Enem 2021: veja as questões mais difíceis do primeiro dia
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Enem 2021: veja as questões mais difíceis do primeiro dia

História, Literatura, Artes, Sociologia… Quer saber as questões mais difíceis por área de conhecimento do primeiro dia do Enem? Leia o conteúdo abaixo

Com o fim do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é possível mensurar informações sobre os temas que foram abordados, curiosidades, dados e projetar como será o segundo dia. Um dos pontos pensados é saber quais foram as questões mais difíceis da prova. 

Nós temos essa resposta! Dentre os variados assuntos abordados nas 90 questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias, nossos professores destacaram quais são as questões mais difíceis do primeiro dia do Enem.

Dentre as curiosidades sobre o exame, o tema da redação sempre é assunto que traz debates, desde a sua importância social, dificuldade e até mesmo algumas maneiras de se desenvolver um texto dissertativo-argumentativo sobre a proposta colocada. Inclusive, você sabia que o Estratégia Vestibulares acertou o tema em um dos simulados?

Abordamos os temas que caíram na prova e as reações das redes sociais sobre o que rolou no Enem no primeiro dia. Para conferir as questões mais difíceis, segundo nossos professores, é só ler o conteúdo abaixo.

Literatura — Luana Signorelli

Luana destacou duas questões, uma que aborda o poema “O Pavão Vermelho”, de Sosígenes Costa, e uma que traz um trecho de um poema de Hilda Hilst, do livro “Júbilo, memória, noviciado da paixão”. “São de longe as mais complexas e que envolviam mais interpretação”, pontua. Veja abaixo as questões comentadas pela professora.

Questão selecionada

O PAVÃO VERMELHO

Ora, a alegria, este pavão vermelho,
está morando em meu quintal agora.
Vem pousar com um sol em meu joelho
quando é estridente em meu quintal a aurora.

Clarim de lacre, este pavão vermelho
sobrepuja os pavões que estão lá fora.
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a uma chama do lábaro da aurora.

É o próprio doge a se mirar no espelho.
E a cor vermelha chega a ser sonora
neste pavão pomposo e de chavelho.

Pavões lilases possuí outrora.
Depois que amei este pavão vermelho,
os meus outros pavões foram-se embora.
COSTA, S. Poesia completa. Sosígenes Costa. Salvador: Conselho Estadual da Cultura, 2001.

Na construção do soneto, as cores representam um recurso poético que configura uma imagem com a qual o eu lírico

a) revela a intenção de isolar-se em seu espaço.
b) simboliza a beleza e o esplendor da natureza.
c) experimenta a fusão de percepções sensoriais.
d) metaforiza a conquista de sua plena realização.
e) expressa uma visão de mundo mística e espiritualizada.

Comentários

Questão de interpretação de texto literário; conhecimento de figuras de linguagem e conhecimento de movimentos literários.

Alternativa A: incorreta. Não é porque o pavão vermelho está exclusivamente no jardim do eu lírico que vai ser demonstrado necessariamente o seu propósito de se isolar.

Alternativa B: incorreta. Cuidado: por mais que o pavão seja um elemento da natureza, conhecido por ser notoriamente belo e deslumbrante, esse seria o sentido literal, ao passo que a menção ao pavão no soneto se volta para a linguagem metafórica. E o predominante é o contraste do pavão vermelho, soberano, com os lilases de outrora.

Alternativa C: incorreta. *Ressalva: essa é uma alternativa plausível e pode ser considerada como gabarito pela banca. Há, sim, sinestesia no texto. A sinestesia é uma figura de linguagem que representa a fusão de sensações, como é o caso desse verso: “E a cor vermelha chega a ser sonora”. 

Porém, esse não é o sentido geral do texto, pois a situação ocorre de forma particular e não generalizada. A partir de expressões como “quando é estridente em meu quintal a aurora” e “E a cor vermelha chega a ser sonora”, o eu lírico não passa a certeza de que essa sinestesia ocorre sempre.

Alternativa D: correta – gabarito. O sentido de um soneto é sintetizado pela chave de ouro (último verso do soneto). No caso: “os meus outros pavões foram-se embora.” Quer dizer que todo o caminho de sentido é construído até chegar ao último verso. 

Outros pavões existiram, de cor lilás, e os pavões lilases passaram, são coisa do passado, de tal forma que a cor lilás – na lógica da hierarquia – é inferior à cor vermelha. Logo, nem todas as cores se fundem a sensações.

Por “recurso poético” aludido no comando teórico, entende-se recurso expressivo, o que é sinônimo de figura de linguagem. Por mais que haja sinestesia no texto também, a figura de linguagem predominante é a metáfora. 

