Para falarmos sobre a crítica da razão temos que nos apoiar na filosofia moderna e no precursor do existencialismo, o Nietzsche. Suas ideias foram de grande influência para além da filosofia, atingindo as artes, a literatura e a psicologia, já que gerou diversas discussões e debates no século XX.
Filósofos como Sartre, Heidegger e Foucault foram impactados e desenvolveram suas próprias ideias sobre a razão, a moral e a liberdade. Confira mais sobre o tema e sua importância para os vestibulares, no artigo abaixo.
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A genealogia da moral de Nietzsche
Nascido em 1844, na Prússia, Nietzsche desde cedo teve educação protestante e na universidade estudou filologia clássica. Por conta de questões pessoais como a infância solitária, falecimento do pai e a doença que possuía, ele sempre teve questões quanto à sua fé, que acabou refletindo sobre suas ideias em suas publicações.
Além disso, Nietzsche cresceu em meio a uma Europa conturbada, com fortes movimentos nacionalista, lotado de discurosos moralistas sobre ideais contruções sociais, subida do capitalismo e reações do socialismo. Todos esses fatores, fora as influências literárias como Schopenhauer, impactaram diretamente nas suas críticas e percepções históricas e culturais.
Nietzsche acabou se tornando um filósofo moderno com suas profundas e revolucionárias críticas, tanto a moralidade, a tradição e a religião, principalmente indo contra o conservadorismo religioso do Estado para manipular os cidadãos.
Suas principais obras, “Genealogia da Moral”, “Além do Bem e do Mal” e “Assim falou Zaratustra”, abordam principalmente sobre a moralidade e suas diversas questões, sobre a dualidade e a significância do bem e do mal, que são colocados como paralelos e não como opostos.
Para Nietzsche, o bem e o mal são construções próprias que independem de acontecimentos, a interpretação pessoal dos fenômenos que determinam o juízo moral. Dessa maneira, a moralidade é formada socialmente, e não inerente aos acontecimentos.
Em seus escritos Nietzsche elaborou diversos conceitos e ideias que questionavam os valores comuns da época. Dentre eles podemos destacar:
- Niilismo: consiste na subjetividade das coisas, geralmente associado a um negativismo, se pauta em não haver verdades absolutas, sem se basear na moralidade social ou religiosa;
- Super-homem: em resposta ao niilismo, o conceito do super-homem é sobre a representação ideal do homem, onde ele criar a própria moral e tem seus valores próprios, sem se basear em crenças externas;
- Vontade de poder: essa vontade é uma força que leva o homem a superar as crenças que ele mesmo tem, em busca de uma auto afirmação e crescimento como pessoa, esse conceito explicava diversos comportamentos para Nietzsche; e
- Transvaloração dos valores: consiste na reanálise e questionamento dos valores tradicionais da sociedade, e propõe uma inversão de valores com uma nova visão em que as pessoas têm o juízo de valor próprio.
Foucault e a Razão como Poder
O filósofo francês Michael Foucault, se formou em psicologia e filosofia, suas principais ideias eram sobre a relação de conhecimento e de poder. Vindo da época pós Segunda Guerra e intensa transformação sociopolítica, ele foi um teórico social que avaliava as relações de poder e criticava principalmente as instituições sociais e sua influência nos indivíduos.
Embora ele fosse associado ao pós-modernismo e pós-estruturalismo, ele evitava se caracterizar de tal forma. Ao longo de seus estudos, Foucault foi alterando o enfoque de suas pesquisas, mas sempre abordando sobre as formas de poder e autoridade.
Dentre suas principais obras destacamos História da Loucura, que faz um estudo sobre a evolução das percepções e do tratamento de loucura, e Vigiar e Punir que realiza uma análise no sistema penal e da disciplina como forma de controle social. As críticas dessas obras são sobre as estruturas de poder, as relações socioculturais e as formas de controle do indivíduo.
Foucault associava o poder e o saber, sendo o saber uma forma de exercer o poder, e o poder está no saber que organiza a sociedade. Ele também defendia o discurso como meio de criar verdades e moldar percepções do que é aceito socialmente, sendo assim uma das estruturas de poder da sociedade.
Além do discurso como forma de controle social, Foucault introduziu o conceito de biopoder, que é definido como o poder sobre a vida, ele serve para controlar indiretamente características biológicas da população, se instalando por meio de instituições políticas, econômicas, de saúde, como a escola, fábricas, hospitais, onde as pessoas são condicionadas a agirem de acordo com as normas para evitarem punição.
Concomitante a isso, a Governamentalidade descrita por ele faz uso das técnicas do biopoder para gerenciamento em larga escala da vida dos indivíduos, assim promovendo socialmente normas e condutas que são favoráveis à estrutura de poder, estabelecendo as “boas” práticas sociais.
Escola de Frankfurt e a Razão Instrumental
A Escola de Frankfurt, na Alemanha, foi um movimento filosófico na universidade de Frankfurt, dentre os principais pensadores podemos destacar Max Horkheimer, Theodor Adorno e Jürgen Habermas, conhecido por conta da Teoria Crítica.
Ela surgiu em resposta às mudanças econômicas, sociais e políticas da final do século XIX, foi o período após duas guerras, com avanços científicos, regimes totalitários e intensificação do capitalismo industrial, que trouxe uma massificação na produção, alienou e aumentou a exploração dos trabalhadores e as desigualdades sociais.
Esse movimento criticava em principal a estrutura capitalista, a cultura de massa, a racionalidade instrumental e as formas de dominação na sociedade moderna. Uma das principais ideias desenvolvidas foi o conceito de razão instrumental, é nada mais que um jeito de racionalizar sobre a priorização da eficiência e funcionalidade de processos sem avaliar os impactos éticos e sociais.
Isso seria, segundo o movimento, um resultado do capitalismo industrial da modernidade que trata as pessoas e a natureza como meio para acúmulo de mais capital. Em ”A Dialética do Esclarecimento”, de Adorno, a razão instrumental é uma ferramenta de alienação, dominação e exploração, que produz em massa e promove uma sociedade de consumo.
Relacionado a isso, a crítica à indústria cultural (mídias de alto consumo, rádio e cinema), são feitas para a produção de conteúdos dos denominados cultura de massa, que são pouco profundos para acarretar na redução do pensamento crítico.
Pela teoria defendida pelos acadêmicos da Escola de Frankfurt, esses conteúdos são utilizados, muitas vezes, como ferramenta de controle e manipulação, para evitar questionamentos das estruturas de poder e consequentemente sendo uma forma de controle social.
Fazendo um paralelo ao contexto atual, exemplificamos essa prática nas redes sociais com os feeds infinitos, onde o consumo de conteúdos digitais é feito em massa, com relações superficiais de interação como o “like” e ainda o reforço de normas e comportamentos padrões que são considerados aceitos socialmente, sendo assim uma forma atual de controle sobre as pessoas.
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