Filosofia contemporânea: o que é, características, autores e questões 

Filosofia contemporânea: o que é, características, autores e questões 

A filosofia contemporânea, como aponta o nome, é o período filosófico que a sociedade se encontra atualmente. Essa época iniciou-se no século XIX, próximo à Revolução Francesa, e mantém com um padrão de racionalidade e cientificidade marcantes desde então.

Aprenda, neste artigo, os pontos principais defendidos pelos filósofos contemporâneos, quais são os nomes mais relevantes do período, quais as características dessa filosofia e como esse tema é cobrado nas principais provas de vestibulares do país. Acompanhe!

Como surgiu a filosofia contemporânea?

O contexto histórico do surgimento da filosofia contemporânea é próximo à Revolução Industrial e à Revolução Francesa. Em termos históricos, está no período entre os séculos XVIII, XIX e XX, momento de efervescência da razão, transformações morais, econômicas e sociais. 

Primeiramente, durante a Revolução Francesa, os ideais iluministas se fortaleceram, entre eles a liberdade dos indivíduos, a igualdade de direitos e deveres entre os cidadãos e a fraternidade de unir os homens em prol de seus interesses. 

Depois, com a Revolução Industrial, o capitalismo estava em expansão e desenvolvimento e, com isso, a forma de viver dos indivíduos se alterava. Agora, a economia não estava mais centrada no campo e atividades agrícolas, o que intensificou um êxodo rural. Ao mesmo tempo, as condições de vida tornaram-se mais precárias, com aglomeração de pessoas, disseminação de doenças e outros desafios considerados urbanos.

O surgimento da burguesia, que tinha as fábricas, e dos proletários, funcionários dessas indústrias, intensificou uma disputa entre as duas classes sociais, visto que cada uma buscava seus interesses.

Foi nesse período que surgiu a Sociologia, os movimentos feministas e os movimentos fabris, por exemplo. Lembre-se que, depois da Revolução Francesa, os homens começaram a perceber a sua potência de mudança.  

Diante de todo esse cenário, muitos pensadores acreditavam que, com as modificações tecnológicas e maior valorização da ciência, a sociedade passaria também por um crescimento moral. 

O saber científico era tão evidenciado que muitas das invenções utilizadas e aprimoradas atualmente, são frutos desse período. Como a eletricidade, o petróleo como combustível e matéria prima, o carvão, desenvolvimento de locomotivas e outros veículos, os telefones, as rádios, entre outras tecnologias.

Depois, durante o século XX, a sociedade mundial atravessou eventos marcantes e transformadores. A Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial, o período entre essas duas guerras, a Guerra Fria e a Grande Crise de 1929 estão entre essas situações.

Agora, no século XXI, as transformações também incluem o embate entre o desenvolvimento tecnológico e a preservação ambiental, a luta pelos direitos humanos, a consolidação da igualdade entre os indivíduos apesar de suas características pessoais, valorização do crescimento intelectual, além de outros aspectos.

Diante de tantas transformações que se estabeleceram na humanidade desde a Revolução Francesa, a filosofia contemporânea debate sobre os conflitos do homem moderno, sua relação com a sociedade, no âmbito político, social, político e até mesmo em relação a sua percepção de vida. 

+ Veja também: Filosofia: o que é, períodos e muito mais!

Autores e pensamentos da filosofia contemporânea

Escola de Frankfurt

A Escola de Frankfurt representa um grupo de pensadores contemporâneos que se debruçaram sobre a política em seus estudos. Ao observar o mundo a partir de um olhar político, eles trazem questões como críticas ao totalitarismo, novas ideias acerca do conhecimento e sua influência sobre os indivíduos.

A corrente contou com a participação de muitos teóricos judeus que vivenciaram, direta ou indiretamente o acontecimento do nazista, como Theodor Adorno, Max Horkheimer e Hannah Arendt. Para embasar suas teorias, eles lançaram mão de conhecimentos antropológicos, sociológicos, sanitários, econômicos, psicológicos e muito mais.