O pavão é uma metáfora para a plena conquista do eu lírico, o que também pode ser inferido pelo uso de termos como “doge” (magistrado com poderes absolutos) e “chavelho” (chifre, símbolo de imponência). Depois que o pavão vermelho chegou, todos os outros pavões – inclusive os lilases – deixaram de ter importância.

Alternativa E: incorreta. Essas seriam características do movimento literário do Simbolismo. Sosígenes Costa (1901-1968) não integra essa escola literária nem esse soneto é transcendental, pois fala de sentimentos mundanos.

Gabarito: D (*com ressalva).

Questão selecionada

Se for possível, manda-me dizer:
— É lua cheia. A casa está vazia —
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
— É lua nova —
E revestida de luz te volto a ver.
HILDA, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018.

Falando ao outro, o eu lírico revela-se vocalizando um desejo que remete ao

a) ceticismo quanto à possibilidade do reencontro.
b) tédio provocado pela distância física do ser amado.
c) sonho de autorrealização desenhado pela memória.
d) julgamento implícito das atitudes de quem se afasta.
e) questionamento sobre o significado do amor ausente.

Comentários

Questão de interpretação de texto literário.

Alternativa A: incorreta. Ceticismo é o negacionismo, ou então descrença. Se o eu lírico fosse cético, não estaria formulando hipóteses (expressões iniciadas pela conjunção “se”).

Alternativa B: incorreta. Não há dados suficientes para afirmar que o eu lírico estava entediado, apenas porque o amado estava longe. E quem talvez possivelmente sentisse monotonia é o outro (“tu”), e não o eu lírico: ” Se é verdade/Que sem mim só vês monotonia”.

Alternativa C: correta – gabarito. Hilda Hilst é uma poetisa contemporânea que já caiu anteriormente na prova do ENEM/2010/2a aplicação. O eu lírico demonstra o desejo de que o amado/parceiro retorne. Portanto, vai jogando pistas e indiretas, por meio de condicionais. 

Infere-se que eles já tiveram um passado juntos, a partir de trechos como “A casa está vazia” (subentende-se que um dia já esteve cheia); e “E revestida de luz te volto a ver” (subentende-se que já tinham se visto antes). Daí a invocação pela memória. 

A lua voltaria a ser cheia (sinônimo de revestida de luz, autorrealizada) caso aquele que partiu voltasse. Nesse sentido, sonho pode ser considerado sinônimo de desejo.

Alternativa D: incorreta. Não é tão implícito, pois alguns juízos de valor são feitos: “incerto”; “monotonia” etc.

Alternativa E: incorreta. Não é o significado que é questionado, nem é o objetivo central do eu lírico questionar, mas sim insinuar.

Gabarito: C.

Geografia — Saulo Teruo Takami

O professor Saulo destacou uma questão que aborda a astronomia, mais precisamente o movimento de translação da Terra.

Questão selecionada

questão de Geografia enem

Considerando as informações apresentadas, o prédio do Congresso Nacional, em Brasília, no dia 21 de junho, às 12 horas, projetará sombra para a sua direção

a) norte
b) sul
c) leste
d) oeste
e) nordeste

Comentários

Nos equinócios, o ângulo que os raios solares formam com a vertical, ao meio-dia solar, em Brasília, é de aproximadamente 20º e no solstício de inverno é de aproximadamente 40º. Em ambos os casos, nesses dias e horários, as sombras dos objetos sobre o chão, apontarão para o sul.

Gabarito: B

Inglês — Leonardo Pontes

A questão selecionada pelo professor de Inglês Leonardo Pontes traz um trecho do roteiro de um filme, em que dois personagens discutem sobre a beleza e o romantismo de passar a lua de mel na Europa. “É uma questão de interpretação que podia gerar dúvida entre as alternativas A, B e C. A prova veio bem tranquila, mas essa foi a (pergunta) que gerou mais dúvida entre os alunos”.

Questão selecionada

Exterior: Between The Museums — Day

CELINE
Americans always think Europe is perfect. But such beauty and history can be really oppressive. It reduces the individual to nothing. It just reminds you all the time you are just a little speck in a long history. That’s why I like Los Angeles because it is so…
JESSE
Ugly?
CELINE
No, I was going to say “neutral”. It’s like looking at a blank canvas. I think people go to places like Venice on their honeymoon to make sure they are not going to fight for the first two weeks of their marriage because they’ll be too busy looking around at all the beautiful things. That’s what people call a romantic place — somewhere where the prettiness will contain your primary violent instinct. A real good honeymoon spot would be like somewhere in New Jersey.
KRIZAN, K LINKLATER, R. Before Sunrise: screenplay. New York: Vintage Books, 2005.

