O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira divulgou recentemente a nova Cartilha de Redação do Enem 2025, e uma das principais novidades foi o alerta contra o uso dos chamados “repertórios de bolso”, também conhecidos pelos alunos como repertórios coringa.
O aviso representa um posicionamento do Inep sobre o tipo de repertório que será valorizado na Competência II da redação, que avalia o repertório sociocultural do candidato e sua capacidade em desenvolver argumentos consistentes.
A partir de agora nota máxima na redação do Enem não dependerá apenas do domínio da estrutura dissertativo-argumentativa, mas da habilidade de usar repertórios socioculturais de modo produtivo, contextualizado e genuinamente articulado à tese. Não basta citar autores e obras conhecidas, é preciso demonstrar compreensão e autoria.
O Portal Estratégia Vestibulares preparou este artigo, com auxílio do professor de Redação e Filosofia do EV, Fernando Andrade, para te explicar o que é repertório de bolso, quais os problemas em torno dessa prática e como evitá-los. Confira e prepare-se!
Saiba mais:
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O que são repertórios de bolso?
O termo repertório de bolso diz respeito às referências decoradas e genéricas, usadas de forma automática em qualquer tema, mesmo quando não há relação direta com o assunto da proposta.
Segundo o professor de Redação do Estratégia Vestibulares, Fernando Andrade, o repertório de bolso também é chamado de repertório coringa por se encaixar em qualquer contexto. Ele o descreve com três traços: simplista, generalizante e recorrente.
É simplista pois o aluno não se preocupa em explicar o argumento e mostrar conhecimento pleno sobre o assunto. Generalizante porque serve para qualquer tema, desde a democratização do acesso ao cinema até a desvalorização da herança africana. E recorrente pois os corretores percebem a utilização desses argumentos pela maioria dos estudantes.
O Inep, assim como o professor Fernando, dá exemplos clássicos desses usos. Um deles é a citação da obra “Utopia”, de Thomas More, aplicada de forma vaga para comparar o ideal e a realidade social.
Outro é o uso do conceito de “instituições zumbis”, do sociólogo Zygmunt Bauman, para criticar problemas genéricos do Estado ou da educação. Em ambos os casos, a referência é tratada como um enfeite teórico, sem análise ou aprofundamento.
A orientação da Cartilha é que o repertório de bolso não será considerado produtivo e pode reduzir a nota na Competência II, que avalia o repertório sociocultural do candidato.
Por que o Inep considera essa prática um problema?
De acordo com a cartilha, o problema é que esse tipo de repertório não demonstra autoria nem compreensão real do conteúdo citado. O estudante pode até mencionar um autor famoso, mas, se fizer isso sem contextualização e sem relação clara com o tema, o corretor vai perceber.
Fernando explica que para alcançar a nota máxima na Competência II, o repertório sociocultural deve ser: “pertinente ao assunto tratado, bem contextualizado e bem articulado com os argumentos e o problema discutido”. Não basta citar, é preciso mostrar como o conhecimento contribui para sustentar o ponto de vista.
Quando um repertório é usado apenas como um “truque” para impressionar o corretor, sem relação com a tese ou sem explicação sobre o conceito, ele passa a ser avaliado como não produtivo. Esse tipo de erro afeta diretamente a pontuação da Competência II, podendo impedir que o estudante alcance as notas mais altas.
Além disso, o uso repetitivo de autores e obras muito conhecidos, como Bauman, Durkheim, Aristóteles ou “Utopia”, revela uma padronização excessiva, algo que os avaliadores reconhecem facilmente por já ter aparecido em milhares de redações. Em vez de demonstrar domínio, isso transmite a ideia de falta de autenticidade e pensamento crítico.
+ Repertório sociocultural: o que é, como usar na redação e exemplos
Como evitar o repertório de bolso e construir repertórios produtivos?
A Cartilha traz recomendações práticas para que o estudante abandone o repertório decorado e aprenda a construir um repertório produtivo, capaz de fortalecer a argumentação. Entre as orientações do Inep, estão:
- Escolher referências específicas que realmente dialoguem com o tema da proposta;
- Contextualizar a citação, mostrando quem é o autor e qual o sentido original da obra;
- Articular o repertório com a tese e os argumentos do texto; e
- Demonstrar compreensão do conteúdo citado, explicando por que ele é relevante.
