Ciência política: o que é, história e importância

Ciência política: o que é, história e importância

A ciência política trata sobre o estudo sistematizado das organizações sociais, políticas e hierárquicas. É um ramo das ciências sociais e permite uma maior compreensão das populações, suas formas de convívio, estruturas, causas e consequências de cada sistema organizacional, entre muitas outras informações relevantes para o entendimento de uma sociedade. Continue lendo e saiba mais sobre o tema. 

Ciência política: definição

O estudo científico é dividido em grandes áreas do conhecimento, entre elas estão as ciências humanas, que estudam tudo que seja relativo à humanidade e suas características. A ciência política está dentro do grupo das ciências humanas, associada com os estudos sociais que ficam na compreensão das sociedades.

De maneira mais específica, a ciência política olha as organizações sociais para entender e desenvolver teorias a respeito de sua estrutura, governos e hierarquias. Afinal, os humanos organizam-se em civilizações desde os primórdios da humanidade, estabelecem relações pacíficas, níveis hierárquicos e atuam para a manutenção da sobrevivência dentro desses grupos. 

De certa forma, trata-se do estudo do poder e suas relações dentro de uma sociedade. Esse poder passa por diversos patamares, seja ele religioso, educacional, governamental, sanitário e econômico. 

Por vezes, diferentes esferas de poder confrontam-se entre si e são as ciências políticas que buscam entender as nuances por trás de tais conflitos. Historicamente, podemos citar as rupturas entre reinados e a Igreja, a discordância entre autoridades do governo e autoridades sanitárias, as divergências entre grandes potências econômicas e os órgãos regulamentadores, entre outros exemplos. 

Diante de todos esses pontos, a ciência política surge como uma base teórica, descritiva e científica das sociedades. Levantando vantagens e desvantagens dos sistemas, ações coletivas e suas consequências diretas, formas de governo e suas eficácias, correlação entre história política e desenvolvimento da nações, além de muitos outros tópicos que podem ser discorridos por um cientista da área.

Histórico da Ciência Política

Antiguidade

Como a ciência política trata sobre a dinâmica das sociedades e suas organizações, ela tem uma abrangência para a maior parte das civilizações já existentes. Entretanto, na história, a primeira vez em que houve uma reflexão voltada para o tema foi na Grécia Antiga, na Antiguidade Clássica

Além de ter uma grande produção filosófica, os grandes estudiosos gregos buscaram entender quais eram as características necessárias em uma sociedade para que a intervenção política fosse a mais assertiva possível. 

Perceba que, embora não fosse uma ciência política sistematizada e bem desenvolvida para os padrões atuais, havia uma preocupação sobre o tema que está na origem dessa área do conhecimento. Diante disso, Platão e Aristóteles são os nomes mais significativos para o assunto, por discorrerem sobre as hierarquias e formas de governo. 

Renascimento e contratualismo

O próximo período de grande relevância para o desenvolvimento da ciência política foi o Renascimento, por volta do século XIV. Nessa época, valores greco-romanos, inclusive a questão da racionalidade, era muito valorizada. 

Foi então que cientistas olharam racionalmente para as estruturas sociais, com destaque para o teórico político Nicolau Maquiavel, que escreveu uma obra clássica chamada “O Príncipe”. Nela, o filósofo discorre sobre as maneiras de agir de um governante, como ele pode demonstrar e exercer poder sobre os liderados, quais são os valores e condutas necessárias para um governo bem sucedido. 

A partir disso, as investidas para a compreensão da sociedade politicamente ficaram mais frequentes ao longo dos séculos. Thomas Hobbes foi um teórico inglês que descreveu teorias contratualistas e discorreu sobre o absolutismo, uma forma de governo e organização política específica e voltada para o poder do rei. 

Modernidade e iluminismo

Quando o modelo absolutista entrou em decadência, outros estudiosos buscaram entender esse modelo e propor novas estruturas de organização da sociedade. Um dos nomes famosos é John Locke, que discorreu sobre o liberalismo político. 

Nesse modelo, não haveria a centralização do poder característica do absolutismo e, inclusive, ele defendia que todos os humanos possuem direitos iguais e básicos: vida, liberdade e propriedade privada. Diante disso, o modelo político deveria permitir esses princípios a todos os indivíduos. 

Sequencialmente, mais e mais teóricos debatiam a política. Muitos desses, no século XVIII, defendiam a queda do absolutismo e a implantação de um modelo político específico. Entre as contribuições para a ciência política estão as teorias de Charles de Montesquieu, que propunha a divisão do poder em três esferas: judiciário, legislativo e executivo — note que essa estrutura funciona até os dias atuais em diversos países do mundo, inclusive o Brasil.

Essa organização foi proposta para descentralização do poder, de forma que as decisões sejam tomadas com mais imparcialidade e considerando um maior número de opiniões. Na mesma época, eram introduzidas ideias sobre liberdade de expressão, liberdade de fé, além de desvincular o Estado das religiões — tais ideias foram propostas por Voltaire e, novamente, constituem uma porção essencial da política, que perdura até os dias atuais.

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Sociologia

Com muitos anos de desenvolvimento, os estudos sobre política ganharam uma nova nuance quando, a partir da Segunda Revolução Industrial, cientistas associaram questões sociais, políticas, econômicas e industriais. 

Nomes como Karl Marx e Auguste Comte debatiam sobre esses temas. Em Marx, observa-se uma relação entre sociedade, história, organização política, hierarquias e muitas esferas da sociedade. Foi então que notou-se a necessidade de criar uma ciência à parte que se dedicasse ao estudo da política por si só. 

Isso não significa que a ciência política esteja desvinculada das outras, mas que o assunto é tão extenso que deve ser explorado de forma mais profunda por pessoas especialistas no tema. De maneira que a soma entre os conhecimentos sociológicos, políticos e históricos resultem em novas condutas, modelos políticos, sociais, teorias, opiniões e pesquisas. 

+ Veja também: Pensadores da sociologia: Comte, Durkheim, Marx e Weber

Importância da ciência política

O estudo da política sistematicamente facilita a criação de modelos de sociedade que sejam mais benéficos para determinada população. Além disso, reúne estatísticas e dados históricos para apontar quais estratégias seriam mais adequadas para determinadas situações, como uma orientação aos governantes. 

Além disso, estudar política é uma forma de avaliar e analisar as condições de uma população, em termos de direitos e cidadania. Em muitos casos, as teorias observam e apontam abusos, falhas do modelo governamental, tendências maliciosas e características de um povo. Por outro lado, também pode levantar os tópicos de eficácia de um governo, quais estratégias funcionam e como aprimorá-las.

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