Considerando-se o olhar dos personagens, esse trecho do roteiro de um filme permite reconhecer que a avaliação sobre um lugar depende do(a)

a) beleza do próprio local.
b) perspectiva do visitante.
c) contexto histórico do local.
d) tempo de permanência no local.
e) finalidade da viagem do visitante.

Comentários:

A alternativa A está incorreta. O texto nos leva a perceber que a avaliação sobre um lugar não depende da beleza deste lugar, mas sim de como o indivíduo o enxerga baseado em suas próprias perspectivas.

A alternativa B está correta. O texto nos diz que mesmo um lugar lindo e cheio de história como a Europa pode ser opressor quando se olha por outro ponto de vista. Ao tentar enxergar sua importância em um lugar como esse, percebe-se o quão insignificante se é. Então, a perspectiva é essencial para determinar a avaliação de um determinado local.

A alternativa C está incorreta. O texto nos leva a perceber que a avaliação sobre um lugar não depende de seu contexto histórico, mas sim de como o indivíduo o enxerga baseado em suas próprias perspectivas.

A alternativa D está incorreta. O texto nos leva a perceber que a avaliação sobre um lugar não depende do tempo de permanência neste lugar, mas sim de como o indivíduo o enxerga baseado em suas próprias perspectivas.

A alternativa E está incorreta. A finalidade da viagem não é vista como algo importante para a avaliação do local de acordo com o que se pode depreender do texto.

Gabarito: B

Sociologia e História — Alê Lopes

A professora Alê Lopes foi a responsável por fazer a correção comentada das questões de Sociologia e História. A pergunta destacada em Sociologia aborda a transição da sociedade nos anos 50 e 60 no Brasil, enquanto a questão de história trata sobre a relação das mulheres com a ciência no século XIX.

“A de sociologia é bem teórica. Precisa conhecer o contexto histórico e as teorias do desenvolvimento, elaboradas por autores clássicos. Já a de história, precisa contextualizar bem e relativizar o papel dos homens e mulheres à luz do conceito de estrutura social”, afirma Alê.

Questão selecionada — Sociologia

“Numa sociedade em transição, a marcha da mudança, em diferentes graus, está impressa em todos os aspectos da ordem social, especialmente no jogo político, que nessas sociedades apresenta padrões característicos de ambivalência, cujas raízes sociais se encontram na coexistência de dois padrões de estrutura social: o padrão tradicional, em declínio, e o novo, emergente, em expansão. Em tais situações, é possível encontrar, simultaneamente, apoio para uma orientação política ou para outra que seja exatamente o seu oposto. O padrão ambivalente do processo político, nas sociedades em desenvolvimento, é o que explica um dos seus traços mais salientes, e que consiste na tendência ao adiamento das grandes decisões. Resulta daí que a inércia política ou a convulsão política podem se suceder uma à outra em períodos surpreendentemente curtos.”
PINTO, L. A. C. Sociologia e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975 (adaptado).

De acordo com a perspectiva apresentada, central no pensamento social brasileiro dos anos 1950 e 1960, o desenvolvimento do país foi marcado por

a) radicalidade nas agendas de reforma das elites dirigentes.
b) anomalias na execução dos planos econômicos ortodoxos.
c) descompassos na construção de quadros institucionais modernos.
d) ilegitimidade na atuação dos movimentos de representação classista.
e) vagarosidade na dinâmica de aperfeiçoamento dos programas partidários.

Comentários

Durante as décadas de 1950 e 1960 se desenvolveu entre os estudiosos brasileiros e latino-americanos a teoria da dependência. Basicamente, essa escola de pensamento argumentava que os países na periferia do capitalismo mundial, tinham um desenvolvimento precário devido a sua relação de dependência com a economia dos países centrais. 

Esse caráter dependente gerava uma situação complexa mesmo em momentos em que os países periféricos vivenciavam momentos de modernização acelerada, como foi o caso do Brasil entre as décadas de 1950 e 1960. 

Neste período, o Brasil foi governado por Getúlio Vargas (1951-1955), por Juscelino Kubitschek (1956-1960), Jânio Quadros (1961), João Goulart (1961-1964), Castelo Branco (1964-1967) e Artur da Costa e Silva (1967-1969). 

Repare, então, que se trata do Período Democrático (1946-1964) e do início da Ditadura Militar (1964-1985). Apesar das peculiaridades de cada um desses governos, de fato, todos eles estiveram preocupados em acelerar a industrialização do Brasil e torná-lo um país mais desenvolvido, do ponto de vista capitalista.