Indústria cultural

Dentre todas as ideias propostas pela Escola de Frankfurt, a mais conhecida é a teoria da Indústria Cultural. De um olhar sociológico e econômico, os teóricos notaram que a produção de arte estava, cada vez mais, condicionada ao capitalismo.

Agora, as produções culturais são veiculadas pelos meios de comunicação, em massa, com o mesmo conteúdo para diferentes públicos. Na visão de Adorno e Horkheimer, essa transmissão homogeneizada serviria para tornar as massas mais manipuláveis, condicionando o comportamento das pessoas.

Walter Benjamin

Com outro ponto de vista a respeito da indústria cultural, o filósofo alemão Walter Benjamin descreve possíveis benefícios alcançados a partir da massificação da produção artística. Um de seus argumentos era a facilidade de acesso à cultura, que ficaria mais acessível para diferentes indivíduos, apesar das diferenças sociais ou econômicas entre eles.

Karl Marx

Mundialmente conhecido por criar as bases teóricas do socialismo e comunismo, Karl Marx se dedicou a observar as transformações induzidas pelo capitalismo, tornando-se um grande crítico desse sistema econômico. Em seus livros, o pensador notou que as sociedades sempre possuem grupos em luta por direitos, conceito que ele nomeou como luta de classes.

Juntamente com outro pensador contemporâneo, Friedrich Engels, Marx trouxe também a noção de mais valia. Nessa ideia, o trabalhador proletário estaria sempre alienado sobre o valor real do produto que produz. E, além disso, o quanto recebe por esse trabalho não é equivalente ou proporcional ao real valor agregado àquele material.

Diante disso, os autores passaram a descrever que a construção das sociedades está sempre atrelada ao modelo de produção adotado por elas. Então, o percurso de uma civilização poderia ser entendido a partir da vida material, esse é o princípio do materialismo histórico de Marx.

Jean Paul Sartre

Sartre é um filósofo francês que tinha uma visão existencialista a respeito da vida e seus acontecimentos. Em suas teorias, ele trazia questões psicológicas, principalmente ao trazer à tona a percepção da existência em cada indivíduo.

Inclusive, defendia que cada ser humano torna-se livre quando é consciente de suas próprias ações e valores. Nesse sentido, também se afasta de ideias metafísicas ou religiosas, com uma noção mais pragmática e ateia da existência.

Auguste Comte

O positivismo foi a teoria filosófica e sociológica desenvolvida por Auguste Comte. Nela, o autor defende que os povos caminham de um estágio menos evoluído para um patamar de independência social, econômica e política. Nesse sentido, algumas civilizações seriam “melhores” do que outras, o que conferia certa visão de preconceito com outros povos, considerados “menos evoluídos”. 

Michel Foucault

Ao se debruçar sobre as instituições sociais e a influência delas sobre a cultura e individualidade dos humanos, Michel Foucault traz a ideia de poder para a sua teoria. Segundo ele, as civilizações são construídas a partir de disciplina e regras. 

Nesse sentido, o existir está sob uma hierarquia, em que sempre haverão normas que precisam ser respeitadas. Alguns poderes são abrangentes, como as leis, enquanto outros são menos influentes, o que ele nomeou de micropoderes, como a posição dos pais sobre os filhos.

Questão do Enem sobre filosofia contemporânea

(ENEM PPL 2020) Por força da industrialização da cultura, desde o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é recompensado e, ao escutar a música, o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto.

ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

A crítica ao tipo de criação mencionada no texto teve como alvo, no campo da arte, a

a) Burocratização do processo de difusão.
b) Valorização da representação abstrata.
c) Padronização das técnicas de composição.
d) Sofisticação dos equipamentos disponíveis.
e) Ampliação dos campos de experimentação.

A padronização da arte é quem permite o funcionamento da indústria cultural. Assim, os filmes, músicas e pinturas estão todos englobados em um tipo de “fôrma”, como aponta a alternativa C. O texto traz essa ideia ao abordar a sensação de que as produções caminham sempre na mesma direção, tornando-as previsíveis.

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