Em vez de ficarmos bem nutridos, estamos ficando obesos de informação”, diz Anna Verônica Mautner, psicanalista em São Paulo.

(Cristina Baptista. Veja. São Paulo: Abril, set. 2001, Fragmento.)

O fragmento que representa o núcleo central do conteúdo do texto é:

A “O ambulatório de Ansiedade da USP ainda não pesquisa a ansiedade de informação”.
B “As pessoas hoje parecem estar sofrendo porque não conseguem assimilar tudo que é produzido”.
C “A maioria não expressa sintomas tão sérios. O que as persegue é uma sensação de desconforto – o que já é bastante ruim”.
D “Ler e aprender sempre foi tido como algo bom, algo que devíamos fazer cada vez mais”.
E “O problema é mais sério entre os jovens e as mulheres”.

Alternativa correta: B

Simulado Enem (2022) – Inveja

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

(Clarice Lispector. Felicidade Clandestina.)

A crônica é um dos gêneros mais importantes da escrita de Clarice. No texto “Felicidade Clandestina”, acima, percebe-se que, para a narradora, a atitude da personagem descrita de forma pejorativa era

A baseada no caráter da personagem.
B uma resposta ao Bullying sofrido.
C copiada das atitudes dos outros.
D fundamentada em inveja.
E fruto de maldade pura.

Alternativa correta: D

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