Lygia Fagundes Telles, também conhecida como “dama da literatura brasileira”, tem suas obras constantemente cobradas nos maiores vestibulares do País. Instituições como Unicamp, Unicentro, UFRGS, Acafe e outras cobraram seus livros em suas últimas edições dos processos seletivos.
Para abordar o assunto, o Portal Estratégia Vestibulares preparou este artigo, com os principais pontos da aula “Lygia Fagundes Telles – Conheça a autora cobrada nos maiores vestibulares do país”, feita pela professora Luana Signorelli, que está disponível em nosso canal do YouTube.
A temática sobre a autora pode ser cobrada de inúmeras maneiras nos vestibulares, principalmente suas obras literárias. Para ajudar os vestibulandos, a professora separou dicas para ajudar os estudantes na hora de trabalhar esses assuntos e entender mais sobre seus livros.
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Quem é Lygia Fagundes Telles?
Lygia Fagundes Telles nasceu na cidade de São Paulo no dia 19 de abril de 1923, e estudou na Escola Superior de Educação Física e na Faculdade de Direito, ambas na Universidade de São Paulo (USP). Posteriormente, tornou-se procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo e presidente da Cinemateca Brasileira.
A romancista faleceu no dia 3 de abril de 2022, aos 98 anos, e deixou um legado à literatura brasileira. Conforme o cartório de Santa Cecília, a escritora na verdade nasceu no dia 19 de abril de 1918, falecendo com 104 anos de idade, e sendo considerada a maior escritora brasileira viva, demonstrando sua importância para a literatura e para os vestibulares que tinham suas obras cobradas.
Suas narrativas apresentavam diversas temáticas como fluxo de consciência, universo femininimo e caráter intimista, como visto em seu romance “Ciranda de Pedra”. Sua atuação e busca pelo protagonismo feminino foi reconhecida mundialmente, tornando-a vencedora Grande Prêmio Internacional Feminino para Contos Estrangeiros, em 1969.
“A revolução da mulher foi a mais importante do século XX. As transformações foram muito profundas. Aquela rainha do lar antes escondida entrou nas fábricas, nos escritórios, nas universidades e começou a participar ativamente da cultura, das letras e das artes. Um espanto!” disse Lygia Fagundes Telles, em entrevista à Marie Claire”.
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Qual a importância da escritora?
Em 18 de fevereiro de 1952, Carlos Drummond de Andrade fez um comentário crítico sobre o primeiro romance de Lygia, conhecido como “Ciranda de pedra”. A seguir, confira a carta:
Lygia:
Girando de Pedra é um grande livro, e V. o é uma romancista de verdade – eis, em resumo, o que tenho a dizer-lhe depois de ler seus originais com um interesse que não excluía o espírito crítico e se lol convertendo em emoção de leitor fascinado pelo texto.
Contando com grande fôlego, dispondo cenas e episódios com uma segurança de quem sabe o que está fazendo, criando realmente pessoas vivas e não simplesmente personagens, Vi compôs um livro perturbador, que nos prende e nos assusta, que nos faz sofrer e ao mesmo tempo nos oferece o remédio compensador da própria arte, pois a força de criação resolve num plano mágico os conflitos que ela mesma suscita.
Admirei particularmente o instinto sutil de ficcionista (…) É um livro duro mas sem renome passagem escabrosa
A escritora configurou a terceira fase do modernismo brasileiro, que apresentava a volta das regras formais, métricas e vocabulário mais rebuscado. Ao todo, possui 20 contos e quatro romances, entre eles “As Meninas”, vencedor do Prêmio Jabuti. Lygia ganhou diversos prêmios de literatura no Brasil, totalizando mais de 20 prêmios literários.
Em 2005, Lygia consolidou-se como a segunda brasileira a ganhar o Prêmio Camões, um dos principais prêmios de literatura da língua portuguesa, ao lado de Rachel de Queiroz. Já em 2016, aos 92 anos, a escritora foi a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Nobel de Literatura.
Quais as características de suas obras?
Suas obras abrangem diversas características semelhantes, como a apresentação da realidade de maneira lírica e crítica, aproximação com surrealismo e expressionismo na escrita, atenção à realidade política da época, engajamento social e existencialismo.
Não obstante, há a constante investigação da subjetividade humana, monólogos interiores e fluxos de consciência, personagens principalmente femininas com reflexão e fragilidades, personagens masculinos com relações de poder e status, e traços de ironia.
Quais são suas principais obras?
“Ela transitava tanto nos contos quanto no romance, como em suas obras, e suas obras são marcadas pela prosa urbana e intimista”, afirma a professora Celina Gil. Suas principais obras são:
- Contos:
- Antes do baile verde;
- Seminário dos Ratos;
- A Estrutura da Bolha de Sabão; e
- Invenção e Memória.
