Migrações no Brasil: fluxos, contextos históricos e características

Migrações no Brasil: fluxos, contextos históricos e características

Migração é o termo da Língua Portuguesa para designar a movimentação da população por espaços geográficos, seja ao entrar deles, ou sair. O território brasileiro, por sua grande extensão, além de diferenças políticas e socioeconômicas muito variadas entre as regiões, apresenta, ao longo da história e nos tempos atuais, vários fluxos migratórios. 

Neste artigo, você conhecerá com mais detalhes os diferentes tipos de migrações no Brasil, os períodos históricos em que ocorreram, as principais motivações e resultados dessa mobilidade da população. Leia e aprenda mais sobre o tema!

Migrações internas

Migrações internas é o nome da movimentação populacional que ocorre dentro de um mesmo território geográfico. Por exemplo, dentro de um só país, de um determinado estado ou de uma mesma cidade. 

Esse tipo de fluxo traz uma alteração do perfil de moradores da macro ou microrregião. Diante disso, os dados demográficos são alterados e podem trazer informações relevantes em termos de medidas públicas, propostas políticas, ações em saúde pública, entre outros fatores. 

Diante disso, estudar o processo de migrações no Brasil é relevante para a compreensão do perfil de cidadãos que se estabeleceram em cada região, quais elementos atraíram ou repeliram-nos do território e como foi a instalação desses indivíduos em seus novos locais. Bem como a repercussão política, econômica, habitacional e sanitária desses fluxos migratórios. 

Períodos de migrações no Brasil

Período Colonial 

A primeira vez que um grande fluxo migratório se instalou no território brasileiro, conforme apontam os documentos históricos, foi ainda no período colonial. Logo após a chegada dos europeus às terras brasileiras, eles concentraram-se na região Nordeste, com o plantio da cana-de-açúcar, onde ficaram até o século XVIII. 

O início das migrações internas ocorreu desde o começo do século XVIII, pois, em 1895, foi descoberto o ouro em Minas Gerais. Com o passar do tempo, mais e mais pedras preciosas eram encontradas, o que atraia a população para a região, em busca de prosperidade econômica — o fluxo se estabeleceu do nordeste (principalmente Bahia) para o sudeste (em especial Minas Gerais).

Cafeicultura

Depois do Ciclo do Ouro na economia brasileira, aparece um novo protagonista lucrativo: o cultivo de café. Com o crescimento da cafeicultura nos municípios do sudeste, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, surgiu um novo movimento migratório, em busca de mão de obra e lucratividade durante o Ciclo do Café. 

O ciclo da borracha

No século XIX, destacou-se um novo produto na economia brasileira: o látex. A partir desse material, extraído de árvores da amazônia brasileira, era fabricada a borracha natural. Diante disso, trabalhadores brasileiros de várias regiões, principalmente do nordeste, migraram para a Amazônia. 

Período de industrialização

Desde os primórdios da história brasileira, os fluxos migratórios internos baseavam-se na produção agropecuária ou exploração natural. Com o início da industrialização no país, essa característica alterou-se. 

Em meio ao século XX, nas décadas de 1950 e 1960, as indústrias efervesceram no país, em especial na região sudeste. As cidades passaram a crescer e se desenvolver economicamente. Essa transformação foi um grande atrativo para cidadãos do nordeste. 

Em muitas regiões nordestinas as condições de vida eram precárias e, ao observar o crescimento das fábricas no sudeste, os indivíduos criavam a expectativa de melhor qualidade de vida. Além disso, era benéfico para as indústrias a contratação de mais mão de obra, o que unia os interesses de ambas as partes.

Diante de uma nova organização econômica, a sociedade também passava por mudanças. Esse período foi marcado pela urbanização e nascimento de grandes centros industriais — apesar disso, a falta de organização das cidades e a não preparação para receber os migrantes, não permitiu condições de vida tão benéficas a esses trabalhadores. 

Governo militar

Em 1964 iniciou o período de governo militar, quando uma série de medidas econômicas foram tomadas para fomentar os lucros brasileiros. Entre as estratégias, estava o incentivo ao plantio latifundiário nas regiões amazônicas. 

As ofertas chamaram a atenção, principalmente, da população do sul. Então, na década de 1970, diversos indivíduos sulistas migraram para a Amazônia, para suprir mão de obra pecuária em grandes fazendas — os produtos serviriam para a exportação e também para  o suprimento do mercado interno. 

Revolução verde

Mesmo com a industrialização do Brasil, grande parte da economia ainda estava relacionada ao eixo agropecuário. Entretanto, no século XX, iniciou-se um processo chamado de Revolução Verde

Nesse período histórico, a mão de obra campesina foi substituída por maquinários, tecnologias, ferramentas automatizadas, equipamentos de irrigação, entre outros. Agora, os trabalhadores do campo já não eram agricultores que conheciam a terras e técnicas agrícolas tradicionais, mas cientistas que buscavam melhorar, por meio de conhecimentos específicos, a lucratividade e velocidade de produção. 

Diante disso, a Revolução Verde representa um outro período de migrações no Brasil: o êxodo rural. Nesse momento, os trabalhadores e suas famílias migravam para as cidades em busca de empregos para suprir suas necessidades, uma vez que o ambiente rural e os conhecimentos rudimentares não eram mais adequados para a nova forma de trabalho agrícola. 

Consequências das migrações no Brasil

Em vários dos períodos de migrações no Brasil, observa-se um fluxo migratório em direção ao extrativismo ou exploração de recursos naturais. Havia sempre uma relação econômica para essas migrações, então, o impacto ambiental sobre as regiões era amplo — a retirada dos materiais era feita de forma insustentável, o que resultou na destruição massiva de vários ecossistemas e biomas na extensão do território brasileiro. 

Ao mesmo tempo, é importante mencionar que, a dinâmica de migrações no Brasil propiciou um grande “inchaço” demográfico da região sudeste. Devido à industrialização e urbanização dessa área, o adensamento populacional foi massivo e, atualmente, muitas das cidades sofrem com falta de recursos para abrigar seus habitantes, o principal exemplo é a capital São Paulo, que possui diversas moradias precárias, além de um grande número de pessoas em situação de rua ou análogas. 

Desconcentração populacional

Diante disso, existe um movimento de migração conhecido como desconcentração populacional. Nesse processo, moradores evadem as grandes cidades em direção aos municípios médios e grandes. 

Geralmente, buscam se adaptar melhor nessas regiões, buscando maior número de oferta de empregos, melhores condições de vida, menos problemas com trânsito e violência, além de serviços públicos mais efetivos — características que se perdem quando uma cidade possui um número de habitantes muito grande, que não se adequam aos recursos e estratégias da administração pública. 

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