Entretanto, os estudiosos, principalmente aqueles da teoria da dependência, argumentam que esse desenvolvimento se deu sob a forma de uma modernização conservadora. Isso porque, apesar dos avanços industriais e urbanos, foi necessário conciliar os anseios por mudanças com as imposições das elites tradicionais brasileiras, cuja maioria tinha uma orientação conservadora. 

Não à toa, mesmo em governos nacionais-desenvolvimentistas como o de Vargas, uma das principais estratégias para acelerar a industrialização era convencer as oligarquias agrárias, sobretudo os cafeicultores, a diversificar seus negócios e investir na indústria nacional.

Por seu turno, os governos mais  liberais-conservadores, como os de Castelo Branco e Costa e Silva, envolviam uma maior aproximação econômica e diplomática com os Estados Unidos da América, uma das grandes potências capitalistas mundiais, aprofundando o caráter dependente do capitalismo brasileiro.

Com esse contexto em mente, vejamos como o desenvolvimento do país foi marcado, diante da convivência entre padrões tradicionais e novos na estrutura social:

a) Incorreta. Na verdade, na dinâmica descrita, as elites dirigentes não se destacavam pela radicalidade de suas reformas, mas sim por seu caráter conservador.

b) Incorreta. Em nenhum momento o texto fala em anomalia, mas sim em ambivalência. Entende-se por anomalia algo completamente fora da norma. Algo como um “ponto fora da curva”, totalmente inesperado e até incompreensível. Enquanto isso, ambivalência diz respeito à convivência entre dois eleitos à princípio antagônicos, opostos, mas não necessariamente incompreensível.

c) Correta! Ao falar de “quadros institucionais modernos” a alternativa se refere àqueles que ocupam os cargos nas instituições do Estado, as quais orientam não só o processo político, mas também as políticas econômicas, sociais e culturais.

Nesse sentido, diante de um processo de modernização conservadora, a maioria dos governos do período destacado foram marcados pela composição ambivalente dos quadros institucionais, na tentativa de costurar alianças políticas que permitissem o desenvolvimento econômico do Brasil da forma como fosse possível.

Essa ambivalência quase sempre gerou um descompasso, isto é, contradições e rivalidades entre os próprios quadros institucionais, o que muitas vezes propiciava uma inércia política que “empurrava com a barriga” decisões que fossem muito arriscadas ao status quo, e outras vezes provocava conflitos violentos entre as forças políticas em movimento.

d) Incorreta. Na verdade, os movimentos de representação classista podem ser enquadrados nos “novos padrões” da estrutura social, no Brasil do século XX, que começaram a ganhar mais espaço dos quadros institucionais, sobretudo nos governos de orientação nacional-desenvolvimentista e trabalhista, como de Getúlio Vargas e João Goulart.

Logo, justamente a legitimidade de sua atuação, mesmo que oscilante, era um dos fatores que contribuía para a ambivalência no processo político brasileiro do período.

e) Incorreta. Isso variava de acordo com o partido. Havia partidos mais conservadores, outros mais progressistas, com ritmos diversos de aperfeiçoamento de seus programas.

Questão selecionada — História

“Mulheres naturalistas raramente figuraram na corrida por conhecer terras exóticas. No século XIX, mulheres como Lady Charlotte Canning eventualmente coletavam espécimes botânicos, mas quase sempre no papel de esposas coloniais, viajando para locais onde seus maridos as levavam e não em busca de seus próprios projetos científicos”. 
SOMBRIO, M. M. Em busca pelo campo – Mulheres em expedições científicas no Brasil em meados do século XX. Cadernos Pagu, n. 48, 2016.

No contexto do século XIX, a relação das mulheres com o campo científico, descrita no texto, é representativa da

a) afirmação da igualdade de gênero.
b) transformação dos espaços de lazer.
c) superação do pensamento patriarcal.
d) incorporação das estratificações sociais.
e) substituição das atividades domésticas.

Comentários

Antes de tudo, repare que o texto aborda o século XIX. Sendo mais específico, o tema é a participação das mulheres em expedições científicas estrangeiras no Brasil. Lembre-se que o século XIX, tanto na América quanto na Europa, foi marcado pela consolidação da ideologia e dos modos de vida burgueses, que definiam rigidamente papéis sociais distintos para homens e mulheres.

Estas, eram consideradas seres mais frágeis e de capacidades físicas e intelectuais inferiores, dominados pelas emoções. Nesse sentido, tanto o trabalho laboral quanto as atividades intelectuais e políticas deveriam ser exercidas pelos homens.

