A primeira fase da Fuvest 2026, vestibular da Universidade de São Paulo (USP), será aplicada em 23 de novembro, enquanto a segunda fase será realizada nos dias 14 e 15 de dezembro.
No primeiro dia de provas da 2ª fase, em 14 de dezembro, os candidatos precisam responder a dez questões dissertativas e elaborar uma redação. A partir da edição 2026, será apresentada aos candidatos uma única coletânea de textos, articulados entre si, que dará origem a duas propostas de redação.
Os participantes deverão escolher apenas um dos temas para elaborar seu texto. A primeira proposta sempre será do gênero dissertativo-argumentativo, enquanto o segundo seguirá o gênero narrativo.
Até a última edição do vestibular, os candidatos recebiam uma única proposta de redação e precisavam, obrigatoriamente, elaborar um texto dissertativo-argumentativo.
O tema de redação escolhido na edição 2025 foi “As relações sociais por meio da solidariedade”. Já em 2024, os candidatos escreveram sobre “Educação básica e formação profissional: entre a multitarefa e a reflexão”.
+ Temas de redação do Vestibular Fuvest nos últimos anos
Nesta edição, a Fuvest oferece 8.147 vagas para seus cursos de graduação. Se você está em busca de uma delas, confira a seguir as apostas de temas de redação para este ano, em uma análise feita em parceria com o professor de Redação e Filosofia do Estratégia Vestibulares, Fernando Andrade.
Aliás, o professor tem histórico de acertos: em 2021, ele previu o tema da redação do Enem no 2º Simulado do Estratégia Vestibulares e, em 2024, acertou o tema de redação do Encceja Ensino Médio.
Será que vem mais um acerto por aí? Confira a seguir os temas sugeridos por Fernando Andrade, com comentários na íntegra e dicas para se preparar!
+ Quais são as mudanças no Vestibular Fuvest 2026?
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1 – A desconexão na hiperconectividade
“À primeira vista, é um tema de compreensão acessível, mas que exige aprofundamento para evitar abordagens simplistas. A banca tem optado também por temas assim, como quando pediu para o candidato discorrer sobre ‘As relações sociais por meio da solidariedade’.
O tema é relevante e foi debatido pelo psicólogo social Jonathan Haidt, que esteve no Brasil e participou do evento ‘Fronteiras do Pensamento’. Ele não deve representar um grande desafio de imediato, embora requeira atenção para não se dizer o óbvio.
Valeria a pena pensar inicialmente no que significa conexão, laço social, sua importância e quais seriam as consequências de uma desconexão com a alteridade no ambiente digital.
Esse tema permite que se proponha a escrita de uma narrativa na qual o personagem, depois de muito tempo na rede, comece a ter medo das pessoas.”
2 – Infodemia
“A expressão circulou durante a pandemia da COVID-19, quando se observou que o excesso de informação provocava desinformação e ansiedade. Essa questão é bem interessante, uma vez que, pela primeira vez, a manipulação de informações toma um caminho bem diferente do que ocorria no passado.
Era comum que políticos escondessem informações ou que a imprensa apresentasse um determinado viés que ocultava interesses privados.
A lógica da informação excessiva é outra. Como na internet é possível divulgar todas as perspectivas possíveis sobre um fato, a maneira de fazer calar os pontos de vista desagradáveis é justamente inundando o usuário com informações.
Trata-se de um tema que volta a atenção para questões como ‘verdade’, ‘mentira’, ‘fake news’ e ‘manipulação de informações’.
Um tema que permite imaginar narrativas nas quais algo importante para o personagem foi desconsiderado por ter recebido informações demais.”
3 – A imaginação distópica
“Em 2016, a Fuvest pediu para o candidato se posicionar diante da Utopia. Quase dez anos depois, seria possível perguntar sobre o contrário disso: a perspectiva apocalíptica que parece ganhar o imaginário social em filmes, obras e games em que a temática é comum.
