A arquitetura islâmica, espalhada da Espanha à China, redefiniu a arte ao focar na geometria infinita, azulejos e caligrafia sagrada, em detrimento da figuração.
Para o vestibular, é crucial entender como ocorre essa materialização da fé islâmica nos palácios e mesquitas e o contraste com a iconografia da arquitetura cristã medieval.
Pensando nisso, o Portal Estratégia Vestibulares preparou este artigo para você entender melhor os principais aspectos da arquitetura islâmica, com exemplos. Confira!
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O contexto da arquitetura no Islã
A arquitetura islâmica representa uma das expressões artísticas mais diversificadas, desenvolvida a partir do século VII d.C. por populações muçulmanas que se estenderam por vastas regiões, incluindo a Ásia Menor, Pérsia, Norte da África e partes da Europa.
Desde então, a língua árabe se tornou sagrada e a arquitetura foi uma das primeiras expressões da arte islâmica, florescendo, principalmente, mediante a construção de templos.
Função da arquitetura islâmica
Nesse contexto, a principal função da arquitetura islâmica é servir à comunidade muçulmana e expressar a glória e a unidade de Alá. Assim, a arquitetura muçulmana é principalmente voltada à construção de espaços sagrados e o edifício é estrategicamente projetado para garantir uma adequada experiência espiritual.
Toda produção é voltada para satisfazer os preceitos religiosos:
- As orações voltadas à Meca: os edifícios de oração devem estar voltados para a Caaba, em Meca, para que os muçulmanos façam as cinco orações diárias obrigatórias;
- A reunião comunitária na sexta-feira: a necessidade de abrigar grandes grupos para a oração de sexta-feira (Salat al-Jumu’ah) exige espaços amplos e abertos, como o Sahn (pátio) e o salão de oração (Haram), frequentemente colunados (hipostilo);
- A purificação ritual (Tahara): presença de fontes de água em que possa ser realizada a ablução antes dos rituais religiosos, simbolizando a pureza; e
- A rejeição de imagens figurativas: um dos preceitos mais importantes na arte islâmica é a ausência de imagens figurativas do divino e de seres vivos, por ser considerado idolatria. Este fator direcionou a arte decorativa para a exploração da caligrafia, geometria e arabescos.
Tipos de construções islâmicas
Os tipos de edifícios islâmicos mais importantes que você deve conhecer são:
- Mesquita: é o principal edifício de culto islâmico, concebido como um espaço de reunião para a oração comunitária;
- Madrasa: é uma instituição de ensino religioso e moral do islamismo. As madrasas costumam ser compostas por salas de aula, mesquita, biblioteca e alojamentos para os estudantes;
- Caravançarai: são edifícios que serviam de alojamento para comerciantes e viajantes, comum no Oriente Médio, Ásia Central e Norte da África;
- Palácio islâmico: consiste em um conjunto de edifícios e pavilhões organizados em torno de um ou mais pátios internos. Os palácios funcionam como residências luxuosas de pessoas de prestígio (xeques, califas e sultões) e como centros de poder político; e
- Mausoléu: tumba monumental, construída para honrar uma pessoa importante, a exemplo do imperador, uma família real ou figura religiosa. Por geralmente estar associado a uma mesquita, também pode ser considerada um local de peregrinação e culto.
A mesquita e seus elementos
A mesquita é o edifício central da arquitetura islâmica e suas partes principais são:
- Minarete: é a torre, geralmente alta e esguia, de onde o muezim chama os fiéis para a oração, simbolizando a conexão entre a terra e o céu;
- Pátio (Sahn): o pátio interno, essencialmente uma área aberta para purificação e meditação. No centro, é comum encontrar o Sabil, a fonte para as abluções (lavagens rituais necessárias antes da oração);
- Salão de oração (Haram): é um salão coberto, projetado para abrigar as pessoas. É geralmente amplo, com muitas colunas (hipostilo), garantindo espaço para todos;
- Mihrab: este é o nicho, ou seja, uma reentrância em forma de abside na parede frontal do salão de oração. O Mihrab indica a direção da cidade sagrada de Meca, para onde todos os fiéis se viram para orar;
- Minbar: consistem em um púlpito elevado, geralmente construído em degraus ao lado do Mihrab, de onde o líder religioso prega o sermão da sexta-feira.
Padrões decorativos: caligrafia, geometria e arabescos
Pode-se afirmar que determinados padrões decorativos são a marca registrada da arquitetura islâmica, resultado da busca pela representação abstrata do divino. Desse modo, em sua arquitetura é evidente a presença de caligrafia, arabescos, formas geométricas e mucarnas.
Caligrafia
reproduz com letra artística e elaborada versos do Alcorão ou outras frases religiosas. Esta é considerada a mais elevada das artes e costuma ser aplicada em painéis de azulejo, inscrições em cúpulas e frisos;
Arabescos
Ornamentos artísticos originadas no islamismo por volta do século VII d.C., caracterizados por padrões lineares rítmicos e entrelaçados de folhagens e formas geométricas complexas. Os arabescos simbolizam a infinidade de Alá através de desenhos repetitivos e não figurativos, evitando a iconografia. Podem ser aplicados, por exemplo, em esculturas em estuque (uma argamassa à base de gesso, cal, areia e água) e relevos em mármore.
Formas geométricas
Observa-se o uso de estrelas, polígonos e padrões repetitivos complexos que representam a ordem do universo e a natureza infinita de Alá. As formas geométricas podem ser observadas em azulejos marroquinos e painéis de madeira, por exemplo.
Mucarnas
São elementos tridimensionais da arquitetura islâmica, com efeito de “colmeia” ou “estalactite”, dispostos em camadas que preenchem transições de ângulos. Podem ser feitas de tijolo, pedra, estuque ou madeira e são usadas em cúpulas, arcos, nichos ou transições de parede, conferindo profundidade e uma sensação de leveza.
Exemplos notáveis da arquitetura islâmica
Apesar de seguirem os mesmos preceitos, a arquitetura islâmica é bem diversa, variando com o local geográfico onde estão inseridas, e isso é observado em seus grandes exemplos ao redor do mundo:
Palácio de Alhambra (Granada, Espanha)
Construído entre os séculos XIII e XIV d.C., principalmente pela dinastia Nazarita, no reinado de Mohammed I, o Palácio de Alhambra é um complexo de palácios, considerado um importante centro político da aristocracia muçulmana no Ocidente, dotado de pátios internos, piscinas, e o uso impecável de mucarnas e azulejaria.

