Existencialismo: definição, contexto histórico e Kierkegaard 

Existencialismo: definição, contexto histórico e Kierkegaard 

O Existencialismo é uma corrente filosófica que nasceu entre o final do século XIX e começo do XX, com ideias inovadoras sobre o papel do indivíduo em sua existência, perante a sociedade e a si mesmo. As proposições apresentadas versam sobre a responsabilidade de cada humano perante suas ações, o conceito de liberdade e muitos outros debates intelectuais. Leia este artigo e conheça mais!

Surgimento do existencialismo: contexto histórico

As primeiras ideias que convergem com o pensamento existencialista são datadas do século XIX. Apesar disso, foi no século XX que a corrente se desenvolveu com maior avidez. No período entre as duas grandes guerras mundiais, os autores refletiam sobre a existência, a liberdade e temas metafísicos. 

Os documentos comprovam que o existencialismo tem suas raízes em outros pensadores da Antiguidade, que também observavam a realidade do indivíduo no universo e discorriam sobre elas, como Sócrates

Atualmente, os registros apontam que o primeiro filósofo existencialista foi o dinamarquês Søren Aabye Kierkegaard (1813-1855), por isso ele é chamado de “pai do existencialismo”. Além deles, outros nomes são importantes para o tema, como Jean Paul Sartre (1905-1980), Martin Heidegger (1889-1976) e Simone de Beauvoir (1908-1986).

+ Veja também: Filosofia: o que é, períodos e muito mais!

Características do existencialismo 

Antes de entender as características do existencialismo, é importante compreender a divisão que havia dentro do movimento. Haviam filósofos que desenvolviam uma teoria mais religiosa, que ficou conhecida como existencialismo cristão, enquanto outros estudiosos desenvolveram um existencialismo ateu. 

A principal diferença entre essas vertentes está na origem da natureza e essência dos seres humanos. Na perspectiva cristã, a essência da humanidade é um atributo concedido pelo próprio Deus, por outro lado, a corrente ateia propunha que os humanos não nascem com uma inclinação natural ou com uma natureza específica para qualquer coisa. 

Em outros pontos, as duas ideias são semelhantes. No geral, os existencialistas discorrem que os humanos são responsáveis pelo curso de suas vivências, que as escolhas realizadas ao longo da trajetória de vida é quem determinam os resultados encontrados. 

Nesse caso, os humanos são responsáveis pela criação do sentido e propósito dentro de suas vidas. Afinal, a existência é o fim único da vida e, portanto, cada indivíduo é o agente do próprio existir. 

Diante disso, o tema da liberdade é muito debatido dentro do contexto existencialista. Afinal, a liberdade de escolha é quem garante que, individualmente, os humanos construam suas histórias. Ao mesmo tempo, o tema também traz angústia porque, sempre que um item é escolhido, outros são excluídos — de uma forma ou outra, haverá a dúvida de como seria se o caminho tomado fosse diferente. 

De forma resumida, a filosofia existencialista constrói uma linha de raciocínio simples: a vida é feita de escolhas e todas as escolhas estão associadas a perdas. Assim, nessa visão intelectual, a vida torna-se uma trajetória angustiante cheia de possibilidades, mas que devem ser decididas em um número limitado. 

Filósofos do existencialismo 

Soren Kierkegaard

Como mencionado anteriormente, esse filósofo é um dos mais importantes dentro do existencialismo. Em suas obras, defendeu que o ser humano possui o livre arbítrio para realizar escolhas, partindo de uma perspectiva cristã. Defende a autonomia do indivíduo e sua liberdade em construir uma existência autêntica, mas com base nos preceitos divinos. 

“A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.”

Jean Paul Sartre

Sartre desenvolveu suas obras sobre existencialismo para defender o ponto de vista no qual a existência do homem precede sua essência. A essência de cada indivíduo, aquilo que ele apresenta ao mundo, será escolhido ao longo de sua história — então toda a responsabilidade sobre o ser e atitudes estão sobre o humano e não sobre outras justificativas metafísicas. Essa definição aponta o fato de que o existencialismo de Jean Paul Sartre é ateu. 