Vale pensar, inclusive, na relação dialética entre utopia e distopia – como a distopia pode ser uma utopia corrompida. O tema faz-nos questionar o significado desse pesadelo coletivo. O que essa expressão artística revela sobre nossa forma de viver?
É interessante lembrar que, para Freud, nossos sonhos e pesadelos revelam verdades que não confessaríamos nem para nós mesmos. Nesse caso, um pesadelo coletivo revela fissuras de uma sociedade moderna que se proclama como ideal de vida, mas que, no fundo, esconde estruturas violentas e insuportáveis que aparecem na imaginação apocalíptica. Seria isso? Que estruturas são essas? A Filosofia e a Sociologia têm muito a dizer sobre isso, sobretudo ao considerar os efeitos do neoliberalismo.
É um tema que permite aprofundar a questão em diversas frentes. No caso desta proposta, uma brincadeira legal é pedir que o candidato escreva um conto distópico.”
4 – Segurança versus vigilância
“Trata-se de uma velha aposta inspirada, é claro, em Foucault. Tal tema foi reelaborado pelo filósofo Vladimir Safatle, professor de Filosofia da USP, ao insistir que o medo é um afeto próprio da contemporaneidade que tem função política. Isso considerando um lado da equação: a insegurança que parece inclusive ser alimentada por determinada classe política que depois pode se apresentar como solução autoritária para o problema.
Não é à toa que o tema de segurança se tornou chave para a política. Na outra ponta do tema, reencontramos a discussão do filósofo francês, na obra Vigiar e Punir, mas de uma forma nunca imaginada.
Hoje, não só achamos a vigilância natural como nos oferecemos para sermos monitorados como fonte de prazer e meio de reconhecimento nas redes sociais. Desejo por segurança e vigilância consentida se complementam com uma resultante nada agradável: o poder exacerbado de controle de corações e mentes. O que você acha disso?
Imagine um sujeito que, por medo da violência, acabe fazendo tudo por computador, até ser vítima de um hacker, o que o leva a perceber que sua insegurança levou à aceitação da vigilância, que o pôs em risco. Uma proposta narrativa sobre o tema poderia ter esse conflito.”
5 – O tempo na era digital
“A Fuvest já cobrou uma reflexão sobre o tempo em 2004, quando se considerava como traço da pós-modernidade a presentificação da percepção do real. A proposta era singela. Perguntava qual perspectiva seria melhor para ter como parâmetro para viver: o presente, o passado ou o futuro.
A questão hoje vai além. O excesso de informação determina que o nosso tempo de experienciação do real seja o da novidade. Um post, meme ou informação só tem função ao nos atingir no presente e não serve como elemento de memória e reflexão, mas é desbancado pelo próximo meme, informação ou post.
Isso cria uma sucessão de agoras, que não deixa espaço para o tédio e para a reflexão criativa, ideia bem desenvolvida pelo filósofo Byung-Chul Han.
A sensação é de presente contínuo, em que não formamos uma memória do passado que poderia guiar o futuro, e muito menos somos capazes de produzir análises profundas que possam nos guiar a imaginar projetos de futuro mais consistentes.
Como essa presentificação nos afeta de fato? Seria uma boa proposta, complexa, mas com as características próprias da Fuvest. Nesse caso, pode-se pensar na narrativa de uma pessoa que tem memória numa sociedade de desmemoriados. Como seria isso?”
Calendário Vestibular Fuvest 2026
- Divulgação do edital: 01/08/2025;
- Pedidos de isenção: 12/05 a 11/07/2025;
- Pagamento da taxa: até 09/10/2025;
- Inscrições: 18/08 a 07/10/2025;
- Locais de prova da 1ª fase: 31/10/2025;
- Provas 1ª fase: 23/11/2025;
- Resultado 1ª fase: 01/12/2025;
- Locais de prova da 2ª fase: 01/12/2025;
- Provas 2ª fase: 14 e 15/12/2025;
- Provas de competências específicas: 09 a 12/12/2025;
- Resultado 1ª chamada: 23/01/2026.
- Matrículas: ainda sem data.
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