Mesquita-Catedral de Córdoba (Andaluzia, Espanha)
A Mesquita de Córdoba foi edificada a partir de 785 d.C. pela dinastia Omíada, é uma das mais importantes mesquitas islâmicas do mundo, sendo famosa pelos seus icônicos arcos em ferradura duplos e bicolores (vermelho e branco), que dão amplitude ao salão. Porém, em 1236, a mesquita tornou-se catedral cristã, depois da reconquista da cidade por Fernando III, o Santo.

Taj Mahal (Agra, Índia)
A construção do Taj Mahal ocorreu entre 1632 e 1653, por ordens do rei mongol Shah Jahan. Esta edificação é um mausoléu encomendado para uma das esposas do rei e mistura elementos da arquitetura islâmica, persa e indiana. Torna-se notável pela simetria perfeita, cúpula bulbosa e uso de mármore branco incrustado com pedras preciosas.

Mesquita de Suleymaniye (Istambul, Turquia)
Essa mesquita é uma obra-prima do arquiteto Sinan e foi construída na segunda metade do século XVI, encomendada pelo sultão Suleiman, o Magnífico, a fim de celebrar o auge do Império Otomano. Caracteriza-se pelas grandes cúpulas centrais, que remetem à Hagia Sophia, e pelos minaretes esguios, mostrando a grandiosidade do Império.

A Grande Mesquita de Isfahan (Isfahan, Irã)
A Grande Mesquita de Isfahan é um registro histórico da arquitetura islâmica que evoluiu ao longo de mil anos (séculos VIII-XVIII), não pertencendo a uma única dinastia. Destaca-se por ser uma das primeiras a apresentar a “planta de quatro-iwan” (quatro grandes portais abobadados em forma de abside que se abrem diretamente para o pátio central) e por exibir diversos estilos, o que inclui a suntuosa azulejaria persa de períodos posteriores.

A Grande Mesquita de Xi’an (Shaanxi, China)
A Grande Mesquita de Xi’an é uma das mesquitas mais antigas e mais bem preservadas da China, que marca o início do Islã na China através da Rota da Seda, com origens que remontam à Dinastia Tang (século VII-VIII d.C.). Esse é o exemplo máximo de como a arquitetura islâmica adotou o estilo local.

Como a arquitetura islâmica é abordada nos vestibulares?
Diante de tudo o que você leu sobre a arquitetura islâmica, talvez esteja se perguntando como esse assunto pode cair na prova. Nos vestibulares as questões podem exigir conhecimento das seguintes maneiras:
- Relação arte-religião: pode ser cobrado o entendimento por que a decoração é focada na caligrafia e nos padrões geométricos em detrimento da arte figurativa, como a iconografia patente na arquitetura cristã; e
- Associação geográfica: também pode ser exigida a capacidade de compreender a diversidade regional da arte islâmica, além de vincular estilos e obras específicas a seus impérios e regiões.
+ Veja também: Mosaico no Islã: origens, características e exemplos notáveis
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