A arte, enquanto expressão humana e social, marcada por esculturas, pinturas, músicas, construções arquitetônicas, obras literárias, entre outros meios, constitui a humanidade desde tempos remotos. A história da arte, então, remonta aos períodos pré-históricos, ainda com pinturas rupestres e esculturas montadas com a sobreposição de pedras.
Conhecer a cronologia da arte, além de ser um conhecimento básico importante para vestibulares nacionais, também é uma forma de compreender as relações entre os períodos históricos e a expressão artística, como diferentes eventos sociais e internacionais podem influenciar na criatividade e produção de grandes pintores e músicos, por exemplo.
Neste artigo, conheça as características principais dos períodos da história da arte, considerando os contextos históricos e as diferentes modalidades do fazer artístico. Veja, ainda, a resolução de uma questão de vestibular que faz essa relação entre a história da arte e a história do Brasil. Boa leitura!
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O que é história da arte?
A história da humanidade pode ser estudada a partir de diferentes aspectos: em alguns casos é importante entender qual a trajetória política das sociedades ao longo do tempo, bem como estudar a história dos sistemas econômicos. Nesse sentido, a história da arte é uma forma de compreender os processos socioeconômicos vivenciados pela humanidade, explorando a relação entre os eventos históricos, a visão da população e a repercussão disso na expressão artística.
A arte, por si só, foi uma das primeiras formas de comunicação dos seres humanos. Diante disso, estudar o progresso e características artísticas ao longo do tempo também reflete a forma como os indivíduos se comunicam e expressam suas tradições, emoções, costumes e cultura.
Ainda, é importante ressaltar que os seres humanos, enquanto homo sapiens estão entre as poucas espécies com grande capacidade de abstração e a arte é uma das principais formas físicas de expressar essa habilidade. Afinal, muitas vezes, uma obra artística corresponde a um conjunto de símbolos que a mente humana consegue construir significado e expressividade.
História da arte: períodos artísticos
Arte pré-histórica
A arte pré-histórica, desenvolvida entre os período Paleolítico, Mesolítico e Neolítico, é conhecida atualmente por meio de achados arqueológicos, como pinturas rupestres em cavernas, pequenos potes de cerâmica decorados, e até esculturas realizadas com pedras. As expressões artísticas tinham relação com o cotidiano pré-histórico e a necessidade de utensílios para beber ou comer, por exemplo.
No caso dos desenhos em paredes, as cores utilizadas eram retiradas da natureza, principalmente de plantas que possuem tonalidades fortes como o vermelho, uma das cores mais abundantes entre as espécies.
No Brasil, existe um sítio arqueológico que fica em Piauí, chamado Parque Nacional Serra da Capivara, em que são encontradas pinturas rupestres que datam de 60 mil anos atrás, aproximadamente.
Arte antiga
Quando a escrita é inventada como forma de comunicação, os historiadores classificam o período histórico com um novo nome: Antiguidade. No mundo ocidental, as principais civilizações da época são Egito, Grécia e Roma.
Diante disso, a arte antiga é marcada, principalmente, por artes produzidas por essas sociedades. A arte greco-romana, que ficou conhecida como arte clássica, buscava representar com grande fidelidade as expressões do corpo humano, suas curvas, entalhes, principalmente em esculturas detalhistas.
Do ponto de vista arquitetônico, as pirâmides egípcias, construídas por milhares de pessoas ao longo de muitos anos, são um marco artístico. Afinal, todas as pedras são encaixadas de maneira milimétrica, manualmente e com um importante senso artístico. Os romanos também foram destaques na arquitetura, com projetos de cidades inovadores para o período.
É importante mencionar que grande parte das expressões artísticas, na arte antiga, tinha relação com a questão cultural e religiosa. Muitas obras tinham o objetivo de representar um deus ou, no caso das pirâmides, garantir a vida pós-morte das divindades.
Arte medieval
O período entre os séculos X e XV é chamado de Idade Média, em que o feudalismo era o sistema social predominante, de forma que o Clero e a Igreja tinham grande influência sobre a sociedade. Assim, a arte medieval tem uma relação muito forte com o catolicismo.
Grande parte das obras artísticas eram realizadas em tempos cristãos, seja para a pintura dos tetos, construções de janelas e vidraças artísticas, esculturas do menino Jesus e outras figuras bíblicas, bem como tapeçarias que refletiam cenas narradas na bíblia.
É importante mencionar, ainda, que a arte medieval tinha um cunho educativo e catequético. Como a maioria dos populares não tinha acesso à alfabetização, os desenhos pintados nas paredes e tetos das igrejas eram utilizados para ensinar histórias bíblicas e propagar o cristianismo.
Arte renascentista
Ao fim da Idade Média, inicia-se um período em que a racionalidade e as características humanas voltam a ser predominantes na construção das sociedades, com menor influência da igreja sobre as civilizações. Essa época é conhecida como renascimento e havia uma forte inspiração no estilo de vida dos gregos e romanos da Idade Antiga.
Assim, o termo renascimento remete à busca por características que remetiam à Antiguidade. As pinturas e esculturas voltam a ser construídas para representar com fidedignidade as curvaturas, proporções, contornos e expressões do corpo humano.
As obras artísticas apresentavam um teor mais naturalista, inclusive com a exposição das genitálias bem desenhadas e esculpidas, para garantir que o ser humano fosse retratado em sua totalidade.
Foi uma época importante para o desenvolvimento de estudos sobre as proporções do corpo humano, sua anatomia, com a disposição dos músculos. Exploraram também o uso da luz para conferir mais tridimensionalidade às pinturas, o que tornava-as mais realistas.