- Romances:
- Ciranda de pedra;
- Verão no aquário;
- As meninas; e
- As horas nuas
Quais são as obras obrigatórias cobradas no vestibular?
A seguir, confira as obras obrigatórias cobradas nos vestibulares em 2023:
- Seminário dos Ratos: Unicamp, Unicentro, Unioeste, UFMS e Uenp;
- Ciranda de Pedra: UniRV;
- Melhores contos: Acafe; e
- As Meninas: UFRGS.
Como suas obras são cobradas nos vestibulares?
A seguir, confira questões que apareceram nos vestibulares e que abordavam as obras literárias da autora:
Vestibular Universidade Federal do Amazonas (UFAM) 2019
Sobre Lygia Fagundes Telles:
I. Seus romances e seus contos retratam os conflitos do cotidiano urbano, em geral a partir do ponto de vista feminino.
II. Escreveu Porão e Sobrado, Praia Viva, O Cacto Vermelho, Ciranda de Pedra, Estórias do Desencontro, Verão no Aquário, dentre outros.
III. Sua prosa está carregada das características que assinalam o período pós-45 e afina-se com o ambiente cultural da época, quando o existencialismo dava a tônica.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
c) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
d) Somente a afirmativa III está correta.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
Alternativa correta: E
Vestibular Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) 2019
Verão no Aquário, publicado em 1963, é o segundo romance da escritora paulistana Lygia Fagundes Telles. O romance passa-se na década de 1960 e evidencia dilemas relacionados ao universo feminino, instaurados, principalmente, na relação conflituosa entre mãe e filha.
Leia a passagem a seguir para responder à questão.
Revolvi papéis e livros da minha mesa. Abri gavetas. Por onde andariam meus retratos? […] Vi um retrato assim do meu pai: um menino débil e louro na sua roupa de marinheiro, a mão direita pousada na mesinha com uma toalha de franja e um vaso de flores em cima, a mão esquerda na cintura, os dedos graciosamente imobilizados pelo fotógrafo, “Vamos, olhe nessa direção!…”. O olhar ainda limpo do rancor pela bem-amada que havia de traí-lo um dia, pela mãe falhando no momento em que não podia falhar, pelo amigo que não era amigo, por Deus que não apareceria para salvá-lo quando ele próprio se erguesse para ferir o próximo assim como foi ferido também. Os ídolos ainda estão inteiros. O menino então sorri e nem o inimigo mais feroz resistirá a esse sorriso de quem se oferece tão sem defesa. TELES, L. G. Verão no Aquário. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
No trecho, a narradora, ao encontrar o retrato de seu pai quando criança, e associando aquela imagem ao homem que se tornou, percebe-o como um sujeito:
a) Medroso.
b) Desamparado.
c) Traiçoeiro.
d) Religioso.
e) Incrédulo.
Alternativa correta: B
Vestibular Universidade Federal do Paraná (UFPR) 2017
Leia o fragmento a seguir, extraído do conto “A mão no ombro” (in: “Seminário dos ratos”, de Lygia Fagundes Telles):
“O homem estranhou aquele céu verde com a lua de cera coroada por um fino galho de árvore, as folhas se desenhando nas minúcias sobre o fundo opaco. Era uma lua ou um sol apagado? Difícil saber se estava anoitecendo ou se já era manhã no jardim que tinha a luminosidade fosca de uma antiga moeda de cobre. Estranhou o úmido perfume de ervas. E o silêncio cristalizado como num quadro, com um homem (ele próprio) fazendo parte do cenário. Foi andando pela alameda atapetada de folhas cor de brasa, mas não era outono.”
Assinale a alternativa correta:
a) Assim como em livros publicados nos anos 70 por Dalton Trevisan e Clarice Lispector, os elementos fantásticos dos contos de “Seminário dos ratos” são resultado de uma estratégia para driblar a vigilância da censura no período da ditadura militar.
b) A presença de um estranho jardim aproxima “A mão no ombro” do conto “Herbarium”, narrativa em que as plantas igualmente colaboram para a composição de um cenário denso, pouco objetivo.
c) A atmosfera de mistério relaciona-se com a psicologia da personagem que – assim como diversos protagonistas de “Seminário dos ratos” – é um ser humano isolado do convívio social.
d) A variedade de detalhes e nuanças do trecho apresentado resultam numa exatidão descritiva típica de uma descrição realista.
e) A dificuldade do personagem para identificar o astro luminoso – lua ou sol – justifica-se pelo predomínio dos cenários urbanos na ficção de Lygia Fagundes Telles.
Alternativa correta: A
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