A cartilha apresenta também alguns exemplos que ilustram o uso adequado de repertórios. Em vez de recorrer a frases prontas, os textos que alcançam as notas mais altas explicam o contexto histórico e o sentido das referências utilizadas.
Um dos exemplos é o uso da historiadora Maria Beatriz Nascimento, cujas pesquisas sobre identidade negra e quilombos no Brasil foram mobilizadas para discutir o apagamento da cultura afro-brasileira.
Outro é a menção à escritora Maria Firmina dos Reis, autora do romance Úrsula (1859), que rompeu com a tradição eurocêntrica e deu protagonismo a personagens negras. Há ainda o caso do músico Cartola, cujo percurso artístico foi usado para refletir sobre o apagamento simbólico de artistas negros na história do país.
O que muda na preparação para o Enem?
A partir de agora, decorar autores, frases e conceitos prontos não é mais sinônimo de segurança. O foco deve estar em entender profundamente os repertórios, compreendendo o contexto das obras, as ideias dos autores e, principalmente, como esses elementos se conectam com temas sociais contemporâneos.
Em vez de criar um “banco de citações”, o estudante pode investir em repertórios temáticos, organizados por áreas (educação, tecnologia, meio ambiente, cultura, etc.), e buscar formas de relacioná-los criticamente com possíveis temas do Enem. Filmes, séries, músicas, obras literárias, acontecimentos históricos e experiências pessoais também são fontes válidas, desde que sejam usados com sentido.
A própria Cartilha reforça essa ideia ao lembrar que todo estudante já possui repertórios construídos ao longo da vida. O desafio é aprender a reconhecer e aplicar esses conhecimentos de forma autoral e consciente, mostrando que há reflexão e não simples memorização.
Fernando ainda aconselha para um bom desempenho: ler a coletânea com atenção para não fugir do tema, lembrar que a redação do Enem possui recortes, pensar em caminhos que se relacionem com o tema, escolher repertórios produtivos, ou seja, que causem efeito de convencimento, desenvolver os repertórios e explicar seus conceitos e, por fim, mostrar sua ligação com o problema proposto pela prova.
Veja textos para aprimorar seu repertório sociocultural
- 15 filmes do Studio Ghibli para usar na redação
- 11 músicas da Taylor Swift para usar na redação
- Wandinha: como usar a série no repertório sociocultural da redação?
- 9 filmes sobre desigualdade de gênero para usar como repertório sociocultural na redação
- O Conto da Aia: como usar a série no repertório sociocultural da redação
- Como usar o filme Flow no repertório sociocultural da redação?
- 9 filmes de Walter Salles para usar como repertório sociocultural da redação
- 13 filmes de animação para usar como repertório sociocultural na redação
- Correios: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular
- Bets, apostas e jogos de azar: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular
- Olimpíadas: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular
- Eleições e poder de voto: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular
- Trabalho Infantil: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular
- Liberdade de imprensa: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular
- Dia internacional da educação: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular
Enem 2025
- Divulgação do edital
23/05/2025 – acesse o edital - Período de solicitação de isenção e justificativa de ausência
14 a 25/04/2025 - Divulgação do resultado do pedido de isenção e da justificativa de ausência
12/05/2025 - Recurso da justificativa de ausência e permissão de isenção da taxa de inscrição
12 a 16/05/2025 - Resultados do recurso da justificativa de ausência e pedido de isenção da taxa de inscrição
22/05/2025 - Período de inscrições do Enem 2025
26/05 a 06/06/2025 - Pagamento da taxa de inscrição
até 11/06/2025 - Divulgação do local de prova do Enem 2025
Não divulgado - Provas Enem 2025*
09 e 16/11/2025 - Divulgação do gabarito oficial
até o 10° dia útil após o 2° dia de aplicação - Divulgação do resultado
13/01/2026 - *Aplicação em Belém, Ananindeua e Marituba (PA)
30/11 e 07/12/2025
Sisu 2025
- Divulgação do edital: 26/12/2024;
- Período de inscrição: 17 a 21/01/2025;
- Resultado da lista única: 26/01/2025;
- Período para participar da lista de espera: 26 a 31/01/2025.
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