Arte pré-colombiana
A arte pré-colombiana representa a produção artística realizada por povos da América antes da chegada dos europeus. Destacam-se as civilizações dos maias, incas e astecas, que construíram esculturas mitológicas e grandes tesouros arquitetônicos, como a capital do império asteca, Tenochtitlan, edificada acima de um lago para o aproveitamento de suas águas na agricultura e sobrevivência da população.
No geral, a história da humanidade foi construída do ponto de vista europeu, então as expressões artísticas desenvolvidas em outros continentes só foram descobertas e exploradas depois da chegada dos europeus a esses territórios.
Arte moderna
Mais recente, a arte moderna data dos séculos XIX e XX. Nesse período, predomina a liberdade do artista em construir representações, esculturas e pinturas que não seguiam um padrão acadêmico específico.
Muitos pintores aventuraram-se em pintar com novas técnicas, diferentes empregos das pinceladas, uso diferente das cores e, assim, inovaram a estética das artes plásticas. Esses movimentos de transformação artística se organizaram em grupos conhecidos como vanguardas europeias.
Por exemplo, o surrealismo era uma vertente em que os artistas utilizavam símbolos que remetem ao inconsciente humano, aos sonhos, às visões transcendentes. Assim, as imagens tinham um aspecto lúdico, com uma representação não realista da realidade, mas que transmitia uma ideia de abstração, sonho e imaginação.
Outro movimento famoso da época era o impressionismo, em que havia uma predileção em representar cenas cotidianas em ambientes abertos, naturais, valorizando os efeitos da luz solar e dos fenômenos climáticos para a constituição de um cenário.
Arte contemporânea
Já o período da arte contemporânea, também conhecido como arte pós-moderna, abrange variadas expressões artísticas que se desenvolveram desde meados do século XX até os dias atuais.
A interpretação da produção artística, atualmente, não se limita apenas à contemplação do belo ou à estética. Grande parte dos criadores da arte contemporânea adicionam, em suas obras, aspectos sociais, econômicos e políticos que transpassam a sociedade naquele momento.
Além de o conteúdo da arte ter se modificado consideravelmente, a arte contemporânea também utiliza novas estruturas para a expressão: corpos humanos, muros, paredes urbanas, museus, praças e também objetos de uso cotidiano (como vasos sanitários, escovas, canetas) podem ser empregados.
Inclusive, com a possibilidade de a contemplação da arte ser interativa, em que o próprio espectador participa da construção da arte, seja ao andar por ela ou adicionar algum registro seu, como a impressão digital, algum desenho, entre outras possibilidades.
Em muitos casos, ainda, são criadas artes com o intuito de criar uma quebra de expectativa sobre o espectador, para quebrar padrões sociais ou concepções com as quais o artista não concorda, por exemplo.
Outra novidade importante sobre a arte contemporânea está no emprego das tecnologias digitais na construção artística. A web art, como é chamada, permite a criação de imagens artísticas manualmente, ou ainda por inteligências artificiais (IA). No caso das IAs, o internauta digita uma ideia e o robô cria uma imagem que represente aquela concepção, algo que ainda é polêmico no que diz respeito às reproduções próximas a de algum artista e os limites dessa tecnologia.
Questão sobre história da arte e história do Brasil
Fuvest (2024)
A arte foi e ainda pode ser utilizada para criar, reforçar e disseminar ideias, valores e estereótipos, mas também pode colocá-los em discussão. A obra “Sentem para jantar”, de Gê Viana, faz parte da série “Atualizações traumáticas de Debret”, na qual o artista propõe uma revisão iconográfica da história do Brasil tendo como referência as obras de Jean-Baptiste Debret, especificamente aquelas presentes em “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-1839), publicação que pautou de maneira imagética o período colonial brasileiro. Em sua revisão, Gê Viana dá continuidade ao seu projeto de análise crítica de representações históricas, produzindo releituras de algumas dessas obras, dentre as quais, a obra “Um jantar brasileiro”, do artista francês. A seguir, são reproduzidos os quadros desses dois artistas.
Jean-Baptiste Debret. “Um jantar brasileiro”, 1827. Aquarela, 15,7 x 22 cm. Disponível em http://museuscastromaya.com.br/.
Gê Viana. “Sentem para jantar”, 2021. Impressão em jato de tinta com pigmento natural de colagem digital sobre papel Hahnemuhle Photo Rag 308 g/m2; 29,7 x 42 cm. Disponível em https://mam.rio/ge-viana/.
Com base nas informações e imagens apresentadas, assinale a alternativa que corresponde à abordagem adotada por Gê Viana em sua obra “Sentem para jantar”, ao utilizar como referência a obra “Um jantar brasileiro”, de Jean-Baptiste Debret.
A) Gê Viana reproduz, em sua obra, as mesmas relações sociais representadas na obra de Debret.
B) Gê Viana exalta, em sua obra, especialmente as características físicas das pessoas retratadas, enquanto Debret enfatiza as relações pessoais.
C) Gê Viana emprega, em sua obra, as mesmas técnicas e os mesmos materiais utilizados na obra de Debret, o que lhes confere grande semelhança.
D) Gê Viana ignora aspectos relacionados a questões étnico-raciais em sua releitura da obra de Debret, focando apenas na estética visual da obra.
E) Gê Viana busca desconstruir, em sua obra, os estereótipos étnico-raciais presentes na obra original de Debret.
Alternativa correta: E.
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