Entretanto, na teoria liberal, que também estava em difusão naquele momento, abria margem para as reivindicações femininas por igualdade social, jurídica e política. Isso foi explorado por muitas mulheres, principalmente por aquelas de famílias mais abastadas, que tinham recursos e contatos que poderiam lhes abrir portas. 

Todavia, não se confunda, a força do patriarcado ainda era grande e as mulheres querendo ou não tinham que contar com a condescendência de homens simpáticos a elas para participar de atividades entendidas como naturalmente masculinas. Então, vejamos do que é representativa a relação das mulheres com o campo científico no período abordado pelo texto:

a) Incorreta. Pelo contrário, sem tirar o mérito das iniciativas femininas na área científica, o texto demonstra os obstáculos impostos às mulheres para exercer o ofício científico, tendo que se sujeitar a um papel auxiliar de seus maridos ou “padrinhos”.

b) Incorreta. O texto não aborda espaços de lazer, mas sim o trabalho científico.

c) Incorreta. Pela mesma razão que a letra “a”.

d) Correta! As sociedades do século XIX faziam distinção entre homens e mulheres, entre várias outras. Portanto, sem dúvida, eram sociedades estratificadas. E isso se refletia em todos os aspectos da vida social, inclusive no trabalho e no trabalho científico.

Nesse sentido, os setores menos privilegiados, incluindo as mulheres, tinham que buscar a condescendência e simpatia daqueles que detinham todas as prerrogativas para fazer o que queriam: os homens. Isso fazia com que tivessem de assumir papéis auxiliares em muitos casos, como descrito no texto.

e) Incorreta. Mesmo essas mulheres que trabalhavam com seus maridos em atividades científicas não ficavam isentas dos trabalhos domésticos. Elas acabavam acumulando várias funções.

Espanhol — Nailla Costa

A questão escolhida pela professora de Espanhol do Estratégia Vestibulares aborda um fragmento do romance Tres Novelas, do renomado autor chileno Roberto Bolaño. “O aluno, além de precisar compreender e interpretar, precisava de um conhecimento específico sobre variação linguística e, sobretudo, relacionar o trecho exato do texto a esse conceito”, explica Nailla.

Questão selecionada

Lo único cierto es que llegué a México en 1965 y me planté en casa de León Felipe y en casa de Pedro Garfias y les dije aquí estoy para lo que gusten mandar. Y les debí de caer simpática, porque antipática no soy, aunque a veces soy pesada, pero antipática nunca. Y lo primero que hice fue coger una escoba y ponerme a barrer el suelo de sus casas y luego a limpiar las ventanas y cada vez que podía les pedía dinero y les hacía compra. Y ellos me decían con ese tono español tan peculiar, esa musiquilla distinta que no los abandonó nunca, como si encircularan las zetas y las ces y como si dejaran a las eses más huérfanas y libidinosas que nunca, Auxilio, me decían, deja ya de trasegar por el piso, Auxilio, deja esos papeles tranquilos, mujer, que ei polvo siempre se ha avenido con la literatura.
BOLAÑO, R. A. Tres novelas. Barcelona: Círculo de Lectores. 2003. 

No fragmento do romance, a uruguaia Auxilio narra a experiência que viveu no México ao trabalhar voluntariamente para dois escritores espanhóis. Com base na relação com os escritores, ela reflete sobre a(s)

a) variação linguística do espanhol.
b) sujeira dos livros de literatura.
c) distintas maneiras de acolher do mexicano.
d) orientações sobre a limpeza das casas dos espanhóis.
e) dificuldades de comunicação entre patrão e empregada.

Comentários

a) Exato. Ao mostrar sotaque, variações fonológicas e tudo mais, o texto trabalha com a a
variação linguística. Alternativa correta.

b) O objetivo não há trabalhar o quão sujo os livros estão. Alternativa incorreta.

c) O acolhimento observado aqui é do espanhol que acolhe o mexicano e não o contrário.
Alternativa incorreta.

d) Não há nenhuma orientação de limpeza no texto. Alternativa incorreta.

e) Patrão e empregada conseguem engatar uma comunicação sem problema algum de
compreensão. Alternativa incorreta.

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Bom, essas são as questões mais difíceis do Enem 2021, de acordo com os professores do Estratégia Vestibulares. Para torná-las mais fáceis, basta aprender com os melhores: nossos professores e materiais exclusivos! Confira em nosso site todas as vantagens que podemos te oferecer para que sua aprovação fique ainda mais próxima de acontecer.

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