O azulejo é uma técnica milenar que ganhou novo significado na cultura islâmica e tornou-se uma assinatura visual utilizada no revestimento de mesquitas e palácios.
Para o vestibular, é crucial entender a incorporação do azulejo na arte islâmica e como a religião é refletida na decoração dos azulejos.
Pensando nisso, o Portal Estratégia Vestibulares preparou este artigo para você entender melhor a história e as principais características do azulejo no Islã, com exemplos. Confira!
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O azulejo na História da Arte Islâmica
O azulejo (do árabe al-zulayj, “pedra polida”) é uma placa cerâmica esmaltada cuja origem remonta à Antiga Mesopotâmia, tendo como exemplo a Porta de Ishtar da Babilônia, construída em 575 a.C., sob ordem do rei Nabucodonosor II.
Na História da Arte Islâmica, essa técnica ganhou intensa popularidade na Idade Média, tornando-se um elemento decorativo essencial, utilizado em ambientes internos e externos, sob forte influência da cerâmica chinesa.
No Império Otomano (1299-1922), destacaram-se especialmente os azulejos de Iznik, famosos pelo brilho do quartzo e pelo uso do vermelho-tomate nas pinturas. Eles eram estrategicamente usados nas mesquitas para melhorar a acústica e ampliar o espaço visual.
Já na Península Ibérica, a técnica foi introduzida pelos Mouros. Porém, foi em Portugal, a partir do século XVI, que o azulejo no formato quadrangular se desvinculou da arte islâmica e tornou-se uma expressão cultural nacional amplamente utilizada em fachadas e interiores de edifícios.
Por que o islamismo escolheu o azulejo?
O motivo principal da ascensão do azulejo foi a sua versatilidade e o impacto visual que proporciona. Enquanto o mosaico de pedra era mais custoso e demorado, o azulejo oferecia uma alternativa acessível e com cores vibrantes (em especial o azul e o turquesa) que cobria vastas áreas. Isso permitiu que a arte se disseminasse por todo o Império Islâmico.
Função dos azulejos na arte islâmica
Diante disso, os azulejos são utilizados para revestir praticamente todas as superfícies importantes nas produções islâmicas:
- Arquitetura religiosa: mesquitas, madrasas (escolas teológicas) e mausoléus;
- Arquitetura secular: palácios, fontes e pátios.
Assim, o revestimento de azulejo vai além da mera decoração: serve para proteger as superfícies da ação do tempo e para a expressão da beleza e da fé islâmica.
Características do azulejo islâmico
Nesse contexto, as principais características do azulejo no islâmico, assim como em outras produções artísticas do Islã, estão alinhadas com os preceitos religiosos e expressão simbólica.
Portanto, podem ser citados como aspectos inerentes:
Ausência de imagens figurativas
Devido à restrição na representação de figuras humanas e animais, o azulejo islâmico apresenta:
- Padrões geométricos complexos: estrelas, polígonos e composições intrincadas que sugerem ordem, infinidade e a perfeição da criação divina;
- Arabescos: desenhos florais e vegetais altamente estilizados, fluidos e entrelaçados;
- Caligrafia: versos do Alcorão ou frases históricas são escritas com caligrafia elaborada como elementos decorativos e espirituais, geralmente em escrita Thuluth ou Kufic.
Riqueza de cores
A arquitetura islâmica utiliza intencionalmente esmaltes coloridos nos azulejos, pois as cores possuem profundo significado simbólico na fé e na cultura:
- Azul: é a cor predominante, simbolizando a infinitude e a transcendência dos céus, especialmente presentes no revestimento de cúpulas;
- Branco: além de representar a pureza, é fundamentalmente usado para contrastar e realçar os desenhos dos azulejos;
- Verde: cor diretamente associada ao Islã e ao Paraíso. É frequentemente combinada com o azul e dourado; e
- Dourado ou amarelo: simboliza a beleza, a iluminação e a riqueza, sendo amplamente empregado em detalhes dos azulejos em mesquitas para destacar a grandiosidade e o brilho.
Estilos regionais e exemplos notáveis
Apesar de ter como centro o islamismo, a azulejaria islâmica é diversa devido à difusão da religião entre povos de diferentes etnias e culturas ao redor do mundo. Desse modo, a riqueza da azulejaria e a diversidade de técnicas é melhor vista em seus exemplos regionais:
- Azulejaria Persa (Irã): destaca-se aqui a Mesquita do Imã, em Isfahan, a qual possui composições coloridas, frequentemente dominadas pelo azul, com desenhos florais e geométricos;
- Azulejaria Otomana (Turquia): dominada pelos suntuosos azulejos de Iznik, na Turquia, o estilo florido otomano e o uso do vermelho tomate na composição em relevo são marcas registradas. A azulejaria otomana pode ser observada na Mesquita Rüstem Pasha, em Istambul; e
- Azulejaria Mourisca (Zellij): disseminada especialmente na Península Ibérica, esse estilo pode ser visto no Palácio de Alhambra (Espanha) e nas cidades marroquinas. A azulejaria mourisca usa as peças de azulejo para compor mosaicos geométricos pintados, como padrões de estrelas, que se encaixam com precisão.



Azulejo e mosaico islâmico: diferenças
Um ponto da arte islâmica que pode gerar confusão é a distinção entre o a azulejaria e o mosaico islâmico.
Desse modo, enquanto o mosaico islâmico utiliza pequenas tesselas na composição (peças de vidro ou pedra), seguindo a tradição greco-romana e bizantina, o azulejo faz uso de placas de cerâmica, com dimensões maiores, planas e esmaltadas que são pintadas de acordo com o estilo desejado.
Além disso, a ornamentação no mosaico é limitada pelo tamanho de cada tessela, contrastando com o azulejo, que permite um maior nível de detalhe e fluidez no desenho por serem pintados em uma superfície contínua.
Contudo, a técnica Zellij é uma combinação de azulejo e mosaico, sendo uma exceção. Este estilo consiste em utilizar placas de azulejo cortadas em várias pequenas peças geométricas que se encaixam e podem ser pintadas ou decoradas com maior fluidez.
O legado e a influência do azulejo islâmico
Em virtude da facilidade de produção e detalhe, o azulejo superou o mosaico em popularidade em muitas regiões a partir da Alta Idade Média. Nesse sentido, a tradição do azulejo influenciou diretamente a azulejaria portuguesa, que por sua vez se tornou uma marca da arquitetura colonial no Brasil.
Entretanto, é fundamental notar as diferenças: o azulejo português foca em cenas figurativas monocromáticas (azul com fundo branco), enquanto o azulejo islâmico é marcado pela riqueza de formas geométricas, pelos arabescos e pela caligrafia, evitando imagens de seres vivos.
+ Veja também: Mosaico bizantino: história da arte, importância e exemplos
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