“Somos indivíduos livres e nossa liberdade nos condena a tomarmos decisões durante toda a nossa vida. Não existem valores ou regras eternas, a partir das quais podemos nos guiar. E isto torna mais importantes nossas decisões, nossas escolhas.”

Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir é uma escritora francesa reconhecida como uma grande influência dentro do feminismo. Ao desenvolver e observar trabalhos que tratavam sobre a existência e a liberdade dos seres, a estudiosa percebeu que a mulher também deveria alcançar esse lugar de autonomia dentro da sociedade. 

Sua frase mais famosa, “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, aponta para a relação dos papéis sociais e das escolhas que são empreendidas ao longo da vida para a formação de uma identidade de gênero. 

Martin Heidegger

Esse filósofo alemão foi responsável por um existencialismo que se afasta das ideias abstratas de essência ou outros conceitos metafísicos. Ele propõe que as respostas para as questões filosóficas podem ser encontradas dentro do próprio indivíduo, ao longo de sua existência. Inclusive, ele aponta que, conforme as escolhas que fizer no decorrer da vida, o humano pode tornar-se autêntico ou sem autenticidade. 

“Nenhuma época soube tantas e tão diversas coisas do homem como a nossa. Mas em verdade, nunca se soube menos o que é o homem.”

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Questão sobre existencialismo

(UEG – 2020) A filosofia existencialista foi uma das mais populares no século XX e teve várias correntes. O mais destacado pensador existencialista foi Jean-Paul Sartre. Esse filósofo teve duas fases em seu pensamento. Na primeira fase, ele argumentou que o indivíduo está condenado a ser livre e apelar para os determinismos seria usar de má-fé. Na segunda fase, ele modera esse pensamento e passa a destacar a questão da situação, dos grupos sociais, das classes sociais. Nessa segunda fase, ele assevera que

a) os intelectuais devem ser engajados, pois “nem uma pedra é neutra” e por isso é preciso assumir a responsabilidade por si e pelos outros, o que ocorre através do engajamento ao lado do proletariado.

b) o homem continua “condenado a ser livre” e isso significa que, mesmo quando ele escolhe a não liberdade, ele continua escolhendo, o que demonstra que continua sendo livre e definindo seu destino.

c) os seres humanos precisam fazer escolhas e que o “projeto original”, que é aquilo que define o indivíduo, deve ser direcionado para a luta pela transformação social através da filiação a um partido político.

d) o indivíduo é “condicionado pela sociedade” e por diversas determinações, e que por isso é necessário o engajamento em atividades extra-sociais, como o isolamento e a produção artística solipsista.

e) o que importa, para o indivíduo, não é “o que ele faz de si mesmo e sim o que ele faz daquilo que fizeram dele”, o que significa admitir que existem determinações, mas que elas não têm importância.

Alternativa “a” está correta. Sartre se aproxima do Marxismo e destaca a responsabilidade com o futuro da humanidade como resposta ao relativismo moral e político. Como Marx apontava que o proletário era a classe social portadora de uma nova dimensão humana, a opção por essa classe social é a única forma de ser coerente com o destino humano.

Alternativa “b” está incorreta. A “não escolha” é uma escolha, é verdade, mas de perda da liberdade. O Indivíduo renuncia a ela, não continua definindo o seu destino.

Alternativa “c” está incorreta. Propor a filiação a um partido político é concreto demais e Sartre não propôs isso, embora ele mesmo tenha se filiado ao Partido Comunista.

Alternativa “d” está incorreta. Sartre não propõe a escolha por atividades extraoficiais, embora não excluísse as atividades mencionadas. Ele supõe uma vida autêntica, que pode se traduzir, por exemplo, no engajamento político.

Alternativa “e” está incorreta. A ideia expressa logo no começo da alternativa “não importa o que fizermos com você, mas o que você faz com o que fizeram de você”, realmente expressa o pensamento de Sartre, mas ele não dizia que as determinações “não têm importância”.

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