Tropicália ou tropicalismo é um movimento da arte e cultura brasileira que se desenvolveu como forma de contestação política, com ideias revolucionárias e ruptura com os padrões artísticos estabelecidos até então.
Neste artigo você conhecerá os principais artistas, cantores e poetas envolvidos nas inovações estéticas propostas pelo tropicalismo. Veja quais são as principais características desse movimento e qual era o contexto histórico mundial e nacional durante o período de instalação e desenvolvimento da Tropicália na sociedade. Leia e saiba mais!
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Contexto histórico da Tropicália
O movimento Tropicália surgiu na década de 1960, quando a sociedade mundial estava em recuperação após as duas grandes guerras. Ao mesmo tempo, a Guerra Fria estava a todo vapor, com pressões e ameaças constantes que se manifestavam no mundo todo, devido aos conflitos ideológicos entre Estados Unidos e União Soviética.
As ideias modernas que estavam em crescimento antes da Segunda Guerra Mundial já não eram tão aceitas pela sociedade. Diversos filósofos se posicionaram negativamente a esses conceitos, porque acreditavam que eram fatores para o desenvolvimento das guerras.
Então, essa crítica se estendeu também dentro do mundo artístico. Ao mesmo tempo em que eles contestavam os padrões estéticos e artísticos, também abrangiam temas políticos e históricos nas produções musicais, plásticas e escritas.
Esse tipo de movimento eclodiu no mundo todo, como França, Itália, África e outras regiões. Um dos mais marcantes exemplos é a Primavera de Praga, que ocorreu na Tchecoslováquia, foi uma manifestação pública por diferentes medidas políticas, que trouxessem mais liberdade para a nação.
Foi nesse contexto mundial que surgiu a Tropicália, juntamente com os movimentos do Cinema Novo e do Cinema Marginal. Enquanto os dois últimos têm um enfoque maior na arte cinematográfica, o Tropicalismo é uma ideia mais abrangente, com música, poesias, artes plásticas e muito mais.
Contexto histórico no Brasil
Nas terras brasileiras, o cenário envolvia as questões políticas da década de 1960. Como a reviravolta política de 1964, que culminou em na ditadura militar, caracterizada pela censura, repressão, exílio e opressão às liberdades.
Ao longo do desenvolvimento do Tropicalismo, esse controle foi intensificado. À medida que o tempo passava, as medidas de repressão aumentavam, de forma a controlar todas as produções culturais e artísticas, ou qualquer forma de manifestação política que o governo entendesse como contrário aos seus ideais.
Ao mesmo tempo, a nação acessava cada vez mais as tecnologias de comunicação, como rádios e televisores. Foi por meio desses dispositivos que muitas das músicas e artes da Tropicália se difundiram pelo país.
Características da Tropicália
A Tropicália não é uma escola artística uniformizada que caminhava em direção a uma finalidade comum. Na verdade é um conjunto de autores e artistas que utilizam diferentes meios para a construção de uma nova visão sobre o Brasil.
Alguns livros didáticos aproximam o Tropicalismo das obras modernistas da geração nacionalista, que também traziam essa ideia de recriação do Brasil no ambiente artístico, valorização da cultura e costumes dos cidadãos.
A crítica à modernidade aparecia dentro desse contexto, por vezes os autores utilizavam conceitos e instrumentos estrangeiros para desenvolver características brasileiras com eles. Era um juízo em favor do Brasil, contrária às modernizações, conforme o contexto mundial.
Devido à Ditadura Militar que se desenvolvia no Brasil, muitas das canções se construíam em forma de protestos aos excessos políticos. Devido à censura, as palavras deveriam ser arranjadas de forma disfarçada, para não ser barrada pelas revisões do governo.
Existe uma relação da Tropicália com a poesia concreta, um tipo de poesia desenvolvido no século XX, que foca na estética, no ponto de vista sonoro, visual e riqueza de palavras. No caso do Tropicalismo, a semelhança aparece porque eles também utilizam jogos de palavras para a construção das obras.
A forma mais pronunciada do Tropicalismo no Brasil foi pela Música Popular Brasileira, conhecida como MPB. Houve um festival em favor desse estilo musical no ano de 1967, quando os artistas buscavam somar diferentes formas expressivas para construir uma música inovadora, que representasse a realidade brasileira.
Em termos de ideologia por trás do movimento, a antropofagia pode ser associada à Tropicália. A antropofagia é uma ideia criada durante o modernismo, que traz o conceito de devorar tudo aquilo que vêm de outras culturas, essencialmente o que os artistas consideram como aspecto positivo.
Isso se manifestou principalmente com músicas que misturavam os estilos da música popular brasileira, do pop, do concretismo e da cultura pop que se desenvolveram em territórios estrangeiros, mas foram explorados no contexto da Tropicália.
Principais artistas e obras
A parte mais marcante da Tropicália foi expressa por meio da música, grandes nomes de cantores e músicos brasileiros podem ser citados como Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Torquato Neto, Gal Costa e muitos outros.
Um dos textos mais famosos da época foi a música “Alegria, alegria” de Caetano Veloso, que traz um manifesto contra as ideias políticas e, inclusive, intelectuais do momento, de forma sutil. Acompanhe a letra.
“Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não?”
No cinema se destacaram as obras dos diretores Andrea Tonacci e Rogério Sganzerla; nas artes visuais plásticas, o foco estava nas ideias de marginalidade e heroísmo da população brasileira, com as obras de Hélio Oiticica.
Por fim, a Tropicália perdeu sua força quando as repressões da Ditadura Militar atingiram os artistas, inclusive com o exílio de Caetano e Gilberto Gil. Pouco a pouco o movimento se esvaiu na sociedade, deixando marcas importantes na história cultural brasileira.
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